A deusa perdida escrita por Nina C Sartori


Capítulo 14
Felicidade


Notas iniciais do capítulo

Queria agradecer a Vanessa Pierce por recomendar a história.
Obrigada também as pessoas que favoritaram a história. Vocês são demais! Enfim, está aí mais um capítulo, aproveitem!



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Como eu tinha dito, o dia tinha sido longo. Zeus ficou com aquela cara fechada o dia inteiro. Ninguém poderia falar algo que não gostasse que ele acabava fuzilando as pessoas com os olhos e dava uma resposta agressiva. Estava insuportável. Quando o dia chegou ao fim, ele me dispensou e eu fui carrancuda para os meus aposentos. Tudo que ele fazia era com raiva e isso acabou me afetando. Se amanhã ele continuar assim, irei fazer algo. Não sei o quê, mas irei.

***

Logo quando abri os olhos, vi duas flores ao lado de minha cabeça. Sorri. Só poderiam ter sido deixadas por Apolo. Senti o perfume delas, era suave e doce. Quando pus o meu vestido e arrumei os cabelos, as coloquei em minha orelha direita. Tomei o desjejum e depois recebi um recado de Zeus querendo a minha presença em uma reunião matinal. Segui para a sala dos tronos e antes de entrar respirei fundo para aguentar o mau humor do grande chefão. Abri as grandes portas e entrei. Fiz uma reverência, fui até onde era o meu lugar e sentei. Quando levantei os olhos em direção ao chefão, ele estava com um sorriso de canto brincando no seu rosto. Estranhei, mas fiquei aliviada. Creio que hoje o dia será mais agradável.

A reunião foi bem chata. Fora um resumo dos últimos acontecimentos dentro do Monte Olimpo e as causas negativas de estarmos todos aqui dentro sem permissão para sair. Zeus foi firme e não cedeu aos pedidos dos sátiros. Quando a reunião acabou, Zeus se levantou e ficou de frente para mim, segurando o seu raio mestre com um ar orgulhoso e... Feliz! Sorriu para mim e disse.

— Siga-me.

Levantei e o segui. Eu estava com as sobrancelhas arqueadas e muito desconfiada com aquilo. Ele me levou até o último andar do palácio, no terraço do local. Tenho a vaga lembrança que já fui lá, mas sozinha. Vi que o local estava bem limpo e era pintado de branco. Tinha uma tenda grega ao canto bem caprichada; com várias almofadas coloridas, uma garrafa e castiçais de prata. Tinha uma bandeja prata, mas estava vazia. Creio que aquele local não recebe visitas há um bom tempo, apesar de estar limpo. Zeus ficou na sacada admirando a vista. E que bela vista tínhamos. Dava para ver toda a extensão do Monte Olimpo e os seus limites bem distantes. Fiquei parada a poucos passos de Zeus, sentindo a brisa e admirando aquele local em silêncio. Zeus respirou fundo e soltou devagar o ar.

— Gosto de vir aqui às vezes. Sinto-me calmo.

— É um ótimo local para relaxar.

Ele olhou para mim e sorriu.

— Tem razão.

Zeus virou-se para frente e ficou observando a vista.

— Está com duas flores no cabelo e com um brilho diferente nos olhos, Alexis. Estou curioso; por que está assim?

Surpreendi-me com aquilo, dava para notar a minha alegria tão fácil?

— Talvez estejam relacionados aos últimos acontecimentos.

— Quais acontecimentos?

Estreitei os olhos. Qual era o real interesse dele neste assunto?

— Acontecimentos bons. Só isso.

Ele riu e me lançou um olhar por cima dos ombros.

— Não quer contar por que não confia em mim?

— Confio em você, mas não entendo que este assunto seja tão interessante assim para você.

Ele voltou o olhar para o céu e suspirou.

— Gosto de saber o porquê das pessoas ao meu redor estarem felizes. Isso basta para me contar o que houve?

— Não muito, mas irei contar assim mesmo.

Então comecei a contar tudo. Desde a festa até as duas flores que apareceram na minha cama esta manhã. Não contei tudo detalhadamente, só dei um pequeno resumo do porquê da felicidade. Ele ficou parado de costas para mim por um tempo, depois virou e sorriu.

— Que bom que está feliz com isto. Agora precisamos voltar, temos muito trabalho pela frente.

Põe trabalho nisto.

Já estava combinado que Zeus iria checar o Monte Olimpo para saber se o que os sátiros falaram era verdade. A minha surpresa fora que Zeus decidiu ir a pé e não em sua biga. O acompanhei, pois era sua conselheira e analisava a situação com ele. Acho que ninguém sabe como o Monte Olimpo é enorme, quer dizer, tirando aqueles que vivem nele. O Olimpo pode ser igualado a uma cidade grande terrena, mas sem tanta modernidade. Você encontra plantações, estátuas dos deuses espalhadas pelas ruas, casas, alguns bosques, comércio, e muitas outras coisas. Tudo isso ao redor do grande palácio branco dos deuses. Um pouco distante dali tem o palácio de Hefesto, Afrodite, Dionísio e Hermes. Os dos outros eu não sei exatamente onde ficam localizados, mas a situação é a mesma que a minha, fica longe do Olimpo. O meu está localizado nos domínios de Zeus, o céu. Bem em cima de uma grande nuvem tempestuosa.

Enquanto caminhávamos, eu analisava toda a situação. Conversávamos com alguns seres e víamos que os sátiros estavam certos. O Monte Olimpo precisa voltar a sua conexão com a Terra, afinal lá contém mais recursos do que aqui e também a ajuda de certos aliados. Em toda a nossa caminhada ficamos em silêncio. Não conversamos um com o outro; cada um estava analisando a situação com os seus próprios pensamentos.

Quando voltamos para o palácio, eu estava cansada de tanto andar e segui para o meu “trono”. Fechei os olhos e aproveitei um pouco aquela sensação de descansar os pés e as pernas. Estava um silêncio terrível naquele salão e a minha curiosidade falou mais alto; abri um dos olhos para ver o que estava acontecendo. Zeus estava parado há alguns passos a frente de mim e me encarava. Estava sério e perdido em seus pensamentos. Abri o outro olho e falei.

— Está preocupado ou medindo a sua decisão?

Dessa vez ele estava mesmo me olhando.

— As duas.

Deixei-o pensar um pouco, sei que depois disso tudo ele irá falar as conclusões para mim e me perguntar se está sendo sensato em decidir aquilo. Zeus começou a andar de um lado para o outro bem em minha frente e aquilo me deixava nervosa. Para piorar a situação, ficou trocando de mão o raio mestre enquanto o girava. Fiquei encarando aquele raio, esperando a hora que ele acabasse sendo disparado em minha direção. Ele continuou com aquilo por mais tempo e eu já tinha começado a respirar fundo.

— Será que você poderia parar com esse tique nervoso bem em minha frente? Estou ficando nervosa também.

Ele ignorou a minha declaração e parou em minha frente com o queixo apoiado em uma mão.

— Penso que se continuarmos como estamos pode piorar um pouco mais as coisas, mas assim mesmo não vejo que seja tão grave assim a situação. Julgo que é mais seguro o Olimpo de portas fechadas. Concorda comigo, Alexis?

— Para ser franca, não. Será mais viável para a nossa situação que o Olimpo volte ao que era antes. Não corremos risco nenhum de sermos atacados, afinal temos um bom número de reforços aqui e lá fora. Não se preocupe com a segurança do Olimpo.

Ele continuou me olhando, pelo que percebi estava medindo a minha declaração.

— Estou mais preocupado com a sua segurança.

Aquela declaração me acertou em cheio e senti um frio na barriga. Não imaginava que Zeus ainda estava com essa ideia na cabeça, achei que tinha esquecido. Só que me enganei.

— Não irá acontecer nada de ruim comigo.

— Por que tem tanta certeza assim?

— Porque estou hospedada aqui e tenho várias pessoas me vigiando.

Desta vez ele sorriu.

— Tem razão.

— E então, irá deixar o Olimpo voltar ao que era antes?

— Ainda não me decidi, mas percebo que está ansiosa para uma resposta positiva.

Sorri.

— Sim.

Ele me fitou dos pés a cabeça com uma expressão divertida no rosto.

— Amanhã terei a resposta.

E virou as costas para mim indo em direção a porta a minha direita onde daria acesso a sua sala particular para fazer as refeições. Ele parou em frente à porta, virou para mim e estendeu a mão.

— Venha.

Levantei, fui em sua direção e segurei sua mão. Quando passamos pela porta, diminuímos de tamanho e fomos nos alimentar. Chegamos à sala e já estava com a mesa posta. Zeus sentou em uma cadeira na cabeceira da mesa e eu sentei na cadeira a direita dele. Começaram a nos servir quando alguém entrou na sala.

— Desculpe interromper, mas gostaria de me sentar à mesa com vocês.


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Notas finais do capítulo

Quem será a pessoa que irá acompanha-los no almoço?
Beijocas.