Folhas De Outono escrita por Débora Rempel


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Oi, oi gente! esse cáp não ficou tao grande assim, mas esta bem emocionante. Espero que gostem!! bjs e boa leitura!!



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– Você sabe aonde esta indo?

– Sei.

Nathan já me fez essa mesma pergunta três vezes. E eu já a respondi da mesma maneira três vezes.

– Olha, se você quiser, ainda da tempo pra voltar. A gente só andou um quilometro e meio até agora. Eu vou seguir viajem, não sei você. - olho em seu rosto, que me parece muito confuso, ou só está cansado - Vamos parar para descansar uma pouco, está bem?

Paramos e nos sentamos no gramado verde. Ele pega uma flor que esta a seu lado e me entrega.

– Desculpe-me.

Seguro a flor com as duas mãos, cheiro-a e retorno o olhar para ele.

– Pelo que?

– Já é a terceira vez que estou te enchendo com as minhas perguntas. Sei o quão chato é, mas eu não consigo me conter, quero chegar o quanto antes, seja onde for que fica isso. Eu quero poder resolver isso logo, pra ficar com você. Somente nos dois. Sem problemas. Sem incomodações. Sem fugas, ok?! - ele me olha como uma criança de classe baixa olha para um brinquedo na vitrine da loja mais cara da cidade, e sabe que não o terá tao cedo assim.

– Fique calmo, tudo vai dar certo. Você vai ver. Nós vamos conseguir. - solto a flor no meu colo, seguro seu rosto em minhas mãos e o beijo levemente. Afasto meu rosto do seu apenas o suficiente para poder completar - Juntos.

– Vamos. Eu prometi que iria com você até o final, e eu vou. Até o fim. - ele me olhou nos olhos, se levantou, estendeu a mão para mim e repetiu - Vamos.

Ele, quieto ao meu lado. Eu, olhando cuidadosamente a flor em minhas mãos. Até que olho para a floresta: um barulhinho longe me chama a atenção.

– Nathan! - começo a sorrir e ele não entende o por que, então trato logo de explicar - Escute. Água! E não esta longe daqui! Venha, por aqui.

O levo para dentro da floresta, na força, já que ele recua um pouco na fronteira do campo com a mata.

– Agora eu estou ouvindo! Eu não acredito! - Nathan me olhava e sorria, como se não acreditasse que iriamos encontrar esse rio.

– Nem eu. - sorrio também, com a empolgação contagiante dele - Mas vamos, não podemos ficar aqui parados.

Começo a andar mais rápido, estou quase correndo por entre as árvores. Nathan tenta me acompanhar, mas a tentativa é frustada. Ele pede que eu o espere, então volto e seguro sua mão livre, a que ele não esta usando para se apoiar em uma arvore magra e alta, toda desengonçada.

– Como você consegue? - diz ele, quase sem folego e rindo.

– Consigo o que?

– Correr assim. No meio de tantas arvores sem se prender em um galho sequer.

– Se esqueceu de onde eu venho? - faço cara de desafiadora, e ele ri junto comigo.

– Não. É exatamente por isso que estamos aqui.

– Vem, falta pouco pra chegarmos a margem do rio.

Continuamos em um ritmo um pouco desacelerado, mas ainda correndo. Paramos quando uma clareia se abre e podemos ver a margem do rio.

– Pra onde? - Nathan me pegunta, olhando para os dois lados do curso do rio, para o norte, e para o sul.

– Para o norte.

– Como tem tanta certeza?

– Simples, na foto a ponte ficava exatamente na divisa do campo com a floresta e, como ainda não passamos por ela, e o rio segue o curso para o sul, e cada vez mais para dentro da floresta, vamos para o norte.

– É, é bem simples. - Nathan começa a rir baixinho, como se estivesse rindo da própria ignorância, ou algo assim.

Andamos em silencio, seguindo a margem do rio, sempre em curva.

– Não devíamos andar em linha reta? - ele me olha e continua - Você sabe, a menor distancia entre dois pontos e sempre a reta.

– É, mas podemos perder o curso do rio. E a hora. Aqui tem luz suficiente para que possamos nos localizar e nos aproximarmos do horário. Tem certas horas que alguns animais caçam, sabia? E não vai ser nada legar se estivermos aqui no meio da mata nesses horários. Vai por mim, você não quer seguir em linha reta. - olho para ele, que me parece devaneando, então chamo sua atenção - Ei, Nathan! - ele me olha, assustado - Você esta bem?

– Estou... eu... só estava pensando. - ele volta o olhar para a mata.

Paro de repente, Nathan também para e me olha, bastante confuso. Não digo nada, apenas olho para trás, para a continuação do rio as minhas costas. Nathan segura minhas mãos e as encosta em seus lábios, volto o olhar para ele. Sem saber o que dizer, fito no fundo de seus olhos, naquela maça densa de fumaça negra, que me envolve e me agita completamente. Eu não posso acreditar que o coloquei nessa. Fui egoísta, uma completa idiota. Coloquei todos os meus sonhos em perigo. Não posso acreditar que fiz ele vir comigo. Não posso deixar ele continuar, não mais.

Tomo coragem, respiro fundo e falo.

– Quero que volte.

– O que? - ele franze as sobrancelhas, obviamente não acreditando no que eu estou dizendo.

– Quero que volte. - repito, mas desta vez mais forte.

– Não vou voltar. O que deu em você?

– Eu preciso que volte. Não posso deixar você continuar. Não mais. Eu não quero ver você envolvido mais nisso.

– Eu não vou voltar.

– Por favor, me escute! Volte, por favor, eu te imploro. Volte.

– Eu já disse que não vou voltar. E ponto final. Eu vou com você até o fim.

– Eu quero. Desisto, ok? Não quero mais você aqui. Não quero te ver mais envolvido nisso. Isso tudo é problema meu, não seu.

– Eu já disse que não vou voltar. - ele me olha no fundo dos olhos, e posso que é verdade, mas não poso deixar ele dar mais nenhum passo a meu lado.

– Você é um idiota mesmo.

– O que?! - ele me parece surpreso, também, pudera.

– Você ainda não percebeu que eu estava apenas interpretando? Eu precisava de você para que eu pudesse entrar na cidade, me infiltrar na sua tao preciosa fortaleza. Você foi como um bonequinho para mim, querido. Mas agora eu cansei de brincar com você.

– O que você quer dizer com isso?

– Ah, querido. Sinto muito. Eu acabei de destruir o seu coraçãozinho? Me perdoe. Ou não. Tanto faz, não vai fazer a minima diferença parra mim.

– Quer dizer que esse tempo todo você só queria estar dentro da cidade?

– Olha, você conseguiu raciocinar direito.

– Eu só não entendo o porque.

– Ora, é bem simples. Foi esse o feudo que matou o me pai. E é esse o feudo que vai pagar por isso.

Me seguro para não chorar. Quero parecer o mais convincente possível. Felizmente, sou até que boa na interpretação. Um lado meu diz que é melhor parar, dizer que foi apenas uma brincadeira, ou algo assim. O outro lado diz para continuar, prosseguir com toda essa farsa. E é esse lado que eu escolho.

– Vai embora. Eu não quero mais ter que olhar pra você. Volta logo la pro seu castelinho encantado meu bem. Eu não preciso mais de você aqui. Vai.

Começo a andar lentamente, e quando olho para trás ele não esta mais ali. Foi embora, assim como pedi. Começo a chorar e desabo no chão úmido . De joelhos no chão, sentada em cima dos pés, seguro a flor que ele me meu minutos atrás. Aperto-a contra o peito, pedindo desculpas silenciosas a ele. Sei que a essa altura ele esta muito longe para me escutar, mas mesmo assim.

– Desculpe-me. Por tudo. Desculpe-me.

___@___

Passo uma arvore grossa e o rio começa a ser a fronteira do campo com a floresta. Mais adiante é possível ver uma nova entrada do rio na mata, mas que logo volta para o campo.

Ando mais uns dois quilômetros e nada da ponte. Resolvo parar para descansar. Adentro na mata e pego uma maça. Sento-me embaixo da arvore ao lado, ouvindo sempre o barulho do rio e os animais que não estão muito longe daqui. Os pássaros cantam com o sol do meio dia, voam para todas as direções a procura de comida, água e um par. É época de acasalamento, e as cores ficam todas mais vivas, mais vibrantes, mais... felizes. Felicidade. Uma palavra, vários significados. Para mim, hoje, felicidade significa... nada. Exatamente: nada. Estar em paz, sem preocupações, sem problemas, sem incômodos. Nada.

Levanto-me e prossigo com a minha caminhada. Tudo o que quero é chegar logo e acabar com tudo isso. Estou cansada de fingir, de enganar a mim mesma, dizendo que vai ficar tudo bem, que eu vou conseguir cumprir a minha promessa sem magoar ninguém, que meu pai vai me ver ser a melhor arqueira do mar escandinavo. É mentira. E estou mentindo para mim mesma, o que é pior. Estou apenas criando uma ilusão, que um dia poderá ser realidade, mas Não nessas condições. Nathan é uma ótima pessoa. Ele me lembra meu pai. Ele é atencioso, carinhoso, esta sempre procurando resolver seus problemas e os dos outros e, acima de tudo, esta ao meu lado. Eu sou uma idiota mesmo. Não posso acreditar nas coisas que falei a ele. Mas era necessário, eu Não poderia viver carregando esse peso na consciência, principalmente se alguma coisa, um arranhão que fosse, acontecesse a ele. Eu Não me perdoaria nunca, nunca mesmo.

Saio da mata, passo pelo mesmo caminho de pedras que utilizei antes para atravessar o rio, e continuo caminhando pelo campo.


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Notas finais do capítulo

Oi, oi gente!! Espero que tenham gostado! Rewis? Não mata!!! Bjs e até o proximo cáp.!!!



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