A deusa perdida escrita por Nina C Sartori


Capítulo 4
Roubada




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Fiquei acordada até amanhecer, como tinha dormido um pouco antes, meu corpo não estava tão cansado assim, mas eu tinha aula no dia seguinte então tinha que tentar prestar a atenção. Saí de casa praticamente me escondendo no capuz do meu casaco. O dia estava cinza e eu nem queria imaginar o porquê. Andava na rua alerta, estava com medo que acontecesse algo anormal. Quando cheguei na escola não prestava atenção direito às aulas. Sempre sentia que alguém me observava do outro lado da janela, só que quando olhava, não tinha ninguém. Quando chegou o final das aulas, saí depressa para casa. Quando virei a esquina perto de casa, encontrei no final da rua um homem um pouco moreno, com cabelos pretos enrolados e um pouco de barba preta, ombros largos, musculoso. Vestia uma camisa branca com um blazer elegante cinza e estava com uma calça jeans escura. Ele olhou pra mim e eu sabia quem era. Apressei o passo para atravessar a rua e entrar em casa. Quando subi as escadas o ouvi dizendo.

— Não faria isso se fosse você.

Suspirei e virei para encará-lo. Ele estava parado em frente à escada.

— Por quê?

— Não encontrará nada que te pertence aí.

Levantei uma sobrancelha.

— O que você fez?

— Fiz a coisa certa. A sua casa não é essa, Alexis, saberia se tivesse recuperado suas lembranças.

— Não quero abrir aquela caixa.

Pelo visto ele não gostou do que ouviu.

— Esse não é o seu mundo, não entende? Você tem que voltar.

Ri ironicamente.

— Voltar? Para um lugar que não sou aceita? Que sou uma ameaça? Não, obrigada.

Dirigir-me até a porta, peguei minha chave e entrei na casa fechando a porta atrás de mim. Fui direto para o meu quarto, mas quando abri à porta a única coisa que achei foi à caixa no meio do chão do cômodo. Não acreditei no que via.

— O que aconteceu aqui?

Fui até a janela e encontrei Zeus parado no mesmo lugar olhando para cima. Quando me viu deu de ombros e sorriu. Voltei à atenção para o meu antigo quarto. Meu guarda roupa, minhas roupas, minha cama... tudo sumiu! “Só pode ser coisa daquele idiota lá embaixo”, pensei. Andei para lá e para cá, pensando no que iria fazer. Finalmente surgiu alguma coisa na cabeça, peguei aquela maldita caixa coloquei na mochila e desci para esperar minha mãe chegar. O idiota agora estava sentado em um dos degraus da casa e olhou para trás quando ouviu a porta abrir. Sentei no topo da escada, querendo evitá-lo. Fiquei observando o céu e ele continuava a mesma coisa, cinzento.

— Vai chover daqui a algumas horas. – disse Zeus

O ignorei. Um táxi entrou na esquina e parou em frente à casa, vi minha mãe chegar e fiquei aliviada. Ela saiu do táxi e ficou observando Zeus e a mim.

— Posso ajudá-los em alguma coisa?

Pensei que ela estava brincando e dei risada.

— Vai fingir que não me conhece?

Ela me observou com uma expressão estranha e depois sorriu.

— Desculpa, mas não me lembro de você.

“Como assim? Você é a minha mãe!”, pensei em dizer, mas quando abri a boca, Zeus foi mais rápido, se levantou e sorriu para ela.

— Desculpa, a garota deve estar te confundindo com alguém. Tenha uma boa tarde.

Ela acenou com a cabeça e entrou em casa. Eu estava querendo entender aquilo tudo ainda. O olhei e percebi que isso ele também era o responsável. Levantei furiosa e fui até ele. Apesar de que ele era mais alto que eu, assim mesmo fiquei bem perto para poder encara-lo.

— Por qual maldito motivo você fez isso? – Disse com os dentes cerrados

Ele sentiu o desafio, mas respondeu naturalmente.

— Seu lugar não é aqui.

— Meu lugar é aonde eu quero estar.

— Você não tem tantos direitos de escolher. Existem regras para serem cumpridas.

— Por que você, Zeus, o deus dos Céus, está vindo pessoalmente atrás de mim para poder me levar novamente ao Monte Olimpo? Qual é o seu real motivo?

Ele ignorou minha pergunta.

— Você irá voltar para o Monte Olimpo agora. – Ordenou

Fiquei furiosa.

— Me obrigue.

Isso foi a gota d’água. Os olhos dele faiscaram e, de repente, ele segurou o meu braço e alguma coisa aconteceu a nossa volta. Quando finalmente olhei ao redor, estávamos no grande salão do Monte Olimpo. Ele estava me fuzilando com os olhos e ainda segurava o meu braço.

— Você só irá sair quando eu mandar.

E me soltou violentamente, saindo do salão. Eu não estava admitindo isso. Não obtive nenhuma resposta, então o segui.

— Eu quero as respostas para as minhas perguntas.

Ele me ignorou e continuou andando. Pensei em algo mais convincente em dizer.

— Se não me responder tenha certeza que estará começando uma guerra comigo.

Isso chamou a atenção dele, pois ele parou e virou-se pra mim. Trovões rugiam lá fora.

— Sumi com as coisas do seu quarto, usei a Névoa para sua “mãe” não lembrar de você e agora você está no lugar que te pertence. Satisfeita?

Ele praticamente cuspiu as palavras em mim. É claro que não estava satisfeita, mas ele não quis saber das minhas reclamações e saiu. Fiquei parada ali, tentando me acalmar. Percebi que alguém vinha para o salão, então corri para onde os quartos ficavam. Entrei no primeiro que vi e fiquei lá, tentando me acalmar. Joguei a mochila na cama, tirei o casaco e fiquei andando de um lado para o outro. Quando olhei para a cama, o casaco tinha sumido e no lugar dele tinha uma enorme capa cinza. Não quis saber como aquilo aconteceu, só precisava me acalmar.

“Muitas coisas aconteceram durante esses dias. Minha antiga vida era uma farsa e, agora, estou na minha verdadeira vida, pelo menos foi o que aquele idiota me disse. Tenho tantas dúvidas, tenho certeza que se Apolo estivesse aqui ele iria responder... Mas ele não estava. Eu poderia fazer... Não! Isso é um absurdo! Abrir aquela maldita caixa para saber de tudo não ajudará em nada... Mas até que é uma boa ideia... Não irei abri-la de jeito nenhum!... Ela é a resposta de todas as minhas perguntas. Mas o que é aquela maldita Névoa?”.

Meus pensamentos voavam de tanta confusão. Sentei na cama e fiquei encarando a mochila. Eu tinha que abrir aquela caixa. Peguei a maldita caixa, respirei fundo e a abri com os olhos fechados esperando que acontecesse alguma coisa que iria me fazer dor, mas nada aconteceu. Olhei a caixa e não achei nada de incomum, fui olhar o que tinha dentro e só encontrei um espelho.

— Perdi o meu tempo com idiotice.

Fiquei olhando o meu reflexo no espelho, encarei aqueles olhos azuis claros, até que alguma coisa brilhou e eu apaguei.


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