Depois que Jack deixou o apartamento, Elizabeth continuou chorando. Mas lembrou-se de que tem razões para viver e não permitiria que o medo tomasse conta de si. Apesar de serem lembranças ruins, ela tinha uma vida e não ia deixar de vivê-la por causa disso.

 Resolveu ir dormir, amanhã teria que estar inteira para aguentar Margareth de mau humor, Emma e Ravi deveriam estar estressados por causa de tanto barulho e ainda teria que sair com Peter. Do jeito que caiu na cama, ficou e dormiu.

(...)

- Eu já te disse milhões e milhões de vezes que eu gosto dos sais de banho franceses e não dos turcos! – Margareth gritava com Liz na cara dela.

As duas estavam frente a frente e a menina não movia um músculo. Deixava a patroa gritar e gritar com ela.

- Me desculpe, senhora, mas realmente não vejo diferença nenhuma entre eles. – disse indiferente e entrou no banheiro para secá-lo

- Mas é lógico que tem diferença! – colocou as mãos na cabeça

- Prestarei mais atenção da próxima vez. – a ruiva disse e sorriu falsamente

Ela terminou de secar o banheiro e foi dar banho nos bebês. O dia foi realmente cheio, porém passou rápido, o que mais a deixava nervosa era não saber aonde Peter iria com ela e sua irmã. Terminou de trocar de roupa e recebeu uma mensagem de Peter a avisando que já estava na porta da casa dos Harrison. Ela se despediu dos bebês de Daniel e saiu da casa.

- Olá – sorriu docemente para Peter ao entrar no carro

- Oi, Liz – a deu um selinho, o que particularmente a surpreendeu e a fez corar.

- Se lembra de onde eu moro? – perguntou ajeitando a bolsa no colo

- Sim – sorriu

Em alguns minutos já estavam na frente do prédio dela.

- Vamos subir, Peter. – chamou Elizabeth saindo do carro – Quando quer, Olivia consegue ser bem devagar.

- Se é assim... – ele respondeu e os dois sorriram

Peter saiu do carro e pegou a mão dela. Os dois subiram as escadas lado a lado num silêncio desconfortável. Quando chegaram na porta do apartamento de Jack, Liz soltou a mão de Peter e bateu na porta.

- Oi, Lizzie. – Jack sorriu e se assustou ao olhar para o rapaz atrás dela – Peter. – acenou com a cabeça – Lindinha, sua irmã chegou!

Logo se viu a menininha correndo até a porta, ela abraçou as pernas da irmã e olhou para cima.

- Liz, eu desenhei! – a menininha sorriu e mostrou o papel para a irmã

Na folha viam-se três pessoas, todos os três personagens eram de palitinho e Lizzie achou isso completamente adorável. Uma boneca ruiva estava segurando a mão de uma criança e a criança segurando a mão de um boneco de cabelos pretos.

- Somos eu, você e o Tio Jack! – a menina sorriu

- Ficou lindo, princesa – Elizabeth sorriu – Olha, eu e você vamos sair agora com o Peter, tudo bem?

- Não. – disse firme e cruzou os bracinhos

- Lindinha, seja educada – Jack a advertiu e ele desfez o bico.

- Tudo bem. – disse – Mas não tente nenhum tipo de aproximação.

O vocabulário de Olivia fez os três ficarem de boca aberta. Era incrível como tinha puxado a personalidade forte da irmã.

- Em casa a gente conversa – disse Liz olhando séria para irmã – Vamos então. Jack, muito obrigada por tudo.

Os dois se abraçaram e Liv acenou para Jack. Lizzie trocou a roupa da irmã rapidamente e saiu de casa.

- Aonde vamos? – perguntou Olivia colocando o cinto

- Vamos para a minha casa, Olivia – Peter respondeu a menor e deu partida no carro.

(...)

- Olivia, se quiser pode ficar aqui na sala assistindo televisão. – disse Peter jogando as chaves em cima da mesa e Liv assentiu – Liz, essa é Berta, minha empregada – Berta sorriu e Elizabeth a deu um beijo na bochecha.

Berta era uma mulher com um pouco mais de 50 anos e um pouco gordinha. Parecia ser bem agradável. O apartamento de Peter era enorme e seu prédio deixava o prédio de Liz no chinelo.

- Liz, venha cá que quero te mostrar meu quarto. – Peter falou aquilo sem malícia alguma, mas sem motivo Lizzie corou.

Os dois subiram as escadas e entraram numa enorme suíte, o quarto era extremamente luxuoso e deixou a menina de queixo caído.

- É aqui. – disse simplesmente e se jogou na cama

- Legal. – a ruiva balançou a cabeça e se sentou na cama

O menino se sentou na cama e a fez virar o corpo para ele, os dois ficaram se olhando nos olhos.

- Eu quero te beijar, Liz – disse Peter arrastando seus lábios nos lábios de Elizabeth.

- Não sei por que você ainda pede. – Liz riu e o pegou pela nuca

(...)

Três semanas depois

As coisas entre Lizzie e Peter estavam cada vez mais íntimas, os dois se viam quase todos os dias. Jack odiava isso, mas não tinha nada que poderia fazer, ele via que Elizabeth estava feliz e não comentava nada. Já Olivia falava até demais na cabeça da irmã, dizia que preferia “zilhões de vezes” o Tio Jack.

Depois que saiu do trabalho Liz resolveu passar na casa de Peter para fazer uma surpresa, não iria demorar já que Jack tinha que trabalhar. Mas estava adiantada e fez o que seu coração mandou. Bateu a campainha do apartamento e Berta atendeu, quando viu a ruiva arregalou os olhos.

- Oi, Berta – a menina sorriu – O Peter está aí?

- O-oi, Elizabeth. – a mulher sorriu sem graça – Ele não está aqui.

Elizabeth já ia sorrir e agradecer quando ouviu risadas altas vinda lá de dentro. Era a risada de Peter misturada com a de uma garota. Ela olhou para Berta e entrou no apartamento se dirigindo para a sala

Dali por diante, existem duas versões a serem contadas: a primeira, narrada por alguém de fora, seria algo como "vi aquele cantor dando um beijo em uma bela mulher". A segunda, contada por Liz, diria que Peter se curvou e, em slow motion, fechou os olhos e abriu sua boca, pousando-a nos lábios de uma biscate loira de vestido rosa e cardigã aberto amarelo. O selinho demorou por volta de três segundos, bem menos que o beijo que deram depois seguido de um abraço.

Depois, simplesmente se aproximou do casal, falou um simples "Oi" e se retirou da sala indo em direção à porta, tudo com calma e classe, apenas para mostrar que sabia do que aconteceu. Estava prestes a sair quando Peter interviu.

- Liz! – se levantou depressa e a segurou pelo braço – Espera.

- Não ouse. – disse com a voz controlada e olhou para seu braço e para ele que soltou na mesma hora – Obrigada. Primeiro quero te parabenizar. – ele fez uma cara interrogação impagável – Um mês, novo recorde! – sorriu falsamente

Foi até o elevador deixando a figura de Peter confusa. Chegou em seu prédio e bateu na porta de Jack. Quando ele a abriu, ela o abraçou com todas as forças que tinha e deixou as primeiras lágrimas caírem.

- Ele me traiu. – disse simplesmente e sentou no sofá

-Eu vou acabar com aquele idiota!