O Décimo Terceiro Espírito escrita por Roni Ichiro


Capítulo 3
Jonah Ravelle


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora ! Bloqueio criativo, hihi xD



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 Um cheiro peculiar acordou Lucy de seu sono. Ela não estava acostumada em dormir no sofá, então ao se espreguiçar, estalou o corpo quase inteiro. Depois de seu pequeno ritual, ela abriu os olhos e deu de cara com um Marco bastante sorridente, segurando uma fornada de biscoitos com gotas de chocolate.

- Um agradecimento. Por ter me deixado ficar ontem a noite e... um pedido de desculpas por fazê-la dormir desconfortável. – ele disse, encabulado.

- Ah, bobagem. – ela deu uma estalada final no pescoço, fazendo uma leve careta – Já dormi em lugares bem piores. Obrigada. – ela foi pegar um dos biscoitos, mas de repente, um lampejo de lembrança da noite passada a deixou receosa.

“Você não o conhece tempo o bastante para tirar esse tipo de conclusão, Lucy.”

- Está tudo bem ? – Marco perguntou, diante do rosto preocupado de Lucy.

“Mas não se manifestou nele ainda, o próprio Loki disse isso.”, ela sacudiu a cabeça para se livrar dos pensamentos ruins, sorriu novamente e comeu um biscoito.

- Delicioso ! Não sabia que cozinhava !

- Que bom que gostou. Bom, viajando assim, ou eu aprendia a cozinhar ou teria que comer aquelas coisas exóticas que a Serpentarius adora fazer.

Serpentarius. Aquele nome tamborilou nos ouvidos da maga. O espírito que não fazia ideia do destino selado de seu dono. Não, não iria acabar desse jeito ! De alguma maneira aquela moça de longos e verdes cabelos trançados parecia dar um tipo de esperança a Lucy de que ele seria curado.

Esse pensamento a fez levantar em um salto :

- Vamos começar o treinamento !

Marco se assustou com aquela súbita animação, e quase deixou os biscoitos caírem. Depois, rapidamente ficou empolgado também :

- Ótimo ! – ele tocou o bolso para garantir que sua preciosa chave estivesse ali – Estou pronto !

Lucy trocou de roupa rapidamente e se direcionou até a porta :

- Conheço um bom lugar onde podemos treinar. – ela fez sinal que Marco a seguisse, e ele foi atrás sem nem pestanejar.

Depois de quase quarenta minutos de caminhada, os dois chegaram ao topo de um dos montes de Magnolia que ficava perto da casa de Lucy. O clima estava agradável, com uma leve brisa soprando por entre as folhas das árvores em volta. O barulho da cidade já não chegava mais lá em cima, um local perfeito para uma sessão de purificação espiritual.

Lucy levantou o braço que tinha duas de suas chaves na mão e chamou por seus respectivos espíritos. Uma luz dourada brilhou a sua frente e dela saíram os dois, coincidentemente usando ternos muito parecidos.

- Loki ! Capricorn !

Marco arregalou os olhos. Já estava surpreso por ela poder invocar dois ao mesmo tempo, ainda mais dois dos espíritos mais fortes que já ouvira falar. Leão e Capricórnio. Fogo e Terra. Uma mistura extraordinária de poder e harmonia.

- Até que ele se comportou. Você ficou quietinha a noite toda, Lucy, muito bem. – Loki comentou, dando um risinho.

- Quieto ! – ela resmungou, corando. – Não foi pra isso que te chamei !

- Hã ? Do que ele está falando ? – Marco perguntou, confuso.

- Nada, deixa pra lá ! – Lucy deu um riso nervoso – Vamos começar ?

- Ok, claro... – Marco deu de ombros, depois pegou a chave dourada em seu bolso –Serpentarius !

E da luz dourada saindo da chave apareceu a bela moça-cobra.

- Inacreditável... – Capricorn comentou. – O espírito da Serpente.

Ao perceber que estava na presença não só de Lucy e Marco, mas também daqueles dois, Serpentarius deu um passo para trás, apreensiva. Pareceu levemente perturbada.

- Está tudo bem. São meus espíritos. – Lucy disse – Vão nos ajudar em nosso treinamento.

- M-mas, eu pensei que... Seríamos só...nós três. – uma gota de suor escorreu de sua testa.

- Qual é o problema ? – Marco perguntou

- Dois dos doze... – ela disse, com um tom de voz baixo. Seus olhos dourados estavam cravados naqueles dois espíritos e vice-e-versa. De uma certa forma parecia que já tiveram algum encontro no passado, e pela expressão assustada de Serpentarius, não deveria ter sido um encontro bom.

- Serp ..? – Marco tocou o braço escamoso dela, o que a fez sacudir a cabeça e voltar a si.

- Oh. Esqueçam. – ela sorriu – Estava falando sozinha. Está bem, vamos começar ! – ela juntou as mãos.

Capricorn deixou a desconfiança de lado,deu um passo a frente e começou a citar instruções para Marco e Serpentarius, que fizeram exatamente como ele mandou. Enquanto isso, Lucy, que assistia logo atrás, cochichou para Loki, ao seu lado :

- O que foi isso ?

- Não sei... – ele massageou as têmporas – Mas parece que... já a vi antes. Há muito, muito tempo. – Loki suspirou. – Tenho uma ótima memória, Lucy, mas isso realmente me escapou da mente. Aquele rosto me é familiar, com certeza, mas não consigo me lembrar de onde.

Lucy bateu o pé, pensativa. Aquilo não era nenhuma coincidência. Serpentarius tinha algum problema com seus espíritos, não só aqueles dois, mas aparentemente todos os doze. E isso só fez com que o mal pressentimento que ela começara a ter só aumentasse ainda mais.

“Pare, Lucy”, ela pensou para si mesma. “É só coisa da sua cabeça. Não é isso que está pensando.”

E ela concluiu que nada mais tiraria aquele pensamento negativo de sua mente do que um bom treinamento com Capricorn, então a solução foi ir ao encontro dos três e ajudar o máximo possível.

Marco e Serpentarius estavam sentados de pernas cruzadas, de mãos dadas e olhos fechados. Eles inspiravam e expiravam pausadamente, e pareciam muito concentrados.

- O que está fazendo, Capricorn ? – na ponta dos pés, a maga cochichou em seu ouvido.

- Usando uma técnica para que eles possam compartilhar seu poder mágico.

- Vejam ! – Loki apontou para o vento que começou a circundar os dois.

A trança de Serpentarius voava para sua esquerda e  Marco cada vez mais franzia o cenho e tremia. Estava esforçado, mas ainda assim isso não era o suficiente para ele absorver o poder mágico que seu espírito lhe oferecia. Depois de cinco minutos em total silêncio ouvindo apenas o vento forte os rondando, Marco não aguentou mais e caiu de costas, arfando.

- Não deu certo. – Serpentarius disse, com uma ponta de raiva em sua voz, olhando para Capricorn.

- Paciência. – Capricorn respondeu, calmo. – É apenas a primeira vez que tentamos isso.

- Paciência não é o que me falta. – ela rebateu, seca. – esperei cinquenta anos.

- Do que está falando, Serpentarius ? – Marco perguntou – Eu só tenho dezenove...

Serpentarius arregalou os olhos. Percebeu que não devia ter falado aquilo.

- Cinquenta anos ! – Loki gritou, estalando os dedos, finalmente se lembrando – Como pude me esquecer ?! A mulher serpente ! Os membros que esticam ! As escamas nos braços ! Você foi o espírito do falecido Jonah Ravelle !

As pernas da mulher-cobra tremeram. Ela estava encurralada.

- Jonah Ravelle...? – Lucy indagou – Foi ele quem escreveu o livro sobre o décimo terceiro espírito...

Agora Marco não só estava confuso, mas também extremamente perturbado :

- Jonah Ravelle é... meu pai. De onde vocês o conhecem...?


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