- O que vocês fizeram ontem cara? – a Leandra perguntou, pasma.
- Eu só quero alguma coisa pra beber. – falei enfiando a cabeça dentro da geladeira e pegando um caixinha de leite, colocando no copo e virando, puro mesmo. Deixei o copo na pia e dei um tapa na mesa, com a maior força que eu pude. – Acordem seus merdas! – gritei e eles levantaram a cabeça todos ao mesmo tempo, assustados.
- Que porra, Clara! – o Caio resmungou.
- Vocês são todos fracos, nem beberam direito! – falei.
- Não bebi e nem dormi. – a Carol falou.
- Não dormiu porque não quis! – rebati.
- Sua noite deve ter sido muito boa pra você estar de bom humor desse jeito né, cadê o Bernardo? – ela perguntou. Nessa hora ele entrou na cozinha.
- Mas eu mal cheguei e já tão falando de mim? – ele disse abrindo os armários e jogando um pacote de bolacha na mesa.
- Eu não estou de bom humor. – falei olhando pra Carol.
- E não tem motivos pra isso. – o Bernardo disse encostando na bancada, colocando uma bolacha na boca e levantando as sobrancelhas com um sorrisinho pra mim. Todos fizeram “hmmmmmmmmmm” ao mesmo tempo, o que me deixou vermelha, não sei se de vergonha ou de raiva. Revirei os olhos. Ele adorava me provocar, e eu odiava esse tipo de provocação.
- Acho que você está se auto estimando demais, não, Bernardo? – disse irônica. Todos se calaram e ele me olhou, impassível.
- Não foi isso que eu ouvi ontem à noite. – ele disse baixo. Meu sangue ferveu, e eu não pensei duas vezes antes de partir pra cima dele, socando a primeira coisa alcançável, que por sorte, foi a cara dele. Depois disso tudo foi uma confusão. Antes de sentir o Caio me abraçando e me puxando pra trás, consegui deixar marcas de unha em seu pescoço e bochecha, enquanto via um filete de sangue escorrer por sua boca. Idiota.
- Eu tenho nojo de você, NOJO! – gritei, enquanto ele me olhava assustado e sem reação. O Caio ainda me segurava, gritando pra eu me acalmar. Eu não conseguia me acalmar, eu estava sendo movida por uma raiva que eu nunca senti antes na minha vida inteira. – Eu nunca devia ter te deixado tocar em mim, EU TE ODEIO! – consegui gritar antes que o Caio me levasse pra fora da cozinha. Já fora da casa, perto da piscina, ele me virou de frente pra ele me abraçou forte. E ali, nos braços dele, pela primeira vez eu chorei pelo Bernardo.