Leah 2 escrita por Jane Viesseli


Capítulo 11
Terminando o Namoro




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Harry passara seu tempo pós-aula de lobo a brincar de transformar e destransformar pela floresta, afinal, precisava controlar suas transformações muito bem caso precisasse lutar com vampiros. Ele praticamente já se via lutando e arrebentando com todos eles, imaginando a adrenalina da luta e o sabor da vitória, inspirando-se principalmente nas lendas quileute que conhecia tão bem.

Já era hora do jantar quando ele finalmente retornou para casa, encontrando algumas jovens quileutes a passear pela área. Harry lhes dá um aceno de mão encabulado, arrancando risinhos emocionados das garotas que o analisam com olhos devoradores. Elas se vão, permitindo-o correr para dentro de casa a fim de vestir algo decente, afinal, os trapos que trajava estavam minúsculos e, por sorte, não colocavam suas nádegas a mostra.

Na manhã seguinte, Harry dirige para a escola sentindo certa ansiedade, estaciona o carro e percorre os olhos por todo o ambiente, até que sua visão trava na imagem da garota na entrada do prédio. Elena acena discretamente, estabelecendo o contato visual, tentando desvendar se ele ficara bravo pelo dia anterior, mas relaxando ao ver a alegria tomar conta de seu belo rosto.

Harry acena de volta, sentindo a ansiedade diminuir em seu peito. A única coisa que o impedia de se aproximar, naquele momento, era o fato do carro ainda estar destrancado, nada que um simples girar de chaves não resolvesse.

― Jesus! – solta Harry, ao se virar e dar de cara com a namorada.

― Não, Daniele – corrige cruzando os braços. – Por que você foi embora sem falar comigo? Por que não me ligou? Por que fugiu de mim? Ou melhor... Por que está acenando e sorrindo para ela?

― Você é da polícia? – indaga, sentindo-se incomodado com o interrogatório.

― O quê? – pergunta incrédula, deixando a voz um tom mais agudo.

― Você é da polícia? Vem fazendo todo esse interrogatório, como se eu fosse um criminoso.

― Harry, o que deu em você? – Tenta tocar o braço dele, que se desvia a tempo.

― Comigo nada, mas você está um pouco chata hoje... Nos falamos depois, Daniele.

Sim, ele fora grosseiro, mas o que poderia fazer? O dia estava bom e, por isso, estava com uma camisa de mangas curtas, se ela o tocasse com certeza o questionaria sobre sua temperatura. E, para piorar, não havia inventado nenhuma desculpa sobre os acontecimentos que ela teimava em saber.

Harry estava descontente, ele perdera a caloura de vista por causa de Daniele e ainda tinha de ver a cara do professor de Biologia outra vez, contudo, sua opinião mudara rapidamente ao entrar na sala e constatar que Elena estaria naquela aula junto a ele, sentada bem ao seu lado.

― Juntos de novo, hein? – pergunta retoricamente, se acomodando.

― É – responde somente, parecendo não querer conversar muito.

― Vai precisar de ajuda hoje também? – Sorri.

― Não, obrigada, sou boa em biologia.

― Ufa! Que alívio, sou horrível em biologia e se tivesse que ajudá-la, você estaria perdida! – Tenta ser engraçado.

Elena nada diz, apenas solta uma risada curta e sem graça, o que acaba por preocupá-lo.

― Você está bem? – pergunta desconfiado.

― Não me leve a mal, Harry, você é um bom amigo, foi o primeiro que consegui nesta escola, mas... – hesita, mordendo o lábio com o nervosismo.

― Mas?

― Não quero problemas com a sua namorada.

― E que problemas você poderia ter com ela?

― Eu já tive um namorado, Harry. Sei como é chato ter uma garota ao redor dele... Sua namorada foi clara ao me mandar ficar longe de você, pois estava sendo um incômodo – desabafa.

― O quê? – grita ele, levantando-se de repente e fazendo a cadeira cair para trás.

Elena se assusta com o movimento brusco, entretanto, não tivera tempo de explicar melhor a situação, já que Harry correu porta afora atrás de Daniele. Ela faz menção de segui-lo, mas o sinal bate e, como o professor era sempre pontual, logo entrou na sala mandando-a se sentar.

Harry corre por alguns metros e logo encontra Daniele, que se dirigia para a mesma sala e aula que ele. Tomando-a pelo braço e tentando conter sua força, ele a conduz para o lado de fora do prédio.

― Qual é o seu problema, Harry? – irrita-se, desvencilhando de seu aperto e mal percebendo sua temperatura febril.

― Quem você pensa que é para mandar Elena se afastar de mim?

― A garota nova? Ela estava sendo um incômodo, sem contar que você é o meu namorado.

― Não acha que eu é que deveria decidir isso? A vida é minha, Daniele, você não pode decidir quem entra e sai dela, eu sou seu namorado, não sua posse! – Se revolta, fazendo a menina estreitar os olhos e cruzar os braços.

― Ela é só uma caloura, por que está tão irritado? – esbraveja de volta. – Mal a conhece, pare de bancar o bom moço com aquela pirainha, que mal chegou e já está dando em cima do homem dos outros.

Harry arregala os olhos, incrédulo, e logo sente o pulsar de sua fera dentro de seu peito. Como ela ousava falar daquela maneira de Elena? As palavras de seu pai logo lhe vêm a mente, lembrando-o do que deveria fazer, já que era nítido o quanto estava a se importar com o assunto "Elena Noolan".

― Acabou!

― O quê?

― Acabou, Daniele. Nosso namoro termina aqui!

― Por que isso agora, Harry?

― Não estamos indo bem, isso não está dando certo...

― É a caloura, não é?

― Não vou mentir para você, pois não quero magoá-la... É ela sim!

― Me magoar? – Ri sem graça. – Não estou nem ligando para aquela novata e muito menos para você, "senhor popularidade que sempre teve todos aos seus pés". Vou lhe contar o meu segredinho, Harry: eu usei você, apenas para me tornar popular!!! Não quero sua pena, nem sua sinceridade, e, agora que já sou popular, também não preciso mais de você!

― Está brincando comigo, não é? – pergunta confuso.

― Não! Era gostoso quando dávamos uns amassos no vestiário, afinal, você beija muito bem e tem um corpo muito sexy, mas nunca o amei de verdade. E agora, neste exato momento, eu me recuso a ser chutada por você, por isso estou lhe contando a verdade... Dessa história, quem sairá como o pobre coitado será você, Harry Clearwater.

Que ótimo. Ele estava a ser sincero e a terminar o namoro com a melhor das intenções, tentando não machucá-la, e no fim das contas, era ele quem saía ferido, enganado, manipulado e usado... Como ela tivera coragem? Aquilo só podia ser brincadeira!

― Escute, Daniele. – Respira fundo. – Eu te estrangulo agora ou depois? – Rosna entre dentes.

A briga continua do lado de fora, com os nervos a flor da pele, gesticulações, dedos apontados e palavras nada sensíveis por parte da garota.

― Olhem – chama um aluno sentado perto da janela, durante a aula de biologia –, Harry e Daniele estão brigando!

Toda a sala se amontoa na janela, mesmo sobre os protestos do professor. Elena procura uma brecha e fica boquiaberta com o casal a gesticular e discutir.

― O que foi que eu fiz? – sussurra para si mesma.

Durante a briga, Daniele acerta o rosto de Harry com um tapa, sentindo a mão doer no mesmo instante, enquanto ele sequer esboçava ter sentido o golpe. Ela marcha em direção a sala de aula ainda mais furiosa, pede licença ao professor e se senta, lançando um olhar furioso e mortal para Elena, que interrompera seu plano de buscar a fama à custa do garoto superpopular.

― Lhe pago o lanche de hoje se puxar a cadeira de Harry – sussurra para o aluno que sentava atrás do quileute.

Ele aceita prontamente e, quando Harry retorna à sala, visivelmente irritado, o garoto arrasta sua cadeira para o lado no exato momento em que iria se sentar.

A cena poderia ter sido engraçada, se não fosse o barulho forte que a cabeça de Harry fez ao acertar a quina da mesa de trás. O silêncio dominou a sala de aula rapidamente, enquanto os pescoços eram esticados em direção ao garoto caído, restando à Elena e ao professor, a iniciativa de se aproximar e averiguar seu estado.

― Você está bem? – pergunta o professor, que apesar de ser considerado chato por todos os alunos, estava bastante preocupado, porém, Harry nada responde, apenas olha ao redor sentindo a cabeça rodar.

― Você está bem? – pergunta Elena, segurando as bochechas de Harry delicadamente, tentando fazê-lo se concentrar.

― Bem melhor agora, com você aqui – responde finalmente, tentando focar seu olhar nos olhos da menina.

― Por favor, Sr. Clearwater, pegue seus pertences e vá à enfermaria, você bateu com a cabeça e precisa ser examinado... Srta Noolan, acompanhe-o até lá, para ter certeza de que chegará bem.

Harry ouvia a tudo sem deixar de fitar a íris castanha de Elena, que estava de joelhos ao se lado. Ele se senta com a ajuda do professor, ficando cara a cara com a menina que logo morde o lábio inferior devido ao nervosismo, enquanto desviava o olhar dele. E diante daquela cena, Harry sente uma forte vontade de beijá-la, contendo-se apenas por saber que seria algo precipitado demais e que poderia assustá-la, já que se conheciam há pouco tempo.

Sem mais delongas, ambos se colocam a caminho da enfermaria. Harry já se sentia melhor, visto que sua resistência lupina o protegeu de algo mais sério, entretanto, ele não resiste a uma simulação somente para garantir a companhia de Elena. Seu braço circulava os ombros da menina como se fosse passar mal a qualquer momento, como se necessitasse de apoio, mas sabendo que, se isso realmente acontecesse, ela mal suportaria o seu peso...

― Você está com febre, sabia? – deduz Elena em sua inocência.

― É coisa de quileute, nossa temperatura corpórea é um pouco mais alta para se adaptar ao frio da região – inventa de repente, torcendo para que ela acreditasse.

― Interessante, será que isso pode acontecer comigo também? Confesso que estou sofrendo com a temperatura deste lugar. – Sorri.

― Quem sabe. – Retribui o sorriso. – Mas se não acontecer, eu posso aquecê-la. – Arrisca uma cantada.

― Sua namorada não vai gostar disso.

― Não tenho mais namorada.

― Sinto muito, acho que foi minha culpa.

― Na verdade, a culpa foi minha, por ter começado este namoro... Uma pessoa que deseja fama só se aproxima de pessoas as quais pode usar. Eu deveria ter prestado mais atenção a isso.

― Ela estava com você apenas por isso? – Harry confirma com a cabeça. – Essa menina é uma completa idiota por descartá-lo assim.

Elena estava apenas a tentar consolá-lo, mas não podia negar que suas palavras foram carregadas com sua própria opinião. Seu rosto fica vermelho subitamente, enquanto, mais uma vez, ela mordiscava o lábio, como sempre fazia quando estava nervosa. Harry tinha que admitir, aquele gesto o deixava maluco e, hora ou outra, acabaria não resistindo a um beijo.

Já na enfermaria, Harry tenta convencer a enfermeira de que não precisava ir ao hospital e, após um grande sermão por parte dela, conseguira ficar apenas em "observação".

― Pode voltar para a sala se quiser, Srta Noolan – informa a mulher, fazendo-a se levantar prontamente.

― Fique, por favor, é entediante ficar aqui sozinho – pede Harry fazendo bico.

Elena cede, repreendendo-se mentalmente por se deixar influenciar por ele. Mesmo não estando mais comprometido, ela não podia se envolver daquela maneira, afinal, conhecia-o a pouco tempo e parecia errado de sua parte se interessar por ele tão rápido.

 


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Notas finais do capítulo

Podemos perceber que Elena já se sente atraída pelo lobinho, mas acha que não é certo se envolver tão rapidamente com alguém que mal conhece... Será que ela vai arriscar mesmo assim?
Próximo capítulo: Conquistando-a Parte I