Acordei primeiro que os outros dois, eu mal dormi para falar a verdade. Não me sentia bem pela situação com as vassouras na frente do quarto da Lily, mas não sei porque me importei. Ela vive dizendo que me odeia, então porque me importar? Mas se ela me odeia, porque permitiu que eu a beijasse na estação? Ou melhor quase beijasse. Mas se o apito do trem não tivesse tocado eu teria a beijado com o maior prazer. Porque mulher é tão confusa ? Porque eu sou tão confuso? Baguncei o cabelo e fui para o banheiro, precisava de um banho gelado. Quando sai os dois patetas já estavam de pé, e me olharam como se eu fosse louco.

— Cara, você tem problema? Tomar banho essa hora da madrugada. - O cachorro do Sirius falou como se eu fosse um E.T.

— Banho gelado, e qual o problema? E é de manha cedo, não de madrugada. Vou me trocar no banheiro, não quero as dondocas me olhando. -Falei a ultima parte rindo e indo para o banheiro com o uniforma na mão.

Eu me troquei rápido, e fui para o quarto tirando o excesso de água do cabelo com a mão. Os dois já estavam prontos, então descemos ate o Salão Comunal. Já estávamos quase saindo pelo buraco no retrato quando a gente ouviu a Marlene gritar com alguém. Vai por mim, eu sabia que era ela, já perdi as contas de quantas vezes eu ouvi essa voz xingando o Sirius. Em segundos, a Lily e a Dorcas desciam as escadas correndo e a dona da voz vinha atrás, gritando coisas sem sentido.

— James, socorro - Calma, ela me chamou do que mesmo? - A Lene quer me matar - Ela se escondeu atrás de mim e agarrou a minha camisa. Ela deve ter feito algo muito ruim, porque primeiro ela me chamou de James, e agora está agarrada a minha camisa.

— Matar nós duas você quer dizer né - Eu olhei para o meu lado e a Dorcas abraçava Remo por trás, e o retardado só ficou lá parado.

— O que vocês fizeram dessa vez? - Eu perguntei sem raciocinar direito, porque afinal de contas LILY EVANS ESTAVA AGARRADA EM MIM! E ME CHAMOU DE JAMES. JAMES. ELA NUNCA ME CHAMOU DE JAMES.

— Porque a Lene está com uma cara que desbanca até Você-Sabe-Quem. - O Remo falou olhando pra Lily e depois desviou o olhar pra Dorcas atrás dele, e corou um pouco. Sei que ele é muito tímido, mas a ultima coisa que senti com a Lily agarrada em mim foi vergonha, era bom. MUITO bom. Não entendia a lógica do Remo.

­_ Eu pensei a mesma coisa, Remo. - Ouvi Lily dizer. Pedi uma explicação com o olhar, e ela tentou falar. - A Lene estava dormindo, e ela é difícil de acordar ai... - Mas ela não terminou por causa de um cachorro sem mãe que começou a gritar feito um histérico.

— Marlene McKinnon, você notou o estado da sua roupa? - Ele disse com muita raiva, ou com muito ciúmes. Pela cara dele eu voto em ciúmes. No meio dessa confusão toda nem tinha reparado que a Marlene estava com a camisola toda molhada e grudada no corpo. Quase dava para ver TUDO, sabe? Nem tinha raciocinado direito quando o Sirius me lançou um olhar assassino, na mesma hora eu virei o rosto para o outro lado e vi o Remo corando e desviando o olhar para a parede.  -Toma. - Vi o Sirius jogar sua jaqueta de quadribol pra Lene, notei que ela não parecia muito feliz em pega-la e isso me lembrou da noite de ontem. Depois de se cobrir com a jaqueta ela veio até onde a gente estava.

— Depois a gente acerta as contas, porque esses dois não vão estar aqui para proteger vocês. - Ela estava espumando de raiva, cara é sério, fiquei com dó das meninas.

­­_ E da próxima vez toma mais cuidado com sua roupa, madame. - O Sirius falou ainda bravo, olhando para todos os garotos do Salão. Ciúmes. Os dois trocaram olhares e ela subiu as escadas mais vermelha do que o cabelo da minha ruiva. Ele vai ter que aguentar uma longa e constrangedora conversa sobre assuntos do coração hoje a noite.

— Ela vai bater nas duas, vocês sabem né? - Eu perguntei olhando pra onde a Lene tinha subido.

— É, a gente sabe. - Ouvi a Dorcas de longe e uns segundos depois a Lily se agarrou em mim mais um pouco, e nesse momento eu parei de raciocinar. Estava quase perdendo o controle quando o estraga prazeres do Sirius falou em um tom meio brincalhão e meio malicioso.

— Bom, sua amiga assassina já subiu então vocês duas não precisam ficar agarradas nos meus meninos, não é mesmo? - Lily se separou de mim como se tivesse acordado de um transe. Vi que a Dorcas estava quase roxa, igual ao Remo, então a Lily passou por mim e subiu as escadas falando.

­_ Tchau meninos - Acho que a Lily está ficando louca. Ela estava estranha para alguém que me odiava, mesmo eu sabendo que é da boca pra fora.. ou ela realmente me odeia? Senti uma pontada no coração com aquela hipótese.

— O que foi isso? - Sirius perguntou depois que elas estavam quase no topo da escada. Apenas olhei para ele com cara de bobo, porque nem eu sabia, na verdade acho que nem elas sabiam direito, mas foi estranhamente bom.

— Cara essas garotas são bipolares, só pode. Que eu saiba elas deviam estar com raiva de nós por causa de ontem a noite. Mas não, ela já chegam e te agarram. - O Remo falou corando um pouco. - Eu acho que nunca vou entender as mulheres. - Ele disse bagunçando os cabelo, frustrado.

— Somos dois - Olhei para o Sirius com um sorriso maroto. - E cachorro, que ceninha de ciúmes foi aquela por causa da roupa dela? Finalmente admitiu que está na coleira? - Eu perguntei andando em direção ao quadro e eles me seguiram. O Sirius ficou quieto por uns minutos e depois parou de andar e se encostou em uma parede perto do Grande Salão. Eu sabia como ele devia estar confuso com esses sentimentos, para um galinha é difícil assumir qualquer coisa. Especialmente se essa pessoa tiver a cabeça mais dura que as pedras das paredes de Hoqwarts, e eu me refiro ao Sírius, ai é que a poção desanda (n/a: criando novos ditados ). Eu já senti isso antes de assumir pra mim e para o mundo que eu a amava. Amava a minha ruiva.

— Eu não gosto dela tá, mas me irritou o jeito que aqueles caras ficaram olhando pra ela. Só porque a camisola dela estava molhada e... - Ele parou de falar e fixou o olhar em um ponto logo atrás da gente. Lá estava ela, Marlene McKinnon, que ainda usava a jaqueta dele por cima do uniforme. Ela parou para tira-la lentamente, como se fosse um pesar, e logo depois ela cheirou o colarinho. Ele estava com uma cara de bobo vendo a garota se aproximar. Só entregou a jaqueta para o Sirius, olhou pra ele e saiu correndo mais vermelha que a jaqueta.

Me virei na direção das outras duas meninas e admirei a ruiva, ela era perfeita, mexia comigo como ninguém nunca conseguiu. Já assumi pra mim mesmo, mas ainda não canso de me surpreender com isso: eu amo essa mulher. Vi quando a Dorcas saiu correndo vermelha e logo depois a ruiva me olhou com uma certa dúvida no olhar, logo depois saiu andando rápido. Mais a frente, ela parou de novo e se virou pra me olhar de esgueira. O que eu tinha feito de errado dessa vez? Logo depois ela saiu correndo de novo e eu desisti de entender o dia de hoje.

Voltei a prestar atenção nos dois bocós e vi o Sirius cheirando a jaqueta dele, e acho que já sei de quem era o perfume que ficou na blusa. Só quero que ele pare de frescura logo, porque ela também é louca por ele, e se eu não posso ter minha ruiva, ele pelo menos ganha a morena dele. Olhei para a expressão desolada do Remo, por causa do "probleminha peludo" ele não se permitia ficar com a Dorcas. Sorri discretamente. 

— Estou vendo que você gostou do perfume. Acho que você é orgulhoso demais, cara. - Ele murmurou algo e começou a andar. Quando passamos por elas no Salão nós três paramos, olhamos para elas e nos entreolhamos rindo, nossa ligação era melhor que legimência. Continuamos a andar e nos sentamos quase na outra ponta da mesa, mas meu olhar não desviava dela. Remo estava quase babando no prato olhando para uma Dorcas muito envergonhada. 

Elas foram para a aula e nós ficamos mais um tempo terminando o café. Nós chegamos na sala junto com o professor Slughorn, que começou com o discurso de que não devíamos nos atrasar novamente e blábláblá. Finalmente, depois de um tempo de sermão, entramos e nos sentamos. A aula foi monótona, como sempre, e eu nem prestei atenção, como sempre.

Só comecei a prestar atenção no final da aula, quando o professor passou uma revisão sobre as poções que aprendemos ano passado. Os trabalhos dele sempre eram em dupla, mas dessa vez ele mesmo montou os pares, e o meu era a melhor ruiva da escola. Nesse memento que eu finalmente comecei a gostar desse professor.