Terminamos de tomar o café da manhã e fomos ver um pouco de TV. Deu meio dia e Alexis entrou no apartamento morta de fome, mal falou com a gente, foi direto em direção a geladeira, pegou um pedaço de bolo e foi comendo para a sala. Eu e Nancy estávamos vendo sua situação de desespero.

– Boa tarde né Alexis?

– Ah, boa tarde Julia. – Disse ela limpando o canto da boca que estava sujo de chocolate.

– Não, tô na boa, quero não!

– Do que você está falando menina?

– Que você foi muito gentil me oferecendo um pedaço do seu bolo.

– E não vou oferecer não!

– Que isso Alexis? - Disse Nancy rindo.

– Nem ligo mais Nancy, já me acostumei com essa menina. – Disse olhando para Alexis

– E aí, fizeram o que de bom?

– Comemos Panqueca! –Disse animada

– Eca! – Já disse que ela não gosta de panquecas né?

– Nem me chamou pra correr né dona Granbell?

– Fui no seu quarto, te chamei e você nem deu sinal de vida, então fui sozinha, que mal te pergunte, acordou que horas?

– 11:20 – Sussurrei

– 11:20? Que isso hein Mackenzie!

– Aff! – Disse revirando os olhos – Cara, eu tenho outro sobrenome, você sabe né?

– Saber até sei, mas esse é melhor!

– Só porque eu não gosto..

– Por esse motivo mesmo

Um barulho tocou, era o meu celular. “Bom tarde, Julie! (:” Sorri ao ler essa mensagem, sim, era de Paul, ele sempre me mandava quando acordava, era bom saber que alguém pensava em você por um segundo. Respondi assim “Boa tarde, cabeça de batata! (:”, Nancy e Alexis foram até a sacada e ficaram lá conversando, me levantei para ir até elas e meu celular tocou novamente “Ah cara, tantos apelidos pra me chamar, e tem que ser logo por esse, hein Mackenzie!” “Cala boca, seu gordo, cheio de pneus!” Mentiraaaa, ele é lindo, nem é gordo, mas também não é seco, ele é.... normal. “Gordo é o Pinóquio!” “Okay, você tem sérios problemas mentais!” “Oh, se for pra ficar me xingando eu não mando mais mensagem!” “Tô brincando com você, meu anjo, você sabe que eu te amo!” “Também te amo, rapidinho, você sendo gentil comigo, meu anjo? O que você tem?” Ah vacilona, tava indo tudo certo... “ Devo estar louca! Rsrs”. Fui para a varanda, e ficamos conversando lá, sentadas numa rede que Nancy trouxe do Brasil. Almoçamos e Nancy foi se encontrar com Alex, eu e Alexis íamos ao cinema, e decidimos chamar,ninguém mais, ninguém menos que o Gordo Magrooo!! Nos encontramos lá e fomos assistir o filme, adentrando na sala Paul fala em meu ouvido.

– Deixa eu sentar do lado da Alexis?

Não sabia se deixava ou não, mas no final acabei cedendo. Mas se esse daí acha que vai beijar a Alexis tá muuuito enganado. Sentamos assim, eu no lado esquerdo, Paul no meio e Alexis na direita. O filme rodava e ele passou um braço sobre os ombros de Alexis, ela o olhou sem entender nada, e nessa hora ele tentou a beijar, só tentou, eu peguei o refrigerante, o abri e derramei no meio de suas pernas enquanto Alexis dava um tapa na cara dele e saia da sala. Ele olhou para mim e me encarou, tipo, “eu estou todo molhado, sua filha da mãe” Saímos da sala, e rondamos o Shopping, finalmente a encontramos na praça de alimentação.

– Que merda foi aquela? - Alexis usando palavrão é algo que tipo, ela só fala quando está super nervosa, ou seja, ela estava.

– Foi mal Alexis..

– Foi mal? Você tentou me beijar moleque!

– É que eu... Me desculpa!

– Não sei. – Eu olhei pra ela e mostrei com os olhos mesmo o que tinha feito em suas calças. Ela caiu na gargalhada, mas tipo, a risada dela é super escandalosa, ou seja, quase a praça inteira olhou para ela.

– Você.. Mijou.. Nas.. Calças? - Dizia rindo descontroladamente.

– Não – Disse ele envergonhado – Foi a Julia que jogou refrigerante em mim.

Ela retomando o ar sério de antes perguntou:

– Por que você tentou me beijar?

– Por que... bem... eu acho..

– Fala logo Paul!

– Eu acho que to gostando de ti.

Ela arregalou os olhos e olhou para mim. Dei um sorriso de canto, estava do lado de Paul e de frente para ela, e como ele estava de cabeça baixa, não viu a minha feição.

– Paul, não dá, e você sabe disso, eu gosto de você apenas como meu amigo, além do que, estou namorando.

– Você já está namorando o Carl?

– Sim, algum problema?

– Só que ele é um canalha.

– Por que você insiste em falar isso? Você mal o conhece!

– É o que você pensa, eu e ele éramos amigos no colégio, ele nunca prestou, mas como nossas famílias eram amigas, acabamos nos tornando também, ele nunca levou nada a sério, o dinheiro sempre foi o mais importante, tirando ficar com as mulheres, cada dia ele ficava com uma, jurava fidelidade a elas e na mesma tarde ficava com outra, foi assim com a Cecília também, ele tinha dado um tempo, mas depois de 7 meses, voltou a fazer tudo de novo. Você deve estar gostando dele, não posso mudar isso. Eu só queria te proteger, não quero te ver sofrer.

Sai dali, meus olhos estavam marejados, fui até o banheiro, entrei numa cabine e chorei, não estava aguentando, ele gostava mesmo dela¿ Eu realmente não tenho chance com ele. Sai da cabine, lavei meu rosto e sai do banheiro, nesta hora esbarrei em um homem, provavelmente da minha idade, que me fez cair. Estabanada, que nada!

– Me desculpa!

– Tudo bem – Dizia tentando me levantar do chão, ele pegou minha mão e me ajudou, limpei minha calça e ele perguntou:

– Como desculpa quer tomar um café ali? - Disse ele apontando para uma loja ali perto. Hesitei um pouquinho – É rápido, como oferta de paz! Por favor?

– Só porque você tá implorando - Saímos dali e fomos a cafeteria, era bem agradável lá, paredes cor de mel e mesinhas brancas, nos sentamos e pedimos o nosso café.

– Ah, esqueci de me apresentar, meu nome é Christopher, mas pode me chamar de Chris e o seu é...

– O meu é Julia.

– Hum, belo nome, tem quantos anos?

– Não deveria falar com estranhos.. Não sei nada da sua vida.

– Que mentira, você sabe o meu nome, mas ok, eu faço universidade de fotografia, sou apaixonado por isso, estou solteiro, tenho 3 irmãos mais novos, tenho 24 anos e moro com um amigo, o Tony, ele também faz faculdade de fotografia, nunca fui preso e sou considerado o certinho da família.

– Nossa, okay, tenho 21 anos, moro com a minha melhor amiga, a Alexis, não faço nada da vida, sou filha única, apaixonada por livros, estou solteira, nunca fui presa e não tenho um IPhone como a maioria da sociedade – Disse apontando para o seu IPhone que estava em cima da mesa - dei ele para o meu pai, que por acaso, não sabe mexer.

– Interessante..

Tomamos o café e ficamos conversando mais um pouquinho.

– Que horas são?

– São 17:30, por que?

– Caraca, eu deixei meus amigos no Shopping e a essa hora eles já devem ter ido pra casa sem mim.

– Fica tranquila, eu te deixo lá.

– Não sei...

– Vamos, você iria como?

– De taxi.

– Viu, vai economizar dinheiro, vamos! – Ele disse se levantando e pegando seu agasalho, me levantei e fui em direção ao estacionamento com ele. Okay, vocês devem estar pensando “Nossa a Julia é muito burra, não vê que ele pode ser algum sequestrador ou estuprador” mas eu conversei com ele, e vi que ele não era nada disso, se for, é um ótimo ator, entramos no carro e ele me levou em casa, chegando lá, dei meu número do celular pra ele e ele fez o mesmo, me despedi dele e entrei no apartamento.

– Sumiu e nem avisou né mocinha! – Disse Alexis com as mãos na cintura. Paul andava de um lado para o outro com Nancy tentando o acalmar.

– Desculpa! É que eu conheci um cara, e fiquei conversando com ele.

– E como você veio pra cá? - Disse Paul meio nervoso – Pensamos que tinha sido sequestrada.

– Ele me trouxe aqui e como é ser sequestrada num Shopping?

– Não sei Julia, não sei.

– Desculpa, eu não queria preocupar vocês. – Disse abraçando-os. Saímos do abraço e Nancy disse

– Ok agora que já sabemos que ela não foi sequestrada e que está bem, vamos comer, pois a comida já está esfriando.

Comemos e fomos ver um filme, desta vez em casa.