Cego Coração escrita por Aella


Capítulo 16
Décimo Sexto Capítulo - Banimento


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo de Cego Coração para vocês! Gostaria de agradecer a todos por acompanhar essa história! Vocês acompanharam até os dois finalmente se acertarem! *-* Mas ainda tem muito mais coisas para acontecer! o/
Ao capítulo!



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– Kagome-chan, Kagome-chan! Olha para mim!



– Não! Kagome-chan, olhe para mim!



– A Kagome-chan vai olhar para mim! Olhe, Kagome-chan, o que eu sei fazer!



As crianças corriam para lá e para cá, não paravam. Kagome tinha tirado uma folga dos trabalhos das fêmeas. Os filhotes haviam pedido para ela brincar com eles e ela, como sempre, aceitou. Ela não tinha coragem de dizer “não” para os pequenos lobinhos. Eram tão fofos com suas pequenas peles de lobo marrom e seus rabinhos...



– Não precisam brigar, estou de olho em todos vocês. - Ela disse com um sorriso genuíno e deitou suas costas em uma pedra.



Por mais que ela tenha falado que estava prestando atenção nos filhotes, ela não estava. Ela estava sim olhando para eles enquanto eles brincavam e se exibiam para ela, mas ela estava com muitas coisas em mente.



– Flashback On -



Kouga está com seu braço direito ao redor da minha cintura, um gesto que, com certeza, não passou despercebido por ninguém. Sim nós éramos amigos e sim ele sempre esteve interessado em mim, mas afeto público desse jeito... Nunca havia acontecido. Principalmente porque eu nunca havia deixado... Até hoje.



Ignoro os olhares curiosos - alguns até contentes - dos lobos e as lobas falando entre si em cochichos. Um sorriso bobo está estampado em meu rosto, mas não há nada que eu possa fazer. Estou feliz! Porém, sei que agora as coisas vão ficar mais pesadas.



Entramos na caverna, atraindo mais olhares ainda. Sinto minhas bochechas esquentarem e já sei que devo estar rosada. Não gosto de chamar atenção, gosto de ficar no meu canto, mas sei que, se quero ficar ao lado de Kouga, o Alpha da Tribo do Leste, vou ter que me acostumar com esse tipo de atenção. Andamos até o centro da caverna. Os lobos, automaticamente sentindo que algo grande estava por vir, fizeram um círculo ao nosso redor, todos nos olhando.



Kouga procura por uma certa ruiva em meio ao bando de youkais, mas parece não achar. Procuro também e não a acho. Ele suspira ao meu lado e começa a falar, impacientemente.



– Lobos e lobas, tenho algo de extrema importância para dizer. - Anuncia, sua voz forte ecoando ao meu lado, sua mão ainda me segura pela cintura. Dá para ver na posição de seus ombros, no tom de sua voz e em suas palavras como ele é um ótimo líder. Eu só espero poder aprender tudo isso com ele um dia. - Primeiramente, onde estão Ginta e Hakkaku? - Pergunta, e todos os seus lobos começam a procurar entre si pelos dois.



Finalmente, os dois acabam saindo do meio da multidão. Hakkaku seguido pelos quatro machos de antes, Kaye e Noriko, e Ginta carregando Ayame pelo braço. Kouga soltou um “hmpf” satisfeito, provavelmente por ver que seus dois melhores soldados haviam feito tudo certinho como ele mandara.



– Agora sim, posso começar. - Ayame me olhava com os olhos queimando. Olha para a mão de Kouga em minha cintura e parece que queria me comer viva. A youkai estava realmente pegando fogo de raiva por dentro. Remexi-me desconfortavelmente. - Bem, gostaria de pedir ao General Yosuke para se juntar a mim aqui no centro, por favor.



Yosuke sai da multidão, assim como Ginta e Hakkaku haviam acabado de sair, e fica de pé no outro lado de Kouga.



– O que foi, Kouga? O que aconteceu? - Pergunta com uma cara desconfiada, não gostando nada da posição humilhante que sua princesa estava passando.



– Esses lobos, - Apontou o Alpha. - e Ayame, que creio que foi a “líder” do bando e a criadora das ideias, fizeram algo tão horrível que sinto-me enojado de estar em sua presença. - Os youkais da Kouga começaram a cochicar entre si, bravos e curiosos.



– Fizeram? - Pergunta Yosuke, com uma sobrancelha arqueada. - E o que seria esse ato terrível que fizeram, para causar tamanho caos?



Kouga olha para mim e, após tirar uma mecha de meu cabelo da frente dos meus olhos, beija minha testa de leve, arrancando alguns suspiros surpresos das fêmeas e um rosnado da princesa.



– Como todos sabem, Ayame está atrás de mim desde que se conhece por gente. - Fala, seus olhos ainda nos meus. - Mesmo ela sabendo que agora tenho Kagome, uma mulher que respeito e admiro muito, - Não consigo conter minha vergonha e abaixo o olhar do dele, olhando assim para meus pé descalços. - ela ainda não desistiu. Yosuke disse claramente na cara dela que eu estava com Kagome. Não é verdade, General?



– Sim. Realmente, lembro-me bem de ter mencionado isso sim.



– Exato. - Ele agora olhava para Ayame, seus olhos cheios de um ódio que só havia visto quando ele lutava contra Naraku ou uma de suas crias. - Mesmo sabendo claramente disso, ela chamou esses outros lobos - Apontou para as duas fêmeas e os quatro machos. - e encurralou Kagome fora da caverna.



Percebi Katsumi e algumas das outras fêmeas que eram minha amigas mais próximas levarem a mão à boca, num gesto que significava espanto. Kouga vira-se para mim, pedindo secretamente para eu continuar a contar o que houve, já que ele não estava presente.



– É isso mesmo que aconteceu. - Falo, engolindo a minha vergonha de falar em público, ainda mais admitindo a humilhação que passei. - Noriko saiu comigo da caverna, fazendo-me pensar que íamos apenas caminhar e conversar como amigas. Porém, isso foi longe do que realmente tinha em mente. Começou a falar coisas horríveis para mim e logo esses outros lobos e Kaye se juntaram a nós. Cercaram-me e me humilharam. Falaram para mim várias coisas horríveis. - Segurei-me para não começar a chorar. A lembrança era horrível, mas eu precisava ser forte. Não podia despencar na frente da alcateia, e meu orgulho não me deixaria ser fraca na frente de Ayame, não de novo. - Falaram que eu não me encaixava na Tribo do Leste, que eu era uma impostora e uma péssima loba.



Com isso as fêmeas ficaram loucas, principalmente Katsumi. Ela queria voar no pescoço de Ayame, e as palavras que saíam de sua boca não eram nada educadas. Kouga teve que rapidamente ordenas alguns lobos para segurá-las. Senti-me muito amada com a reação delas. Muitos dos machos estavam um uma expressão assassina também, mas não se manifestaram.



– Disseram que o Kouga iria me abandonar com certeza, e iria acasalar com Ayame, pois ela era nobre, como ele, e saberia como liderar melhor do que uma simples humana impostora.



Mais uma vez as fêmeas ficaram loucas.



– Você acha que você seria uma líder melhor do que a Kagome? Se enxerga! Qualquer fêmea imunda que faz uma coisa dessas com outra fêmea não merece ter a posição de Fêmea Alpha! - Grita Katsumi, recebendo uma resposta mal criada de Ayame. Com alguns esforços, os lobos conseguiram acalmar todos novamente.



– Viram só? E foi Ayame que planejou tudo! Eles humilharam Kagome, fazendo-a sentir-se sozinha, abandonada, e fazendo-a achar que não tinha um lugar pra ela aqui. - Fala Kouga, livrando-me do terror de ter que falar. - É isso que vocês acham? Kagome não tem lugar aqui conosco? Ela não faz parte de nossa família?



Os youkais da alcateia de Kouga todos falam, em choro, que não, que eu faço sim parte da família deles. Eu sorri e os agradeci em seguida.



– A Kagome, Ayame, é tão loba para nós quanto você. Muito mais, na verdade, pois ela é leal e nunca faria uma coisa como a que você fez com outro lobo. Ela é fiel, como os lobos devem ser uns com os outros. - Ayame desvia seus olhos dos de Kouga, olhando assim para o chão, com uma cara de desgosto. - E, por sua deslealdade comigo, com Kagome e com toda a tribo, somado com a humilhação que fez minha Kagome passar, - Corei, como sempre, quando ele usava um pronome possessivo antes de meu nome. - você irá pagar. - Rosnou a última palavra.



– Concordo plenamente. - O General Yosuke diz, com uma expressão severa. - Quero só ver o que seu avô irá pensar disso quando ficar sabendo. Você causou vergonha para seu povo, Ayame. - Fala irritado. - O que tem em mente, Kouga?



– A Princesa Ayame, neta do Ancião da Tribo do Norte, será banida da Tribo do Leste. Ela não pisará em nosso território enquanto alguém de meu sangue liderar. - Diz Kouga formalmente, sua voz forte e suas palavras incontestáveis.



– O quê?! - Grita Ayame. - Você não pode fazer isso!



– Ah, e como posso. - Um sorriso maléfico surge em seus lábios. - Você acha mesmo que o Ancião vai ficar do seu lado depois dessa? - Ele dá uma risada que ecoa pela caverna. - O velhote estava rezando pra você largar do meu pé e achar um lobo pra acasalar de uma vez. Já está ficando passada, Ayame. - Susurra essa frase final, arrancando rugidos de raiva da loba.



Kouga olha para seu povo, que aprovam sua decisão.



– Junto com a Princesa Ayame, os outros seis youkais envolvidos também serão banidos, nas mesmas circunstâncias. O resto da punição, Yosuke, deverá ser escolhida pelo líder de sua tribo.



– Certamente, Kouga. - Yosuke anda até mim, ajoelha-se e pega minha mão, beijando-a. - Peço desculpas por meus lobos. Por favor, Princesa Kagome, aceite minhas desculpa, em nome da Tribo do Norte.



Coro terrivelmente, mas aceno com a cabeça.



– Desculpas aceitas, General Yosuke. Obrigada por ser tão gentil. - Digo, envergonhada.



– Kouga, - Prossegue, ficando em pé. - pode ficar tranquilo que todos eles terão o que merecem. O Ancião entenderá perfeitamente o que houve. Acho melhor nós seguirmos viagem já, antes que mais coisas aconteçam. - Ele diz, dando um olhar severo para Ayame.



– Tudo bem. Mas irei mandar alguns lobos meus com vocês, se não se importa. - Yosuke afirma negativamente com a cabeça, e Kouga chama Ginta e Hakkaku com a mão. - Esses são meus dois lobos mais fiéis, tanto é que foram eles que escolhi para capturar os envolvidos. Eles lhe ajudarão na viagem de volta à sua alcateia.



– Muito obrigado, Alpha Kouga. E, mais uma vez, peço desculpas para toda a Tribo do Leste pela falta de classe e modos de alguns de meus lobos.



Yosuke chama os lobos restantes de sua tribo e sai da caverna. Ginta sai levando Ayame, e Hakkaku, com a ajuda de outros lobos brancos, sai com os machos e as amigas da princesa.



Kouga me olha com olhos tristes e me puxa para um canto da caverna. O aglomerado de lobos vai se dispersando, mas as fêmeas ainda estão possessas e é preciso que alguns dos machos continuem por perto para acalmá-las.



– Eu não sabia que tinham feito tantas coisas horríveis para você. - Diz em um sussurro.



– Está tudo bem. Ayame vai pagar por seus atos, e eu ficarei bem. - Digo sorrindo, e pego sua mão esquerda em minha direita. - Afinal, eu me saí melhor do que Ayame.



– O que quer dizer?



– No final, quem ficou com o príncipe fui eu. - Fico na ponta dos pés e dou um beijo delicado em seus lábios. O primeiro beijo em público. A primeira chama de esperanças para os lobos da Tribo do Leste.



– Flashback Off -



Já havia passado duas semanas desde a visita dos lobos brancos, e a ideia de Ayame estar em sua tribo, pagando de alguma forma pelo dano que fizera em Kagome, trazia um sorriso ao rosto da sacerdotisa. Kagome não gostava de ver os outros sofrerem, era uma mulher de coração muito puro, mas todo ato tem suas consequências.



– Kagome! Kagome! - Chamou Junko, que, junto com Katsumi, virou uma das amigas mais próximas de Kagome.



– Junko? - Perguntou a moça, desencostando-se da pedra e tirando sua atenção das crianças.



– Kagome! Tem um homem que acabou de chegar. Está na fronteira, pois os guardas não querem deixá-lo entrar. Como Kouga está fora caçando, não temos como dar permissão para deixá-lo entrar. - Falou, recuperando o fôlego. - Kagome, ele está procurando por você. Ele disse, nessas palavras: “Quero ver Kagome. Chamem aquela cabeçuda.”



Aquela cabeçuda.



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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem! O que acham? Quem é esse cara que chama a Kagome de "cabeçuda"? ashusahu

E a Ayame, teve o que mereceu?

Deixem suas opiniões. :3



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