POV Justin

Chego em casa cansado depois da faculdade. James vem praticamente se arrastando atrás de mim.

- Já chegamos? – Ele pergunta bufando.

- Já. Pronto pra entrar na minha casa depois de dois anos? – Brinco com ele.

- Abre logo essa merda e deixa eu entrar!

Rio e abro a porta. Ele entra, joga a mochila no chão e se deita no sofá.

- Nem parece que você ficou dois anos sem vir aqui. – Acho graça.

- Ih cara, relaxa. Você passou dois anos inteiros indo na minha casa todos os dias. To mais que satisfeito. – Ele arrota – Você não tem comida ai?

- Vou ver se minha mãe fez o almoço. – Vou até a cozinha e procuro minha mãe. A cozinha está completamente limpa, e o almoço não está feito – Mãe? – Chamo. Ninguém responde. – Acho que não tem ninguém em casa, James – grito da cozinha.

- Você e eu não somos alguém? – Ele pergunta. – Tem comida ou não, porra?

O jeito encantador que James tem de se expressar, é repugnante às vezes. Mas nós dois somos homens, é o nosso jeito. Eu também falo palavrão. Muito palavrão. Mas não sou tão mal educado como ele. Mas ele sendo mal educado ou não, ele é o meu melhor amigo.

Abro a geladeira e procuro algo pra comer.

- Vai querer comer o que? Tem macarrão, bife, arroz, frango...

- Esquenta tudo logo e coloca na mesa! To cheio de fome. – Ele grita da sala – Caralho, só tem merda na televisão!

- Então vem aqui e me ajuda a esquentar a comida! – Grito de volta pra ele.

Ele bufa alto, se levanta e vem ao meu encontro.

- O que eu faço primeiro? – Ele pergunta bocejando.

- Até parece que nunca cozinhou na vida. Pega os bagulhos na geladeira pra mim – Peço.

Ele pega os potes com as comidas, e me entrega. Coloco tudo pra esquentar e vou pra sala.

- Vai demorar quanto tempo pro almoço ficar pronto? – James pergunta.

- Quinze minutos, eu acho.

- Porra! To cheio de fome – Ele reclama e esfrega as mãos na barriga – Vou dar um cochilo no sofá. Me acorde quando o almoço ficar pronto – ele se deita e dorme na hora.

Me sento no braço do sofá e pego o controle remoto. James estava certo. Só tem merda na televisão.

Me levanto e procuro algum jogo rápido pra jogar antes do almoço ficar pronto. Call Of Duty, Halo, Assassin’s Creed, Forza Horizon, Just Dance 4... Esse deve ser da Caroline. Nenhum desses jogos é rápido o bastante pra eu terminar de jogar até o almoço ficar pronto. Decido terminar de ler A Esperança. Parei de ler faltando alguns capítulos hoje antes de ir pra faculdade. Pego o livro, me sento no braço do sofá, abro o livro na página marcada e começo a ler.

Termino de ler depois de 10 minutos. Olho para o fogão e depois para James. Dormindo de boca aberta no sofá. Ah, mas eu vou ter que sacanear ele agora! Mas o que eu posso fazer? Corro sem fazer barulho até a cozinha e abro a geladeira. Perfeito! Tem o que eu quero. Pego o chantilly e desligo o fogão pra não queimar a comida. Ando em passos largos e silenciosos até a sala e fico ao lado dele no sofá. Sorrio sacana, coloco chantilly nas mãos dele e faço cócegas em seu nariz. Ele contorce o rosto, e depois leva a mão rapidamente até o rosto pra coçar e fica com a cara cheia de chantilly. Rio alto.

- Porra, cara! Puta que pariu! – Ele reclama irritado, mas rindo – Você é um filho da puta mesmo.

- Minha mãe não ficaria nada feliz em ouvir isso. – Digo ainda rindo.

- O almoço já tá pronto? – Ele come o chantilly da outra mão e tenta limpar o rosto.

- Já. Pode ir comer agora, esfomeado.

Ele olha pra televisão de relance e acompanho seu olhar. Vai começar Piratas do Caribe 4 – Navegando em Águas Misteriosas, agora.

- Opa, eu tenho que ver esse filme! – James dá um pulo do sofá. Ele acha o Johnny Depp muito foda. – Posso comer no sofá?

- Contanto que não suje nada, pode. Ao contrário, você vai limpar tudo...

- Você e suas palavras difíceis – Ele reclama.

- Com a língua – digo fingindo não ouvir seu comentário anterior.

Ele levanta as mãos em sinal de rendição e vai até a cozinha fazer seu prato. O sigo e faço o meu. Coloco um pouco de cada, enquanto James enche o prato.

- Porra, cara. Não sei como você não engorda – digo.

- E eu não sei como você não está com fome depois de umas sete horas de aulas chatas!

- Eu comi entre as aulas. Você preferiu admirar a paisagem – digo me referindo às garotas que ele ficou de olho.

- Você tem que aproveitar a vida, irmãozinho. Nunca te vi com alguma gatinha. – Ele vai até a sala – To começando a suspeitar que você é gay, hein cara.

- Vai tomar no cu. Meu pau pra você, fechou? – Brinco.

- Ai cara, para de ser nojento. – Ele tenta imitar uma garota fresca e ri. Rio junto.

Ele se senta no sofá e eu me sento ao seu lado.

- Tira esse pau de perto de mim, falou? O único que eu preciso comigo é o meu. – Ele ri e me abraça.

- Você é muito retardado, cara. Sério. Já tentou ir ao médico alguma vez? – Pergunto.

- Não. Tava ocupado comendo sua mãe.

- Você adora meter a minha mãe nas suas gracinhas, né?

- Na verdade, sou eu quem meto, não ela. – Ele leva a primeira garfada à boca.

- Agora eu to com a imagem horripilante de você e minha mãe fudendo. Olha o que você fez eu imaginar! – Reclamo.

- Melhor imaginar do que ver, não acha? – Ele pergunta de sacanagem.

- Na verdade nenhum desses é melhor. E minha mãe é uma mulher de respeito, pare de falar dela desse jeito.

- Relaxa cara, tua mãe é muito coroa pra mim. Não curto estrias. – Ele ri.

- Tá. – Me levanto do sofá – Depois dessa nossa conversa repugnante, preciso ir ao banheiro.

- Vai lá, madame – James me dá um tapa na bunda.

- Agora eu que to achando que você é gay – Nós rimos e eu vou ao banheiro.