A Life To Remember escrita por mi


Capítulo 5
But you don't know what you got till it's gone


Notas iniciais do capítulo

O trecho do nome do capítulo é da música A Little Bit Longer, dos Jonas Brothers. Espero que vocês gostem e me deixem comentários, por favor!! Beijos e boa leitura!



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A semana seguinte chegou rapidamente. Todos os dias eu falava com Daniel e Heather e nos divertíamos ou só passávamos a tarde juntos, fazendo absolutamente nada. Minha afinidade com os dois era gigantesca e eles demonstravam me conhecer bastante. Na quinta feira, eles me levaram para “conhecer” Nova York e fomos em todos os lugares possíveis. Quando era algum conhecido, como o Central Park, eles me contavam algumas histórias do passado e eu não sabia como me sentir em relação a isso. Era confuso e ao mesmo tempo bom.

         Quanto à Summer, falei com ela duas vezes. Pelo o que ela me disse, tinha perdido o contato comigo durante esses dois anos, mas a saudade que tinha de mim era imensa. Eu sorri ao ouvir aquilo, porque eu sabia que sentia também. Summer tinha sido minha melhor e única amiga durante anos e saber que pelo menos agora eu teria alguém que soubesse desses dois últimos anos tanto quanto eu atualmente, era maravilhoso. E o fato dela ainda querer ser minha amiga também era, porque queira ou não, quando eu me mudei, praticamente abandonei-a. Eu senti vergonha dessa minha atitude, mas ela me garantiu que a partir de agora, não nos afastaríamos.

         Quando a terça feira seguinte chegou, eu estava nervosa. Era o dia em que eu iria me consultar com o Doutor Harper novamente. Apesar de ter gostado dele, o medo me invadia. E se ele dissesse que minha amnésia seria definitiva? Eu teria que viver me baseando nas histórias que me contavam e que podiam facilmente ser distorcidas? E tudo que eu passei e que ninguém sabia? Será que todas aquelas emoções iriam ficar no passado, assim como qualquer fragmento desses dois anos? Eu não queria que meus medos se tornassem realidade.

         Pouco antes da consulta, liguei para Daniel. Ele me atendeu no segundo toque e sua voz foi calorosa. Ele me disse para me acalmar e que tudo daria certo e por mais que eu tentasse, eu não conseguia acreditar naquelas palavras.

         - Ei, não fica assim Sam. – Ele disse carinhosamente e eu suspirei.

         - Não dá, Danny. 

         - Dá sim, cadê aquela Sam sempre positiva e confiante que eu conheci, hein? – Ele perguntou, tentando me animar e eu suspirei de novo. Sem pensar, o respondi:

         - Aquela Sam deixou de existir depois daquele acidente, em que eu perdi qualquer tipo de memória sobre ela.

         Depois da nossa conversa, o medo só aumentou. Eu e mamãe almoçamos e eu não falei nenhuma palavra durante a refeição. Saímos de casa em cima da hora da consulta e quando chegamos no hospital, a minha situação piorou. Aqueles corredores brancos e cheios de médicos me deixaram apreensiva e eu não vi a hora de chegar no consultório do Doutor Harper. Quando chegamos, entramos na sala quase que imediatamente.

         O médico tinha em seu rosto um sorriso largo, tranquilo, totalmente diferente de como eu estava por dentro. Ele estendeu a mão para mim em sinal de educação e eu apertei a sua mão fortemente.

         - Como minha paciente mais bonita está? – Ele perguntou e me olhou.

         - Com medo. – Fui sincera.

         - Medo de que?

         - Das respostas que eu vou ter com essa conversa. – Respondi e o olhei. Ele me olhou por cima dos óculos e suspirou baixinho.

         - Antes de qualquer resposta que eu possa lhe dar, eu preciso fazer uns exames rápidos, aqui mesmo na sala.

         Assenti e fui até uma pequena maca que tinha no canto da sala. Ele usou alguns aparelhos em mim e depois me mandou ir me sentar. Assim o fiz e mamãe segurou minha mão firmemente. Aquela seria a hora que eu tanto temia.

         - Samantha, antes de tudo eu preciso que você se acalme. – Ele me olhou, preocupado. Eu respirei fundo e fechei meus olhos. Eu não aguentaria o peso do olhar dele em mim. – O seu caso é complicado. Eu não consigo ter certeza de nada sobre ele, porque esse problema é desse jeito. Intrigante, varia de pessoa por pessoa. Às vezes a amnésia apaga uma vida inteira, às vezes uma semana. No seu caso, foram dois anos. Quanto a isso, não tenho como garantir que você vá adquirir a memória novamente. Existem possibilidades de você nunca conseguir lembrar do seu passado. – Ele respirou fundo e cada palavra me partia por dentro. Sangrava, ardia. Eu não podia continuar assim. – Mas pode ser que algum dia você consiga recuperar. Talvez as lembranças voltem por meio de sonhos, pensamentos, situações parecidas que você está vivendo agora, mas que já viveu antes. Talvez elas voltem do nada ou então por meio de uma pancada. Talvez ela volte em anos, ou talvez ela volte em horas. Eu não tenho como lhe garantir absolutamente nada, Samantha.

         Eu abri meus olhos e o olhei. Percebi que minha visão estava embaçada e percebi que lágrimas se acumulavam. Respirei fundo e deixei que elas rolassem.

         - O mais importante de tudo é que você não perca a calma e sua felicidade. Sei que o caso é complicado e que mexe muito com seu emocional, mas sua felicidade não pode se basear nisso. Talvez tenha cura, Sam. – Ele disse naturalmente.

         - E talvez não tenha. – Minha voz era rouca por causa das lágrimas e eu funguei. O médico me olhou com pena. – Não tem nenhum tratamento, remédio, solução pro meu problema? – Perguntei nervosa.

         - Não. Não tem nada que você possa fazer e que garanta sua cura. Mas, você pode tentar ir num psicólogo. – Ele falou e me olhou apreensivo.

         - Não tem nada que possamos fazer e que possa ajudar Samantha? – Mamãe se manifestou pela primeira vez e eu notei que sua voz era trêmula. Ela deveria estar guardando lágrimas também. O médico negou e me receitou mais alguma série de remédios, que não me devolveriam minha memória. Não prestei mais atenção ao que o Doutor Harper dizia.

         Eu me recusava a aceitar essa resposta como definitiva. Minha mente não podia se contentar com um talvez. A ideia de viver assim era dolorosa, sofrida demais. Eu precisava lembrar, qualquer coisa servia. Fechei meus olhos e forcei. Tentei visualizar a primeira imagem que tive de Danny, das sensações que aquilo me trazia, mas o máximo que eu via era criado pela minha mente, eu tinha certeza daquilo.

         A consulta finalmente acabou e saímos de lá. Eu não falei nada, mamãe também não. Ambas sofríamos em silêncio pela mesma causa. Ambas tínhamos medo e a falta de esperança era gigantesca.

Quando chegamos em casa, fui para meu quarto e o telefone não tardou em tocar. Reconheci o número instantaneamente. Era Danny. Atendi e ele logo reconheceu minha voz de choro. Antes que eu pudesse falar qualquer coisa, ele disse que estava vindo para minha casa e desligou. Minutos depois, ouvi o barulho na porta e mandei entrar. Ele sentou na beira da minha cama e me encarou. Mais lágrimas saíram pelo meu rosto e ele me abraçou com força. Seus braços fortes tinham o tamanho perfeito para mim. Era aconchegante, familiar. Seu cheiro era maravilhoso, assim como a textura da sua pele. Respirei fundo e contei tudo sobre hoje para ele. Quando terminei, compartilhamos um olhar cheio de significado. Ambos sentíamos muito. Ambos estávamos com medo. Ele me abraçou novamente e afagou meu cabelo.

- Vai dar tudo certo, eu prometo. – Ele sussurrou pra mim – Sei que isso não depende de mim, mas vou fazer o possível e o impossível para você se lembrar ou pra pelo menos você se sentir confortável com a sua situação. Se isso significa que eu deva parar de falar do passado ou de cobrar alguma coisa a você, tudo bem, eu paro. Eu só quero te ver bem. – Ele terminou e seus olhos encontraram os meus. Eu assenti e ele também. Ele deu um beijo na minha testa e eu me senti incrivelmente bem depois daquilo. Ele precisou ir embora e meu humor já estava um pouco melhor.

Fui até a sala e abracei mamãe com força. Ela afagou meu cabelo e disse para mim:

- Apesar do que o doutor disse, eu tenho certeza que você vai conseguir lembrar. Você é forte. – Suas palavras entraram pelos meus ouvidos, seguindo até meu coração.

Eu era forte. Eu ia conseguir lembrar.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Me deixem saber, por favor!



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