Decidi ficar. Não seria muito legal ser decapitada por portas de elevador. Chegamos no térreo e Seu Carlos me mostrou seu sorriso, retribui e fomos em direção ao carro. Christopher fez questão de abrir a porta do carro para mim. Vocês devem estar se perguntando, ou não, “Por quê você não apenas o chama de Chris?”, sei lá. É que é legal falar Christopher. Christopher.

Entramos no carro e ele ligou o mesmo e o rádio, depois de longos minutos ele falou:

– Desculpa por ter segurado sua mão. Nem mesmo eu sei porque fiz isso.

– Tudo bem.

Ele voltou a ficar em silêncio e a música que eu mais odiava-amava tocava no rádio. É que ela sempre foi minha música favorita, até que um babaca de namorado falou que essa seria a nossa música.

– Posso trocar de estação?

– Claro, fique a vontade.

Procurei por alguma música interessante, quando finalmente encontrei uma que eu achava que já tinha ouvido. A deixei tocar e percebi que era uma do Simple Plan, mas que não lembrava o nome.

– O que foi? - Perguntou Christopher.

– Não to conseguindo lembrar o nome desta música. Por que?

– Porque você está com a cara mais engraçada que já vi. – Rimos. – Ah, o nome dela é Jet Lag.

– Isso mesmo. Você gosta deles também?

– Aham.

– Quais bandas você gosta? - Começou o Quiz Chris.

– Eu gosto de Simple Plan, Guns ‘n’ Roses, Led Zeppelin, e você?

– Eu gosto de Simple Plan, Kings of Leons, The Beatles e, não me mate, One Direction.

– Ok, não vou te matar. Mas você poderia lavar seus ouvidos. One Direction é horrível. – Soquei seu braço, de leve. – Hey, não posso falar a verdade não?

– Pode, desde que não me insulte.

– Ok princesa. Chegamos.

Ele saiu do carro e o manobrista abriu a porta pra mim e logo depois pegou a chave do carro para estacioná-lo.

– Vamos? - Fiz que sim com a cabeça e entramos.

Lá era realmente bonito, chique e arrumado. A última vez que fui ali, era no começo quando o restaurante ainda era um pouco humilde. Nos dirigimos ao recepcionista e ele nos mostrou uma mesa para dois, perto de um chafariz. Bem romântico e cena filme. Ele nos guiou até lá e nos deu o cardápio.

– Pode escolher qualquer coisa. – Disse Christopher.

– Obrigada. – É claro que eu não ia abusar do dinheiro dele então escolhi um prato que não era caro mas também não muito barato. O garçom veio anotar os pedidos e levou com ele os cardápios.

– Mas e aí, me conta um pouco da sua vida. Tirando o que eu já sei, ou seja, seu nome, que mora com uma amiga, e as outras coisas que você me contou no shopping.

– Ok, gosto de ler, de ouvir música – Ele assentiu – Tirar fotos, principalmente de paisagens. De nadar e de ver filmes.

– Fotos de paisagens são as melhores, depois você me mostra as que você tirou.

– Tudo bem.

– Que filmes você mais gosta?

– Ah, os clássicos, uma linda mulher, Titanic..

– Não gosto de Titanic, a ... Qual é o nome da mulherzinha mesmo?

– Rose.

– Isso, ela foi muito egoísta, tinha espaço suficiente para ela e o Jack.

– É, nisso eu tenho que concordar, mas mesmo assim pra mim é um dos melhores. E os seus filmes favoritos, quais são?

– Rambo, 007, Duro de matar.

– Só de ação? - Eles riram.

– Você perguntou os favoritos. Mas eu assisto todo tipo de filme.

– Já assistiu “E o vento levou”?

– Não.

– Poxa, então, qualquer dia a gente vê.

– Hum, vai ter outro dia..

– É, quem sabe.

– Hum, gostei disso.

– Bobo.

– Hum, gosta de teatro?

– Aham, já até tentei fazer mas não deu muito certo.

– O que houve pra você desistir?

– Não quero contar.

– Ah, vai.

– Eu cai do palco no meio de uma apresentação, de cara no chão. – E como esperado ele riu, e muito, no final até eu acabei rindo, com as lembranças daquele dia e da risada dele. Era contagiante.

– Ok, eu não tinha pensado nisso. Também já tentei fazer, mas comigo foi falta de memória mesmo. Em uma peça eu tive que improvisar tudo, mas como todos haviam gravado, não deu muito certo.

– Hm, entendi. Era que peça?

– Não me lembro o nome. Uma com um príncipe.

– O pequeno príncipe?

– Isso. – Ri.

– Mas o que você falou?

– Ah, não lembro exatamente, mas falei uma coisa nada a ver com a cena, sei disso porque na mesma hora todos que estavam no palco e o elenco que estava pra entrar olhou pra minha cara como se eu fosse um alien. Mas eu ignorei e acabou sendo uma bagunça.

– Imagino.

O jantar chegou e então, comemos e bebemos. E depois de conversarmos por mais um longo tempo. Decidimos ir embora. Ele pagou a conta, não me deixou pagar por nada. Por um lado é bom, mas sei lá, eu fico com um pouco com vergonha e sempre acabo oferecendo meu dinheiro. Saímos e o manobrista logo entregou as chaves do carro para Christopher. Entramos no carro e fomos em direção ao meu apartamento, estávamos em silêncio, mas aquilo não me incomodou. Depois de um tempinho disse:

– Obrigada, gostei muito.

– Eu que agradeço por aceitar sair comigo. Sei que sou muito chato. – Ele disse rindo.

– Eu sei que você tava querendo elogios.. – Ele fez biquinho, sem tirar os olhos da estrada. – Okay okay, você não é chato. – Ele sorriu e eu ri.

Chegamos na entrada do apartamento, saímos do carro, paramos em frente a porta de entrada e aquele desconforto chegou em mim e nele. Sabe aquela típica cena de filme, e aí, beija ou não beija? Ficamos parados, apertei minhas mãos, uma contra a outra, aquilo é realmente muito estranho.

– Então né.. – Disse ele, passando a mão nos cabelos.

– É..

Ele chegou mais perto de mim e....