A deusa perdida escrita por Nina C Sartori


Capítulo 20
Revelação




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Resolvi passar a manhã com Jared. Ele era agradável e sempre tentava diminuir as minhas preocupações.

Jared Colin era psicólogo e adorava escrever livros. O conheci há quinze anos em Manhattan. Estava havendo um evento sobre a relação da força da natureza e o homem; ele era um dos palestrantes do evento, como eu. Ele assistiu a minha palestra e quando acabou, veio me cumprimentar e debater alguns pontos que ele gostou. A partir daí continuamos nos falando e tivemos um relacionamento. No meio disso fora gerado um filho. Quando fui entrega-lo para Jared, tive que contar toda a verdade. De começo ele não acreditou até eu prova-lo. No começo do crescimento do garoto estive perto, mas quando ele completara dois anos tive que parar com as visitas e deixa-los sozinhos. Foi muito difícil tomar esta decisão, mas tinha que cumprir os meus deveres e as regras, afinal deuses não podem ter contato com os seus filhos gerados em conjunto com mortais.

Enquanto pensava nisso, Jared vinha com um álbum de fotos do garoto e me contando o que aconteceu todos esses anos. Às vezes ríamos, outras só admirávamos a foto. Will Colin era o nome dele. Meu filho. Em um dos porta-retratos continha uma foto dele recente. Um garoto alto de cabelos arrepiados e com a cor dos meus olhos, tinha um sorriso travesso no rosto e um pouco de músculos.

— Creio que ele faz muito sucesso com as garotas.

Jared riu.

— Tenho que concordar, mas ele é orgulhoso e só quer conquistar aquela que o balançou.

— Não sei de onde ele puxou isso. – Menti.

— Ah, imagino que sabe muito bem.

Sorri e dei de ombros. Comecei a imaginar quando ele descobriu que tinha algo de especial nele.

— Alguma vez ele usou os poderes dele?

Jared coçou o queixo, pensativo.

— Uma vez ele fora confrontado pelos garotos do time de futebol da escola. Não demorou muito para que a raiva subisse a cabeça e ele acabasse usando os poderes. O diretor tinha me dito que um dos garotos fora jogado por uma rajada forte de vento pelo corredor da escola. Ele estava perto de completar treze anos.

Sorri com essa declaração, apesar das consequências finais.

— Em que ano ele fora mandado para o acampamento?

— No mesmo ano que tinha completado treze. Ele fora atacado por uma górgona, mas ele me contou que fora salvo por uma águia.

— Uma águia? – Perguntei incrédula.

— Sim.

Será que... Não, não pode ser. Será que Zeus sabe que tenho um filho semideus? Isso não pode ser possível, o garoto está escondido há tanto tempo e até hoje não o reconheci como meu. Não pode ser verdade. Jared percebeu que eu estava inquieta.

— O que a incomoda?

— Só um pensamento ruim, mas tratei de esquecê-lo.

— Tudo bem. O que irá fazer em relação a Will? Sabe que ele esperou demais pela mãe e que não aguenta mais o meu mistério a respeito de você. – Suspirei.

— Ainda não decidi o que fazer, mas sei que terei uma solução em breve. Espero que ele não esteja com muita raiva de mim por causa desses anos ausente.

Jared ficou pensativo.

— Não sei a respeito, mas ele é um garoto compreensivo, irá dar-lhe uma chance de explicar toda a situação e depois analisará. – Sorri.

— Igual ao pai. – Jared riu.

— Exatamente.

Olhei pela janela e vi que o sol estava em seu ápice. Era hora de voltar para o palácio.

— Tenho que voltar, Jared.

Ele suspirou e vi que não tinha gostado muito da ideia.

— Sei disso.

— Não fique assim, quem sabe um dia nos reencontramos novamente?

Ele sorriu.

— Esperarei ansiosamente.

***

Estava de volta ao meu palácio. Eu sabia que Apolo já tinha descoberto onde eu estava. Quando saí da casa de Jared, senti que ele me observava. Terei que enfrenta-lo um dia desses, saber o porquê do comportamento estranho. Fui verificar o palácio para saber se já tinham começado com as mudanças requisitadas. Comecei a sorrir quando vi a bagunça da reforma. Fui para a sala do trono e me direcionei para a minha mesa. Estava um barulho ali, pois estavam construindo a parede que pedi, mas assim mesmo fui verificar alguns relatórios juntamente com Kira. Terminado a verificação, fomos para o observatório da Terra para podermos observar os locais e mandar as tempestades. Assinei alguns relatórios e pedi para que Kira enviasse para Éolo, afinal ele tem aquele programa de televisão dos deuses e sempre pede a previsão do tempo.

Depois de uma tarde verificando relatórios e o andamento da reforma, fiquei exausta e fui tomar uma ducha para depois comer algo. Terminado isto deitei em minha cama e suspirei. Meus pensamentos vagavam entre Apolo, Zeus e o meu filho. Apolo estava muito estranho e eu estou disposta a descobrir o que é. Em relação a Zeus, era sobre essa confusão que aquele beijo trouxe, não quero ter que magoar alguém nesta história. Não quero que se torne um triângulo amoroso. Longe de mim! E creio que Afrodite já deve estar sentindo este triângulo crescer e com certeza terá consequências ruins no futuro. Quero esquecer esse assunto um pouco.

Agora o meu filho. Eu sei que Jared quer que eu fale com o garoto, mas não posso me arriscar tanto. Já fui longe demais indo até a casa dele, agora visitar o garoto? Não sei se é uma boa ideia. Creio que a notícia de minha volta já esteja circulando e o inimigo irá começar a bolar planos para me capturar. Tenho que ser cautelosa. Mas o meu coração pedia isso; uma conversa com o meu filho. Eu posso sentir a agonia e tristeza dele, posso perceber no tom da voz dele quando faz suas orações para mim. Isso tudo é uma tortura, preciso falar com ele. De repente uma ideia veio em minha cabeça e fiquei feliz com ela. Creio que dê certo. Fecho os olhos e torço para que ele esteja dormindo, assim nos encontraremos em um sonho. Abri os olhos e vi que estava em uma lembrança minha. A lembrança da minha sala do trono. Fiquei próxima do meu trono e fechei os olhos. Procurei a mente de Will, percorri as mentes dos semideuses pelo acampamento, até que o encontrei. Sorri quando descobri que estava dormindo. Percebi que a mente dele estava um pouco perturbada, então tentei livra-lo deste pesadelo trazendo-o aqui, em minha lembrança. Ele estava em pé, no meio da sala do trono olhando ao redor, tentando entender onde estava. Até que me viu e arregalou os olhos. Ficamos em silêncio; um observando o outro. Ele era bem alto, igual ao pai. Usava uma calça flanela preta e uma camiseta branca. Estava com o cabelo preto bagunçado e com uma expressão cansada e assustada. Sorri para ele.

— Olá, Will.

Ele agora me analisava, desconfiado.

— Como sabe o meu nome?

— Digamos que temos uma ligação. Tem ideia de onde está e de quem eu sou?

Ele deu uma última olhada pelo local e balançou a cabeça negativamente.

— Imaginei. Sei que ficará surpreso, mas eu sou sua mãe divina.

Ele abriu a boca e arregalou os olhos.


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Notas finais do capítulo

Como será que Will irá reagir com Alexis depois de tanto tempo? Beijos.