- Olhe Ginta! É o Kouga! – Berrou Hakkaku.

- O Kouga está de volta! – Ginta disse sorridente. – Mas espere, ele está carregando alguém. – Com toda essa gritaria os lobos que estavam por perto correram para onde os outros dois estavam, vendo seu líder chegar até eles com uma moça nas costas.

Quando Kouga parou de andar a Kagome pulou de suas costas e, sentindo-se envergonhada por tanta atenção, desviou seu olhar dos lobos curiosos.

- Seja bem vinda, Kagome, ao seu novo lar! – O príncipe lhe disse, as mãos na cintura e um sorriso satisfeito no rosto.

- Novo lar? – Os outros youkais murmuravam confusos entre si. – O que ele quer dizer? Quem é aquela lá?

– Vocês acham que eles vão me aceitar? – Ela perguntou após andar até Ginta e Hakkaku e os cumprimentar.

- Talvez sim, talvez não. – Hakkaku lhe disse e ambos deram de ombros.

- Eles não parecem muito contentes agora. Afinal eles querem que o Kouga escolha uma companheira e não querem que ela seja humana. – Notou Ginta.

- Mas eu não sou a mulher dele! – Ela praticamente berrou, mas os youkais tinham ouvidos aguçados e escutaram essa parte claramente, causando mais discussões entre eles.

- Você não veio aqui para acasalar com ele? – Os dois braços direitos do Kouga se entreolharam. – Isso vai complicar as coisas ainda mais...

- Já chega! Já chega! Todo mundo cala a boca! – Kouga berrou e sua alcateia obedeceu de imediato. – Não sei por que vocês estão causando esse alvoroço todo! Vocês já conhecem a Kagome.

- Sim, mas antes ela não ia morar aqui! – Alguém gritou da multidão que havia se formado.

- Naquela época eu ia transformá-la em Fêmea Alpha! Então sim, ela ia morar aqui! As coisas apenas não ocorreram como o planejado. – Ele retrucou dando uma olhada em Kagome, fazendo-a corar.

- E agora você nem mais vai acasalar com ela!

- Sem contar que ela é humana! Não podemos ter uma humana como Fêmea Alpha!

- Não podemos nem ter uma humana na alcateia! Nós nos alimentamos de humanos!

Kouga suspirou. Sua paciência estava se esvaindo, e isso era algo perigoso muitas vezes.

- E daí que ela é uma humana?! Ela é dez vezes mais útil do que metade de vocês! Ela costumava ver os fragmentos da Shikon no Tama e ela tem poderes espirituais. Isso significa que ela daria uma surra na maioria de vocês!

Os youkais lobos murmuraram entre si a respeito disso e pareceram se acalmar um pouco, até que a Kagome disse relutante:

- Na verdade, eu sou apenas uma mulher humana comum agora. Eu perdi meus poderes quando a jóia se foi. – E isso fez com que os lobos tumultuassem tudo de volta.

- O quê? – Kouga perguntou em um tom mais baixo.

- Eu perdi os poderes que eu havia herdado da Kikyo. Ainda consigo usar um arco, mas é só isso. Não consigo purificar, não consigo usar flechas sagradas, nada. – Ela lhe contou com a cabeça baixa. Ela nunca havia parado para pensar em como ela se tornara inútil.

- Você perder seus poderes não lhe deixa menos especial para mim. – Ele sorriu e fez um carinho em sua bochecha, fazendo-a corar. Agora ele estava pronto para berrar novamente. – A Kagome é muito importante para mim e eu não me importo se ela é humana e se ela não será minha companheira! Ela morará nessa tribo, e o próximo lobo que eu pegar reclamando disso será exilado! – Todo o grupo ficou em absoluto silêncio. – E se alguém tentar machucá-la ou fizer qualquer coisa que a deixe magoada... Essa pessoa morrerá por minhas mãos. – Ele lançou um longo olhar ameaçador para os youkais, tendo certeza que todos haviam captado a mensagem.

A multidão se dispersou após positivamente balançar suas cabeças, mostrando ao seu Alpha que iriam obedecer. Kagome ficou surpresa após presenciar essa demonstração de como o Kouga era autoritário e de como os outros lobos obedeciam e respeitavam seu líder.

Isso tudo somado ao fato de que ele fizera tudo isso para protegê-la... Bem, isso deixou o youkai muito mais atraente aos olhos dela.

- Ginta, Hakkaku, vão pegar a Katsumi. – Ele mandou, e seus dois amigos correram para fazer o serviço. – Kagome, Katsumi é a chefe das fêmeas. Ela é responsável por todas as tarefas que as mulheres da tribo realizam e, como você vai morar aqui agora, você também vai ter que realizar essas tarefas.

- C-claro. – Ela concordou, afastando os pensamentos anteriores de sua mente. – Eu jamais ficaria aqui sem ajudar. – Ela olhou nos olhos dele. – Muito obrigada Kouga, de verdade. E-eu realmente não sei o que dizer...

Ele sorriu e segurou suas mãos como sempre fazia.

- Você quer morar aqui, então irá. Além disso, eles têm que saber quem é que manda. Às vezes eles esquecem quem é o Alpha. – Ele deu uma leve risada. – É claro que sempre tem a outra opção... Você poderia se tornar Fêmea Alpha, daí ninguém nunca mais iria questioná-la.

- Kouga! – Ela tirou as mãos das dele. – Estou muito agradecida pelo que fez, mas não vou me casar com você! – Ela não pode conter o riso. Não ia adiantar, ele iria insistir para todo o sempre.

Ele também se juntou à suas risadas e voltou a pegar suas mãos.

- Vem. Vou lhe mostrar onde irá dormir.

Ele a levou a uma caverna enorme, obviamente a maior de todas as cavernas da alcateia.

- Este é meu covil. Meu “quarto” em outras palavras. – Ela imediatamente viu a cama enorme que ficava bem no centro, feita de pelagens marrons. Parecia um lugar incrivelmente confortável para se deitar. Não havia muitas coisas em seu quarto, apenas aquilo necessário para um lobo, como um armário com roupas, baús para armazenar coisas, uma prateleira onde ele guardava suas armas, etc. E, de repente, ela viu. Bem no final da caverna, quase escondida, havia algo como uma pequena cachoeira particular. Havia uma abertura no teto que permitia a água cair, formando uma piscina pequena. – Há um rio de água quente que passa pelas minhas terras, e um de seus caminhos é passar justamente aqui por perto. Então eu dei um jeito de desviar um pouco da água e fazê-la cair aqui, portanto essa água é extremamente quente, mas não quente o suficiente para causar algum mal. Veja você mesma. – Ele sugeriu com um sorriso.

A moça fez exatamente isso. Ela colocou sua mão na água, já querendo tomar um banho naquela piscina.

- Kouga, seu “covil” é maravilhoso. – O youkai lhe deu um largo sorriso, orgulhoso e feliz por ter tido sua aprovação. – Mas, você disse que iria me levar até onde eu iria dormir...

- E eu levei. – Ele apontou para sua cama. – Você dormirá comigo.

- O quê?! Você é louco por acaso? – Ela perguntou, gritando um pouco por causa do pânico que as palavras dele lhe causaram.

- Acalme-se, acalme-se. – Ele disse, rindo alto. – Eu estava apenas brincando. Você sabe que eu jamais faria algo que você não quisesse. – Ele terminou, com um falso ar de inocência.

- Eu não tenho tanta certeza... – Ela retrucou, lançando-lhe um olhar suspeito.

- Olha, eu pedirei para as fêmeas montarem uma cama separada para você do outro lado do quarto, que tal?

Kagome assentiu e segundos depois Ginta e Hakkaku entraram na toca com uma mulher.

- Olá Alpha Kouga. – Ela cumprimentou com uma voz doce. – Você deve ser a Kagome. Meu nome é Katsumi e eu estarei aqui para lhe ajudar nos próximos dias, até você se acostumar. – A moça tinha seus cabelos negros curtos, acima dos ombros, e tinha olhos igualmente escuros. Ela sorriu para Kagome, mostrando ser uma pessoa amigável.

- É um prazer conhecê-la. – A sacerdotisa devolveu-lhe o sorriso. Pelo menos alguém aqui parecia não achar que ela era só mais um peso nas costas. Tirando, é claro, Kouga, Ginta e Hakkaku.

- Kagome, os machos e eu vamos caçar, você pode ficar com Katsumi. Katsumi, quero ver a outra cama para ela pronta quando eu voltar. – A loba assentiu e os três partiram.

- Eu gostaria de pedir desculpas pelo que aconteceu quando você chegou. Os lobos estão agindo dessa forma por causa da guerra. Eles querem que a tribo prospere rapidamente e ter uma humana aqui não irá exatamente ajudar. Especialmente uma que tem uma boa chance de se tornar a mulher do Alpha...

- Eu não serei mulher dele! – Kagome disse, pela milésima vez, envergonhada. – Mas mesmo assim, obrigada. Significa muito para mim. Parece que eu não sou desejada aqui de jeito nenhum!

- Ah querida! Sim, eles não gostam da ideia agora, mas a maioria deles está apenas sendo influenciada pelos outros. Muitos deles não ligam em tê-la aqui. E os outros, bem, você terá que dar-lhes tempo. Deixe-os se acostumarem com você aqui. – A Katsumi sorriu para ela, acolhedoramente, e ela estava feliz em ter alguém como essa loba para ajudá-la. – Agora vamos indo. Eu ainda tenho que lhe apresentar às outras meninas e já vamos arrumar alguma coisa para você fazer, está bem? – A sacerdotisa concordou e se sentiu feliz em fazer parte da alcateia de Kouga.