Cap. 7

Pdv Caroline

Acordei com uma sensação maravilhosa. Estava nos braços de Niklaus. O mesmo estava acordado e fazia leves carinhos em meu braço. Sorri contra seu peito nu e ele abraçou-me mais forte, já percebendo que eu tinha acordado. Ninguém disse nada. Apenas levantei meu rosto para olhá-lo. Ele estava sério, tinha um olhar pensativo. Será que estava arrependido? Ou será que isso não lhe significou nada?

Com esses pensamentos, claramente minha expressão não das melhores, e vendo isso, Niklaus afagou meu rosto e deu-me um beijo na testa.

- O que lhe preocupa, querida? - perguntou atensioso.

Suspirei fechando meus olhos e encostei minha cabeça de volta em seu peito másculo, não muito musculoso, mas muito lindo e sexy. Ele afagou meus cabelos escorrendo sua mão até minhas costas nua.

- O que foi isso, Niklaus? - perguntei num sussurro trêmulo.

- Isso foi muito maravilhoso. - ele disse sorrindo contra meus cabelos. Eu o olhei desconfiada - O que a deixa assim?

- Eu não sei, Niklaus. - sussurrei com medo - Tenho medo de que isso não seja real. 

- Han? - ficou sem entender.

Olhei para janela e percebi que já tinha anoitecido. Droga!

- Deixe para lá. - murmurei levantando-me com o lençol cobrindo meu corpo.

- Onde você vai? - perguntou sentando-se confuso.

- Preciso ir trabalhar. - falei óbvia e levantei-me enrolada no lençol.

- Você não precisa voltar para aquele lugar nojento. - ele falou enojado e segurou em meu braço levemente.

- Sim, eu preciso. - falei desapontada e soltei-me dele.

- Por que você não sai desse emprego, Caroline? - perguntou levantando-se e colocando suas calças. Eu já estava quase vestida, faltava minha camisa... Ah!

Sai do quarto e fui para sala. Ele veio logo atras de mim. Achei minha camisa e jaqueta, vestias e calcei meus sapatos.

- Eu não posso, Niklaus. - neguei já pronta e ele me olhou decepcionado - Acha que eu não quero sair de lá? Se eu saio, Chad me mata. Eu não tenho outro emprego, preciso terminar minha faculdade...

- Eu posso te ajudar. - ele disse rapidamente.

- Não, Nik... ninguém pode. 

(...)

Cheguei na boate, que estava bem movimentada. Como todos fazendo seus trabalhos rapidamente, limpavam, organizavam tudo as pressas. Estranhei aquilo e fui em direção a sala de Jay. No caminho Mason parou a minha frente. Ele já não tinha mais o curativo, mas seu nariz estava um pouco inchado e vermelho. Não aguentei e tive que rir.

- Ok, agora saia da minha frente. - falei querendo passar e ele deu um sorriso sem humor.

- Tem alguém querendo falar com você, durona. - ele disse sádico e o olhei confusa - Vamos, o patrãozinho a espera. - ele disse pegando em meu braço com força. 

O quê? Patrãozinho? Oh meu Deus! Chad?! Não!

- Me solta! - mandei nervosa e com medo enquanto ele me arrastava em direção ao outro corredor.

- O quê?Está com medo de apanhar, vadia? - ele riu sarcastico e tentei me soltar dele. Eu não queria ver Chad, não agora....

Mason abriu a porta a nossa frente e praticamente jogou-me para dentro da sala. Assustada, quase cai no chão, mas fui direto para a mesa, onde havia um grande homem sentado fumando um cigarro.

- Sentiu minha falta, Caroline? - Chad disse com uma voz de dar arrepios. 

Recompus-me melhor e ouvi a porta ser fechada. Olhei para aqueles olhos cinzentos de Chad e tentei não demonstrar nenhum tipo de sentimento de ódio por exemplo.

- Chad. - foi a unica coisa que consegui soltar.

- Espero que tenha se comportado enquanto estive fora. - ele disse sem mover-se do lugar - E espero que não tenha se deitado com esses imundos, querida. - falou finalmente movendo-se até a mim de vagar.

- Eu sou a probida, não sou? - falei num fio de voz. Ele sorriu sádico e colocou sua mão fria em meu rosto.

- Sim... Você me pertence, querida. - ele disse com uma certa maldade na voz. Engoli em seco, com muito nojo e vontade de correr de lá. Ir para o unico lugar que eu não deveria ter saído... dos braços de Nik.

- Por onde esteve, Chad? - perguntei querendo desviar o assunto. Ele sorriu de leve.

- Acho que você irá adorar as novatas, Line. - ele disse - Pollyanne, Annabelle... E Hannah.

- Essas foram obrigadas a virem? Como foi dessa vez? Os pais as venderam? Ou você prometeu um lar a elas em troca de trabalho, assim como fez comigo? -perguntei com um sorriso irônico, ele riu sem humor.

- Está engraçada hoje, não? - ele disse virando-se para jogar o cigarro no cinzeiro - Annabelle é a mais nova, ainda não pode vir para cá sem que sejamos denunciados. - ele disse sério - A partir de agora, ela morará com você e Vickie. - ele avisou virando-se para mim.

- Agora virei babá de futuras prostitutas? - falei incredula e ele me olhou irritado.

- Caroline, não me irrite por favor. - ele vociferou sério. Respirei fundo - Mudando de assunto, Line... você me deve uma coisinha, não? - ele deu um sorrisinho malicioso e aproximou-se de mim. Dei um passo para tras negando.

- Preciso ir trabalhar, Chad. - sussurrei virando-me de costas para ele. Então de repente, sinto suas mãos segurando-me com força e ele empurrou-me até a parede.

- Que é isso, Caroline... - sussurrou ao meu ouvido - Sabe que estou louquinho para ter-te há tempos.

- Não, Chad... - sussurrei com medo fechando meus olhos. suas mãos escorreram por meu corpo, deixando-me com náuseas e medo.

- Chega. - ele virou-me para ele com força - Eu te tirei daquelas camas com aqueles homens imundos para você ser apenas minha. - falou sério e abri meus olhos - E você será minha agora, Caroline. - murmurou com os olhos brilhando de desejo.

(....)

- Line, querida, o que foi? - Jay encontrou-me e veio correndo até a mim. Eu soluçava de tanto chorar. Estava caida no chão de meu camarim. Ele abraçou-me forte - Oh, minha amiga, o que ele lhe fez agora?

- Jay...- tentei dizer entre meu desespero - Ele me... me obrigou a transar com ele...! - falei finalmente e ele beijou meu rosto limpando minhas lágrimas.

- Querida... - olhou-me piedoso - Eu sinto muito, meu amor.

Fiquei abraçada a Jay por não sei quanto tempo. Eu estava com nojo de mim mesma. Nojo só de lembrar de Chad tocando-me... Seus lábios em meu corpo... Levantei num pulo, sentindo aquela repulsa. Corri até o banheiro e vomitei dentro da pia. Era sempre assim. Sempre que ele me tocava a força, eu ficava com náuseas... enjoos...!

- Você sabe que o show foi cancelado, não? - Jay disse logo que limpei minha boca e voltei para o camarim. Assenti sentando-me na cadeira e ele ficou ao meu lado. Jay segurou meu rosto levando meus cabelos para tras e olhou-me sorrindo - Aquele loirão lindo esteve aqui. Parece que ficou decepcionado quando comuniquei que não haveria mais show da mascarada essa noite. - ele disse sorrindo de leve. Suspirei limpando minhas lágrimas -Você o conhece, Caroline? - perguntou curioso.

- O nome dele é Niklaus. - murmurei dando um pequeno sorriso ao me lembrar de Nik.

- Ownt! Você sorriu por ele. - Jay brincou e revirei os olhos - E esse sorriso é apenas de uma jovem apaixonada, sabia? - brincou e ri envergonhada - Oh, santa virgem de guadalupe! - ele exclamou levando a mão na boca - Você se apaixonou pelo loirão?!

Sorri sem jeito e mexi em meus cabelos.

- Eu acho que sim, Jay. - sussurrei com medo. Ele me olhou como se eu fosse um E.T.

No outro dia

Annabelle, a nova garota, dormia na sala. Ela era tímida e estava assustada com tudo. Frederic quem havia trago-a. Ela tinha 16 anos. Era baixinha, com os cabelos negros um pouco liso e ondulado, magra e com os olhos castanhos. Fiquei um pouco intrigada sobre ela e resolvi saber um pouco. Sem medo, ela contou-me que morava apenas com a mãe, porém essa morreu e ela não tinha ninguém, então conheceu uma tal Melanny que a levou até Chad... E aqui ela está. Coitada. Ela sabia que tipo de serviços prestaria logo, logo. Mas estava confiante de que quando tiver dinheiro o suficiente fugiria para bem longe. Claro que ela nunca conseguiria. Digo por experiencia própria.

- Car! - Vickie chamou-me entrando em meu quarto. Olhei-a curiosa enquanto fazia minhas unhas - Preciso de um favor seu. - olhou-me como um cachorrinho abandonado.

- Diga. - dei de ombros.

- Eu estava encarregada de fazer a matrícula de Annabelle na escola... Mas lembrei-me agora que tenho uma entrevista de emprego. - ela disse desesperada - Por favor, Caaaar??

- Oh, tudo bem! - ri de leve - Eu vou.

- Obrigada, Anna tem o endereço da escola. Será daqui uma hora! Beijos! - ela disse já saindo. Revirei os olhos e levantei-me.

- Annabelle! - chamei a garota e sai do quarto. Ela saiu da cozinha com um prato na mão. Ela estava lavando a louça - Se arrume, iremos fazer sua matricula na nova escola.

(...)

Foi meio chato ficar meia hora conversando com a diretora da escola. Ela queria saber meu grau parentesco com Annabelle. Menti dizendo que sou uma prima distante, e unica que pude ficar com a guarda dela. Agora Annabelle tinha uma escola. Não que Chad se importasse. Mas ele faz isso para que as garotas sintam a obrigação de trabalhar a ele depois de tudo que ele fez...

- Que tal irmos almoçar? - sugeri a Annabelle.

- Tudo bem. - ela disse dando de ombros. Sorrimos e fomos em direção a lanchonete logo a frente.

Enquanto comiamos, Anna e eu começamos a conversar. Ela era legal e divertida. Sabia inovar a conversa e tinha brincadeiras legais. De repente ouvi meu nome ser chamado. Olhei para o lado e me surpreendi.

- Niklaus. - indaguei surpresa e ele sorriu para mim.

- Olá, garotas. - ele disse sorrindo.

- Oi. - Anna respondeu. 

- O que faz aqui, Klaus? - perguntei confusa.

- Vim almoçar. - falou óbvio.

- Ah sim. - revirei os olhos - Bom, Niklaus essa é a minha amiga, Annabelle. - apresentei-o. - Anna, esse é meu... - engasguei pensativa - Esse é Niklaus, meu amigo. - conclui.

- Muito prazer, Niklaus. - ela disse sorrindo.

- O prazer é todo meu, Annabelle. - ele disse sorrindo.

- Por que não senta-se com Caroline, Niklaus? Eu já estava de saida mesmo. - Annabelle disse levantando-se e a olhei confusa.

- Onde você vai? - perguntei confusa.

- Vou dar uma olhadinha pela cidade. - ela disse pegando sua bolsa - Sei o caminho de volta para casa.  - ela sorriu para mim - Até mais. - mandou-me um beijinho - E foi um prazer te conhecer, Niklaus.

- O prazer é todo meu. - ele disse sorrindo enquanto ela já saia - Posso? - pediu-me. Assenti sem importar.

Klaus sentou-se a minha frente e ficou olhando-me sério. Eu o olhei sem entender e ele respirou fundo.

- Parou para pensar no que te disse? - perguntou sério. Sorri sem humor.

- Em quê? largar meu emprego? - falei sádica.

- Aquilo não é um emprego. - ele sussurrou nervoso.

- Você tem razão, não é um emprego. - concordei revirando os olhos - Mas é com aquilo que ganho meu dinheiro.

- Você é obrigada a isso, Caroline. - ele disse indignado.

- Sim, eu sou. - concordei novamente - E sou ameaçada a ficar nele. - falei óbvia - Acha que nunca tentei sair daquele lugar? Quando comuniquei a Chad que iria embora para sempre, fiquei com o olho roxo por dias. - falei com certo ódio na voz e ele me olhou assustado.

- Eu vou acabar com aquele desgraçado. - sussurrou raivoso e fechando os punhos com força.

- Não, você não vai não. - neguei segurando sua mão levemente - Eu não tenho escolhas e não quero que ninguém saia machucado por minha causa.

- E quanto a nós? - perguntou sério.

- Nós? - assustei-me engolindo em seco e ele afirmou.

- Ou vai dizer que aquilo não foi nada? - olhou-me desconfiado.

- Foi muito para mim, mais do que imagina. - afirmei séria.

- Então, Caroline! - olhou-me óbvio.

- Não, Niklaus. Não existe ''nós''. - neguei séria - Agora... - levantei-me pondo um dinheiro sobre a mesa - Preciso ir.

- Caroline, espere. - ele disse se levantando e segurou-me.

- Por favor, Nik. - implorei e ele puxou-me para mais perto dele - Klaus, não... - sussurrei, mas foi tarde de mais.

Nik beijou-me profundamente, como se precisasse daquilo. Era tão bom sentir seus lábios nos meus. Seu corpo colado ao meu. Mas isso era o que não podia. Nunca. Soltei-me de Niklaus aos poucos, sentindo-me mal pelo vazio em meus lábios. Ele olhou-me acariciando meu rosto e dei-lhe um rápido selinho.

- Adeus, Niklaus. - murmurei soltando-me dele finalmente e pegando minha bolsa.

Nik olhou-me decepcionado e então parti de lá sem mais nada a dizer. O dia já estava se fechando. Novamente. Apressei-me para voltar para o apartamento. Eu só queria deitar-me em minha cama e ficar pensando apenas nele.

- Como foi na escola? E... Onde está Annabelle? - Vick perguntou confusa ao ver-me entrando no apartamento sem Anna.

- Ela já está matriculada e está conhecendo um pouco por ai. - falei sem importâncias enquanto tirava minha jaqueta e juntamente com a bolsa, joguei-as sobre a cadeira ao lado.

- Está andando por ai? Sozinha? - ela falou incrédula e afirmei - Caroline, se Chad descobre que Anna está andando sozinha, ele nos mata! E se essa menina foge? - falou desesperada.

- Assim como nós, Vick, ela não tem para onde ir. - disse óbvia e andei para cozinha. 

Abri a geladeira e tirei de lá uma latinha de refrigerante. Vick com certeza deve ter ido ao mercado hoje.

- Como foi a entrevista? - perguntei voltando para minúscula sala. Vicki estava varrendo o chão e ouvindo musica.

- Acho que eles vão me selecionar. - ela disse animada e sorri.

- Parabéns. - parabenizei-a - E é o quê?

- Uma loja de roupa. - falou suspirando - as garotas de lá disseram que o salário é bom. - sorriu animada.

- Ah, quem sabe não é bom o suficiente para você sair da boate? - sugeri pegando minha jaqueta e minha bolsa.

- Oh, claro. - revirou os olhos - Vamos perguntar ao Chad o que ele acha disso. - sorriu irônica. 

- Chad não demite-nos quando queremos, apenas quando ele quer. - murmurei irritada - Acho que vou engordar cinquenta quilos, vou raspar a cabeça e fazer várias tatuagens, quem sabe ele não me demite? - sorri sarcástica e ela riu.

- Você será demitida mas também nunca mais arranjará nenhum emprego. - ela falou rindo e concordei revirando os olhos.

- Vou para meu quarto. - avisei e ela assentiu voltando a varre o chão.

Entrei em meu quarto trancando a porta. Joguei minhas coisas no chão e tirei meu sapato. Terminei com o refrigerante e deixei a latinha no chão mesmo. Depois eu arrumarei esse quarto. Deitei em minha cama fechando meus olhos. A única coisa que veio em mente foi Niklaus. Como eu queria que tudo fosse fácil como ele diz. Mas nunca daria certo...

Flashback on

- Vadia! - Chad gritou e deu-me um forte tapa no rosto.

Cai no chão com o impacto e o olhei assustada. Ele abaixou-se a minha frente e segurou-me pelos cabelos. Arfei de dor e ele me olhou com ódio.

- Foi por isso que disse que quer embora, não foi, vadia? - ele disse nervoso. Seus olhos derramavam fúria e ódio. Nunca tinha visto-o daquela forma.

- Chad... - tentei dizer mas minha voz praticamente não saia - Do... do que está... falando? - perguntei assustada e tremendo.

- Eu não sou idiota, Caroline! - ele gritou puxando meus cabelos com mais força - Descubro as coisas facilmente! - então jogou-me no chão. Bati minhas costas com força na parede e gemi de dor.

Chad andou até sua mesa e pegou um papel de lá. Sequei minhas lágrimas, olhando para Chad sem saber o que fazer. Ele virou-se para mim e mostrou-me o papel. Era uma foto.

Assustei-me arregalando meus olhos.

- Está vendo isso? - ele murmurou raivoso - Eu já te disse, Caroline... Você não sairá daqui enquanto eu te querer! - falou segurando meu rosto com força - E não será esse playboyzinho quem te levará para longe de mim, está entendendo? - apontou para o garoto que beijava-me na foto.

Era Tyler. Meu quase namorado da faculdade. Ele está de mudança para Paris e quer levar-me junto. Por isso avisei a Chad que irei embora da boate para sempre.

Levei um outro tapa que fez um forte estralo.

- Está entendendo, sua vadia?! - ele gritou nervoso.

- Si-sim... - gaguejei chorosa.

- É bom que entenda. - murmurou - Agradeça-me por manter esse playboyzinho vivo e intacto. - sorriu sem humor - Ou caso o contrário, eu faria pior com ele do que fiz com você. Mas isso é um aviso para que você saiba que você é apenas minha, Caroline.

Flashback off

Abri meus olhos com medo apenas por ter tido aquela lembrança. Eu não posso deixar que Chad machuque Niklaus por minha causa. Não posso.