O menino nem esperou uma resposta e desligou o telefone. Elizabeth ainda tentava descobrir o porquê de apesar de ter ficado extremamente impressionada com a beleza de Peter, ter esquecido completamente do garoto enquanto estava com Jack.

Considerando os recentes acontecimentos, sua vida ainda muito bagunçada para ficar dividida entre dois caras e um deles é famoso. Sua consciência estava ciente de que deveria se focar no trabalho, em Olivia e seus estudos. Assim que destrancasse a matrícula, claro. E foi com esses turbilhões de pensamentos que adormeceu, caindo num mundo onde realmente tinha paz.

Ao acordar, fez o mesmo ritual do dia anterior e deixou Olivia com Jack. Antes de sair Jack deixou a menor no sofá e levou Liz até a porta, querendo um pouco de privacidade.

- Lizzie. – disse respirando fundo e coçando a nuca

- Oi – sorriu

- É verdade que você está namorando o Peter Williams? – perguntou franzindo o cenho.

- Peter Willi-... Ah! Não. Claro que não. – riu

- Saíram umas fotos de vocês dois juntos em um Starbucks e ele aqui na porta do prédio abraçado com você... Você parecia envolvida e ele também.

- Deixa eu explicar. Eu trabalho para o advogado de uma gravadora, ele fez a entrevista no escritório dele nessa gravadora, que é a gravadora do Peter e nós acabamos nos esbarrando. Ele me chamou para tomar um café, eu aceitei e depois ele me trouxe em casa. Mas nós não temos nada. – disse e ao final sorriu

- Ah, sim... – o moreno assentiu levemente, corando.

- Por quê? – perguntou ajeitando a bolsa no ombro

- Nada! – pigarreou – É só que... Eu... Er... Você não tem que ir? – perguntou Jack coçando a nuca novamente

- Tenho. – a menina estreitou os olhos, desconfiada – Enfim, tchau Jack. Muito obrigada novamente. Tchau, princesa! – disse a última parte um pouco mais alto, abraçou o rapaz e saiu.

(...)

- Ellie, minha mulher volta da casa da mãe hoje. – disse Daniel pegando suas coisas em cima da mesa – Sugiro que se prepare, porque provavelmente você trabalhará dobrado. Sinto muito.

- Ela não trabalha? – perguntou a menina enquanto varria a copa

- Trabalhar? – ele riu e deu um beijo na testa da menina – Tchau, Ellie.

- Sr. Harrison! – chamou antes que saísse – Qual é o nome dela?

- Margareth – disse com um pouco de desprezo e saiu.

Emma e Ravi começaram a chorar, a menina foi obrigada a largar a vassoura e ir cuidar deles. Não podia entender como uma mãe podia abandonar bebês tão adoráveis daquele jeito. Era seu segundo dia com eles e ela não teria coragem de abandoná-los. Quase não davam trabalho, gostavam de morder as coisas e eram lindos! Será que Margareth tinha nojo de limpá-los?

- Até parece que ela não faz... – a menina comentou e riu

(...)

Era mais de 16h quando ouviu o portão da garagem abrir. Seu estômago gelou e suas mãos começaram a suar, estava com Emma no colo quando a porta abriu. Margareth era alta, magérrima, loira e tinha as pernas mais longas do mundo. Apesar de não ser feia, era como Sr. Harrison tinha dito, uma verdadeira madame. Suas roupas eram bastante chamativas e levava óculos enormes no rosto.

- Boa tarde, Sra. Harrison – a menina sorriu.

- Você dever ser a nova babá – a olhou com desprezo

- Sou sim. – riu nervosa com a reação da mulher

- Onde está a empregada? – perguntou jogando seu casaco e a bolsa em cima da garota que teve que fazer malabarismo para não deixar nada cair no chão.

- Ela saiu. Eu sou empregada também. – disse de qualquer jeito, mas ainda com educação – Com licença. – foi subindo as escadas para colocar Emma no berço

- Prepare meu banho!

Ao chegar ao quarto das crianças, colocou a menina devagar no berço e foi preparar o banho da mulher, novamente atolada em pensamentos:

“Como pode uma coisa dessas?! Chega, me trata com falta de educação, joga as coisas em cima de mim que, por acaso, estava com a filha dela no colo! Ela nem deve ter percebido isso, lógico. Insuportável, perua, argh!”

- Posso? – a mulher entrou no banheiro

- À vontade. – saiu do banheiro e foi dar banho nas crianças.

(...)

Era quase o fim de seu expediente, aquela mulher a perturbou o dia inteiro que Deus deu, não ia aguentar mais sem dar uma resposta. Mas era seu emprego e precisava muito dele. De repente seu celular vibrou e conseguiu ler no visor: Jack

- Alô?

- Lizzie? – perguntou Jack com a voz apreensiva

- O quê, Jack? A Liv está bem? – perguntou preocupada

- Não, Lizzie. Nós estamos no hospital

- O quê?! Jack, pelo amor de Deus, o que aconteceu? – seus olhos já estavam cheios de lágrimas

- Eu estava fazendo um lanche para mim e para ela, era uma salada de frutas e eu coloquei... – Jack não conseguiu completar, Liz o interrompeu.

- Kiwi – a menina pôs a mão na cabeça - Em qual hospital vocês estão?

- No St. Mary. – Jack respondeu e respirou pesadamente. – Lizzie, me desculpe. Mesmo – sua voz vacilou – Eu não sabia, eu... Me desculpe.

- Não foi sua culpa, Jack. Eu tinha que ter te avisado que ela era alérgica. Vou terminar as coisas aqui e vou assim que der. Ela está bem? – seus olhos se encheram de lágrimas

- Está. A garganta dela já abriu. E ela está mais calma.

- Estou indo assim que der. – a menina disse se recompondo – Um beijo, Jack

- Beijo, Lizzie.

(...)

Assim que deu 21h, Elizabeth saiu apressada de seu trabalho e foi direto para o hospital. No meio do caminho, percebeu estar sendo seguida por um carro preto. Ficou tensa e apertou o passo.

- Liz! – gritou uma voz conhecida de dentro do carro e ela se virou rapidamente

- Peter! – disse assustada e aliviada ao mesmo tempo – Que susto!

- Está indo para casa? – perguntou

- Não. Estou indo para o St. Mary – a ruiva respondeu colocando uma mecha do cabelo atrás da orelha

- Você está doente?

- Claro que não! – riu – Minha irmã teve uma reação alérgica. Enfim, tenho que ir.

- Te dou uma carona se quiser – abriu a porta do carro e a menina entrou

Ao chegarem ao hospital, a menina deu seus dados e subiu apressadamente até o quarto onde a enfermeira tinha explicado. Abriu a porta de supetão e se deparou com Jack e Olivia brincando de pedra, papel e tesoura.

- Olá – disse docemente e se aproximou dos dois

- Oi, Liz! – a menininha exclamou e abraçou a irmã

- Olá, Lizzie – Jack cumprimentou sem graça – Me desculpe.

- Não foi culpa sua, Jack. Fica tranquilo. Muito obrigada. E você, - olhou para Liv – nunca mais me dê um susto desses! – apertou o nariz da irmã que sorriu sapeca

A porta se abriu e revelou Peter com uma lata de suco na mão.

- Trouxe para você. – sorriu e entregou o suco

Elizabeth olhou para Jack que estava visivelmente incomodado.

- Eu vou embora. – disse firme e foi em direção à porta

- Tchau, tio Jack. Obrigada – Olivia disse sorridente e acenou.

- Tchau, lindinha – sorriu também.

A menina foi atrás dele e o segurou pelo braço.

- Jack, aonde você vai?

- Trabalhar. – disse seco

- Liz, tenho que ir – disse Peter dando um abraço em Liz e um beijo na bochecha

Depois que o menino foi embora, Jack olhou no fundo dos olhos dela e disse com uma dor imensa:

- E você ainda tenta negar.