Sabor De Mar escrita por crowhime


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Uma ideia aleatória que tive, mas precisei escrever. Será que viajei demais?
Enfim, boa leitura!



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- Então você realmente se tornou servo de Nanami.

Mizuki o fitou, os olhos claros demonstrando confusão. Não entendia o motivo de o corvo o mirar tão profundamente, fazendo com que engolisse a seco. Tinha feito algo errado?

- Sim – concordou sem titubear, não havia mesmo como negar que agora estava ligado à deusa da terra. – Por quê?

O garoto-cobra franziu suavemente as sobrancelhas, desconfiado, fazendo com que um ar pesado pairasse sobre ambos.

- E como foi? – Ignorou a indagação. – Aposto que foi à força.

O albino corou, estreitando as pálpebras. Não era bem esse o sentido – tinha feito com a melhor das intenções, só queria ajudar sua mestra! Mas, de algum modo, o ruivo estava certo.

- Cale-se! Ao menos tenho um lugar para voltar.

O anjo caído arqueou as sobrancelhas, sua expressão suave. Pelo visto, acertara em cheio. Calmamente, sem pensar muito, levou uma das mãos até o queixo do mais baixo, percorrendo as pontas das unhas pretas sobre a pele alva, os orbes fixos nos esverdeados.

- E quem disse que eu não tenho?

O ruivo desafiou, a voz não passando de um sussurro. Puxou a face do familiar de modo que os lábios cobrissem os dele. Os olhos claros se arregalaram, fazendo com que os escuros se afogassem naquele mar verde-água. Era um contato superficial, ao mesmo tempo intenso. Por mais que o corvo estreitasse os olhos, não quebrou o contato visual, cada qual com seus pensamentos. Um se encontrava confuso, não entendia o que o outro estava fazendo, muito menos o motivo que o levava a isso. Mas não era como se Kurama tivesse maiores pretensões – só queria sentir.

Quando Mizuki – finalmente – caiu em si, pisou com força no pé do artista, vermelho até as orelhas e uma expressão furiosa no rosto. Porém, nela havia ainda algo de infantil. Ensaiou mentalmente o que falar; simplesmente não conseguiu fazer as palavras saírem.

- Você é salgado, Mizuki.

Kurama foi o primeiro a se pronunciar, um meio sorriso surgindo nos lábios finos. Seu prêmio foi ver o menor se desarmando, sua postura demonstrando seu desconserto. Assim como o mar, uma hora prestes a atacar, agora a cobra se retraía, desviando os olhos para um canto qualquer, evitando encarar o maior.

O servo do templo da terra não disse nada. No final, não gritou ou demonstrou aceitar o que quer que o outro tivesse feito. Somente recuou alguns passos e invocou uma de suas cobras brancas, a qual utilizou para escorregar para fora daquela situação.

Não importava, para Kurama, de quem ele fosse servo. Deusa da terra ou o que quer que fosse. Parecia o mar, ora perto, ora longe demais para alcançar. Ia e vinha como bem entendesse. E, incrível: ele até mesmo possuía o gosto da água do mar, como podia sentir no rastro que ficara em seus lábios.

Mizuki era todo água. E assim sempre seria.


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Notas finais do capítulo

Se alguém chegou até aqui, manifeste-se, pls. SSUIAHILSh
Beijos ~