Folhas De Outono escrita por Débora Rempel


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Oi, oi gente! Mil desculpas pela demora!!! A internet estava com problemas e nao deu pra postar! Bjs e boa leitura!



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A noite esta chegando cada vez mais rápido. Sei que é apenas ilusório, mas não posso fazer nada, é meu inconsciente falando mais alto desta vez. Ainda estamos sentados abaixo da mesma árvore, agora eu vejo dois guardas a distancia nos vigiando. Me vigiando. Mas finjo que não vi nada, a nossa conversa está muito boa para ser interrompida por uma bobeira destas. Ele me contou um pouco da sua vida, de como seu pai era para ele e sua mãe, e de seu poder para com o Senhor Feudal da época. Ele me deu espaço para que eu pudesse lhe contar um poco de o por que de eu estar aqui agora. Então lhe disse, restritamente o meu objetivo: ter uma vida.

Ele declarou ao Senhor Feudal que vim em missão de paz, mas não vi muita convicção no assentir do supremo. Sinto como se ele, de alguma forma, soubesse que eu vinha para cá, quando nem eu sabia.

Um barulho me tirou dos meus devaneios. A filha do Senhor Feudal batia a porta da sala de reuniões. Ela, como o pai, tinha olhos extremamente azuis, chegando a cegar quem se atrevesse a fitá-los por muito tempo. Seus cabelos formavam uma cachoeira ondulada de ouro, que descia até o final das costas eretas, pelo costume de estar sempre em postura, deduzi. Em cima da linda cabeleira, estava uma tiara preta toda trançada, de cetim que, em um dos lados, abordava um simbolo não conhecido por mim, ainda.

– Papai, poderia falar um instante com o senhor? - e, olhando para mim de cima a baixo, concluiu - Em particular, por favor?

Seu pai assentiu e pediu para que o esperasse do lado de fora da sala, para poder terminar o assunto que havia começado conosco. Edwarda, como seu pai pediu, se retirou da sala em uma classe que nunca tinha visto antes.

Assim que ela saiu, percebi que Nathan ficou mais calmo, menos tenso e um pouco menos agitado. Não entendi o motivo, mas também não vou ficar me apegando a detalhes que nem sei se existem realmente, ou se foram apenas coisas da imaginação. O Senhor Feudal, Casioss Kingstons, não me parecia muito feliz ou até mesmo muito satisfeito com a interrupção da filha em sua reunião, mas não disse nada, apenas continuou o assusto:

– Bem, me desculpem por isso. Onde estávamos? Ah, sim! Bom, sendo assim, senhor Stevens, ela pode ficar, contanto que não se meta em encrenca ou mostre comportamento contraditório a sua palavra.

– Senhor, se tem uma coisa em que pode confiar plenamente é na palavra de qualquer um de nosso povo. Nós temos uma crença muito antiga, de milhares de anos atrás, que diz que Zalah, o deus observador, nos vigia e, toda vez que quebramos uma promessa, ele leva diretamente para Masher, o deus do destino, que nos prepara algo não muito bom. Bem, é apenas uma crença, mas que levamos muito a sério, Senhor. - Casioss me olhava com um pouco de desconfiança no começo, mas logo perdeu o medo, e estava satisfeito com o que disse. Acho eu, pelo menos.

– Senhor. O Senhor poderia liberar um de seus aposentos estadiais para a senhorita Fortsman? Até que ela tenha tempo para procurar morada? - eu não estou acreditando que ele esta fazendo isso. Olho para ele com uma expressão de: por favor, não me faça passar mais vergonha do eu ja estou passando. E, pelo visto, ele não entendeu, pois continuou - Eu mesmo poderia levá-la para conhecer a cidade pela manha e, a tarde, para fazer uma visita aos donos de casas a venda, ou algo assim.

Ai meu Deus, será que ele não vai parar nunca? Nathan me olha de soslaio, como alguém que tem cumplicidade comigo. Acontece que ele nao tem. Ou não deveria ter. Confesso, não sei mais o que fazer; ou o que pensar. Ok, ok, sei que não estou tao distante assim, posso muito bem me centrar. Vamos Alisha, para de levar seus pensamentos tao longe, concentre-se. O que será de mim?

Nathan me conduzia para meu novo aposento, que era bem maior que o anterior, e a chave estava para o lado de dentro agora. Da janela eu via a mesma paisagem, só que mais estendida, pois estava a um andar a cima da minha última "meia prisão", quase em cima dela, para falar a verdade. O quarto ao meu lado direito ficava exatamente em cima daquele cubículo em que me colocaram noite passada, mas isso não importa mais. Nathan me desejou boa noite e avisou que pela manha, perto das oito, ele passaria aqui para me levar conhecer a cidade, como tinha falado para o Senhor Feudal.

Me preparei para um banho, o que tanto precisava para conseguir descansar bem. Busquei em minha mochila minha roupa de dormir, meu robe e meus chinelos. Me dirigi até o banheiro da suite e comecei a procurar por uma toalha. Assim que achei, a pendurei perto do box e liguei a ducha. Me deparei debaixo da água morna quase dormindo em pé. Estava exausta. Meu corpo pedia uma cama e um travesseiro urgentemente. Terminei meu banho, me sequei e joguei o robe por cima da roupa de dormir.

Fui até o armário que tinha ali, com as portas entalhadas em eucalipto. Peguei meu arco, que ainda não tive a sorte de usar, a comecei a limpá-lo com um paninho de limpeza que encontrei esquecido em um canto do quarto. O objeto em minhas mãos parecia outro: brilhava como nunca, acho que deve ser resultado de um resto de produto que estava no pano. Em seguida, guardo o arco de volta no armário e pego o saco das flechas que ali estavam também. Com uma faca, comecei a afia-las, uma a uma, até que todas estivessem letais a qualquer furinho, por menor que ele seja. Com o mesmo pano que usei para limpar o arco, comecei a acariciar as flechas, que não eram poucas, com muito cuidado.

O saco das flechas também precisava de uma boa limpeza, mas o pano já estava imundo e, quando me dirigi à pia do banheiro para limpá-lo, alguém bateu na porta bem baixinho, quase que para ninguém ouvir, acontece que eu ouvi. Não poderia ser Nathan, ele não morava no castelo, então, quem era? Apressadamente peguei meu arco e posicionei uma flecha nele.

– Quem esta ai? - perguntei em alto e bom tom, para quem quer que seja pudesse ouvir do outro lado da porta.

– Sou eu, Edwarda, filha do Senhor Feudal. Posso entrar? - meu deus, o que ela esta fazendo aqui?

– Só um minuto.

Corri guardar as coisas de volta no armário e escondi o pano debaixo da cama, então mandei ela entrar.

– Olá. Esta... tudo bem? - ela parecia um pouco tensa, mas não faço a minima ideia de o por que.

– Olá, esta sim. É que nunca aparece alguém com quem eu possa conversar. Sabe, meu pai não gosta que eu fique de papo com as outras meninas fora do castelo, então você apareceu, e esta dentro do castelo. - ela riu baixinho, só para quebrar o gelo da conversa, e eu ri também.

– Bem, eu não converso com uma amiga a uns, sei lá, quatro, cinco dias. Acho que vai ser bom para nós duas minha estadia aqui. Pelo menos até eu me fixar em algum lugar e, arrumar um bom emprego. Ou algo parecido com um, - rimos baixinho da minha incompetência e incrível ignorância de o que era um emprego por ali, mas continuei, só pra ver onde iria parar aquela conversa - já que nunca trabalhei na vida.

Ela parecia ser uma boa pessoa e alguém que me ajudaria com o que eu precisasse, pelo menos foi isso que ela me disse em um ponto um pouco mais crítico da conversa, quando ela me fez a mesma pergunta que Nathan tinha me feito antes: o por que que eu vim parar aqui e, mais importante, se ficaria aqui muito tempo. Pelo visto ela se empolgou com o fato de eu querer ficar aqui para sempre, mas acho que vou acabar decepcionando-a. Sempre acabo decepcionando as pessoas a minha volta, e até aquelas mais distantes, que não esperavam muito de mim. Sempre estou ferindo o coração de alguém, por mais pouco que seja, de desapontamento ou de dor mesmo, não sei.

Aqui, neste quarto, tudo parece tao diferente do que eu estava acostumada. Com o conforto da minha casa, com a segurança que todos lá me passavam, e até mesmo com os morros me cercando de todos os lados. Não que esteja arrependida por ter saído de lá, mas é que eu não sei se estava pronta para o que eu enfrentaria aqui fora. Agora, eu tenho que estar. E tenho que estar não apenas pronta, mas preparada física e psicologicamente para poder vencer todas as verdades que ouvi e finalmente poder cumprir minha promessa. Sei que eu parece uma maniaca, mas é assim que eu sou: uma pessoa que, por mais que errado, não se arrepende com os erros. Uma pessoa que, por mais que olhe para trás, noa dá um passo para voltar. Uma pessoa que, quando faz uma promessa, principalmente para si mesma ou para alguém que ama muito, não a quebra ou não deixa de realizá-la. Pois bem, essa sou eu: alguém nada agradável quando não está afim, e principalmente, alguém que noa sabe mais o que fazer em um momento como este. Principalmente em um momento como este.

Edwarda olhou no relógio pela décima vez desde que entrou em meu quarto. Eram nove e cinquenta e seis. Ela ficou nervosa de repente.

– Edwarda? Está acontecendo alguma coisa?

– Meu Deus, eu tenho que estar na cama daqui a exatos quatro minutos. Não vai dar tempo, eu ainda nem tomei meu banho, e se eu não estiver dormindo quando o supervisor passar, ele leva direto para meu pai. E é aí que eu estarei encrencada.

– Espere, tenho uma ideia. - ela pareceu se assustar com o que eu disse, mas mesmo assim a arrastei para fora do meu quarto, em direção ao dela, que conheci onde ficava depois do incrível tour que Nathan me levou para fazer pelo castelo. Ele parecia um daqueles guias turísticos que sabem a historia inteira de tudo que vêem pela frente.

Paramos em frente ao quarto dela depois de nos esquivar e nos disfarçar em todos os lugares para não sermos pegas pelos guardas noturnos. Entramos em silêncio no quarto de Edwarda, simplesmente para não chamarmos a atenção.

– O que é que você pretende fazer agora? - ela me perguntou, se segurando muito para não rir.

– Simplesmente, fingir que eu invadi seu quarto para conversar e provar alguns vestidos, se é que você me entende, como você tinha dito que eu fizesse. Mas então, acabamos perdendo a noção do tempo, e eu disse para você não se preocupar com a hora de dormir. Ou seja, você estará ilesa.

– Mas, e você?! Eles vão te culpar. Isso se não te expulsarem da cidade, sabe, é seu primeiro dia aqui e já arranjou encrencas.

– Bem, isso é simples. Então nos atrasamos os relógios do seu quarto, ou pelo menos um, e dizemos que estávamos cuidando da hora, mas o relógio está atrasado. Que peninha!

Nós duas começamos a rir instantaneamente, e alto demais. Apesar de termos chegado faltando dois minutos para as dez horas, pareciam ter se passado horas nos corredores. Não levou muito tempo para que o supervisor de Edwarda entrasse no quarto.

– Senhorita? - ele se dirigia a mim, desta vez - O que estas fazendo aqui a esta hora da noite? E senhorita, Edwuarda, seu pai não vai gostar nadinha de saber que estava de papo com a garota de fora. Principalmente a esta hora da noite.

– Mas, senhor, - tive que intervir, pois percebi que o homem não iria parar de falar mais - são apenas oito e cinquenta. Não esta tao tarde assim.

Tentei parecer o mais normal possível, e acho que deu certo.

– Como assim? Oito e cinquenta? Impossível! Já são dez horas da noite! - eu e Edwarda nos entreolhamos, fingindo não estar entendendo nada, apesar de sermos cúmplices uma da outra.

– Dez horas, Horassio? Mas, em meu relógio não passam, agora, de cinco para as nove. Como eu tinha convidado a Alisha para vir ate meu quarto, para que nós pudéssemos conversar, provar alguns vestidos e outras coisas femininas de que o senhor não se enteressaria, eu estava de olho no relógio o tempo todo, não desgrudei meus olhos dele. Não é verdade, Alisha?

– Sim, é verdade. Até pedi para que ela parasse com isso, já estava ficando maluca! - nós duas começamos a rir, para ver se ele acreditava em nos. E deu certo.

– Deixe-me ver este relógio. - ele segurou o pulso de Edwuarda, para poder ver o relógio, que marcavam exatos três minutos para as nove - Mas tem também o do quarto, por que não olharam para ele? - Horassio olhou para o relógio que estava pendurado na parede, em cima da porta, que marcava nove horas e dois minutos.

– Bem, ele esta um pouco diferente ao horário do meu relógio, mas nao é grande coisa. Pensei que fossem apenas nove horas, Horassio. Poxa, meu pai nao vai gostar nada saber que os relógios estavam todos atrasados. Parece até que alguem os atrasou, apenas para me ver em uma enrascada. Mas, quem?

– Verdade, Edwuarda. Como alguem poderia fazer algo assim com voce, minha miga?! - bem, nosso plano estava saindo cada vez mais elaborado, sem que percebessemos, Horassio estava acreditando cada vez mais em nossa palavra, coitadinho.

– Sendo assim, a senhorita Forstman poderia lhe ajudar com a troca de roupa para poder ir dormir, sim?

– Ora, senhor. Com certeza. Seria um enorme prazer.

– Pois bem, senhorita Kingstos, tens meia hora para estar pronta. Depois eu voltarei e espero en contrar cada uma em seu quarto, e a senhorita, Edwarda, dormindo profundamente.

Ele saiu do quarto e levou consigo o relógio da parede, para poder ajustá-lo, depois ele levaria o de pulso de Edwuarda, para que nao haja mais confusoes como esta. Ela me olhou, e eu olhei para ela. Caimos na gargalhada, sem conseguir se controlar, nem por um segundo. Rindo como duas crianças de cinco anos fazem depois que alguem conta uma piada engraçadas. Assim estavamos eu e Edwuarda, em seu quarto, depois de ter dado o maior golpe no supervisor dela e, principalmente, depois de termos nos divertido muito com isso.

Parecia que ela nunca tinha feito algo parecido na vida. A garota estava eem estado de choque. Muito animada. Seus olhos brilhavam e sua pele cintilava de alegria pura transbordando. Aqueles olhos azuis que hipnotizavam qualquer um tambem contagiavam. Era eu olhar em seus olhos que ela começava a rir. E eu, claro, nao me aguentava e ria tambem.

Estava de volta a meu quarto. Retomei a atividade em que estava, limpando as flechas. Peguei o pano que tinha jogado de baixo da cama e fui até a pia para limpálo. Com um pouco de sabao líquido, o pano estava da cor original novamente. Retirei o saco das flechas e as flechas do armário. Comecei minha limpeza novamente. O restante das flechas limpas, eu ja tinha separado, e só sobraram umas sete para limpar. Uma a uma, as analisei com cuidado, para que nao deixasse passar um cisco se quer. As coloquei com cuidado a meu lado, no chao. Me esforcei um pouco para conseguir alcansar o saco imundo que estava um pouco longe demais de mim, mas nao queria levantar do chao para pegá-lo. Finalmente o alcancei. Com cuidado, torci o pano na vasilha que tinha enchido com água, para poder manter o paninho sempre limpo durante a limpeza do acumulo de sujeira que tinha virado meu saco de flechas.

Acabei que achando melhor limpá-lo apenas por dentro impecavelmente, já que por fora iria sujar novamente. Mesmo assim, limpei o lado de fora muito bem, quase tao bem quanto o de dentro.

Arrumei as flechas dentro do saco, peguei meu arco e joguei as flechas nas costas. Abri a janela com cuidado, para nao fazer muito barulho. Com cuidado, olhei para baixo. Nenhum guarda por perto. Retirei a capa da minha roupa de dormir. Estava muito ajitada para conseguir dormir. Estava apenas com um corpete de couro marrom, e uma saia da mesma cor curta, acompanhando o degradê de tons que tinha no corpete, até acabar em um tom de creme um pouco escuro. Este era um dos conjuntos que usava todas as noites para treinar. Ele era confortável e permitia que eu me movesse facilmente por entre as árvores e plantaçoes do vale onde vivia. Além de me ajudar na camuflajem. Era um ótimo companheiro. Melhor até que meus proprios amigos.

Joguei a capa em cima da cama, tranquei a porta e pulei a janela. Parei na varanda de baixo, que era extremamente perto do chao, entao era só pular novamente. Dei mais uma olhada em volta: nada de movimento, a nao ser o meu.

Atravessei o campo verde e me infiltrei na floresta. Comecei a olhar em volta, a procura de um bom alvo, uma fruta, de preferência. Encontrei uma macieira a uma boa distancia de uns seissentos metros. Daqui, ela parecia pequenina, mas era uma grande árvore. Puxei uma flecha, mirei em uma maça, e a soltei.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!!! Reiwis?! Não mata!!! Bjs e até o próximo cáp.!!



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