A deusa perdida escrita por Nina C Sartori


Capítulo 24
Mais problemas




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— Creio que este é o meu lugar, afinal esse chalé fora construído para mim.

— Tem razão.

Ele coçou o braço e olhou pra mim, um pouco sem graça.

— Uma visita sem ser nos sonhos e ainda há pouco tempo? Fiquei surpreso.

— Vejo que sim, mas tive que vir o mais rápido que pude. Quero que faça algo para mim.

Ele ficou alerta.

— Pode dizer.

— Quero que fique aqui no acampamento até eu te avisar que pode voltar para casa. Não será seguro para você e seu pai se você voltar.

— Por quê? O que está havendo?

Suspirei.

— Não posso te contar tudo, fique satisfeito com o pouco que posso te fornecer.

Ele assentiu.

— Visitei Jared antes de te encontrar em seu sonho. Com isto trouxe muita atenção para ele. Estão vigiando a casa para tentarem descobrir o porquê da minha aparição lá. Se você aparecer, irão descobrir que é o meu filho e irão mata-lo juntamente com Jared. Por este motivo que quero que fique aqui até eu conseguir controlar a situação.

Will ficou perplexo e fechou as mãos.

— E o meu pai? Ele está em perigo! Tenho que protegê-lo.

— Não! Será uma burrice se você sair daqui. Tem que ficar. Seu pai estará protegido com você longe. Fique aqui, pelo bem dele, Will.

Will passou a mão nos cabelos e olhou para o chão. A indecisão estava estampada no rosto.

— Eu sei que é difícil você cumprir o que te peço, mas temos que fazer sacrifícios e analisar a questão. Eu mesma estou seguindo algumas regras e outras estou burlando para o bem de vocês dois. Aceite ficar aqui.

Ele me encarou, dava para ver que continuava preocupado.

— E o meu pai? Também estará protegido?

Sorri.

— Estarei vigiando.

Ele assentiu e suspirou aliviado.

— Tudo bem, vou ficar. Primeiro tenho que avisar ao meu pai.

— Ele já sabe deste fato, mas creio que irá conversar com você, por isso te dou isto. – Entreguei uma pequena bolsa de veludo para Will – São dracmas de ouro. Irá precisar para fazer a ligação para o seu pai. Nunca use internet ou telefone, isso atrairá atenção dos monstros para você.

Ele sorriu.

— Obrigado.

Ele alisou a bolsa de veludo, depois a abriu e ficou olhando os dracmas. Sei que ele já viu dracmas de ouro antes, mas imagino que esteja organizando os pensamentos, sinto que quer saber mais. Fiquei esperando até ele falar o que queria. De repente ele levantou a cabeça e fitou meus olhos.

— As coisas continuam piores para você, não é?

Suspirei e concordei com a cabeça.

— Será que tem algo que eu possa fazer para te ajudar?

Ri sem emoção.

— Admiro sua coragem, mas só pode fazer aquilo que te pedi.

— Entendo. – Respondeu um pouco triste.

Andei até ficar mais perto de Will. É tão irônico como ele é mais alto e eu que sou a mais forte, minha cabeça fica poucos centímetros abaixo dos ombros dele.

— Saiba que em um futuro próximo você irá me ajudar mais. Por enquanto se mantendo seguro já estará diminuindo um pouco as minhas preocupações. Para mim, agora, o que mais importa é a sua segurança e a de seu pai. Estou fazendo tudo que estiver ao meu alcance para protegê-los.

— Até burlar as regras? – Sorriu.

Comecei a rir.

— Sim. Passarei por cima de tudo, não me importando com o que vem pela frente.

— Como uma tempestade.

— Exatamente.

A atitude dele que me surpreendeu. Ele me puxou e me abraçou forte. Deixei que ele ficasse assim e tentei não demonstrar que estava embaraçada com a situação e o envolvi com os meus braços.

— Nunca me abandone. – Sussurrou em meu ouvido.

Meu coração ficou apertado.

— Irei tentar.

Ficamos mais alguns minutos abraçados, até que tive que me afastar dele.

— Tenho algo para te dar.

Ele me encarou um pouco curioso. Tinha acabado de ter aquela ideia. Tirei o colar de ouro do meu pescoço e o coloquei nas mãos de Will.

— Uma lembrança. O meu símbolo.

O pingente do colar era uma nuvem acompanhada de um raio. Ele ficou olhando o colar e depois sorriu.

— Guardarei bem perto de mim. – E o colocou em seu próprio pescoço.

Sorri e apertei a sua mão.

— Preciso ir. Creio que grandes tempestades estarão chegando em breve e espero que consiga ficar a salvo, Will.

— Ficarei aqui como me pediu.

— Bom. Até breve, Will.

Fiquei de costas para ele e saí do chalé. Depois imaginei estar na Casa Grande e quando vi estava em frente a uma mesa com três pessoas jogando. Pigarreei.

— Podemos ir, Hermes?

— Já? Mais estou no meio de um jogo e ainda ganhando!

— Sim, agora. – Disse firme.

— Tudo bem. – Ele respondeu em tom desanimado e se levantou da cadeira.

Despedimos-nos de Quíron e Dionísio e fomos em direção àquela coisa voadora. Passado dez minutos, Hermes tinha me deixado em meu palácio e voltou para as suas tarefas.

Procurei por Kim pelos cômodos do palácio até encontra-la no salão do trono.

— Kim, tenho que tratar de alguns assuntos...

Parei de falar e de andar. Fiquei parada no meio do salão e encarando aquela cena. Kim estava em um canto, perto do meu trono de costas para mim, mas dando total atenção a Zeus. Que estava sentado em meu trono. Meu trono. Não gostei. Para piorar ele me olhava com aquela autoridade de sempre juntamente com a raiva estampada naquele rosto.

— O que faz aqui?

Ele me ignorou e olhou para Kim.

— Saia, Kim. – E fez um gesto com a mão para ela.

Ela concordou com a cabeça, fez uma reverência e saiu sem me olhar. Aquilo já estava longe demais e a minha raiva estava chegando ao limite.

— Como ousa sentar no meu trono e ainda mandar em minha assistente? Este é o meu palácio e quem dá as ordens sou eu! Trate de se levantar do meu trono!

Ele me fuzilou com aqueles olhos e senti a raiva dele chegar a mim. Estava quase me atacando. Se ele se atrever...

— Estava te esperando, não iria ficar em pé esse tempo todo. Prefiro conversar com você a sós do que termos plateia. – Ele fez um gesto com a mão e a porta atrás de mim se fechou. Depois se levantou.

Fui em direção ao meu trono com a cabeça erguida e sentei. Depositei o meu bastão ao meu lado e ele ficou em pé.

— Responda a minha pergunta inicial.

Ele estava com a mesma expressão de raiva. Estava em pé, de frente para mim, próximo ao meu trono.

— Agora saberá as consequências dos seus atos.


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Notas finais do capítulo

O que Zeus fará com Alexis?
Controlem a raiva, deuses!
Até breve.