Dilemas escrita por nana_cullen


Capítulo 17
Capítulo 13 (ESPECIAL): Um dia com Michael Cullen




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CAPÍTULO 13: UM DIA COM MICHAEL CULLEN

 

BELLA SWAN #

 

 

Depois que ele me deixou sozinha na varanda, eu lentamente fui recobrando meus sentidos. O que aconteceu comigo?

 

Chequei tudo: Respiração? Okay. Olhos piscando? Okay. Corpo movimentando? Okay. Coração?

 

Tive que pressionar minhas duas mãos contra meu peito para ter certeza se o que eu sentia era loucura. Meu órgão batia em um ritmo descompassado, agitando-se contra a parede que o cobria. Era como se quisesse furar o meu tórax e simplesmente sair saltitando pelo chão!

 

Isso devia ser repulsa, nojo e até ódio daquele ser. Como eu concordei com esse absurdo? Eu podia muito bem juntar Jasper e Alice sozinha! Mas não! A BURRONA AQUI ACEITOU A MERDA DA TRÉGUA!

 

Imediatamente lembrei de Rosalie, sorrindo e totalmente satisfeita em estar aqui. Nossa conversa também veio à tona em minha mente, repetindo milhares de vezes a parte em que Rose queria que eu conhecesse o safado melhor. Mesmo não querendo, eu ia matar dois coelhos numa tacada só: Alice iria finalmente amar alguém e Rosalie ficaria realizada com meu esforço. Se isso as faria mais felizes então eu me juntaria com o Edmundo sem reclamar. Ta legal! Sem reclamar é impossível, sem reclamar MUITO.

 

Eu até aproveitaria a oportunidade de segurar as rédeas dele. Não só com a putinha, mas sim com todas as garotas que ousarem tocar num fio de cabelo daquele garoto! Ele era namorado de Rose, ou seja, só ela tinha direito a ele.

 

 

 

‘Bella?’ – Reconheci a voz de Rosalie do meu lado. Ela parecia... Receosa. – ‘Edward me disse que te encontraria aqui. ’

 

‘Ah... ’ - Meus olhos pousaram sobre ela por menos de um minuto, depois se deslocaram para a imensidão escura da noite. – ‘Certo. ’

 

‘Ele também me disse que aceitou sair com ele. ’ – Era impressão minha ou Rosalie parecia não acreditar no que o safado tinha dito a ela?

 

‘É. Isso mesmo. ’ – Eu disse, confirmando sua suposta dúvida interna. Senti os braços de Rosalie me envolverem.

 

‘Ah Bella!’ – Dizia enquanto me abraçava. – ‘Muito obrigada! Muito obrigada mesmo por dar essa oportunidade ao Edward, sei que ele vai mudar sua opinião!’

 

‘Você sabe que eu faço tudo por você e Alice!’ – Eu falei, afagando-a nas costas.

 

‘Bella. ’ – Ela se desvencilhou do abraço, encarando-me com um sorriso radiante. – ‘Você definitivamente é a melhor amiga que existe!’

 

Aquela alegria foi o suficiente para mandar minhas dúvidas à merda. Por Rosalie, eu iria fazer de tudo para aquilo dar certo.

 

 

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EDWARD CULLEN #

 

 

‘Tem certeza de que não quer vir com agente Edward?’ – Perguntou meu pai pela centésima vez. Ele era o único que estava ainda na porta, já que os outros (Rosalie, Emmett, Alice, Jasper e Esme) o esperavam pacientemente dentro da Hilux preta. Carlile ia levar todos para um passeio na Piazza Del Popolo, uma praça que ficava ao norte da cidade.

 

‘Não se preocupe pai. ’ – Me apoiei à porta, pronto para fechá-la. – ‘Aproveitem bastante a saída. ’

 

‘Você vai ficar aqui com Isabella?’ – O momento interrogatório havia começado. – ‘Não vai a lugar algum?’

 

‘Não se incomode com isso. ’ – Eu disse, tentando acabar logo com a chuva de perguntas. – ‘Darei uma volta com ela assim que acordar. Bella não vai ficar sem conhecer um pouco da cidade. ’

 

‘Bem, se você quer assim... ’ – Carlile estava com a expressão pensativa, não durando por muito tempo. – ‘Até logo Edward. ’

 

‘Até. ’ – Carlile sorriu para mim e depois virou-se, andando para o carro. Assim que ele entrou no automóvel fechei a porta.

 

 

 

Fazia muito tempo que essa casa não recebia hóspedes a mais, sendo só meu pai, meus irmão e eu. Acho que acabei fazendo bem em convidar a família Hale para passarem as férias aqui, meu pai não estava mais tão focado no trabalho como antes. Havia algo diferente nele, mesmo não sabendo o por quê.

 

Sentei-me no sofá, totalmente entediado. Não tinha dormido direito, mas isso não estava me incomodando. Peguei o controle da tevê e a liguei, deixando no canal de filmes. Parecia ser um bang-bang antigo, com aqueles chapéus enormes e pistolas bicudas. Me ajustei em uma posição confortável e permiti minha mente vagar, olhando para a tela da televisão.

 

A lembrança da conversa da varanda me invadiu a cabeça. Apreciando a linda paisagem do pôr-do-sol com a maluca ao meu lado, pronta para pular no meu pescoço enquanto eu lhe fazia minha proposta. Lembro-me de tentar evitar encara-la nos olhos na medida em que pronunciava minhas palavras, fracassando amargamente.

 

Quando minha visão alcançou sua íris, aquela sensação de ser atraído invadiu-me novamente, porém com o dobro de força. O pior de tudo é que eu estava conseguindo escolher as melhores palavras para convencê-la de que a trégua era uma opção razoável, mas o modo em que elas saíam da minha boca era totalmente errado. Eu as usava com intensidade demais.

 

Consequentemente o toque de nossos braços veio à tona. Sua pele era macia e suave, o não uso de cosméticos era evidente ao meu tato. E também quente, já que o atrito com minha pele morna me causara arrepios.

 

No momento em que me dei conta de quão próximos estávamos um do outro, meu corpo desligou-se da minha mente, recusando os comandos racionais que eu tentava inutilmente lhe passar. A garota tinha mudado sua expressão, ficando irritada e, para minha perdição, ativando aquele brilho que só ela conseguia ter. Em questão de segundos, senti minha consciência entra numa espécie de coma profundo.

 

 

Só acordei na hora em que ela tinha concordado com a trégua, desde que eu terminasse tudo com Megan bem na frente dela. Fiquei surpreso com a velocidade que usei no momento de concordar com sua proposta.

 

Lembro de quando fui convidá-la para sair comigo. Soou mais uma ordem do que uma pergunta formal! Relembrando suas feições agora, suspirei aliviado por ela não ter percebido. A maluca aceitara meu “pedido-ordem”, fazendo meu coração acelerar de um jeito irracional.

 

 

Um barulho tiro vindo da tevê fez eu pular do sofá, felizmente tirando-me daqueles pensamentos confusos. Prestei atenção no filme, vendo um cowboy bigodudo prestes a atirar em um índio. Que ridículo! Olhei para o relógio da mesa, indicando 10:30hrs. Essa maluca não vai acordar não?

 

Cansado de esperar e sem a menor vontade de voltar na noite anterior, levantei do sofá e segui para as escadas. Se ela não desperta sozinha, eu farei isso!

 

 

Em questão de minutos eu já estava parado na frente do quarto onde as garotas dormiam. Bati na porta e nada.

 

‘Bella?’ – Tentei chama-la, batendo novamente e com mais força. Nenhum sinal de vida. Pousei minha orelha na porta, escutando roncos um pouco altos.  – ‘Isso explica porque ela não me escuta. ’

 

Peguei a maçaneta e girei-a, porém nada aconteceu. Maravilha! A porta simplesmente está trancada! Maluca desgraçada.

 

 

Como eu conhecia bem a casa, sabia que só esse quarto tinha a janela destrancada. Suspirei alto com meu próprio raciocínio, já sabendo o que eu deveria fazer.

 

 

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Se eu caísse dessa altura, certamente iria quebrar alguma coisa. Morrer estava fora de questão, pois já tinha experimentado pular dela na noite do assalto. Em plena manhã eu já estava suando e com minha paciência por um fio! Tudo por causa daquela garota!

 

Me apoiei firmemente à parte de mármore da janela, puxando-me até ficar deitado encima da pedra fria. Deixei meu corpo deslizar para dentro do quarto, pousando meus pés cuidadosamente no chão. Ar-condicionado ligado com janela aberta, que irônico! Abri mais as cortinas para a luz invadir o local, tornando tudo mais claro. Desliguei o ar e andei lentamente até a única cama que estava ocupada.

 

A garota estava esparramada pelo colchão, o edredom cobria somente sua barriga, deixando braços, pernas e cabeça para fora. Deus! Ela roncava que nem um porco!

 

 

 

BELLA SWAN #

 

 

Os raios do sol invadiam o quarto, esquentando-me por entre as cobertas. Mas não era isso que estava me incomodando. Sentia algo pinicando no meu braço num ritmo frenético e irritante, fazendo-me trocar de posição na cama. Afundei minha cara no travesseiro macio e esperei a inconsciência chegar de novo.

 

As pinicadas voltaram, só que mais fortes que antes. Revoltada, bati na fonte da minha irritação, cessando as cutucadas. Mesmo sonolenta consegui abrir meus olhos, vendo um vulto perto de mim. Minha reação foi instantânea.

 

 

‘AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!’ – Fechei a mão e soquei a cara embaçada do vulto, fazendo-o cair para trás. Fiquei de joelhos, preparada pra atacar de novo.

 

‘AAAAAAAH MEU NARIZ! MEU NAAAARIZ!’ – Esfreguei os olhos, deixando minha visão mais nítida. OOH MEU DEEUS! EU TINHA ACERTADO O EDMUNDO! PUTA QUE PARIU!

 

‘AI MEU DEUS!’ – Desci da cama e deixei-o parar de rolar no chão para ficar ao seu lado. – ‘ V-você ta bem?’

 

‘ACHA MESMO QUE EU ESTOU BEEM?!’ – Ele se sentou e tirou as mãos do rosto. Botei minhas mãos na boca, totalmente horrorizada. O NARIZ DELE TAVA SANGRAAANDO! AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH! – ‘OLHA O QUE VOCÊ FEZ!’

 

‘NÃÃÃO GRITA! A CULPA FOI SUA!’ – Ficar irritada assim que acorda é mau sinal! Olha no que deu!

 

‘VOCÊ ME SOOOOCOU E A CULPA É MINHA?! SUA...!’ – Quando ele fez menção de ficar bravo mais sangue saiu de suas narinas. – ‘AAAAAAAAAAAI!’

 

‘DÁ PRA VOCÊ FICAR QUIETO?’ – Berrei enquanto tentava pensar em alguma forma de ajudar.

 

‘DÁ PRA VOCÊ FALAR MAIS BAIXO?’ – Mais sangue saiu pelos buracos, PINGOU ATÉ EM MIM! FILHO DA PÚLICIA! ESTRAGOU MEU MOLETOM! – ‘DROGA! PEGA UM KIT DE PRIMEIROS SOCORROS NO MEU QUARTO! TÁ DENTRO DO ARMÁRIO. VAAAAAAAAAAI!’

 

Levantei toda desajeitada e fui destrancar a porta, saindo logo em seguida. Todas as portas do corredor estavam fechadas, exceto uma na minha frente. Entrei no quarto desconhecido e voei para o armário, abrindo e retirando a famosa caixa branca com o “+” vermelho. Quase caí sozinha enquanto eu entrava de novo no meu cômodo.

 

O safado estava com as mãos cheias de sangue e respirando rápido, talvez para não fazer mais nenhum estrago. Fiquei ao seu lado novamente, abrindo a caixa branca.

 

‘Deixa que eu... ’ – Mal tinha botado a tampa no chão e ele já estava enfiando a mão nela. Nem pensar!’

 

‘Cala a boca!’ – Eu o interrompi, fazendo-o ficar surpreso. O fitei seriamente. – ‘Eu faço. ’

 

Andei com os joelhos até ficar atrás dele, arrastando a caixa comigo. Puxei seus cabelos para baixo e não parei até o fazer entender que queria ele deitado no meu colo. Ouvi reclamações baixas, mas o safado acabou cedendo. Peguei uma quantidade razoável de algodão e botei levemente em seu nariz, tentando fazer que o sangue estancasse. Ele até me ajudou, expirando para que o resto do líquido saísse. Peguei mais uma porção de algodão e um pequeno pote transparente que continha água. Despejei-a no algodão e passei lentamente por seu rosto, deixando-o levemente úmido.

 

Troquei os algodões por papeis descartáveis, mais ou menos iguais a guardanapos. Os amassei um pouco e deslizei-os na face de Edmundo, retirando os vestígios de sangue. Fiz a mesma coisa em seu pescoço também.

 

Seu olhar sobre mim era algo que não sabia descrever. Parecia um misto de surpresa e susto, talvez estivesse pensando que jamais o ajudaria assim. Um sorriso brotou em meus lábios com o palpite, confesso que também não me imaginava numa situação em que eu insistisse para cuidar dele. Meus olhos deram um salto quando vi que ele retribuiu meu sorriso com outro, fazendo-me corar um pouco.

 

Podia estar louca, mas tive a sensação de que ele estava gostando de ser cuidado. Enquanto eu repassava o estranho guardanapo em seu rosto, seus olhos fecharam-se e seus ombros tensos relaxaram sobre meu colo. Cochilando talvez?

 

Depois de alguns minutos, sua face estava totalmente limpa. Mesmo assim, nada dele abrir os olhos. Passei minhas mãos úmidas pelo meu moletom velho, secando-as nele. Já estava sujo né? Aproveitei logo também. Suspirei fundo e esfreguei meu braço em meu rosto, impedindo as gotas de suor caírem. Ele continuava imóvel.

 

Cocei a cabeça e pigarreei, não surtindo efeito nenhum sobre ele. Tentei pela segunda vez e nada. A impaciência me dominou.

 

‘Eu sei que aí é o melhor lugar pra se deitar. ’ – Dei um sorriso maroto, mesmo ele sem ver. Então cutuquei sua testa. – ‘Mas dá pra sair daí?’

 

 

Só assim seus olhos abriram, ficando vesgo quando fitou meu dedo indicador. Foi muito engraçado! Ele sentou-se num salto, afastando-se do meu colo. Seu rosto estava... Vermelho? Não resisti, deixando escapar meu riso.

 

‘E então, como está o seu nariz?’ – Perguntei tentando ficar normal.

 

‘Sorte sua de não ter quebrado. ’ – Ele mexia cuidadosamente na ponta. – ‘Maluca!’

 

‘Um “obrigado” vinha bem a calhar agora sabia?’ – Ele cerrou os olhos para mim. Por que eu ainda espero que ele agradeça? Pare de ser idiota Bella!

 

‘A culpa foi sua. ’ – Ele respondeu, dando de ombros. – ‘Só consertou o erro. ’

 

‘AAAAAAAAAI COMO VOCÊ É MAL AGRADECIDO!’ – Eu berrei, cruzando os braços. – ‘Seu pai não te deu educação não?’

 

‘Somente para gente normal que não sai dando socos alheios nos outros! ’ – Quer um bis? Eu te dou com todo o prazer! – ‘Mas isso não vem ao caso agora. Vê se você se arruma, vamos sair. ’

 

‘Onde estão todos?’ – Bocejei no meio da pergunta. Merda, não dormi direito por causa dele!

 

‘Foram visitar a cidade. ’ – Ela já havia se levantado. Suas mãos estavam sujas com sangue seco. – ‘Eles queriam te levar, mas disse que não precisava. ’

 

‘É lógico que eu queria ir com eles!’ – Fiquei de pé, encarando-o irritada. – ‘Desde quando você responde por mim hein?’

 

‘Combinamos de sair lembra?’ – Ele ergueu a sobrancelha, analisando-me dos pés a cabeça. – ‘Vai dar pra trás agora?’

 

‘Haha. Saia do meu quarto antes que eu mude de ideia!’ – estendi meu braço, apontando para a porta. – ‘Quero tomar banho, já que você me melou de sangue!’

 

Ele parou bem na minha frente, totalmente sério. Seu olhar me deu um pouco de medo.

 

‘Só mais uma coisa. ’ – De repente a expressão que me fez tremer desapareceu, dando lugar a um sorriso de deboche. – ‘Dê um jeito nesse seu ronco horroroso! Parece um trator velho!’

 

‘VAI À MERDA EDMUNDO!’ – Empurrei-o para fora do quarto e bati a porta com força, gritando logo em seguida. Podia ouvir a gargalhada dele do lado de fora do quarto.

 

 

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EDWARD CULLEN #

 

 

Entrei no meu quarto totalmente desorientado de tanto rir. A cara dela foi simplesmente hilária quando a chamei de trator velho! Senti uma lágrima cair de meus olhos. Nossa, até chorar de rir eu estava! Limpei-a e segui para o banheiro.

 

Tirei minhas roupas e as joguei no cesto de vestes sujas. Espero que Alphonse não comente nada sobre as grandes manchas de sangue na minha camisa cinza! Mas acho que me daria bem com alguma desculpa inventada racionalmente. Abri o chuveiro e entrei na água, deixando-a cair sobre meu corpo. Dei um jeito logo de tirar o sangue seco de minhas mãos, passando agressivamente o sabonete nelas.

 

Só agora que tinha me dado conta de que meu nariz não doía mais. Mexi-o para os lados, confirmando o fato. Nossa. Como aquele soco foi forte! Aquela garota devia pensar seriamente em participar de lutas livres femininas, iria ganhar um bom dinheiro!

 

A reação dela em me ajudar foi completamente irracional para mim. Se ela me odiava tanto, por que cuidou de mim? Talvez o arrependimento tivesse a tocado ou medo de que eu contasse a alguém sobre isso. O que me deixou mais confuso foi como eu reagi a ela, cedendo-me totalmente aos seus cuidados.

 

 

Saí do Box e enxuguei-me na toalha, seguindo para o meu armário. O abri e retirei da gaveta uma boxer preta, vestindo-a. Olhei para os cabides de roupas enquanto tentava decidir o que vestir. Ouvi a porta se abrindo.

 

‘Você por acaso já está... ’ – A maluca quase caiu pra trás quando me viu. – ‘Oh... Nossa... ’

 

‘Perdeu alguma coisa?’ – Perguntei a ela arqueando a sobrancelha. – ‘Porque se for, vai ter que esperar. ’

 

‘Desculpa... Eu não... ’ – Seu rosto ficou rubro, evitando me olhar. – ‘É melhor... Eu... Esperar no corredor!’

 

‘Entra e nem bate na porta?’ – Comentei, ficando de costas para ela e pegando uma blusa de tecido branca manga longa, enrolando os braços da roupa até a altura de meus cotovelos. Um sorriso escapou dos meus lábios. Ainda bem que ela não viu. – ‘Depois EU sou o mal educado!’

 

‘AAAAAAAAAAAAAI! CALA A BOCA!’ – Ela gritou e em seguida ouvi o estrondo gigantesco da minha porta fechando. Balancei a cabeça e ri, botando a mão no rosto.

 

 

Coloquei rapidamente uma calça jeans bem escura e sapatos de mesma cor. Parei na frente da porta antes de abri-la, abafando uma ultima gargalhada. Respirei fundo e a abri, saindo do quarto.

 

Lá estava ela, encostada na parede do corredor e com o cenho franzido. Usava uma camiseta preta, sapatos, calça e uma espécie de jaqueta presa no quadril, tudo da mesma cor da blusa. Ela era gótica ou coisa assim?

‘Não custava bater. ’ – Eu falei, despertando-a de seu transe interno. – ‘Mas entendo se você queria me ver naquelas condições. ’

 

‘Cala a boca e vamos logo!’ – Ela disse entre bufadas, irritada. Andou entre passos firmes até a escada enquanto eu a seguia, divertindo-me internamente.

 

 

 

‘Onde está seu carro?’ – Tinha acabado de trancar a casa quando me perguntou.

 

‘Não vou usá-lo hoje. ’ – Meu Volvo era o único da cidade. Não queria que alguém conhecido me visse com Bella. Andei até à beira da rua, acenando para um táxi ao longe, que golpe de sorte!

 

‘Malucas primeiro?’ – Eu disse, abrindo a porta para ela. Fuzilou-me com os olhos à medida que entrava no carro, seguida por mim. O dia ia ser bem interessante.

 

 

 

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BELLA SWAN #

 

A beleza de Roma me deixava tonta. Cada casa, cada monumento, passarelas, pessoas, tudo era lindo! Meu dia só não seria perfeito por causa da minha infeliz companhia, sentada ao meu lado.

 

Depois de algum tempo o táxi finalmente começou a parar, e quase perdi o ar com a vista. O carro havia parado na frente do Coliseu, o lindo Coliseu. Minha boca abriu, por pouco não deixando a baba escorrer sobre meu queixo.

 

 

Saí do táxi e fiquei ali, em pé diante daquele monumento enorme. Se isso já era maravilhoso visto de fora, imagina por dentro!

 

De repente um estalo de dedos invadiu meus ouvidos, fazendo-me saltar do lugar onde estava. O safado estava do meu lado, esbanjando seu sorriso torto “horrendo”.

 

‘Já era pra você estar acordada não?’ – Ele também olhou para o Coliseu. – ‘Vamos, está quase na hora da excursão começar. ’

 

O fitei totalmente confusa. Como assim excursão?

 

‘Querendo ou não, você vai passar o dia comigo. ’ – Não tive tempo de responder, ele tinha pegado meu braço, puxando-me para a entrada do Coliseu.

 

 

 

‘E como vocês podem ver lá embaixo, aquele local era onde os confrontos se realizavam’ – Estávamos nas arquibancadas enquanto a instrutora apontava para a parte central do monumento, abaixo de nós. – ‘Vamos ter a chance de descer, mas cuidado: as paredes e pilares são muito frágeis e sensíveis a toques. Qualquer movimento brusco é capaz de derrubá-las. ’

 

‘Gostando?’ – Ouvi o safado do meu lado. – ‘Agora não ouse dizer que não sou um cara legal!’

 

‘Aqui é um lugar maravilhoso. ’ – Falei entre suspiros e o encarei um pouco irritada. – ‘Mas se está achando que eu já tenho um pouquinho de simpatia por você, está muito enganado. ’

 

Não fiquei para a resposta, só segui a instrutora e o resto dos turistas. Escutei um grunhido atrás de mim. Ah, que se dane ele!

 

 

Depois de dar a volta em todos os andares do Coliseu, descemos para o centro. O corredor que usamos para chegar lá era bem escuro, ainda bem que havia corrimões nas escadas! Se eu caísse aqui, iria direto para o hospital, totalmente fato!

 

 

‘Bem vindos à arena do Coliseu!’ – A instrutora falou animadamente. – ‘Era nessa parte onde os combates se realizavam e...’

 

Do nada, uma musica totalmente ridícula e estranha começou a tocar. Deus do Céu, que merda é essa?

 

http://www.youtube.com/watch?v=ppVlR_mlOZ0

(Copie e cole no navegador)

 

‘SUUUUUUUUUUUUUUUUUUPERPOP!’ – Entre as paredes, saiu um velho empurrando um carrinho com utensílios de limpeza e segurando uma vassoura. Provavelmente era o zelador do lugar. Ele virou de costas pra nós, agarrou a vassoura e começou a dançar com ela, rebolando até o chão.  – ‘AAAAAAAAAAAAAAAARRASTA POOOOOOOOOOOOOOOVO!!!’

 

Eu não entendia nada da música que vinha do estranho radio encima do carrinho, mas ela me lembrava da Britney Spears. O mais bizarro foi quando a cantora começou a gemer, e o velho também! E ele ainda tava encaixando as pernas na vassoura! Agarradinho na coisa, ele abriu um sorriso que quase me fez vomitar. ELE SÓ TINHA DOIS DEEEENTES! PUTA MERDA! PARECIA PERNALONGA!

 

A instrutora bufou irritada, aproximando-se do velho bizarro. Meio receosa, segui ela também e puxei o Edmundo comigo. Pelo menos se o Pernalonga me atacasse, iria sobrar pro safado!

 

‘Zé, quantas vezes eu tenho que lhe falar que é proibido você ficar escutando essas músicas hein?’ – O velho largou a vassoura e pegou a moça, girando-a várias vezes. Fiz cara de nojo quando ele sorriu de novo.

 

‘BAAAAAAAAAAAABY VEM PRA MIM!!’ – Ele fez um biquinho e tentou beijar a coitada, mas ela deu um belo de um tabefe na cara dele. MINHA ÍDOLA!

 

‘PARE COM ISSO ZÉ!’ – Ela passou a mão no uniforme, arrumando-o. – ‘Vou te mandar de volta pro Brasil assim!’

 

‘Eu não quero ficar longe de você!’ – Ele se ajoelhou e agarrou a perna dela. – ‘MINHA PAÇOQUINHA DOCE!’

 

PAÇOQUINHA DOCE?! Essa doeu na minha alma! A moça andou em direção ao outro lado da arena, fazendo o velho largar do seu pé.

 

‘Por favor, aqui é a saída do Coliseu. ’ – Ela falou em voz alta e todo o pessoal começou a andar e direção a ela – ‘Muito obrigada pela visita e cuidado com as paredes!’

 

‘Edmundo, vai na frente!’ – Eu disse, empurrando-o pelas costas. Todos já tinham saído com a moça, restando só nós dois e o velho deitado no chão.

 

‘Você ta com medo dele?’ – O safado apontou pro bizarro, rindo depois. – ‘A culpa não é dele se a mulher não o quer. ’

 

‘Anda logo antes que eu te deixe desdentado que nem ele!’ – Apertei meus punhos na frente do Edmundo. Ele balançou a cabeça e riu de novo, andando. Me agarrei a camisa dele com força. Será que a moça o matou?

 

http://www.youtube.com/watch?v=SRvAl4QnhJA&feature=PlayList&p=769C5716CF5C4034&playnext=1&playnext_from=PL&index=6

(Copie e cole no computador)

 

Estávamos passando do lado do corpo do velho quando outra musica doida começou a tocar no radio. Na mesma hora, senti meu pé sendo agarrado.

 

‘Não me deixe aqui. ’ – O bizarro falou, agarrando minhas roupas e se levantando que nem zumbi. –‘Minha bonequinha de marfim!’

 

‘AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!’ – Larguei o safado e botei minhas mãos na cara do velho, evitando que ele me agarrasse. – ‘SOCOOOOOOOORRO!’

 

‘Pare de ser estérica Bella!’ – Ouvi o Edmundo reclamar enquanto eu estava sendo quase abusada! PUTA MERDA! DÁ PRA VIRAR PRA TRÁS E ME AJUDAR HEEIN?’ – ‘O que ele poderia fazer com você?’

 

Eu podia sentir a baba do zumbi escorrendo pelas minhas mãos. AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAI QUE NOOOOOJO! Tirei-as de lá e coloquei nos ombros dele, fazendo de tudo pra manter ele afastado de mim. Dava pra ficar pior? DROGA!

 

Não só dava como ficou pior! Mesmo sendo praticamente uma múmia ambulante, o pernalonga arranjou uma força não sei de onde e começou a se aproximar de mim. Tentei forçar mais, porém ele continuava a ir pra cima de mim. TÔ PERDIDA!

 

 

‘TIRA A MÃO DELA VELHO DOIDO!’ – Não percebi quando o safado apareceu, mas fiquei aliviada na hora em que ele botou suas mãos entre mim e o zumbi, empurrando-o para longe. Edmundo me segurou pelo braço antes que eu caísse no chão.

 

‘Você ta bem?’ – Ele me perguntou, me colocando direito em pé.

 

‘VOCÊ PODIA TER ME AJUDADO ANTES NÉ?!’ – Eu gritei, puxando meu braço para longe da mão dele.

 

‘TE FAÇO UM FAVOR E É ASSIM QUE ME AGRADECE?! – Ele usou o mesmo tom. – ‘POR QUE EU NÃO DEIXEI ELE TE EMBABAR TODA? QUE BURRICE A MINHA!’

 

‘CALA A BOCA!’ – Lá vamos nós!

 

‘CALA A BOCA VOCÊ MALUCA!’

 

‘CANALHA!’

 

‘ESTÉRICA!’

 

‘BURRO!’

 

‘IDIOTA!’

 

‘SEU GALINHA!’

 

‘SUA... ’

 

Edmundo parou de falar no momento em que ouvimos o som de algo rachando. O safado simplesmente tinha jogado o velho contra uma das paredes da arena que agora estava prestes a cair para trás. Olhei com mais atenção e percebi que as paredes de pedras eram enfileiradas, uma atrás da outra. Engoli seco quando ela finalmente caiu em cima da outra, já percebendo o “efeito dominó” e para onde ele dava: a ultima iria tampar a saída!

 

Eu e ele nos encaramos ao mesmo tempo, dando conta de que tanto eu quanto ele sabíamos o que ia acontecer.

 

‘COOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOORRE!’ – Gritamos ao mesmo tempo, acelerando ao máximo até o escuro túnel onde todos tinham entrado.

 

 

 

 

Perdi a conta de quantos quarteirões atravessamos só correndo! Mais que exausta, desacelerei e sentei no primeiro lugar que vi. Fiquei respirando pela boca.

 

‘Você... É um... Tremendo... De um... Imbecil!’ – Falei totalmente ofegante. O safado estava na minha frente, apoiando-se nos joelhos.

 

‘Queria... Ser beijada... Por... Aquela... Coisa?’ – Eu sei, eu sei! Mas não precisava quebrar todo o Coliseu por dentro!

 

‘Então... De... Nada. ’ – Ele disse, passando a mão nos cabelos e posicionando-se ao meu lado. Cerrei os olhos para ele, me emburrando de vez. A única coisa que ele fez foi sorrir. AAAAAH QUE RAIVA!

 

‘Alguém já te falou que você é um safado bem irritante e chato?’ – Comentei, revirando os olhos.

 

‘Nossa... ’ – Ele olhava para trás, ignorando o que eu falara. – ‘Corremos bastante! O Coliseu é um pouco longe da Fonteine de Trévi. '

Estávamos sentados na borda dessa coisa maravilhosa e eu nem vi? Que droga! Preciso de um óculos!

 

‘É tão... Linda!’ – Fiquei encantada pelas estátuas, pareciam até pessoas reais! Olhei para água cristalina, vendo alguma coisa brilhante nela. Meti a mão na fonte, tirando uma moeda de lá. – ‘Achei dinheiro! Que sorte!’

 

‘Turistas!’ – O safado bufou do meu lado e pegou a moedinha de mim. FILHO DA MÃE! – ‘Você não pode fazer isso. ’

 

‘Por que não?’ - Tentei pegar a moeda dele, mas o safado a agarrou bem. De repente estávamos num “cabo-de-guerra”, o meu dinheirinho era a corda.  – ‘Achado não é roubado!’

 

‘Ela não estava aí porque alguém perdeu!’ – Ele falou, puxando para si o euro. Não deixei barato, puxei também. – ‘E sim porque jogaram!’

 

‘Pára de falar besteira!’ – Fiz mais força enquanto insistia em tirar a moeda dele. – ‘Ela é MINHA!’

 

‘Sua tonta! Você não pode ficar com ela!’ - Falou o safado com os dentes trincados. – ‘Joga ela de volta na água!’

 

‘NÃO!’

 

 

Assim que eu recusei, pareceu que o incrível Huck tinha baixado nele. O Edmundo puxou com tanta força que conseguiu pegar a moeda e me levar junto! E já que estávamos na beirada da fonte, nós dois caímos dentro dela.

 

Fiquei besta com a quantidade de dinheiro dentro daquele lugar. Isso aqui lá em Forks, já era! O brilho dos euros com a luz refletida na água fazia até a parte interna parecer linda. Olhei para o lado e vi que o safado estava sentado perto de mim, com a cabeça fora da água. Emergi na mesma hora.

 

‘Essa fonte é uma espécie de poço dos desejos. As pessoas jogam moedas aqui em troca de pedidos atendidos. ’ – Ele explicou com os olhos fechados. Senti um arrepio de medo correr na minha espinha. – ‘ É por isso que NÃO SE PODE PEGAR ELAS! ENTENDEU AGORA??’

 

‘Hehe, acho que sim né?’ – Cocei a cabeça, totalmente sem graça. As pessoas começavam a se aglomerar no local, nos analisando estranhamente. Tive vontade de mergulhar de novo, só para não encara-los. – ‘Nada como um banhozinho depois de correr hein?’

 

Ele suspirou pesadamente, saindo da “fonte dos desejos”. Também cuidei pra me retirar de lá, do meu modo desajeitado é claro. O Cullen seguiu pelo caminho que a multidão abria para ele e, assustada e um pouco trêmula, apertei o passo e fiquei atrás dele.

 

 

 

Caminhamos uns três quarteirões até chegarmos à parte de trás de um prédio meio antigo, lembrando um pouco os traços da arquitetura romana (nossa, falei bonito!). Edmundo subiu um ramo de escadas, comigo na cola dele.

 

Não demorou muito para alcançar a cobertura, já que era uma construção baixa. Mesmo assim, podia se ver claramente a cidade inteira dali. O Sol estava se pondo, mostrando o quão rápido o dia havia passado. O vento soprava fortemente, fazendo até eu recuar alguns passos. Engraçado, o ar era quente!

 

Olhei para frente de dei de cara com um safado sem camisa e vindo na minha direção. QUE MERDA É ESSA?!

 

‘ O Q... O que você ta fazendo?’ – O alívio me esmagou no momento em que ele passou direto por mim, deixando sua camisa em cima de uma enorme caixa velha.

 

‘Evitando pegar um resfriado, é claro! ’ – Ele tirava a calça, botando no mesmo lugar. – ‘Acho melhor você fazer a mesma coisa também. ’

 

‘E-eu? Ficar de roupa íntima aqui? HAHA! Tenho cara da putinha por acaso?!’ - Ele revirou os olhos e depois ficou passando a mão nos cabelos, tirando o excesso de água. Droga! Isso tinha que acontecer comigo?

 

‘Com certeza esse seu corpo magrelo não tem nada demais. ’ – AAAAAAAAAAAAH! UM RAIO NA CABEÇA DELE IA SEEEER MARAVILHOSO AGORA! – ‘Mas se você quer ficar doente pelo resto da viagem, o problema não é meu. ’

 

Eu ia dar uma bela resposta na cara dele, mas um espirro me impediu. Realmente, se a roupa secasse comigo, não ia ser legal. As meninas ficariam preocupadas comigo e esqueceriam da diversão daqui. Andei até aquela caixa e tirei minha camiseta, com os olhos fixos nele. O safado nem virou para me encarar, sentando no chão e encostando-se naquela coisa enorme.

 

Eu não gostava de sutiã ou langerie, então eu usava coisas maiores como topes de academia e calcinhas que pareciam shorts. Coloquei minhas roupas com as dele, me sentindo praticamente nua. NUNCA MAIS EU BRIGO POR UMA MOEDA, NUNCA MAIS!

 

‘Resolveu ceder?’ – Ele ria mesmo não me vendo. – ‘Finalmente você foi racional!’

 

‘C-cala a b-boca!’ – Meus dentes batiam alto, entregando meu frio. – ‘Seu i-i-insuportável!’

 

‘Você está quase congelando aí atrás.’ – Ele fez menção de se levantar, mas acabou desistindo. – ‘Tem certeza que mora em Forks?’

 

‘E-e-eu nunca m-me acostumei c-com F-Forks. ’ – Respondi com muito custo. Ouvi ele gargalhar alto.

 

‘Minha temperatura é mais alta que a sua. ’ – Pigarreou um pouco. – ‘ Por que não se senta do meu lado? Posso te aquecer. ’

 

‘N-não! E-eu e-estou b-bem aqui.’ –Soprei nas minhas mãos e esfreguei, mas o calor não veio.

 

‘Dá pra perceber isso! ’ – Ele suspirou, se ajeitando no chão. – ‘Pare de bancar a teimosa e aceite logo a minha ajuda. ’

 

Não aguentando mais os arrepios horríveis, aceitei a boa vontade dele. O chão não estava tão frio, o que facilitou muito! Ele riu, me olhando de cima a baixo.

 

‘Nossa. Isso é íntimo pra você?’ – Por favor, me enterrem! – ‘Pra mim ainda está vestida!’

 

‘Cala a boca!’ – bati o ombro dele, rindo também. Depois do nosso pequeno “ataque de gargalhada”, Edmundo me envolveu num forte abraço. Seu corpo estava no ponto exato de calor, tirando meus calafrios em segundos. – ‘Ninguém vai nos ver aqui, não é?’

 

‘Esse prédio é abandonado, mas eu gosto de vir aqui. É... Calmo.’ – O cansaço estava batendo e meus olhos fechando. Soltei um bocejo que passou despercebido.

 

 

EDWARD CULLEN #

 

 

‘É... Mesmo... ’ – Sua voz baixou o tom e imediatamente a olhei. Estava com a cabeça em meu ombro, dormindo. Foi inevitável não sorrir com a cena! Aquela garota maluca e estérica, descansando tranquilamente nos meus braços. Se eu a tivesse conhecido nesse exato momento, diria que praticamente era santa!

 

 

Ela tinha um jeito bem diferente de dormir! Se encolhia toda e deixava a boca semi-aberta, respirando por ela algumas vezes. O estranho é que Bella não estava roçando agora, e isso me impressionou. Era divertido vê-la naquelas condições, nem vi que a noite já havia chegado. Tarde não era, mas tínhamos que voltar para casa logo.

 

‘Bella. ’ – A sacudi levemente, ganhando um grunhido em troca. – ‘Acorda! Precisamos sair daqui. ’

 

‘Mãe... Só mais um minuto... A escola pode esperar... ’ – Sua cabeça deslizou até meio tórax, grunhindo de novo.

 

‘AAAAAAAAAAAAAAAAACORDA AGORA!’ – Num pulo ela estava de pé, olhando para os lados.

 

‘NÃÃO FUI EU! É TUDO CULPA DO SEU MADRUGA!’ - Seu Madruga? Em que mundo essa garota vive? Levantei, vestindo minhas roupas.

 

‘Encare os fatos, SEU MADRUGA JÁ MORREU!’ – Gritei, arrumando a gola da minha blusa. Sem hesitar, joguei suas vestes bem na cara dela. A maluca se desequilibrou e caiu para trás, eu mereço!

 

 

-                                       x                                           -

 

 

‘Muito obrigada por me fazer cair, idiota. ’ – Ela tem duas pernas esquerdas e me culpa? Só falta ela cair agora, bem no meio da calçada!

 

‘Melhore sua coordenação, isso ajuda muito sabia?’ – Cruzou os braços e emburrou a cara. Caí na risada. – ‘Ainda está com frio?’

 

Não entendi a razão de ela ter colocado a jaqueta preta, o tempo estava bem agradável para mim. Esse ventinho de nada e já está toda empacotada? É muito improvável essa criatura morar em Forks, tinha que estar mentindo!

 

‘Além de safado, você ainda é anormal. Fato comprovado Edmundo!’ – Arqueou a sobrancelha, como se fosse uma coisa óbvia. – ‘Mudando de assunto, passamos o dia todo juntos e não conversamos sobre Alice e Jasper. Eu duvido que você tenha uma ideia boa para isso. ’

 

‘Na verdade, eu tenho. ’ – Sorri, triunfante. – ‘O aniversário de Jasper está perto, então vamos agir nesse dia. ’

 

‘Ta, tanto faz. ’ – Disse, não muito impressionada. – ‘COMO vai ser?’

 

‘Começaremos no... ’

 

‘ESPEEEEEEEEEEEERA!’ – Bella pegou no meu braço, parando junto com ela. – ‘Você está ouvindo?’

 

Na verdade, havia um fundo musical onde nós estávamos. Era meio familiar, mas não reconhecia por estar abafada.

 

 

‘AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!’ – A estérica pulava e berrava. Dei um passo, ficando um pouco afastado dela. – ‘MIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIICHAEL!’

 

Ela disparou desastrosamente para um prédio do outro lado da rua, entrando nele. Olhei para o letreiro do lugar, escrito “CASA DE SHOW NIGHTSTAR” e embaixo “ESPECIAL DANCE LIKE THE KING: MICHAEL JACKSON!”. Revirei os olhos e andei impacientemente até o lugar, reconhecendo a voz do cantor da musica. Maravilha, ela é fã do defunto!

 

 

 

Estava tão lotado que mal conseguia me locomover entre as pessoas. Mais ao fundo havia um extenso palco com uma enorme passarela no meio. Mesmo sendo prensado pela multidão, consegui ficar na primeira fila da lateral esquerda, entre o palco e a passarela. Se Bella é viciada no morto, não havia dúvidas que ela estaria aqui na frente, em algum lugar.

 

 

‘BOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOUA NOITE GALERA!’ – Um pançudo vestido com a roupa vermelha de Thriller gritou, aparecendo no palco. As pessoas gritavam, eu iria sair surdo desse lugar! – ‘ Bem vindos ao NIGHTSTAR! Onde o seu improviso te faz brilhar! PRONTOS PARA O ESPECIAL MICHAEL JACKSON?’

 

‘SIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIM!’ – O chão começou a tremer com todos pulando e eu quase virei panqueca na frente.

 

‘Então... QUE ENTRE O PRIMEIRO PARTICIPANTE!’ – O gordão bateu palmas e a multidão o seguiu. O holofote destacou o individuo andando alegremente até o bastão do microfone, colocando-o nele. ERA O SHANE! CONHECIDO MEU E DA ROSALIE! PUTA QUE PARIU!

 

 

http://www.youtube.com/watch?v=hgMV2jv7v1Q

(Copie e cole no navegador)

 

VAAAAAAAAAAMOS NESSA!’ – Shane gritou e as vozes femininas quase estouraram meu ouvido. A batida começou e as pessoas se moviam no ritmo. Não demorou para meu colega de curso começar a cantar. You Rock My World, do defunto.

 

My life will never be the same

'Cause girl you came and changed
The way I walk
The way I talk

 

cannot explain
These things I feel for you
But girl, you know it's true
Stay with me
Fulfill my dreams
And I'll be all you need

 

A voz dele lembrava um pouco a do Michael, realmente ele era bom e com o coro ajudando, melhor ainda. Senti duas garotas roçarem suas pernas em mim, mas neste momento não podia. A maluca estava por perto, se ela me pegasse assim, estava ferrado. Afastei-me sorrateiramente delas, ficando mais grudado no palco.

 

 

Feels so right

(Girl)
I've searched for the perfect love all my life
(All my life)

Feels like I
(Like I)

Have finally found a perfect love this time
(And I finally found)

 

 

Falando nela, onde será que estava? Com a musica alta e essas pessoas todas aglomeradas, ficava bem complicado achar uma garota aqui. Não podia praticamente me mover, preso naquele canto.

 

Come on, girl


You rocked my world
You know you did
And everything I own I give
The rarest love who'd think I'd find
Someone like you to call mine

 

You rocked my world
You know you did
And everything I own I give
The rarest love who'd think I'd find
Someone like you to call mine

 

 

Shane tirou o microfone do bastão e saiu andando para a passarela, com isso pude respirar um pouco. Arrastei-me para longe de lá, ficando cada vez mais confortável. A preocupação aumentou com a ausência de Bella, como eu a queria me perturbando agora!

 

In time I knew that love would bring
This happiness to me
I tried to keep my sanity
I waited patiently

Girl, you know it seems
My life is fully complete
Our love is true because of you
You're doin' what you do

 

Think that I
Finally found the perfect love I've searched for all my life
(Searched for all my life)

Think I'd find
Such a perfect love that's awesomely so right

 

Outros holofotes se ascenderam, iluminando quatro mulheres com chapéus e roupas pretas. Elas se separaram em pares: duas na lateral direita e duas na esquerda, dançando sensualmente. Shane foi ao encontro e uma das garotas da minha lateral, balançando junto com ela. Minha boca se abriu ao vê-la. MEU DEEEEUS! ERA A MALUCA! Ele a pegou pelo pescoço e puxou-a para si, levemente interessado. Ela recuou e segurou sua mão livre, girando para ficar distante. Belo movimento!

Girl
You rocked my world
You know you did
(Come on, come on, come on)

Everything I own I give
(You rock my world)

The rarest love who'd think I'd find
(Girl)

Someone like you to call mine

 

 

Ri muito da cara que Shane fez ao ser dispensado, mas conseguiu disfarçar bem enquanto cantava.Eu não tirava os olhos de Bella, pensando bem era quase impossível do jeito que ela dançava. Estava claro o prazer que ela sentia em estar lá em cima. Descia lentamente até o chão segurando o chapéu com as mãos e sorriso estampado no rosto. As outras eram maravilhosas também, porém ela prendia minha atenção mais do que devia. Vendo ela agora, nem parecia ter dois pés esquerdos! Totalmente sincronizada com as três! Dançar com ela seria bem... Interessante.

 

And girl, I know that this is love
I felt the magic's all in the air
And girl, I'll never get enough
That's why I'll always have to have you here

 

 

Bella se juntou com as outras num círculo em volta de Shane, este estava com os olhos focados na maluca. Eu não me atrevia a piscar, com medo de perder um simples passo dela. O círculo se desfez e elas se dividiram de novo.

 

 

You rocked my world
You know you did
And everything I own I give
The rarest love who'd think I'd find
Someone like you to call mine

 

 

Eu já estava ficando cheio daquele lugar, queria muito sair daqui. A maluca estava bem na minha frente, batendo palmas e todos a imitando, estiquei meu braço e segurei seu tornozelo. Ela me olhou assustada.

 

‘O que você está fazendo?’ – Perguntei, forçando ao máximo minha voz. Começou a rir, com um sorriso de orelha a orelha.

 

‘O que você acha?’ – Ela me jogou um beijo enquanto se afastava de mim, voltando ao fundo do palco. Como é que essa maluca se meteu ali?

 

Não queria admitir, mas a maneira que ela dançava me deixava meio... Em transe.

 

You rock my world
(You rocked my world, you know you did)

The way you talk to me
The way you're loving me

The way you give it to me
(You rocked my world, you know you did)

 

Todas ao fundo ergueram as mãos e balançaram de um lado para o outro, fazendo a galera imitar. Se não pode com eles, junte-se! Não resisti mais, estava com meus braços para cima. Em questão de segundos eu já acompanhava Shane, cantando ao mesmo tempo.

 

 

You rock my world (x4)
Come on, girl (x2)
Baby, baby, baby
It's you and me
You and me (x2)
You rock my world (x3)
Someone like you to call mine

 

 

Ele parecia um gay com os gritinhos e as mãos tremidinhas do Michael, achei muita graça. Aquela não podia ser a Bella! Estava... Sexy demais. Indo até o chão, batendo palmas e rebolando seriam coisas que não acreditaria que ela faria. Por um segundo, a palavra linda parou na minha cabeça. Sim. Ela estava absolutamente linda. MEU DEUS! O QUE ACONTECEU COM O MEU CÉREBRO? PIFOU DE VEZ?!

 

A musica acabou e todos gritaram e bateram palmas, inclusive eu.

 

 

‘ISSO MEEEEEEEEESMO PESSOAL!’ – O gordão voltou, saltitando no palco. – ‘QUEM GOSTOU DÁ UM GRITÃO AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAEW!’

 

 

Vi a maluca descer de lá, parando na minha frente. Ela estava bem sorridente.

 

‘Gostou?’ – Bella ofegava, seu suor escapando pelos cantos do chapéu. – ‘Esse lugar é o máximo!’

 

‘Podemos ir agora?’ – Shane poderia muito bem aparecer aqui, e eu não queria isso.  – ‘Você já se divertiu o bastante. ’

 

‘Por que a pressa Edmundo?’ – Ela falou num tom de deboche. – ‘Por acaso Michael Jackson é difícil pra você?’

 

‘Haha, essa não é a questão.’ – Respirei fundo, ignorando a provocação. – ‘Vamos, antes que fique mais tarde.’

 

‘Tudo bem então. Isso deve ser demais pra você não é?’ – Ela deu de ombros, me deixando mais irritado. Quer saber? Que tudo vá a merda agora!

 

‘Está duvidando de mim?’ – Perguntei, puxando as mangas da minha blusa até meus pulsos.

 

‘Eu DU-VI-DO.’ – Respondeu com todas as letras. Sorri abertamente, mostrando todos os meus dentes.

 

‘Aprenda uma coisa sobre Edward Cullen garota.’ – Peguei seu chapéu e o coloquei na minha cabeça. – ‘Ele sempre surpreende.’

 

Subi no palco e fui até o apresentador, que coçava a barriga por cima do tecido vermelho apertado. Ela queria um show? Maravilha, ela terá um.

 

‘Com licença. ’ – Cutuquei seu ombro obeso.  – ‘Você tem dançarinos?’

 

‘Eles sabem todas as coreografias meu jovem.’ – O pançudo respondeu, orgulhoso de suas palavras. – ‘Quer se apresentar?’

 

‘Me arranje um blazer e uma gravata preta, por favor.’ – Pedi, e ele logo entendeu qual musica eu iria escolher.

 

‘Venha comigo.’ – Ele disse, movimentando suas grossas e pequenas pernas. O segui sem reclamar, ansioso para começar logo meu show.

 

 

-                               x                                  -

 

 

BELLA SWAN #

 

 

EEEEEEI! PRA ONDE ELE FOI COM O MEU CHAPÉU? FOI UM TRABALHÃO CONSEGUIR ELE!

 

Minha curiosidade estava corroendo todo meu corpo, resultando impaciência. Se ele fizer alguma coisa com o meu chapéu, vai ver só!

 

‘BOOOOOOOOOOOOOOOOUA NOITE GALERA!’ – O Sr. Pança gritou e todos bateram palmas. – ‘Aqui vem mais uma apresentação pra vocês! APLAUSOS PARA O PRÓXIMO PARTICIPANTE!’

 

 

MÚSICA: http://www.youtube.com/watch?v=gHWKcC4qtXg

(Copiem e colem no navegador)

 

 

Ele saiu de cena e a musica de fundo começou a tocar. Os dançarinos entraram no palco, pulando conforme o ritmo. O que me impressionou mais foi que outros também apareciam pendurados por cabos de aço, descendo tranquilamente no chão. Sons de tiros ecoaram no lugar e quando a musica parou, todos caíram no chão, ficando só um de pé. Era o Edmundo.

 

The way she came into the place
I knew right then and there
there was something different
About this girl

The Way She Moved
Her Hair, Her Face, Her Lines
Divinity In Motion

 

 

Todos os holofotes estavam nele enquanto andava lentamente, dublando a voz do Michael. O balanço da cabeça, os gestos com as mãos e as pegadas no corpo, tudo na devida ordem. Eu amava Dangerous do Jackson.

 

As She Stalked The Room
I Could Feel The Aura
Of Her Presence
Every Head Turned
Feeling Passion And Lust

 

The Girl Was Persuasive
The Girl I Could Not Trust
The Girl Was Bad
The Girl Was Dangerous

 

 

Era fácil destacar o safado dos outros, já que ele era o único com uma faixa branca no blazer preto e também o que não usava luvas vermelhas. Ele movia os ombros e o tronco, sem sair do lugar ao mesmo tempo em que uma parte dos dançarinos se levantava. A cada passo dado mais um se erguia, no ritmo da música. Seus olhos brilhavam na luz, dourado líquido. Todos os homens estavam de pé, começando a coreografia sincronizada.

 

 She Came At Me In Sections
With The Eyes Of Desire
I Fell Trapped Into Her
Web Of Sin
A Touch, A Kiss
A Whisper Of Love
I Was At The Point
Of No Return

 

 

Ele não se perdia em nenhum momento, nem quando fazia alguns movimentos diferentes dos outros. Fiquei meio irritada por ele arrancar suspiros bem altos das garotas do lugar, melhor isso do que ficar se atracando com putinhas por aí!

 

Deep In The Darkness Of
Passion's Insanity
I Felt Taken By Lust's
Strange Inhumanity
This Girl Was Persuasive
This Girl I Could Not Trust
The Girl Was Bad
The Girl Was Dangerous

 

A expressão dele era de concentração e divertimento. Fazendo o jogo de mãos e pés, conseguiu imitar um robô parado no lugar onde estava. Realmente o safado sabia a coreografia de cabeça, indo e voltando para ela quando quisesse. Um dos dançarinos ficou em sua frente, com um cigarro na boca e uma arma apontada para o lado. O Cullen retirou a coisa branca dele e a jogou para longe, derrubando o homem logo em seguida. Todos gritaram, meu tímpano estava quase no céu.

 

Eles andaram até o centro do palco, dançando em sincronismo perfeito. Giravam, estalavam os dedos até ao e chão desciam! Minha boca estava completamente aberta por causa deles. Quando dei por mim, estava batendo palmas, totalmente entretida.

 

You've been hit by
You've been struck
by
a smooth criminal

 

Todos foram à loucura com o trecho de Smooth Criminal, inclusive eu! Que raiva, ele sabia dançar o refrão dessa música enquanto a burrona aqui não! De repente o som parou e eles fizeram movimentos de You Rock My World. Aplaudi muito!

 

I Know You Want Me

 

She's So Dangerous
The Girl Is So Dangerous
Take Away My Money
Throw Away My Time
You Can Call Me Honey
But You're No Damn Good For Me

 

Dangerous
The Girl Is So Dangerous
I Have To Pray To God
'Cause I Know How
Lust Can Blind
It's A Passion In My Soul
But You're No Damn Lover
Friend Of Mine

 

As garotas me esmagaram contra o palco no momento em que o desgraçado inventou de rebolar, deslizando a mão sobre seu peito. Uma palavra: METIDO! Andou um pouco para frente no ritmo da música, se destacando dos demais. Elas ficaram mais estéricas na hora em que o safado fez o Moonwalk, detalhe: nessa hora minha boca foi ao chão.

 

Correu para o outro lado e interagiu com um baixinho, que mirava a arma para nós. Depois Edmundo voltou para o centro do palco, indo até o meio da passarela. Ele me olhou discretamente e sorriu, abrindo os braços e em seguida girando. Enquanto voltava para tomar a frente dos dançarinos, o metido piscou pra mim. Meu rosto ficou vermelho.

 

Tive que rir dele sapateando e empurrando o chapéu para cobrir a cara, muito hilário! Ele gingava, pegando na cabeça e mexendo os ombros.

 

My Baby
Dangerous


Os dançarinos se jogaram no chão, novamente só o safado ficou de pé. Ele se movia de um lado para outro enquanto gritava “Dangerous”, sendo imitado pelos homens e a galera. Algumas meninas até desmaiaram na parte em que ele tirou o blazer e o largou nas pessoas, causando a maior confusão. Os companheiros dele se levantaram, continuando a coreografia.

 

A musica deu uma pausa, surgindo um som de faroeste. Luzes azuis estavam os destacando, todos dançando que nem robôs.

 

Get The Point? Good, Let’s Dance

 

A dança seguiu numa marcação exata, com eles batendo os pés de um lado para outro e imitando bonecos controlados. O safado parou de seguir os outros e passou a se movimentar sozinho. Ele girou e os homens caíram mais uma vez no chão, terminando a música.

 

Gritos, berros, assovios e aplausos. Era tudo o que eu conseguia escutar. Edmundo estava sendo iluminado por um holofote branco, com um sorriso aberto nos lábios. Lindo. EU PENSEI LINDO?!

 

‘É ISSO AEEEEEEEEEEEW MINHA GEEEENTE! QUEM GOSTOU SOLTA UM GRITOOOOO!’ – Como é que um gordo daquele tamanho conseguia aparecer tão rápido hein? As pessoas se esgoelaram, usando toda a voz. O metido só reverenciava, agradecendo o carinho.

 

COREOGRAFIA: http://www.youtube.com/watch?v=6hh96Ex-94s

(Tentei descrevê-la)

 

 

-                                    x                                    -

 

 

EDWARD CULLEN #

 

 

Saímos da casa de show depois da minha apresentação, entre muitos puxões e gritos femininos sobre mim. Pela primeira vez não me senti a vontade com o assédio das garotas. Acabamos ganhando dois copos grandes de milkshake de chocolate, nosso “prêmio de participação”.

 

‘Como você aprendeu a dançar daquele jeito?’ – Ela perguntou incrédula, tomando um gole do milkshake no canudo. – ‘Nem eu consigo fazer aqueles passos!’

 

‘Digamos que o defunto baixou na hora. ’ – Nós rimos juntos da situação, ambos ainda suados. – ‘E você? Já fez aulas não é?’

 

‘O pior que nunca fiz. ’ – Como assim? Essa criatura pelo menos tinha uma base de coreografia para poder acompanhar aquelas três. – ‘Sempre gostei de dançar. ’

 

A rua estava pouco iluminada e quase não passava carros. Andamos mais um pouco, parando em um ponto de táxi.

 

‘Vamos ter que ficar por aqui mesmo. ’ – Falei indiferente, saboreando meu shake. – ‘Não vai demorar muito pra um carro passar por aqui. ’

 

‘Sem problemas. Não estou com pressa!’ – Ela deu de ombros. - ‘Gostou muito do meu chapéu né?’

 

Se ela não tivesse comentado, não teria percebido que ele ainda estava na minha cabeça. Ela fez questão de ficar com ele de lembrança, só querendo que eu devolvesse a gravata e o blazer. Garota esquisita.

 

‘Você o quer?’ – Tirei-o da cabeça e o rodei com o dedo indicador. Num movimento rápido, cravei o chapéu até cobrir a metade da cara de Bella. – ‘Então toma!’

 

‘ORA SEEEU...!’ – Minha gargalhada foi mais alta, porém não a impediu de me xingar. Ainda bem que não ouvi!

 

‘Agora é sério!’ – Eu disse respirando fundo. Foi inevitável controlar minhas palavras. – ‘Eu... Queria te agradecer... ’

 

‘Agradecer?’ – Ela ergueu a sobrancelha, tirando o canudo da boca.

 

‘Por você ter me salvado do tiro, por você ter cuidado do meu nariz e...’ – Pigarreei um pouco. Tentava fechar a boca, mas não conseguia. – ‘Por você ter aceitado a minha proposta. ’

 

‘O milkshake congelou seu cérebro Edmundo?’ – Ela soltou um risinho. – ‘Mesmo isso tudo estar soando estranho, eu aceito os agradecimentos. ’

 

‘Muito obrigado. ’ – Eu sempre falava demais quando estava perto dela. Só agora pude perceber. Meus olhos caíram na sua bochecha, que tinha uma pequena gota de chocolate. Seus olhos se arregalaram no instante em que pousei minha mão no seu rosto, limpando o minúsculo ponto marrom.

 

A ouvi sussurrar alguma coisa, mas não prestei atenção. Meu foco estava inteiramente em meus dedos, tocando levemente a pele dela. Novamente eu tinha contato sobre seu rosto, macio e agora rosado. Os cabos do meu raciocínio se desligaram, e eu estava agindo somente por instinto.

 

Seus olhos estavam fixos em mim, observando cada movimento. Meu polegar se mexia involuntariamente em sua bochecha, como uma espécie de carícia. Ela reagiu, deixando sua boca discretamente aberta. Meu olhar captou o movimento, encarando seus lábios.

 

Nem grandes, nem pequenos. Eles eram da medida perfeita. Minha respiração acelerou um pouco e uma ansiedade horrível brotou em mim. Eu por acaso estava sentindo... Desejo? Meus olhos subiram, parando nas íris marrons dela. Isso só fez piorar a ânsia, passando de horrível para insuportável.

 

Franzi levemente o cenho enquanto me aproximava do rosto de Bella, quanto mais perto chegava, mais ansioso ficava. Era incapaz de pensar naquele momento, com tudo voltado para ela. Minha mente gritava por não, mas meu corpo exclamava por sim.

 

Eu tinha consciência do que meus instintos queriam, e era errado. Meu sistema se esqueceu do que era necessário para recuar, ele só seguia em frente. Minha mão desceu para seu pescoço, puxando-o para mim.

 

Então um celular toca, fazendo os cabos da minha cabeça se reconectarem de novo.

 

‘Oi!’ – Ela atendeu um pouco nervosa enquanto andava para longe da minha presença. – ‘Eu também estou com saudades!’

 

Encostei-me no poste, fitando-a falar no telefone. Era incrível o quão perto eu tinha chegado de cometer um grande erro, e o pior é que seria totalmente desnecessário!

 

Fiquei aliviado quando um táxi finalmente parou no ponto. Abri a porta e chamei por Bella, que estava fechando o celular. Ela evitava me olhar, andando de cabeça baixa.

 

Entramos no carro e eu dei o endereço para o motorista. O silêncio invadiu o táxi, mas nenhum de nós dois tinha coragem para quebrá-lo.

 

 

 

 

CONTINUA...

 YOU ROCK MY WORLD - MICHAEL JACKSON

 

Minha vida nunca mais será a mesma
Porque garota, você veio e modificou
O modo como caminho
O modo como falo

Eu não posso explicar o que sinto por você
Mas garota, você sabe que é verdade
Fique comigo, realize meus sonhos
E eu serei tudo que você precisa

Oh, oh, oh, oh, ooh,
Tudo parece bem
(garota)
Eu procurei o amor perfeito pra toda minha vida
(Toda minha vida)
Parece que eu
Finalmente encontrei o amor perfeito dessa vez
(e eu finalmente encontrei)

vamos lá, garota

REFRÃO: Você balançou meu mundo, você sabe disso
Eu eu dou tudo que tenho
O amor mais raro, quem diria que eu ia encontrar
Alguém como você para chamar de minha

No devido tempo eu sei que o amor traria
Esta felicidade para mim
Eu tento manter minha lucidez
Eu esperei com calma
Garota, parece que
Minha vida esta totalmente completa
Um amor que é verdadeiro devido a você
Continue fazendo o que você faz

Oh oh, oh, oh, acho que
Finalmente encontrei o amor perfeito
Que procurei por toda minha vida
(Procurei por toda minha vida)
Oh, oh, oh, oh,
Acho que encontrei
um amor perfeito e tudo está fantásticamente bom
(whoa, garota)

repete refrão

Garota, eu sei que isto é amor
Eu senti a mágica no ar
E garota eu nunca me cansarei
Isto porque eu sempre tenho que ter você aqui, hoo

repete refrão

-                 X                   -

DANGEROUS REMIX - MICHAEL JACKSON

Pelo jeito que ela entrou,
Eu tinha certeza absoluta
Que havia algo diferente nessa garota
O jeito que ela mexia seus cabelos, seu rosto, suas
curvas
Uma deusa em movimento...

Enquanto ela adentrava a sala
Eu podia sentir a aura de sua presença
Todas as cabeças se voltaram sentindo paixão e
luxúria
A garota era persuasiva
Nessa garota eu não podia confiar
A garota era má
A garota era perigosa

Ela veio até mim devagarinho
Com os olhos do desejo
Eu me senti preso em sua armadilha de pecado
Um toque, um beijo, um sussurro de amor...
Eu estava em um ponto que não dava pra voltar
Na profunda escuridão, na loucura da paixão
Eu me senti tomado por um desejo irracional

A garota era persuasiva
Nessa garota eu não podia confiar
A garota era má
A garota era perigosa

Você foi atacada,
Você foi atacada por um criminoso ardiloso!

Ela é tão perigosa
A garota é tão perigosa
Tirou meu dinheiro
Jogou fora meu tempo
Você pode me chamar de meu bem
Mas você não é boa o bastante pra mim

Perigosa
Cuidado, ela é perigosa
Preciso rezar a Deus
Porque eu sei como o desejo pode cegar
É uma paixão em minha alma
Mas você não é minha amante coisa nenhuma

Fonte: www.vagalume.com.br


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