CAPÍTULO 16: HORRÍVEL DE LEMBRAR, IMPÓSSIVEL DE ESQUECER!

 

 

 

 

 

 

 

EDWARD CULLEN #

 

 

 

 

 

Revirei-me várias vezes na cama, não conseguindo desviar da luz desagradável do Sol. Quem deixou a merda da janela aberta?

 

 

 

Tinha certeza que, agora consciente, o sono ia ser a última coisa a me pegar. De pura má vontade, levantei da cama. Meu foco não estava do jeito que eu queria, então cocei os olhos para ajeitar. Hmm, bem melhor.

 

 

 

Imediatamente a dor de cabeça veio, um sintoma razoável da ressaca. Emmett tinha razão, aquela bebida mexia de verdade com a nossa cabeça! E olha que eu só tomei um copo, e graças que não fiquei com aquele cheiro insuportável de queijo mofado (para mim era a coisa mais próxima ao odor).

 

 

 

As lembranças de ontem eram confusas, sendo algumas nítidas e outras não. Recordava perfeitamente do tremendo vexame que cometi encima daquele palco ao som de Village People. Olhei para o lado, vendo o capacete branco de pedreiro no chão, à direita da cama. Passei a mão no rosto, abismado comigo mesmo.

 

 

 

Também lembrava da conversa que tive entre Alice e quando Bella deu uma de intrometida, praticamente empurrando-me de lado para falar com a amiga. Jasper agarrando a anãzinha enquanto eu comemorava com Emmett era uma imagem meio embaçada, mas eu conseguia muito bem reconhecer todos.

 

 

 

 

 

Fechei os olhos para conter a dor, indo em direção a janela e sentando na beirada. Passando as mãos de novo no rosto, tentei forçar mais minha mente. Era bastante difícil, mas consegui lembrar de mim rindo e a vista pesando enquanto caía deploravelmente numa das poltronas da sala.

 

 

 

 

 

Foi então que derrepente uma imagem veio à tona em minha mente. Era embaçada, parecido com o formato de um rosto, que estava cada vez mais próximo ao meu. Achei engraçado ao perceber que meus lábios haviam se separado um pouco, deixando minha boca discretamente aberta.

 

 

 

 

 

‘Uma pergunta mano... Você ta querendo beijar quem assim?’

 

 

 

 

 

Abri os olhos rapidamente e vi Emmett me encarando com a sobrancelha direita erguida. Não tive muito tempo para pensar numa resposta racional, já que também não me toquei que estava inclinado para frente como se fosse beijar alguém. Resultado: Edward Cullen foi de cara no chão.

 

 

 

 

 

‘Você escondeu o resto da urina ontem pra tomar agora né?’ – Seu eu estivesse com uma arma na mão, nada me impediria de matar Emmett. Um tiro certeiro na testa! – ‘SEU MÃO-DE-VACA! NEM ME DEEEEU!’

 

 

 

‘Cala a boca Emmett!’ – Eu disse, batendo levemente meu rosto. Que diabos deu em mim?’ – ‘Que horas são?’

 

 

 

 

 

‘Umas 11h30min, eu acho. ’ – O lesado respondeu, coçando a cabeça. Era tão complicado assim ele simplesmente andar com um relógio no pulso? Temos aos montes aqui! – ‘Como anda a ressaca?’

 

 

 

 

 

‘Uma dor de cabeça desgraçada. ’ – Reclamei, sentando na cama junto com ele. Parecia que mãos estavam amassando meu cérebro! – ‘Quantas vezes você tomou essa coisa pra se acostumar com os efeitos assim?’

 

 

 

 

 

‘Ah Ed... ’ – Ele tocou meu ombro com um sorriso de orgulho. – ‘Ressaca não existe pra mim! Sinto muito por isso!’

 

 

 

 

 

‘Tanto faz! ’ – Dei um tapa na sua cabeça como modo de descontar a pontada de inveja que eu sentia. – ‘As garotas já acordaram?’

 

 

 

 

 

‘Desta vez você foi a última a despertar, Bela Adormecida!’ – O outro tapa foi com mais força, o fazendo grunhir de dor. – ‘Que agressividade cara! Bem, todos já levantaram. Carlile só conseguiu sair da cama com o despertador e ele já foi pro trabalho, Esme e Rosalie estão lá fora tomando Sol, Jasper curtindo com a namorada tampinha e eu estava com a Bell... ’

 

 

 

 

 

‘Espera um pouco. ’ – O interrompi, retrocedendo as palavras que ele havia acabado de dizer. – ‘Jasper está NAMORANDO com Alice?’

 

 

 

 

 

‘Poisé cara!’ – Ele deu duas batidas em meu ombro, fingindo-se de pensativo. – ‘Assim que Esme e Carlile acordaram, ele pegou a pequetita e pediu na frente deles. Você perdeu a Alicinha tento um ataque! HILÁRIO!’

 

 

 

 

 

‘POR QUE VOCÊ NÃO ME ACORDOU?!’ – A minha alteração de voz aumentou a dor de cabeça, fazendo eu apóia-la com as mãos.

 

 

 

 

 

‘Porque você estava dormindo oras!’ – Estava prestes a gritar com ele, mas, pra sorte dele, minha cabeça latejou de novo.

 

 

 

 

 

‘Eu vou pegar uma água. ’ – Falei enquanto tirava a camisa fedorenta da festa de ontem, colada em mim. Fui até meu armário e peguei um short, substituindo a calça jeans que eu dormi. – ‘Acho que a caixa de remédios está em algum lugar do meu quarto. Pega um comprimido pra essa dor insuportável e me encontra lá embaixo okay?’

 

 

 

 

 

‘EEI!’ – Parei na frente da porta quando ele começou a esbravejar. – ‘Por que VOCÊ não faz isso?’

 

 

 

 

 

‘Você não me acordou para ver o Jasper pedir a anãzinha em namoro. ’ – Respondi indiferente. Meu irmão cruzou os braços enquanto se levantava da cama, fechando a cara. – ‘Não me olhe assim. Você me deve isso!’

 

 

 

 

 

‘EEED! VOCÊ É UM TREMENDO DE UM... ’ – Não fiquei pra ouvir, fechando a porta na cara dele.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Nunca mais eu vou tomar essa coisa de novo. Eu realmente estava péssimo, me sentindo como um cara sendo amassado por um trator! Ta legal Edward, pare de reclamar tanto. Até eu não me aturo quando estou de ressaca!

 

 

 

 

 

Mal tinha descido o último degrau da escada e já ouvia barulhos vindos da sala. Pareciam rangidos de alto rastejando no chão, e pra piorar, esse som alimentava minha dor de cabeça. O QUE EU FIZ PRA MERECER ISSO?!

 

 

 

 

 

Fui em direção a fonte daquele barulho horrível, e me estressei mais ainda vendo o motivo. Ou melhor, quem. Ela tinha que estar por trás disso, afinal pra mim, Bella era o meu conceito total da palavra “karma”. Não estava nem um pouco afim de olhar para ela, então tentei passar despercebido. Andei lentamente próximo à maluca, o que não adiantou muita coisa.

 

 

 

 

 

‘Nem vem Emmett! Você não vai me assustar de novo!’ – Ela disse, virando-se rapidamente para mim com uma caixa nas mãos. Não sei o que aconteceu, mas assim que ela percebeu que eu não era meu irmão lesado a maluca ficou branca e muito assustada, soltando a caixa. Maldita hora em que eu resolvi descer descalço! O objeto caiu sobre meus pés, causando o dobro da dor que já sentia.

 

 

 

 

 

‘AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!’ – Gritei, empurrado a caixa para longe e caindo de retaguarda no chão. Meu dedão esquerdo estava vermelho e latejante, querendo muito inchar. – ‘VOCÊ POR ACASO É LOOOOUCA?! DESGRAÇADA!’

 

 

 

 

 

‘Ai meu Deus! Desculpa é que... ’ – Ela se alterou, sua expressão tornando-se uma coisa medonha de se encarar. – ‘ PERAÍ! VOCÊ ME CHAMOU DE QUÊ?!’

 

 

 

 

 

‘ESQUECE!’ – Trinquei os dentes na tentativa inútil de cessar a dor.

 

 

 

 

 

‘ESCUTA AQUI SEU SAF...!’

 

 

 

 

 

‘DÁ PRA VOCÊ PARAR DE GRITAR UM MINUTO E PEGAR GELO?’ – Berrei, o que só a fez ficar mais brava.

 

 

 

 

 

‘OLHA SÓ QUEM FALA!’ – Ela riu sarcástica.

 

 

 

 

 

‘CALA A BOCA!’ – Respondi na cara.

 

 

 

 

 

‘CALA A BOCA VOCÊ!’

 

 

 

 

 

‘VOCÊ QUE JOGOU ESSA COISA EM MIM!’

 

 

 

 

 

‘VOCÊ QUE ME APARECE DO NADA! SAI DAQUI ASSOMBRAÇÃO!’ – Os gritos latejavam mais e mais na minha cabeça. FILHA DA MÃE!

 

 

 

 

 

‘CHEEEEEGA!’ – Ela se encolheu, o que me deu tempo para respirar fundo, apesar da dor dupla me atingindo. – ‘Olha, eu não estou no meu melhor ânimo para discutir com você. Então seja boazinha pelo menos UMA VEZ comigo e pegue um pouco de gelo!’

 

 

 

 

 

Ela franziu a testa, me fitando de braços cruzados. Seu pé direito batia num ritmo frenético, esperando algo.

 

 

 

 

 

‘O que foi?’ – Ergui a sobrancelha. A maluca pigarreou e contorceu sua boca, fazendo-me entender o que ela queria. Suspirei completamente impaciente. – ‘Pode me trazer gelo, POR FAVOR?’

 

 

 

 

 

‘Muito melhor!’ – Ela deu um sorriso pra mim. – ‘Eu já volto. ’

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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BELLA SWAN #

 

 

 

 

 

 

 

Nunca odiei tanto ser desastrada como agora. Que diabos eu tinha que deixar cair aquilo no pé do Cullen? Bella, você é uma idiota!

 

 

 

Pra falar a verdade, meu senso de equilíbrio estava pior do que o normal. Não consegui dormir, não depois do que aconteceu. Estava até impressionada de como eu não tinha ficado com olheiras escuras e enormes sob meus olhos! Acho que comecei a sentir sono no início do dia, mas aí eu resolvi logo me levantar.

 

 

 

Peguei um pano fino em cima da bancada de mármore e coloquei os cubos de gelo nela. Bem, acho que uma forma inteira resolvia o problema! Afinal o machucado não era tão grave assim, era só o safado que estava fazendo drama para tentar tocar o meu lado de culpa! Enrolei o tecido e fechei o buraco com uma liga de cabelo que eu havia deixado no meu pulso. Encarei o corredor, mas não fiz movimento nenhum para sair da cozinha.

 

 

 

 

 

Será que ele se lembra de ontem?

 

 

 

 

 

Minhas mãos começaram a suar e tremer com a ideia. Foi exatamente com esse pensamento que eu cometi aquele acidente! Naquele momento eu fiquei aflita, sem coragem nenhuma de encará-lo. O que eu podia fazer? A resposta era simples: nada.

 

 

 

Sem nenhuma alternativa, respirei fundo e saí do lugar com passos lentos e bastante trêmulos. Não demorou muito para ele entrar no meu canto de visão, encostado com as costas na poltrona e com  cara de dor. Estava doendo tanto assim?

 

 

 

 

 

‘Foi tão difícil assim achar o gelo?’ – Me assustei um pouco com sua fala repentina. Deus do céu! Ele é para-normal e eu não sabia?

 

 

 

 

 

‘N-não comece a reclamar ta?’ – Droga! Gaguejar agora não, por favor!  Seu braço se estendeu em minha direção e ele abriu os olhos, deixando a palma da mão aberta. – ‘Eu coloco. É bem capaz de você quebrar meu dedo colocando o gelo encima dele!’

 

 

 

 

 

‘Haha. ’ – Joguei o saco improvisado nele, percebendo na mesma hora que o safado estava sem camisa. Mesmo seu abdômen estando contraído com o modo que ele se sentou, eu via perfeitamente as definições daquele corpo. Meus olhos se prenderam aquela imagem.

 

 

 

 

 

‘Perdeu alguma coisa?’ – Ele perguntou, percebendo o jeito que eu o encarei. Sacudi a cabeça num sinal de não e sentei no piso frio da sala, de frente para ele. Não ousei encará-lo de novo. Sentia que ele me olhava, mas não queria arriscar nada.

 

 

 

 

 

‘Como está seu dedo?’ – A bolsa de gelo estava sutilmente colocada na ponta de seu pé, escorregando sobre ele.

 

 

 

‘Pra sua tristeza só está inchado. ’ – Ele debochou de mim enquanto mexia no pano. Fechei a cara, olhando para o lado.

 

 

 

‘Eu não fiz de propósito! S-sinto muito pelo acidente. ’ – Gaguejei de novo, merda! – ‘Eu fiquei meio surpresa com você aqui... ’

 

 

 

 

 

‘Por que você se assustou quando me viu?’ – A pergunta me fez saltar. – ‘Não sou nenhum monstro ou coisa assim. Eu só te odeio. ’

 

 

 

 

 

‘E-então... Você não se lembra?’ – Ignorei a parte do odeio, pois eu também sentia o mesmo. Já estava me acostumando com a convivência.

 

 

 

 

 

‘Eu deveria lembrar de alguma coisa?’ – Finalmente tomei coragem e fitei seu rosto. A expressão de dúvida estava evidente nele.

 

 

 

 

 

‘NÃO!’ – Gritei totalmente desesperada, fazendo-o ficar sério. Engoli seco e tentei me acalmar. – ‘Quer dizer... Aquela coisa é mesmo forte né?’

 

 

 

 

 

‘Só um copo daquilo me deixou com uma tremenda dor de cabeça!’ – Ele passou a mão nos cabelos, deixando escapar um gemido. – ‘Mas não mude de assunto garota, o que aconteceu ontem?’

 

 

 

 

 

‘N-nada de mais!’ – Em questão de segundos eu já estava suando! Minhas mãos também começaram a tremer, e eu as escondi debaixo dos braços. – ‘Foi uma loucura a festa! Hahaha!’

 

 

 

 

 

‘Se não fosse nada de mais, você não estaria agindo desse jeito. ’ – Ele flexionou a perna direita e apoiou seu braço nela, deixando a outra esticada com o saco de gelo escorregando um pouco. Seu abdômen ficou mais exposto, o que fez meus olhos se agitarem. – ‘Ou você acha que eu não percebi esse seu nervosismo todo?’

 

 

 

 

 

‘E-eu? N-nervosa?’ – Mexi na gola da minha camisa, meu olhar vagando pela sala. Eu estava dando muita bandeira? É. Eu estava sim. – ‘P-pára de falar besteira Edmundo!’

 

 

 

 

 

‘Quantas vezes eu vou ter que falar o meu nome? É EDWARD! E-D-W-A-R-D!’ – Ufa! Consegui que ele ficasse com raiva de novo! Preferia mais assim a continuar com aquela conversa. – ‘Como você é burra!’

 

 

 

 

 

‘Idiota.’ – Cuspi o xingamento, me estressando também.

 

 

 

‘Maluca. ’ – Vai começar tudo de novo!

 

 

 

 

 

‘SAFADO!’

 

 

 

 

 

‘ESTÉRICA!’

 

 

 

 

 

‘FILHO DA... ’

 

 

 

 

 

‘EEEEEEEI!’ – Emmett gritou no meio das escadas de testa franzida. – ‘PALAVRÃO AQUI DENTRO NÃO! AQUI É CASA DE FAMÍLIA!’

 

 

 

 

 

‘Sempre soube que ela era uma mal educada. ’ – Cerrei os olhos para ele e, sem dó nem piedade, chutei o dedo machucado. – ‘AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAI! MALDITA!’

 

 

 

 

 

‘Opa!’ – Fingi estar arrependida, botando a mão na boca para abafar o riso. – ‘DESCULPA!’

 

 

 

 

 

‘Parem com essa coisa de briga gente!’ – Emmett se aproximou de nós e arregalou os olhos quando viu o dedo do irmão. – ‘PUTS GRILLA CARA! Que bolota é essa no seu pé?’

 

 

 

 

 

‘É o meu dedo Emmett. ’ – O safado passou a mão na face e suspirou. – ‘A sua amiguinha aí deixou cair uma caixa encima dele!’

 

 

 

 

 

‘Eu já disse que foi sem querer!’ – Bufei com os dentes trincados. – ‘É TÃO DIFÍCIL ASSIM DE ENTENDER?’

 

 

 

 

 

‘DEPOIS DE TUDO O QUE VOCÊ APRONTOU COMIGO?’ – Ele queria briga? Então ta legal mermão! VEM QUENTE QUE EU TO FERVENDO! – ‘É BEM DIFÍCIL MESMO!’

 

 

 

 

 

‘EEEEEEEEEEEEI NEGAAADA!’ – Emmett se meteu no meio de nós, querendo dar uma de durão. – ‘Parem com isso! Vamos respirar fundo, relaxar e... ’

 

 

 

 

 

‘CALA A BOCA EMMETT!’ – Eu e o safado gritamos ao mesmo tempo. Eu o encarei e fechei a cara.

 

 

 

 

 

‘Dá pra vocês se acalmarem, POR FAVOR?’ – Emmett revisou olhares entre mim e seu irmão, fazendo uma careta. – ‘Vocês dois estão insuportáveis hoje!’

 

 

 

 

 

‘Eu vou sair daqui. ’ – Me levantei, dando um sorriso para Emmett. – ‘Sinto muito, mas simplesmente não aguento ficar com seu irmão no mesmo espaço! Completamente impossível!’

 

 

 

 

 

‘Pelo menos numa coisa concordamos!’ – O safado riu um pouco, tirando o gelo e ficando em pé.

 

 

 

Fiquei calada, saindo do lugar pela porta.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Era uma coisa realmente ótima ele não ter se lembrado do que aconteceu. Mas, por que eu não estava soltando fogos ou pulando de alegria?

 

 

 

Um pequeno aperto no peito apareceu quando Edmundo me disse que não recordava de nada. Acabei por me pegar desejando que ele tivesse consciência do que fez. O que estava acontecendo comigo?

 

 

 

A culpa não foi minha! Ele se aproximou. ELE acariciou meu rosto. ELE me beijou. ELE me fez ter a sensação de voar. ELE tirou meu raciocínio. ELE... MEU DEEEEUS DO CÉU?! EU NÃO ESTOU MAIS ME RECONHENDO!

 

 

 

Respirei aliviada por sentir meu celular tocando no bolso. Não queria mais pensar na possibilidade de ter aquilo na cabeça! Olhei o visor e atendi a chamada.

 

 

 

 

 

‘Jake!’ – Puxei outra quantidade de ar, deixando minha voz normal de novo. – ‘Nossa! Faz tanto tempo que você não me liga!’

 

 

 

 

 

‘Amor!’ – Ele estava ofegante ou era impressão minha? – ‘Eu fiquei meio ocupado com umas coisas aqui! Sinto muito mesmo! Como você está?’

 

 

 

 

 

‘Estou bem. ’ – Mal ele sabe de toda a história. Bem talvez fosse a última coisa que eu ia estar aqui. – ‘E como vão as coisas aí?’

 

 

 

 

 

‘Ótimas!’ – Derrepente ouvi um risinho abafado, a voz parecida com a de uma... Garota? – ‘Estou com saudades de você linda!’

 

 

 

 

 

‘Tem alguém com você Jake?’ – Ele só riu, o que me deixou ainda mais confusa.

 

 

 

 

 

‘N-não!’ – Mesmo com a resposta dele, eu ainda podia ouvir os risos na outra linha. – ‘Só queria saber se você estava bem. Agora eu tenho que ir, te amo!’

 

 

 

‘Tudo bem então. ’ – Minha cabeça devia estar carregada demais, só isso. – ‘Eu também. Beijo. ’

 

 

 

 

 

Assim que eu acabei de falar o celular ficou mudo, terminando a ligação. O que foi isso? Jake nunca conversou assim comigo antes...

 

 

 

 

 

‘Hey Bella!’ – Olhei para frente ao reconhecer a voz de Alice, vendo Jasper e ela se aproximarem de mim com as mãos dadas. Como eu amei aquela cena! Minha amiga estava saltitante ao seu lado, enquanto ele a encarava com olhos apaixonados. LINDO! – ‘O que você está fazendo aqui fora?’

 

 

 

 

 

‘Não tenho mais direito de pegar um ar não?’ – Sorri um pouco, botando meu cabelo para trás da orelha.

 

 

 

 

 

‘Foi só uma perguntinha inocente darling!’ – Ela riu, encostando-se no peito de Jasper. AI QUE FOFO! – ‘Edward já acordou?’

 

 

 

 

 

‘J-já. ’ – Pigarreei um pouco, logo voltando a falar. – ‘Está lá dentro com Emmett. Parece que aquela bebida fez mais mal para ele do que para Jasper!’

 

 

 

 

 

‘Acho que não Bella. ’ – Jasper comentou, ficando um pouco envergonhado. – ‘Tenho certeza que ele não ficou vomitando assim que acordou! Ele e Emmett entornam bem mais que eu!’

 

 

 

 

 

‘É. Foi bem difícil tirar aquela mancha do chão da cozinha e...’ – Alice me encarou com raiva e eu logo me calei. – ‘Ahm... Nunca mais tome urina de novo okay?’

 

 

 

 

 

‘Aprendi bem a lição!’ – Ele riu sem graça, coçando a cabeça. – ‘Obrigado pela dica!’

 

 

 

 

 

‘Cola em mim que é só sucesso amigo!’ – Eu disse e depois pisquei para ele. Alice e Jasper riram.

 

 

 

 

 

‘Vai ficar aqui fora ou entrar também?’ – Alice me perguntou.

 

 

 

 

 

‘Acho que vou lá com Esme e Rose!’ – Eu ainda não tinha coragem de ver o safado de novo. Melhor ficar longe. – ‘Vejo vocês depois!’

 

 

 

 

 

‘Ta legal então. ’ – Jasper deu de ombros e puxou Alice para dentro da casa. Ela me olhou desconfiada, tratei logo de sair de perto dela também.

 

 

 

 

 

 

 

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ALICE HALE #

 

 

 

 

 

 

 

Eu não precisava ser nenhuma adivinha para perceber que alguma coisa estava incomodando Bella. Vou deixar isso passar, talvez seja algo que nem tenha muita importância! Além do mais que eu estava com Jasper, então não seria legal perguntar.

 

 

 

Encontramos Emmett esparramado no sofá, assistindo um filme. A cara dele era de completo tédio, mas pelo jeito ele tinha muita preguiça de trocar de canal! Eu entendo. Sinto isso também!

 

 

 

 

 

‘O que está passando de bom Emmett?’ – Meu anjo perguntou enquanto eu babava pela voz dele! AI MINHA PRADIIIINHA! ESSE DIVO É SÓ MEEEEEEU!

 

 

 

 

 

‘Uma coisa chata aí. ’ – Falou o leso fazendo bico. – ‘Acho que o nome do filme é “Um cocô pra esvaziar”!’

 

 

 

 

 

Olhei para a tevê e automaticamente reconheci a atriz na tela. AAAAH MINHA SANTA! A MANDY MOORE! EU AMO ELA DE PAIXÃO! Daria tudo pra ter a voz dela. Bem... Tudo menos o Jasper, é claro!

 

 

 

 

 

‘É “Um amor pra recordar” Emmett!’ – Jasper disse, olhando para o título que havia aparecido embaixo da cena. – ‘Desaprendeu a ler agora?’

 

 

 

 

 

‘Tanto faz!’ – Emmett revirou os olhos, aconchegando-se mais no sofá. Ele era enorme! Mal cabia no móvel!

 

 

 

 

 

‘Vou desprezar o fato de você chamar o meu filme favorito de cocô okay?’ – Dei um tapinha de leve na cabeça dele, conseguindo sua atenção. – ‘Você sabe onde está o Edward?’

 

 

 

 

 

‘Acabou de subir. ’ – Ele sentou no sofá, brotando um sorriso sacana no rosto. – ‘Está com o dedão inchado! Bellinha mandou ver jogando a caixa com as luzes no pé dele!’

 

 

 

 

 

‘Cala a boca Emmett. ’ – Jasper falou, dando um tapa na cabeça do irmão também. ISSO AEW AMOR! DÁ NELE!

 

 

 

 

 

‘Você fala isso porque não viu a bolota que ele chama de dedo!’ – O lesado começou a gargalhar, rolando no móvel até cair no chão. Medo demais dele! – ‘TA PIOR QUE O NARIZ DO JASPER QUANDO TEM ALERGIA! MUAHAHAHAHAHAHAHAHAAHAHA!’

 

 

 

 

 

‘DESGRAÇADO!’ – Meu namorado saltou em cima do irmão, se pegando legal. Ai Deus! Como é difícil ser eu!

 

 

 

 

 

‘Ahm... Eu vou falar com Edward. Já volto ta?’ – Soltei um gritinho quando quase fui pega para entrar na briga, correndo descontrolada para as escadas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Encostei-me na parece, arfando mais que cachorro de língua seca. Credo! De onde eu tirei isso? Cachorro baba muito, como eu me comparei a eles? Puts, estou ficando meio tantan da mente!

 

 

 

Se eu estiver certa, parei exatamente ao lado da porta de Edward. Puxa, que sorte! Acho que vou jogar na mega sena hoje, quem sabe não levo aquele bolão?

 

 

 

 

 

Deixei os pensamentos milionários de lado e me posicionei na frente da porta do Ed, batendo em seguida.

 

 

 

 

 

‘Edward!’ – Eu disse. – ‘É Alice, posso entrar?’

 

 

 

 

 

‘Claro!’ – Uma voz alta respondeu. – ‘Está aberta. ’

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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EDWARD CULLEN #

 

 

 

 

 

 

 

A pequena garota de cabelos curtos e espetados entrou no meu quarto, abrindo um sorriso grande demais pro meu gosto. Não me impressionei, sabendo que essa felicidade toda era por causa de Jasper. Esse é o poder que os Cullen têm sobre as mulheres!

 

‘Oi Edward!’ – Ela disse, dando um salto e parando no lado da cama. Esse entusiasmo todo estava me deixando com uma pontada de medo.

 

 

 

 

 

‘Alice. ’ – Respondi formalmente, sinalizando para que ela sentasse do meu lado. – ‘Tudo bem?’

 

 

 

 

 

‘Tudo PERFEITO! Não. MAIS QUE PERFEITO! Maravilhoso, divino e...’ – Ela olhou para mim e ficou um pouco corada, dando uma risadinha e sentando na beirada da cama. – ‘Bem... Acho que você entendeu né?’

 

 

 

 

 

‘Acho que sim. ’ – Ergui a sobrancelha, fazendo Alice se envergonhar mais ainda. – ‘Aconteceu alguma coisa?’

 

 

 

 

 

‘Emmett me disse que você estava aqui. ’ – Ela falou, voltando a ser relaxada aos poucos. – ‘E também disse sobre o acidente com a caixa. Ele está te zoando demais para o Jasper!’

 

 

 

 

 

‘Eu cuido do lesado depois. ’ – Meu irmão não deixava mesmo escapar um podre! Daqui a pouco todos dessa casa vão saber. Droga! – ‘Mas acho que você não veio aqui só para dedurar o Emmett, veio?’

 

 

 

 

 

‘Na verdade... ’ – Alice suspirou, demorando um pouco para continuar. – ‘Tem outra coisa sim. ’

 

 

 

 

 

‘O quê?’ – Sua boca curvou-se numa careta. A minha curiosidade aumentou, mas deixei Alice falar sem insistir mais.

 

 

 

 

 

‘Você não vai muito com a cara da Bella, não é?’ – Droga, mais uma na minha coleção! Agora estava realmente comprovado que a raiva que sentia por aquela maluca era bem mais evidente do que eu esperava.  – ‘Só queria dizer que minha amiga é uma pessoa maravilhosa e muito protetora, por isso ela meio que implica com os garotos que eu e minha irmã saímos. ’

 

 

 

 

 

‘Rosalie já me explicou isso também. ’ – Não queria ouvir aquele papo outra vez, então melhor dar um ponto final nisso. – ‘Eu entendo. ’

 

 

 

 

 

‘Ufa! Que bom!’ – Ela disse, se levantando. – ‘Mas é sério! Ela realmente é uma pessoa ótima! No final da festa Bella me ajudou a te trazer para o seu quarto sem reclamar. ’

 

 

 

 

 

O último comentário de Alice me pegou desprevenido. Do nada a cena que eu tentava tornar mais nítida apareceu na minha cabeça, e eu não entendi o por quê.

 

 

 

‘Bella... Esteve... Aqui?’ – Alice afirmou com a cabeça, sorrindo ternamente. – ‘Como assim?’

 

 

 

 

 

‘Somente eu e ela não tomamos aquela bebida fortíssima!’ – Ela comentou, tremendo um pouco na parte da bebida. – ‘Todos vocês estavam apagados lá embaixo, então ela me ajudou a subir o pessoal!’

 

 

 

 

 

Outras imagens apareciam na minha cabeça. Uma em que a vista era estreita, mas podia ver nitidamente a cama e a janela aberta mais atrás. Alice perto da porta, conversando com alguém próximo de mim. Certamente era Bella.

 

 

 

 

 

‘Você foi o último a subir. ’ – Ela continuou enquanto eu tentava colocar os flashes na ordem. – ‘Eu estava cansada demais, então pedi a Bella para que te cobrisse! Ela aceitou sem nenhum pio!’

 

 

 

 

 

Parei de respirar ao ver o flash recém descoberto. Agora eu via perfeitamente a maluca ajoelhada do lado da cama, olhando fixamente para mim à medida que seu rosto ficava mais próximo ao meu. Percebi que não era ela que estava encurtando a distância e sim, eu.

 

 

 

Eu não piscava mais, atento a cada movimento ou mudança de expressão no rosto de Bella. Parecia que eu estava revivendo aquele momento. Não conseguia fazer com que ela focaliza-se seus olhos nos meus, pois estavam agitados demais. Então encostei meus lábios levemente nos dela, sem ter a mínima noção do que havia feito.

 

 

 

 

 

O mais louco de tudo é que eu sentia que aquilo me agradou! Era incapaz de acreditar no que via, ficando totalmente paralisado. Alice com certeza chamava meu nome, querendo continuar a conversa e eu, nem teria consciência disso. Me vi querendo aprofundar o beijo, desejando mais do que só aqueles lábios.

 

 

 

 

 

Até cheguei a sorrir quando a maluca aceitou o meu pedido, deixando minha língua entrar em sua boca. Senti um leve gosto doce ao lembrar dessa hora, o que me fez ficar mais confuso ainda. Eu não tinha noção do que estava fazendo, e ela também não.

 

 

 

 

 

Agarrei seu rosto com vontade, puxando-o para mais perto do meu. Lembrei quando nossas línguas se tocaram, me fazendo ter arrepios.  Eu não era o único que havia gostado daquela sensação, já que o corpo da maluca tremeu com o atrito.

 

 

 

 

 

Ela bagunçava o meu cabelo enquanto eu chupava levemente seus lábios, logo depois a puxando para um novo beijo. Como eu podia ter sentido prazer com aquilo? Agarrando a garota MAIS INSUPORTÁVEL DO PLANETA?!

 

 

 

 

 

‘Edward?’ – Alice me cutucou no ombro, mas ainda não estava em condições de responder. – ‘Terra para Edward! Você ta aí?’

 

 

 

 

 

‘A-ah. ’ – Me esforcei bastante para piscar, como se eu estivesse fazendo isso depois de séculos. – ‘Desculpe. Eu estava lembrando de umas coisas. ’

 

 

 

 

 

‘Percebi. ’ – Ela disse com uma careta. – ‘Apertei seu dedo inchado e você nem deu um gritinho!’

 

 

 

 

 

Na mesma hora recordei meu machucado, latejava mais que nunca. Trinquei meus dentes com força, evitando grunhir com a dor.

 

 

 

 

 

‘Muito obrigado Alice!’ – Falei irônico. Ela só me mostrou a língua, toda irritante.

 

 

 

 

 

‘Eu vou descer então.’ – Ela disse, parando na frente da porta. – ‘Deixei Emmett e Jasper se espancando na sala. Espero que meu namorado não esteja machucado!’

 

 

 

 

 

‘Alice. ’ – Ela estava com a mão na maçaneta, me encarando curiosa. – ‘Você... Pode chamar a Bella pra mim, por favor?’

 

 

 

 

 

‘Ah, claro!’ – Ela respondeu animada. – ‘Daqui a pouco ela estará aqui. Até mais Edward. ’

 

 

 

 

 

‘Até. ’ – Falei a vendo sair do quarto, fechando a porta. Suspirei alto e pousei a cabeça sobre meus braços pensando naquela cena, a repetindo milhares de vezes em minha mente. Então era isso que Bella não queria me dizer?

 

 

 

 

 

Simplesmente a ideia de ter a beijado não entrava no meu raciocínio. Era impossível. Mas... Realmente aquilo mexeu comigo. Esse tipo de coisa acontecendo entre duas pessoas que se odiavam bastante era um fato completamente novo pra mim, novo o suficiente para me deixar intrigado. Senti um sorriso tomar conta do meu rosto.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CONTINUA...