Once Upon A Prophecy escrita por Witch


Capítulo 3
Part I: The Fate Does What The Fate Must Do I


Notas iniciais do capítulo

Muiiito obrigada pelas palavras lindas =*



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Regina se retirava para a noite no mesmo horário, todos os dias.

Acnologia desaparecia na pequena floresta que rodeava o Castelo e ela se isolava no enorme quarto principal, o quarto frio de tijolos negros.

Assim que fechava a porta, Regina abandonava a persona da Rainha Má da Torre Negra. Todo ritual era feito em silêncio e solitariamente. Como governante, ela tinha dezenas de empregadas disponíveis, mas Regina gostava daquele silêncio. Era tranquilo, finalmente, só ela e sua própria mente.

Os dias eram sempre tumultuados. Os soldados gritando e rindo o tempo inteiro, os criminosos agonizando, os barulhos das espadas e das correntes. Acnologia, embora sempre silencioso, a incomodava com a preocupação em excesso. Era tudo demais e ela não conseguia respirar. Nem mesmo podia usar do horário de almoço como forma de escape, muitas vezes os generais a acompanhavam ou até mesmo Claude junto de alguns soldados. Acnologia a seguia o tempo inteiro e a sua preocupação aumentava a cada segundo que Regina evitava de tomar a decisão sobre ajudar ou não o governante do mundo Dois.

Como se tal decisão fosse fácil.

Maleficent visitaria o mundo Seis dali uma semana exatamente e Morgana... Bem, Regina suspirou... Morgana...

O quarto da Rainha era imenso com seus tijolos negros e a grande janela aberta em direção à floresta. Ele basicamente se dividia em dois: de um lado, se tinha o luxo: a enorme cama de casal, perfeitamente organizada, com seus lençóis roxos de seda; os travesseiros de pena enfeitando a luxuosa cama; o enorme lustre de cristal que brilhava como o sol; as tapeçarias raras dependuradas nas paredes; pinturas caras enfeitavam as paredes (um jovem rapaz sorrindo, uma mulher nua rodeada por uma serpente, um quadro abstrato com diferentes tons de vermelho e o maior de todos: uma criança gorducha com bochechas rosadas segurava a mão de uma velha senhora, pintada em tons escuros e sem expressão, os dois dobravam uma esquina e eram esperados por um homem com vestes formais, pintados também em tons escuros e ele era quase imperceptível no quadro.); e uma grande cristaleira com xícaras de chá.

Do outro lado, o quarto era rústico e bem peculiar. Uma estante de livros, sem sequer um espaço vazio, se acoplava a parede negra do lado oposto à cama. Uma cadeira de uma madeira escura reclinável com o assento e o encosto feito de almofadas vermelhas de veludo estava ao lado de uma mesa também de madeira, que suportava um livro de capa azul desbotado, óculos e uma xícara branca perolada vazia virada de para baixo em cima do pires.

Acnologia costumava brincar com a dualidade vista no quarto. De um lado, tinha a rainha, cercada de arte e luxo; do outro, tínhamos a garota apaixonada com livros e tranquilidade. Ele sugerira de uniformizar o quarto. “Um quarto apenas, não dois dentro de um mesmo espaço.” Ela recusara. Vivera tanto naquela dualidade que Regina sabia ser impossível voltar a ser um ou outro.

Ela era as duas. O luxo e os livros.

A tina ficava num pequeno quarto adjacente aos aposentos reais.  Um quarto feio sem pinturas ou tapeçarias para fazê-lo mais agradável aos olhos. A grande tina ficava em cima de pedras vulcânicas. A água quente a esperava. O vapor se espalhava por todo o quarto e o aroma dos sais aromáticos a acalmavam.

As empregadas, sempre leais, preparavam o banho no meio do jantar da Rainha e assim que Regina se levantava da mesa e se dirigia ao seu santuário, as empregadas já tinham terminado todo o serviço e a tina quente estava sempre à espera.

Regina entrou no pequeno quarto, satisfeita e foi em direção a um altar de pedra ao lado da tina, onde um roupão de seda vermelho e uma camisola branca quase transparente estavam perfeitamente dobrados. Em dias cansativos como aquele, a Rainha tirava sua armadura pesada e desconfortável calmamente. Separava pedaço por pedaço da armadura e as remontava numa espécie de manequim. No fim, se afastava e olhava a própria armadura, negra e brilhante.

A blusa e a calça de couro eram separadas para serem lavadas. A armadura exigia muito cuidado e tempo para ser lavada, a Rainha a exigia brilhando, portanto duas vezes por mês, Regina passava o dia na Torre Negra com uma armadura diferente, semelhante a dos soldados normais. Ou seja, duas vezes no mês, a Rainha estava vulnerável. Aquela armadura negra e escamada carregava um feitiço de proteção, um feito por Cora assim que Regina fora declarada governante da Torre Negra.

“Assim, jamais alguém lhe infligirá algum mal.” – disse Cora com os olhos brilhando. Foi a primeira vez que Regina viu orgulho nos olhos da mãe.

A armadura cumprira seu objetivo quando uma tentativa de assassinato a Rainha no mundo Sete falhara. A flecha que deveria ter perfurado o coração de Regina se desintegrara completamente quando se chocara com a armadura. Ela não sentira nada, nem a pressão da flecha, nem o calor que normalmente acompanha a mágica. Num momento, houve exclamações de medo e uma flecha sedenta de sangue e no outro, havia um Acnologia furioso e generais ameaçando guerra.  Os restos da flecha estavam no chão, os restos transformados em cinzas.

O homem fora encontrado e sua punição ficara a critério da Torre Negra. Ah sim, a dor de cabeça daquele acontecimento fora demais. Os generais exigindo tortura, o povo exigindo execução, Acnologia pedindo para ele mesmo cuidar da punição e Regina, bem, ela só tinha uma dor de cabeça imensa. Desde então, nem Acnologia nem os generais gostavam quando a Rainha mudava seus trajes e ficava sem a armadura encantada.

O rapaz que atirou a flecha foi punido, claro. Regina teve que tornar a punição do rapaz mais cruel do que deveria, ela sabia que ele não agira sozinho, na verdade, ele parecia não ter noção do buraco em que tinha se enfiado. Claude tentou interroga-lo para saber quem tinha sido o mandante por detrás da tentativa de assassinato, mas o rapaz não sabia de nada, só o tinham pagado para atirar a flecha. Ele nem sequer sabia quem Regina era até ser levado para a Torre Negra e encará-la no trono de ferro com um dragão negro furioso. Mas como Rainha, ela tinha que dar exemplos, ela tinha que mostrar para os Sete mundos que a Rainha Má da Torre Negra era realmente a bruxa perigosa e cruel pregada pelo mundo Sete, se não, outras tentativas sucederiam aquela.

Regina foi pessoalmente acompanhada por Acnologia até os espectros que viviam nas cavernas da Cordilheira de Azel. Os espectros eram criaturas cruéis, mas inteligentes. Vivam em comunidade e se reproduziam normalmente. Eles pareciam ser alguma evolução ou mutação genética de humanos que deu terrivelmente errada, resultando naquelas criaturas feias, esqueléticas, carnívoras e de pele azulada.

A Rainha sabia que eles eram aliados preciosos em batalha. Mais rápidos e fortes do que humanos normais, não havia ainda um único cavalheiro capaz de deter a fúria de um grupo de espectros. Mas, apesar de serem perfeitas máquinas de guerra, os espectros gostavam da paz das montanhas e de viver calmamente com os lobos, os leões das montanhas e outras criaturas que se arrastavam pela Cordilheira de Azel.

O melhor carcereiro da Torre Negra tinha sido um espectro, muitos e muitos anos atrás e Regina estava determinada a conseguir outro. Ela se encontrou com o líder de uma aldeia de espectros e explicou a situação.

“Tentaram me matar no mundo Sete. Se a punição não for a mais cruel possível...”

“Eles tentarão de novo e logo, uma guerra vai eclodir.” Disse o ancião com sua voz grave. O espectro sabia que uma guerra no mundo Seis era o que todos menos precisavam.

Ele cedera seu filho mais velho, extremamente cruel e forte. Regina não soube o que  o espectro fizera com o rapaz que tentara assassiná-la, mas durante duas semanas só se ouviam os gritos dele ecoando pela Torre Negra. Até os mais soldados experientes pareciam desconfortáveis com os gritos incessantes e torturados.

A notícia abalou os sete mundos e nunca outra tentativa de assassinato ou até mesmo de insulto ocorreu contra a Rainha Regina. O espectro, depois de terminado o serviço, sorrira com seus dentes afiados e amarelos e pedira para chama-lo sempre que necessário. Regina retribuíra o sorriso e desde então, não entrara em contato com os espectros.

Talvez fosse hora de retomar esse contato. Eles seriam muito úteis contra o mundo Sete. Afinal, Rumpelstiltskin estava certo sobre uma coisa: o mundo Seis era um mistério para todos e o Conselho nem sequer podia imaginar as criaturas que se escondiam na escuridão daquele lugar.

Finalmente, sem a armadura ou roupas, Regina entrara na tina. Soltou um gemido quando a água quente envolveu os músculos doloridos. Ah sim, não havia melhor hora  do que a hora do banho!

Fechou os olhos. Estava cansada. Havia muitas decisões a serem tomadas em pouco tempo. O casamento de Snow aconteceria em duas semanas. Seria tempo o suficiente para conversar com Maleficent, Morgana e ainda tomar a decisão?

Aceitar a decisão dos Destinos ou apostar na sorte? Deixar a criança morrer e conseguir a vingança contra Snow ao mesmo tempo em que declarava guerra ao mundo Sete ou salvava a criança, seguia com os planos do destino e ficava a mercê de Snow White até a queda do Conselho?

Suspirou. Estava imersa na água até o pescoço. Sentia-se desfalecer e era difícil se agarrar a consciência.

Rapidamente, adormeceu.

--

No mundo Zero, no templo do Tear, os três destinos observavam o andamento das linhas. Seus rostos eram sempre impassíveis, sem expressões e com os olhos brancos fixos nas linhas se movimentando lentamente.

Uma linha branca interligada em outra linha preta com detalhes brancos crescia lentamente, mas o fio negro...

- Se algo acontecer com a Rainha do mundo Seis... – começou a velha.

- Os sete mundos entrarão em colapso. – completou a criança.

A jovem andou lentamente até a parede do tear e com um movimento preciso, pegou o fio negro e o apertou.

- O destino faz o que o destino deve fazer. – sussurrou.

O fio começou a se desfazer.


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Notas finais do capítulo

Está confuso? D:



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