O Amor É Para Mentes Fracas escrita por Tholomew Plague


Capítulo 5
Trauma


Notas iniciais do capítulo

Os capítulos estão muito parados não? Que tal animarmos um pouquinho? Boa leitura!
Capítulo 5 - Trauma



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Jason’s POV.

– Este é Luiz. – O professor apresentou.

O aluno novo estava sorrindo de orelha a orelha para Larissa enquanto ela estava ofegante olhando para o chão e suas mãos em cima da carteira estavam duras como se fossem acertar alguém. A aula foi normal tirando a troca de olhares entre Luiz e Larissa, ela o olhava com raiva. Com certeza eles já se conhecem e já aconteceu alguma coisa entre eles, qualquer um percebe.

– Qual é a sua com o aluno novo? – Perguntei para Larissa assim que saímos da classe no intervalo.
– Não te interessa.
– Eu vi vocês se olhando durante a aula, achei estranho.
– Que bom.
– PORRA LARISSA! Você tá desde o passeio me cortando! Porque não volta a conversar comigo como antes?
– Não.

Zanguei e sai de perto de Larissa, era uma sacanagem Larissa agir comigo assim só porque quase não resistiu aos meus encantos no ônibus. Antes do passeio ela já não gostava de minha presença e eu a-d-o-r-a-v-a incomodá-la mas agora isso é impossível.

Larissa’s POV.

Minha busca pela Juliana foi interrompida assim que um homem louro parou em minha frente com um sorriso reconhecível. Luiz.

– Olá!
– O que você está fazendo aqui? – Franzi o cenho.
– Não é assim que se cumprimenta os alunos novos.
– Vai pro inferno!
– Eu já estou nele Larissa.

Arrepiei-me ao ouvir meu nome sair da boca dele em um tom suave.

– Então morre queimado.
– Quanta crueldade!
– Crueldade foi o que você fez comigo!

Minha garganta começou a doer como se eu fosse chorar, como se eu precisasse muito chorar ou berrar.

– Porque ainda guarda rancor Lali?
– Quando você me traiu, você arrancou minha felicidade junto. Eu não quero mais te ver Luiz. – Eu dizia quase que implorando.

Eu não estava exagerando em nenhuma palavra, Luiz arrancou sim minha felicidade de mim e da pior maneira possível. Nos conhecemos no colegial, conversamos por uns dias, ficamos por uns dias e ele me pediu em namoro, éramos tão felizes. Namoramos por seis meses. Eu estava indo para sua casa, a porta da frente estava aberta, assim que entrei em sua casa ouvi gemidos e quando entrei no seu quarto... é, isso mesmo. E aquilo arrancou tudo de vivo que havia dentro de mim mas em troca me deu auto confiança. Ver aquela cena fez tudo ficar tão claro! Meu pai era alcoólatra e espancava minha mãe, meu avô traiu minha avó quando jovens, minhas amigas estavam sempre chorando por causa de um babaca que magoava elas, eu sempre lia comentários idiotas de garotos na internet sobre mulher, era tão mas tão na óbvio, era tão normal do homem ser idiota que até a mídia – que sempre tenta contrariar as verdadeiras coisas – mostrava para todos em filmes, reportagens e desenhos a realidade. Eu fui tão idiota de só ter percebido aquilo tudo aquele dia.

Em troca, a auto confiança me ajudou muito, eu decidi o que eu queria: ser infeliz. Afinal, a vida feliz está sempre dando seus baixos não é? Mas e se eu já estiver rebaixada? Ligando ponto por ponto fui adquirindo meu grande amigo, o trauma. Depressão. Auto mutilação, anorexia, bulimia, tentativas de suicídio... Eu precisava descontar minha raiva em algo e eu era o meu primeiro alvo, afinal, o melhor jeito de não deixar as pessoas lhe magoarem é magoando a si mesmo. E foi isso que fiz. É triste saber que adquiri meu trauma por causa do “amor” – não existe – e que eu me rebaixei tanto por causa um homem que não vale uma lágrima derramada.

E droga, Luiz pode ter feito aquilo comigo mas eu ainda o quero. Ele foi tudo de bom na minha vida, me deu a felicidade – apesar de depois arrancá-la – e foi um namorado quase perfeito. Eu ainda sinto algumas coisas por ele obviamente, uma história tão linda – começo e meio lindo e final catastrófico – não é jogada ao ar, por isso é tão confuso para mim.

– Eu mudei Lali, eu não sou mais aquele menino.
– Ótimo, eu também não sou mais aquela menina.
– Será que podemos começar de novo?
– Acho melhor não. – Droga, o que aconteceu com a minha auto confiança?
– Por favor! – Luiz pegou minha mão e a beijou delicadamente.

Eu estava quase me rendendo com a atitude carinhosa do garoto até que o sinal da faculdade salvou meu orgulho. Caminhei até a sala de aula enquanto Luiz acompanhava-me. Antes de ele sentar em sua carteira, lançou uma piscadela para mim. Qual é desses garotos que me lançam piscadela enquanto eu tento ficar braba com eles?

– Até com o aluno novo você conversa e comigo não. – Jason reclamou assim que se sentou na sua carteira ao meu lado.

Ignorei-o. Eu sentia uma certa pena de Jason mas sempre acabava me lembrando do modo como ele me intimidou naquele ônibus e voltava a saber o porque de minha frieza com o rapaz.

Mal começara o segundo trimestre e eu já estava completamente sem concentração na aula, minha cabeça estava nas nuvens. Eu pensava em tudo. Não conseguia me focar nos estudos. Está tudo tão bagunçado em minha vida.

Está tudo perdido! Tudo o que mais preciso e a única coisa o qual preciso é somente de meu melhor amigo. Mas ele me trocou por sua namorada, aquela vadia. E não, não vou ferir meu orgulho indo atrás dele, vou ter que voltar aos meus antigos métodos de aliviar tudo que sinto.

No final da aula, quase que correndo consegui escapar de Jason e de Luiz que eu tinha certeza de que iriam encher o meu saco.

– Vamos Ju! – Eu pedia para irmos logo para casa.
– Espera o Jason.
­- Vamos sem ele, só hoje, por favor.
– Ele já está vindo, deixa de ser chata!

Juliana é minha amiga ou amiga de Jason? Parece até de Jason, ultimamente ela tem andado muito chata, não me deu mais atenção e me deixou de lado. Eu não tenho ninguém.

– Já conhece o novo amiguinho de Larissa? – Jason perguntou para Juliana enquanto voltávamos para casa.
– Vai cuidar da tua vida. – Respondi.
– Que amiguinho? – Juliana franziu o cenho.
– Um tal de Luiz, um aluno novo. – Jason falou.
– LUIZ? – Juliana olhava espantada para mim. – Aquele Luiz?
– Sim. – Falei.
– Como assim aluno novo?
– Ele se transferiu pra cá.
– Por quê?
– Porque sim.
– Ele falou com você?
– Sim.
– E o que você fez?
– Falei com ele.
– Você vai falar normalmente com ele como se nada tivesse acontecido?
– Ninguém precisa saber das minhas decisões e eu não quero a opinião de ninguém, eu vou fazer o que eu quiser.
– Mas eu quero te ajudar!
– PARA DE QUERER ME AJUDAR JULIANA! MAS QUE PORRA!

Jason’s POV.

Eu sempre achei que Larissa era braba comigo e agora posso ver que não, o jeito que ela me trata é bem diferente de como ela trata as pessoas quando está com raiva. Isso me deixou um pouco aliviado.

Larissa realmente estava explodindo de fúria, não aguentou ficar mais ao meu lado e ao lado de Ju e simplesmente correu para afastar-se de nós. Quando já estava bem distante, tornou a caminhar.

– QUE SACO!

Parecia que não só Larissa havia ficado braba, Juliana também ficou.

– ESTOU DE SACO CHEIO DA LARISSA, ELA SÓ SABE RECLAMAR E NÃO DEIXA EU AJUDAR E... AAAH!
– Calma Ju! Ela tá bem estressada, espera ela se acalmar!
– Não adianta! Estamos a dias brigando cada vez mais vezes. Eu acho que daqui a uns dias não vamos nem conseguir mais conviver juntas! Eu faço tudo pra ela ser feliz e a única coisa que ela sabe fazer é gritar comigo!
– Calma Ju!

Eu não sabia como acalmar a Juliana, ela estava ficando nervosa, tremendo, não sabia para onde olhar e seus olhos se enchiam de água.

– Eu não aguento mais! A gente briga todo o dia! Ela grita todo o dia comigo! – Juliana chorava.
– Calma Ju! Não fica assim! Não quer almoçar lá em casa hoje? Assim você esfria a cabeça e vai ser até bom não ver a Larissa pra evitar brigas.
– Quero sim se não for incomodo. – Ela soluçava.

Parece que a amizade de Larissa é bem importante para Juliana. Se eu já perco a cabeça com a Larissa me ignorando e me cortando, Juliana tem uma santa paciência pra ter que aguentar a rebeldia de Lali todos os dias. Ju deve estar passando por muita pressão pra chorar de repente.

Ju já estava mais calma ao chegar em minha casa. Coloquei sua mochila em cima de minha cama, apresentei minha casa e fui cozinhar enquanto a deixei olhando televisão. Eu não sou de cozinhar, sou mais de abrir um pacotinho de hambúrguer pronto e colocar no micro-ondas mas preparei massa com peixe para Ju. E vinho.

– Hummmmm, que molho perfeito! Sua comida está muito boa! – Juliana se deliciava.
– Obrigado. – Ri sem graça.
– Eu que tenho que agradecer por me receber em sua casa e preparar um almoço divino pra mim por causa do ataque que eu tive.
– Ah, que isso! Vou te receber sempre que quiser. Fico sempre sozinho nessa casa – não, as vezes meus melhores amigos vem aqui e as vezes eu trago algumas mulheres mas não vem ao caso – então é muito bom ter sua companhia.

Só se ouvia barulho de talheres batendo contra o prato e barulho de vinho descendo em nossas gargantas, além de nossas risadas e sorrisos sem graças quando nossos olhos se encontravam em meio ao silêncio.

– Eu não quero te incomodar Jason, então eu acho que já vou indo. – Juliana dizia com pressa assim que terminamos de almoçar.
– Não! Você não está incomodando, pode ficar!
– Tem certeza? – Ela me olhava com cara de cão sem dono.
– Sim! Claro!

Nos sentamos em meu sofá, tensos. Levantei-me e liguei o rádio e sentei-me novamente ao seu lado.

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Ficamos em silêncio um olhando para o outro enquanto o ritmo da música tocava suave. Eu já havia sentido atração por Juliana desde a primeira vez em que a vi, agora que ela havia chorado eu a estava vendo frágil como se eu tivesse obrigação de protege-la. Meus olhos passavam-se por todo o corpo dela enquanto os olhos dela olhavam o meu corpo como se quiséssemos conhecer cada detalhe de cada um. As batidas da música ficaram brutais, o tom da voz da cantora era de lamentação, era triste, encaixava-se perfeitamente no dia. Continuamos a nos olhar, o rosto de Juliana dizia “me proteja” conforme a música se acalmava novamente. Nossos rostos se aproximaram pouco a pouco, nossos lábios se aproximaram pouco a pouco, eu fitava seus lábios pintados de rosa e sentia cada vez mais desejo de “protege-la”.

Nossos lábios se tocaram assim que a música tornou a ser violenta com as batidas de bateria. O beijo começou leve e suave como se ainda estivéssemos em dúvida se continuávamos ou não e foi se intensificando cada vez mais. A velocidade conforme nossas línguas se esfregavam foi aumentando, antes nossas línguas dançavam e agora elas lutavam. Coloquei minha mão atrás de sua cintura puxando-a para mim enquanto com a outra mão eu ajeitava-me naquele sofá para me deitar. Conforme me deitava naquele sofá, Juliana deitava-se por cima de mim e nosso beijo ainda permanecia arrogante como se estivéssemos fazendo aquilo com prazer já que seria a primeira e última vez.

Ela esfregava sua mão em meu cabelo enquanto eu esfregava a minha em suas costas. Nossas mãos porém quiseram conhecer ainda mais o corpo do outro, a mão de Juliana passeava sobre meus músculos do braço e do peito enquanto minha mão passeava sobre suas costas e glúteos. Minha mão subiu e aproveitou para retirar sua camisa. A loura sorriu maliciosamente para mim e retirou a minha. Entre beijos a loura tirou a sua e a minha calça. Enquanto ela me beijava, tornei a sentar no sofá e inclinei-me para frente fazendo com que a loura deitasse para que eu ficasse por cima dela. Minhas mãos conheciam seus seios enquanto suas mãos conheciam meus glúteos. Tirei seu sutiã e sua calcinha, seu corpo totalmente definido me fez ficar com mais tesão do que já estava, nessa altura eu já sentia meu membro pulsando contra minha cueca. A loura tirou minha cueca e passou sua língua sobre meu corpo. Assim que deitou sua cabeça no sofá, com seus músculos relaxados, coloquei meu membro com delicadeza dentro de sua intimidade fazendo-a abrir a boca deixando claro a sensação de prazer em meio aos sorrisos.

Comecei a fazer movimentos de vai e vem, primeiro com delicadeza e após perceber que Juliana não sentia nada de dor e sim prazer, resolvi mexer nossas intimidades com mais brutalidade. Ela gemia e dava alguns gritos que me deixavam LOUCO conforme eu colocada cada vez mais violência no nosso prazer.

Larissa’s POV.

Eu tinha acabado de almoçar a pior refeição da minha vida porque tive que cozinhar já que a Juliana foi pra puta que pariu e não me falou nada. Pior dia de minha vida com certeza, primeiro Luiz aparece na minha vida e já fode minha vida mais do que já tá fodida por causa do Jason, aí o Jason fica contando as coisas pra Juliana, aí a Juliana quer se meter na minha vida como sempre, aí ela some, aí meu melhor amigo que eu preciso não está aqui! MAS QUE PORRA!

Chutei a parede, gritei enquanto puxava meus cabelos e bati bruscamente meus punhos contra minha cabeça, nada adiantou. Minhas lágrimas estão acompanhadas por soluços e gritos. Estou precisando mesmo aliviar tudo isso, só me resta voltar aos meus métodos antigos... Lâmina. Corri para o banheiro com meu celular e meus fones, conectei-os e a primeira música que veio em minha cabeça com certeza foi Chop Suey do System Of A Down, a letra da música resume minha vida. Cliquei para a música ser reproduzida e aumentei no volume máximo. Não me importava em ficar surda, desde que Chop Suey fosse a última música que eu escutasse estaria tudo bem.

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Eu a fincava contra minha pele, puxava bruscamente pressionando-a contra minha pele. Minha pele rasgava-se e dela saíam várias gotas de sangue. Não era suficiente, eu ainda não estava sentindo dor, eu almejava muito mais sangue, então fiz um corte profundo, estava realmente saindo muito sangue e não parava. Peguei um pano e coloquei por cima, em poucos segundos o pano já estava completamente ensanguentado. Meu pulso jorrava sangue enquanto lágrimas eram jorradas de meus olhos. Agora eu já sentia uma leve dor, ótimo, eu consegui o que queria, agora minha dor estava sendo aliviada. Agora eu estava focada na dor de meus cortes externos e não nas minhas dores internas. A dor... tão boa! Não que eu seja masoquista, muito pelo contrário, mas quando se trata de meu psicológico, qualquer dor em meu exterior é completamente pequena comparada a minha dor interior.

Tirei o pano de cima de meu corte e a toquei com ponta do meu dedo indicador. Meu dedo indicador ficou coberto de sangue, ainda escorria muito sangue de meu pulso. Levei minha mão até meu rosto e lambi o sangue com muita vontade. Não me satisfiz. Coloquei o dedo em minha ferida e levei novamente até meu rosto, então chupei meu dedo com a finalidade de absorver todo o sangue. Chupar do meu sangue era algo muito bom, eu adorava o sangue desde a primeira vez que o senti em minha língua. E eu gosto porque o sangue é meu amigo, ele alivia minha dor interna, saboreá-lo é tão prazeroso!

Fiquei por mais alguns minutos sentada no chão de meu banheiro, com a cabeça encostada na parede e com meus olhos fechados, sentindo as lágrimas secas em meu rosto. Estava tudo tão sombrio dentro de mim, eu desejava tanto a morte que acabei por espera-la mas não tive sucesso. Agora só ouço minha respiração descontrolada e meu som ofegante. Agora só sinto meu coração pulsar com força enquanto meu sangue vaza de meu pulso. Adormeci com a intenção de que nunca mais acordasse mas novamente não tive sucesso.

Father into your hands,
(Pai, em tuas mãos)

Why have you forsaken me?
(Porque você me abandonou?)

In your eyes forsaken me
(Em seus olhos me abandonou)

In your thoughts forsaken me
(Em seus pensamentos me abandonou)

In your heart forsaken me
(Em seu coração me abandonou)

Trust in my self righteous suicide
(Confie em meu próprio suicídio justo)



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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capítulo! Cara, queria dizer que vocês são os melhores leitores do mundo, eu quase morro de emoção lendo os rewiews de vocês e digo que enquanto tiver UM leitor vivo, continuarei postando. Eu adoro vocês de mais cara, vocês não tem noção!



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