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Pov’s Bella

Eu estava caindo. Não sabia onde estava muito menos de onde eu estava caindo.  A cor azul clara bloqueava minha visão, que estava embaçada, me proibindo de ver muita coisa. Tentei olhar ao meu redor, mas minha cabeça pesava e foi quase um sacrifício fazer aquilo, mas por fim eu consegui, mas eu continuava vendo azul, como se o céu se estende por tudo. Milhares de nuvens passavam rapidamente pela minha visão, me deixando mais tonta ainda.

Eu estava caindo do céu.

O vento da queda se tornou audível, tomando o meu corpo, meus sentidos. Voltei meu olhar para cima, e era como se o céu estivesse caindo junto a mim. Ele não parecia se distanciar nem se aproximar, só me acompanhava. A calmaria tomava conta de mim junto com o cansaço. Era se eu tivesse lutado mil guerras, e perdesse todas. Eu pesava mil toneladas, como...

O céu.

Aos poucos, o céu acima de mim foi se tornando escuro, adquirindo tons de vermelho e roxo escuro, e foram também se tornando mais pesado. Era como se ele me empurrasse, como se não quisesse que eu fizesse parte dele. “Mas eu sou um anjo”, minha mente quis gritar, mas foi apenas um sussurro dentro de mim. “Não, Bella. Você não é.” Uma voz gritou em minha cabeça tão alto que gemi de dor. De repente, tomei consciência de tudo. Eu estava caindo.

Eu queria gritar, espernear, mas o cansaço era maior, me impedindo de reagir. Eu estava apavorada, o medo era gelado dentro de mim. Corria como agua por minhas veias até atingir meu coração. Dessa vez, o grito que saiu da minha boca apenas ecoou pela imensidão dos céus.

E com isso, o céu pareceu me engolir, se fechando a minha volta, e eu queria fechar os olhos. Deus, eu estava tão cansada. Só queria fechar os olhos e dormir. Cinco minutinhos, eu dizia a mim mesma. Mas alguma coisa me dizia que se eu dormisse, não acordaria. Não tem problema. Eu poderia dormir por séculos, tamanho meu cansaço. Fechei lentamente os olhos

Então o farfalhar de asas fez se ouvir ao meu redor, e eu queria reclamar. Deixe-me dormir. Mas o barulho continuou, e me irritou. Abri os olhos com dificuldade, e apenas vi asas enormes de brancas pairando sobre mim. Um anjo, eu disse a mim mesma, mas senti raiva dentro de mim. Uma droga de anjo...

A sensação da queda aumentou, e eu sentia. Estava perto do chão. Do meu descanso final. Aos poucos, barulhos de tiro e gritaria foi enchendo meus ouvidos, pessoas chorando, pedindo socorro, o grito de guerra de algum exercito. Mais asas. Lamentações, orações que fizeram minha pele coçar. Mas gritos, risadas, o choro de uma criança.

De repente, braços firmes e gelados me seguravam e impediram a minha queda. Eu queria gritar para ele me soltar, me deixar em paz, para eu poder dormir. Mas eu só continuei quieta, meus olhos embaçados enxergavam apenas aqueles olhos azuis e aquele cabelo tão preto... Percebi que os sons foram se distanciando, e novamente, eu estava sendo erguida, levada para cima. “Acorde, Bella” a voz dentro de mim agora estava fora, e falava tão claramente que eu achei errado. Tão errado.  “Anjo estupido, me deixe dormir” Eu consegui dizer, mesmo num sussurro.

-Acorde Bella.

 Levantei-me com um grito, e percebi que não estava caindo. Estava numa cama num hotel. Tentei respirar, mas minha garganta estava gelada, juntamente com meu pescoço e meus braços. Senti o suor pingar e olhei para as minhas mãos, estavam normal. Levantei o olhar e me deparei com Damon, o demônio, na minha frente. Seu rosto e braços estavam gravemente queimados, mas se curavam aos poucos.  Mas o mais importante era que ele estava na minha cama.

-Fora! –gritei, pegando uma almofada e botando fogo nela, logo após tacando nele.

Damon se esquivou, mas antes que a almofada tocasse ele, se transformou em gelo.

-Tem como parar de destruir o quarto? –ele resmungou, e foi se sentar em sua cama. Aproveitei parar olhar em volta.

O quarto estava completamente destruído, as paredes eram escuras e estavam queimadas, os moveis, ou pelo menos era o que eu achava que eram, estavam reduzidos a pó. O lado do quarto de Damon estava coberto por gelo e neve pelo chão.

-Você é bem agitada quando dorme. –observou Damon, passando a mão no cabelo negro.

Tentei pensar com clareza. Estava na cara que fora eu que fiz isso. Mas só por causa de um sonho? Parecia-me um pesadelo. Ela se lembrava do sono e do cansaço que a consumia, mas realmente não tinha entendido...

-... E de repente você acorda gritando. E eu vou ter que ralar pra poder dar um jeito nesse quarto. –Damon dizia, mas eu quase não escutava.

-O que?

Ele olhou irritado para mim, e vi seus olhos se abaixarem para meu corpo, e um sorriso malicioso brotou em seus lábios. Franzi a testa sem entender, e abaixei meu olhar.

Minha regata estava queimada, e quase nada sobrava dela, expondo o sutiã vermelho com bolinhas amarelas. Mais á baixo, não restava nada do que um dia fora um short, apenas um calcinha da mesma cor da peça intima. O coberto apenas cobria minhas pernas.

Olhei para Damon, que olhava minha calcinha.

-Ei! –gritei, pegando outra almofada e tacando nele, dessa vez sem fogo. Ele agarrou a almofada e a cheirou. 

Revirei meus olhos e me cobri, e olhei para a parede. Levantei com o lençol me cobrindo, e caminhei até ela. Pousei minha mão nela e aos poucos foi voltando ao seu normal, até que todo o quarto estivesse em seu estado natural. Voltei à cama e me sentei.

 -Você gritou muito. –Damon disse, quebrando o silencio que reinava. –Aquilo realmente me assustou. O quarto começou a queimar e você se contorcia na cama, e toda vez que eu tentava chegar perto de você, seu fogo me queimava.

Foi dizendo isso que reparei nele. Seu pescoço ainda estava gravemente queimado, já seus braços estavam curados por completo. Passei meu olhar para seu corpo, e vi que sua camiseta preta estava totalmente queimada, sua calça, porem, continuava intacta. Ele percebeu meu olhar e tratou de tirar a blusa ficando sem camisa. Levantei-me, ignorando que o lençol avia caído. Caminhei até ele com receio, e me aproximei, fazendo o máximo para não fazer careta ou algum som de nojo.

-Me desculpe. –eu sussurrei, e era como se uma faca cortasse meu orgulho fora. Coloquei uma das minhas mãos em seu pescoço, e ele se curou.  Meus olhos estavam encarando os deles, tão azuis como o céu. Vi em seus olhos o que ele queria fazer, e antes que sua mão encostasse-se à minha cintura, num segundo estava do outro lado do quarto.

-Não pense que só porque eu me desculpei, poderá ter algum tipo de ousadia comigo, caído. –grunhi irritada, mas Damon apenas sorriu de lado.

-Existe uma tensão sexual entre a gente, você sabe. –ele sussurrou rouco, seu hálito gelado chegou a mim num segundo, embora estivesse a 2 metros de distancia.

-Nos seus sonhos. –murmurei, tentando ignora-lo, me sentando novamente na cama.

Num segundo, Damon estava sobre meu corpo, sua perna entre as minhas e seu corpo se retesando sobre o meu, um dos seus braços ao lado do meu pescoço se apoiando na cama.

Não apontei nenhuma reação, pois estava surpresa.

-Nos meus mais cálidos sonhos, Bella. –seu hálito gelado bateu em meu rosto, em contraste com o meu calor. Ele se aproximou mais, e uma das minhas mãos se espalmou em seu peito nu, e fi-la esquentar.  Antes que eu pudesse realmente queima-lo, a porta do quarto se abre, e nós dois olhamos para a figura morena na porta.

-Hum... Estou interrompendo algo?