Pov Clove

- CATO! FALA COMIGO CATO! -grito desesperada.- Por favor Cato, acorda...
 

Estou aos prantos, meu calcanhar está doendo muito pela queda do barranco e tenho a cabeça de um Cato desacordado no meu colo. Desde que caiu ele ainda não acordou e estou cada minuto mais preocupada, sua cabeça está sangrando por conta de um corte na testa e só sei que ele ainda está vivo pelas batidas fracas do seu coração e o subir e descer quase imperceptível de seu peito.

- Cato, por favor, acorda. Não faz isso comigo seu idiota! Não me deixa sozinha... Fala comigo... Eu preciso de você... Com quem mais eu vou gritar, xingar, brigar, amar..? - minha voz não passa de um sussurro e mesmo sabendo que estou falando sozinha não desisto de tentar fazer Cato acordar.

Não acredito que pude ser tão burra para sair da trilha e me perder nessa mata. Como fui burra! O pior foi que ainda trouxe Cato nessa furada comigo. As lágrimas correm livremente e tudo o que consigo fazer é tentar estancar o corte de Cato e mexer em seus cabelos pedindo para que acorde.
 

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Minha garganta estava seca de tanto gritar por socorro, Cato ainda estava desacordado e já estava de noite. A água que trouxe na minha mochila já esta acabando e concentro-me em sempre dá um pouco para Cato.

O vento frio fez com que minha pele se arrepiasse e arrependo-me por estar com uma roupa que não me esquenta muito. Fico bem próxima a Cato, tanto para aquecer a mim quanto a ele, posso perceber que ele também esta arrepiado e abraço-o mais forte.

Estou quase caindo no sono quando escuto um barulho diferente, sento-me por instinto e encaro o escuro da floresta. Só o que estava faltando para ferrar com o dia de vez era algum bicho vir nos atacar, mas com a minha sorte não duvido que a Mama ou ate mesmo a Samara apareçam por aqui.

Tiro essas besteiras da minha cabeça quando vejo uma pequena luz em meio ao breu da noite. Primeiramente penso que pode ser um vagalume, mas vagalumes não conseguem gritar o meu nome e o de Cato. Graças a Deus, estamos salvos!

- AQUI! Estamos aqui, em um barranco! - grito com o que resta das minhas forcas.

- Clove? Continue gritando, estamos chegando! - reconheço a voz de Katniss e faço o que ela me manda, grito.

Não demora muito e vejo minha amiga com uma lanterna do outro lado do barranco. Ela quase cai como nós, mas é rapidamente segurada por alguém que estava atrás dela. Quando ela de estabiliza percebo que quem estava com ela era... O Peeta?

Pov Katniss

Depois de muita discussão com Haymitch e Coin, conseguimos convencê-los de que mesmo se eles não permitissem, nós iríamos procurar os nossos amigos.
Nos organizamos com os funcionários do acampamento para podermos dividir o material que tínhamos e o que cada um ia fazer.
 

- Eu quero ir procurar.- digo já pegando uma das lanternas.

- Vou com você.- disse Peeta pegando uma lanterna e ficando ao meu lado sem que eu tivesse tempo de falar nada.

- Catnip, acho que é muito perigoso você entrar nesse matagal, pode acabar se perdendo também. - disse Gale ficando a minha frente. - Fique aqui comigo caso algum deles apareça, ai avisamos aos outros e...
 

- Não Gale! As minhas melhores amigas estão lá e eu vou procura-las.- digo.

- Não se preocupe, não vou deixar ela se perder. E se ela se perder, vai esta comigo. - disse Peeta com um sorriso arrogante no rosto. O que esse menino tem na cabeça?

- Vamos parar de cochicho e quem já pegou uma lanterna dividam-se em duplas e peguem um radio para poder se comunicar com quem vai ficar aqui.- disse Haymitch impedindo que eu tivesse a oportunidade de repreender Peeta, que logo saiu me puxando para começarmos as buscas.

- O que você pensa que esta fazendo? - digo desvencilhando meu braço de seu aperto quando já estamos entrando em uma das trilhas do acampamento.

- Estou só querendo te ajudar a fazer o que eu também quero fazer... Encontrar os nossos amigos. Não é isso que você quer?- me responde Peeta e acabo ficando sem ter o que dizer.

- Quero sim... Então, por onde começamos?- tento focar na busca dos meus amigos e não em esta sozinha com Peeta.
 

- Acho que seria uma boa procurar na cachoeira. - diz ele.
 

- Por que a cachoeira?
 

- Porque aquele cara do refeitório disse que o Marvel pegou uma cesta cheia de comida e eu não consigo imaginar um lugar mais bonito para fazer um piquenique com quem se gosta.- disse ele me olhando profundamente.- Não sei como não pensei na mesma coisa...
 

- Ahh..- foi tudo o que consegui dizer.

- Então vamos, já esta escuro. - disse Peeta e seguimos em direção da cachoeira.
 

Mal avistamos a cachoeira e consigo ver a Fox e o Marvel andando despreocupadamente, parece que estavam voltando para o acampamento. Quando os vi me veio uma vontade de bater neles por deixarem a todos tão preocupados só para fazerem um piquenique, mas ao mesmo tempo fiquei aliviada por saber que eles estão bem e salvos.

Vamos ate eles e Fox apresasse em se desculpar, mas não perdemos muito tempo com explicações e logo Peeta diz que eles não foram os únicos que sumiram, afinal Clove e Cato ainda estão desaparecidos.

- Vou com vocês procurar por eles! - diz Fox.
 

- Não amiga, volta pro acampamento e tranquiliza eles, avisa que só falta o Cato e a Clove.
 

- Mas...
 

- Ela ta certa Raposinha.- diz Marvel.
 

- Raposinha? - Peeta e eu falamos juntos.
 

- Longa historia, depois explicamos. Tudo bem, vamos voltar ao acampamento e ver se podemos ajudar em alguma coisa.
 

- Vou continuar procurando-os com Peeta.
 

- Cuidado amiga. Cuida dela viu?- diz Fox olhando pra Peeta.
 

- Pode deixar.- diz ele com um pequeno sorriso.- Para onde vamos agora? - pergunta Peeta depois que Marvel e Fox voltam para o acampamento.
 

- Não sei, você que parece que tem faro para achar gente perdida.- digo e ambos nos permitimos rir um pouco.
 

- Se é assim, o meu faro diz que seria uma boa darmos uma olhada ao redor da trilha que usaram hoje.
 

- Vamos logo que já estou ficando com frio. - mal eu fechei a minha boca e Peeta já colocava a sua jaqueta em meus ombros como fez antes, mas dessa vez me afasto para evitar que algo mais acontecesse.- Obrigada.
 

- Não por isso.- diz ele e vamos andando.

O cheiro na jaqueta continua o mesmo que da última vez, mas forço-me a ignorar a sensação de inebriada que sinto e apressamos o passo em meio a floresta logo chegando a trilha que usaram hoje.

- Eles devem ter saído da trilha em algum momento antes de estarem próximos o suficiente do acampamento, porque se estivessem perto não daria para terem se perdido... Eu acho. - diz Peeta.

- Você já pensou em trabalhar para a polícia? - brinco um pouco. - Você deve está certo, então acho que podemos sair da trilha aqui e ir em um zigue-zague para não nos perdermos também.

- Ótima ideia. - diz com um sorrisinho. - Acho que formamos uma ótima dupla.- diz olhando nos meus olhos.

- E eu acho que temos que parar de conversar e voltar a procurar. - digo desviando o olhar.

Andamos por algum tempo, sempre gritando por Clove e Cato, mas a resposta sempre era o silêncio da floresta. Mal pude acreditar depois de cerca de uma hora caminhando quando escuto a voz de Clove e apresso-me em chegar onde ela está. Com tal pressa quase caio no barranco onde Cato e Clove estão, mas Peeta foi mais rápido e me segurou e pude senti um arrepio percorrer meu corpo ao toque de nossos corpos, mas assim que consigo me estabilizar ele me solta e tenho que admitir que senti a falta de seus braços me segurando.

- Clove, você tá bem amiga? - pergunto ao voltar a realidade.

- Não muito, acho que torci o tornozelo e o Cato está desacordado desde que caímos e está sangrando. - diz ela e vejo como está fraca, pois sua voz mal passa de um sussurro.

- Calma amiga, a gente vai te tirar daí! - digo e me viro para Peeta. - Avisa ao pessoal, diz onde a gente está, manda trazer ajuda, chama uma ambulância, sei lá!

- Calma Katniss, eu já estou ligando o rádio, e eu acho que uma ambulância não dá para vir até aqui. Se acalma e fica falando com a Clove, ela deve está fraca, dá isso pra ela. - ele diz me dando uma barra de cereal que tinha no bolso e se afastado um pouco para falar no rádio. Não sei como ele consegue está tão centrado, mas fico feliz em ele está aqui comigo.

- Clo, pega essa barra de cereal. - digo jogando a barra que ela consegue pegar. - A ajuda já está chegando, você já vai sair desse pesadelo.

- Obrigada Kat. Mas... Eu estou preocupada com o Cato. Ele ainda não acordou e, mesmo tendo diminuído, ele ainda tá sangrando. - sua voz era chorosa e meu coração se apertou em vê-la assim.

- Vai dar tudo certo, calma.- digo tanto para Clove quanto para mim.

Pov Clove

Depois que a Kat e o Peeta nos acharam ainda demorou mais de meia hora até que funcionários do acampamento, professores, colegas de classe e até mesmo Haymitch chegassem aqui. Dois funcionários da parte de recreação do acampamento desceram no barranco com uma maca e colocaram com cuidado Cato nela. Depois que conseguiram tirar Cato, quatro garotos e mais dois funcionários o levaram pro acampamento as pressas enquanto me tiravam do barranco também.

Eu estava muito fraca, não tinha condições de ficar nem de pé. Surpreendendo-me Peeta foi o primeiro a se oferecer para me levar ao acampamento nos braços e se revezando com o professor Finnick eles me carregaram. Katniss foi o tempo todo segurando na minha mão me passando segurança e sei que tenho muito a agradecer a ela quando toda essa loucura tiver finalmente chegado ao fim.

Ao chegarmos no acampamento sou imediatamente levada para enfermaria onde me colocam em uma maca e começam a fazer alguns exames básicos, me dão água, remédios, e imobilizam meu pé e por fim trouxeram comida pra mim e me levaram até o meu chalé. Mas tudo isso passou como um borrão na frente dos meus olhos, a única coisa que eu conseguia pensar era em como Cato deve está.

Mesmo estando uma pilha de preocupada, não poderia resistir aos efeitos dos remédios e ao cansaço e acabo caindo no sono com Katniss ao lado da minha cama.

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Acordo e não sei dizer por quanto tempo estive dormindo, mas Katniss ainda está sentada ao meu lado dormindo de mal jeito na cadeira.

- Kat... - chamo-a balançando seu ombro devagar.

- Oi Clo... Ainda está cedo, dorme mais.

- Não quero mais dormir. Kat, como o Cato está?- digo me sentando na cama.

- Fox passou aqui enquanto você dormia e disse que ele levou alguns pontos na testa, deram alguns remédios para dor, mas ele ainda não acordou, pelo menos não que eu saiba. - ela diz já sentada direito. - A Fox está com ele. Haymitch já ligou pros pais deles e para os seus também. Amanhã de manhã vocês voltam de ambulância pra cidade.

- Tudo bem. Mas Kat... Eu quero ver o Cato, me ajuda a chegar lá?

- Clove, você ainda está cansada e machucada, não pode fazer esforço. Ainda são 5:00 da manhã, quando todos estiverem acordados eu vejo se posso te levar lá.

- Por favor, Kat! Eu... Preciso ver ele. - digo já sentindo um nó na minha garganta. Enquanto eu não visse que ele está bem eu não vou ficar em paz.

- Clo, não faz assim, você sabe que tem que descansar!

- Por favor...

- Tudo bem, mas só uma visita rápida! - diz como se fosse a minha mãe e rimos.

Com cuidado levanto da cama me apoiando em Katniss e vamos devagar até a enfermaria onde Cato ainda estava. O sol ainda estava nascendo no horizonte e não havia muito movimento no acampamento, só víamos alguns poucos funcionários, mas eles não pareceram nos notar.

Quando chegamos não vimos a enfermeira então logo vamos até onde Cato está deitado. Fox está com a cabeça baixa encostada na mão do irmão e parece está dormindo. Só em ver Cato ali, na minha frente, meu coração acelerou. Ele estava com um curativo médio na testa e respirava devagar como se estivesse dormindo e sonhando.

- Fox, acorda. - diz Katniss levantando devagar a cabeça da nossa amiga.

- Oi Kat, o Cato acordou? - diz Fox.

- Ele está dormindo e acho que você deveria ir também.- responde Katniss.

- Não eu... - ela começa, mas a corto.

- Vai sim Fox, eu fico aqui com ele.

- Clove? O que você está fazendo aqui? Você tem que descansar!- fala Fox só notando agora a minha presença.

- Foi o que eu falei... - murmura Kat.

- Eu precisava ver ele. Agora vai pro chalé e dorme um pouco.

- Você também está machucada, não deve ficar aqui.- retruca Fox.

- Kat, leva a Fox pro chalé e aproveita e dorme um pouco também, você tava dormindo na cadeira quando eu acordei, deve ter passado quase toda a noite acordada. Eu vou ficar com o Cato, a enfermeira deve aparecer logo. Não se preocupem e vão logo!

- Não nos preocuparmos? Vocês se perderam e se machucaram, como quer que fiquemos calmas?- diz Kat.

- Vou ficar de qualquer jeito. Eu entendo que vocês se importam e se preocupam, mas eu estou bem. Eu só quero ficar um pouco com ele, pode ser?

- Tudo bem chata! Não dá pra discutir com você mesmo! - diz Fox se levantando da cadeira que estava e saindo com Katniss me deixando sozinha com Cato.

Me sento onde a Fox estava e pego a mão de Cato. Não sei quanto tempo se passou, só sei que simplesmente não conseguia desviar o meu olhar dele, de como ele é lindo, mesmo todo quebrado. Como eu posso gostar desde o fundamental de um babaca lindo assim?

Saio dos meus devaneios quando sinto um leve aperto na minha mão. Cato está acordando! Ele se mexe um pouco, mas não solta a minha mão e não desvio meus olhos do seu rosto em momento algum. Posso jurar que meu coração perdeu uma batida quando os lindo olhos azuis de Cato se abrem.

- Cato... - digo em um sussurro.

- Onde eu estou? - diz ele ainda sonolento provavelmente devido aos remédios.

- Você está na enfermaria do acampamento, está tudo bem.

- Acampamento? Que acampamento? - diz ele confuso começando a me assustar.- Alias, quem é você? - e foi que tive a certeza que meu coração parou.