Tarde Para Amar escrita por imradioactives


Capítulo 101
Capítulo 101


Notas iniciais do capítulo

Coloque essa música para tocar antes de começar a ler > https://www.youtube.com/watch?v=tUGEzPH2dJQ < / Queria dedicar esse capítulo pra minha linda Giovanna (@maspqtw) que vem acompanhando essa fic desde o comecinho e que foi inspiração para uma das personagens. Te amo Gi, obrigada por ler e ter a paciência de esperar pelas atualizações ♥



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O cemitério estava parcialmente cheio. Eu podia ver alguns rostos conhecidos, outros nem tanto. O Caio me abraçava e ao mesmo tempo me segurava, pois eu sentia que a qualquer momento minhas pernas falhariam e eu cairia na escuridão. Eu não suportava tanta dor.
O vento soprava forte enquanto pessoas iam e vinham, jogando flores nos caixões que eram aos poucos mandados para debaixo da terra. E eu sentia que meu coração estava sendo enterrado junto, como se ele tivesse sido arrancado de mim de uma hora pra outra, e tudo que eu podia sentir era um vazio. Um vazio que doía mais do que qualquer coisa. Que me afundava cada vez mais na tristeza que rondava o ambiente. Meus olhos ardiam e eu não conseguia mais juntar forças para chorar, mas mesmo assim as lágrimas insistiam em vir.
Elas começaram a rolar livremente enquanto eu lembrava do momento em que eu recebi a notícia que tiraria toda e qualquer possibilidade de felicidade.

“- Qual será a tragédia de hoje? – o Caio comentou enquanto a voz feminina falava com urgência:
‘Avião rumo à Califórnia, que partiu ontem às onze horas do aeroporto internacional, não chega ao seu destino. As notícias são que a torre de controle tenha perdido o contato com o piloto, e depois de uma forte turbulência, apenas alguns destroços foram detectados. Nenhum dos corpos foram encontrados, a empresa aérea logo divulgará a lista de passageiros.’
- DESLIGA ISSO! – eu ouvi alguém gritando enquanto observava a figura do Caio me puxar para perto de si. Mas eu não queria nada daquilo. Tudo que eu consegui fazer era chorar, chorar e gritar. A dor e a preocupação me corroíam por dentro e eu me debatia com qualquer um que tentasse me acalmar. Eu queria morrer. Meu coração se destroçava em pequenos pedaços. Eu ouvia todas as vozes dos meus amigos pedindo para que eu me acalmasse, mas eu não conseguia. Tremores percorriam meu corpo enquanto eu gritava e as lágrimas rolavam livremente enquanto os soluços me sufocavam. E então eu simplesmente não consegui mais segurar. Antes que meus joelhos fossem de encontro ao chão, pude ver a imagem do Caio me segurando e me apertando contra ele, e depois veio a escuridão. E então eu desejei com todas as minhas forças que essa escuridão me levasse ao encontro do Bernardo.”

Eu posso considerar esse dia como o pior da minha vida. Foi quando eu recebi a notícia de que foi tirada de mim toda e qualquer possibilidade de felicidade. Eu tinha boa parte dela depositada no Bernardo, e então, ele se foi. E aí não sobrou nada. Ele levou com ele uma parte de mim.
Eu só queria poder olhar nos olhos dele mais uma vez. Aqueles olhos cinza-azulados que faziam minhas pernas bambearem. Só queria poder ver aquele sorriso mais uma vez, ou ouvir o som da risada que me fazia tão bem. Mas era impossível, isso foi tirado de mim. Da noite para o dia. Sem eu nem ter a chance de dizer adeus.
Mesmo de longe eu vou estar de olho em você, viu?” Foram suas últimas palavras para mim. Automaticamente olhei para o céu. E de alguma forma procurei encontrá-lo lá, olhando por mim.
- Eu tenho certeza que ele está olhando por você nesse momento. Por todos nós. – o Caio sussurrou em meu ouvido, e eu o encarei, demonstrando que de alguma forma, eu sabia.
E prometo que vou tentar não morrer de saudade.” Essas foram as minhas últimas palavras para ele. Fechei os olhos e me desculpei em silêncio. Desculpa por não estar conseguindo cumprir o que eu te prometi. Eu já estou morrendo de saudade. No fundo, esperei que ele pudesse ouvir meus pensamentos. E aceitar minhas desculpas.
Ao abrir os olhos novamente, pude perceber meus amigos se aproximando. Você não está sozinha. Subitamente essa frase invadiu minha cabeça. Eu não estou sozinha.
- Toda vez que você olhar para o céu à noite, e ver uma estrela brilhando mais forte, pode ter certeza de que é ele te dizendo que você não está sozinha. Você ganhou um anjo da guarda. – a Carol disse, deixando um beijo na minha testa.
Elevei meus olhos ao céu mais uma vez e um esboço de sorriso percorreu meus lábios. Você realmente está olhando por nós.
Os caixões simbólicos já tinham sido todos enterrados. Quatro caixões. Um deles era pequenininho. Quando todos estavam se retirando, pedi para que me deixassem um pouco sozinha com a lápide. Minha mãe e os meninos se afastaram um pouco, e eu me ajoelhei em frente o objeto.
- Talvez eu não consiga seguir em frente com a mesma força que você espera que eu faça. Eu não consigo aceitar o fato de que você se foi. E se isso me faz fraca, bom, então eu sou fraca. Eu só não quero que isso que eu sinto continue comigo. Machuca muito. Durante tanto tempo nós fomos teimosos e egoístas. Nós não aceitávamos nosso destino. Nós perdemos muito tempo. Infelizmente, não podemos mais recuperar. Foi tudo muito tarde demais, tarde para nós, tarde para amar. Mas eu não me arrependo de nenhum momento que eu passei com você. Eu te amo muito. E é desse amor que eu vou tirar forças pra cumprir o que eu prometi pra você.
Me levantei e sequei as lágrimas que ainda caíam. Andei em direção à minha mãe que me esperava com o Caio.
- A Carol, a Lê e o Thomas disseram que mais tarde vão passar na sua casa para ver se está tudo bem. Mas agora eles preferiram te deixar um pouco sozinha. Eu não consegui fazer o mesmo. Eu tenho medo de te deixar sozinha. Eu to com medo de ficar sozinho. – o Caio disse baixo para mim, e eu parei para analisar seu rosto. Seus olhos estavam vermelhos e o nariz um pouco inchado. Enquanto eu chorava, ele também tinha chorado. Assenti e o abracei forte.
- Não precisa ter medo. Nós sempre teremos um ao outro. – sussurrei em seu ouvi enquanto nos dirigíamos em direção ao carro.


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