Sutilmente escrita por Mina Phantonhive


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Dragon Ball Z não me pertence!
Esse vai ser um capítulo mais introspectivo porque é assim que eu vejo a Chichi. Se tiverem sugestões, só mandar.



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Ela continuava seu caminho em direção a casa, andando sobre as folhas secas, pensando em quantos outonos ela se ocupou juntando todas as folhas e nem sequer pulava sobre elas e quantas primaveras ela imaginou passar ao lado de seu marido, rindo e colhendo flores.  Ou ainda sozinha, colher flores para colocar em um vaso ou ainda correr pelos campos para simplesmente sentir o seu aroma.

Era como se aqueles sonhos simples estivessem presos em um compartimento esquecido em sua alma e agora resolveram aparecer, não que ela não gostasse de simplicidade, mas era sempre atrelada ao marido. E sempre era em prol dele porque nada se comparava a ser a esposa de Son Goku, o guerreiro dos guerreiros.

Embora ele não se comportasse como um marido tradicional, ele era um bom homem, mas Chichi não se sentia mais uma boa mulher, fazia tempo que tinha se esquecido da sua essência, do seu ser. Ela sabia o que era somente sob a perspectiva alheia. Sabia que era uma esposa brava, uma mãe exigente e uma boa cozinheira. Também era uma filha teimosa e criada sob padrões tradicionais. Não sabia falar direito até ir estudar fora e ser ensinada por outras pessoas, mas saber quem ela era...por ela mesma...isso ninguém ensinou e parecia que naquela casa ela iria descobrir.

Subiu os degraus com toda a velocidade até parar diante da porta de madeira. Com as mãos trêmulas fez um esforço para chegar até a maçaneta e com apenas um toque a porta se abriu.

A casa não era escura por dentro, muito pelo contrário. Estava iluminada e parecia um ambiente agradável, podia se ouvir uma  música sofrida que fazia com que Chichi se emocionasse, mas não era uma emoção de todo ruim, era uma emoção que mexia com sua alma, que reberverava seu interior  e a fazia seguir em frente.

Havia um piano de cauda e próximo a esse piano havia um quadro onde havia uma imagem de uma família, que parecia perfeita de início, de longe, mas conforme Chichi se aproximava, o quadro perdia a forma, perdia a suposta perfeição, contudo, as pessoas retratadas não pareciam menos felizes. O quadro atraía Chichi, a chamava, ela tinha que ir. Tinha que chegar mais perto. O quadro a fazia se lembrar de sua família, tinha uma semelhança, brutal. Eram 4 pessoas, 3 homens e uma mulher. Os homens pareciam descansados, felizes e satisfeitos.

A mulher, contudo, parecia muito cansada; de longe ela parecia forte, decidida e muito elegante, mas Chichi se aproximou e pode ver sinais de cansaço, sofrimento e disfarce. A mulher disfarçava e muito, o que sentia e podia ser visto no seu olhar para os seus entes.

Havia um ressentimento, não declarado. O quadro não era mais estático, mas era vivo, conforme Chichi se aproximava, ela não percebia, mas ficava cada vez mais pálida, mais translúcida, e a mulher ficava cada vez mais nítida. Não, de modo algum elas eram iguais. A mulher retratada era loira, olhos claros e parecia da realeza, trajava roupas de épocas antigas, daqueles bailes venezianos e Chichi, estava com o mesmo traje chinês, simples que ela usava para fazer os mesmos serviços domésticos. Mas ela sentia que eram exatamente iguais, estavam se fundindo, até que a mulher a parou. A mulher do quadro a pediu pra parar. Estendeu o braço em posição de “pare” com a mão aberta mostrando a palma em um claro sinal de proibição. “ Não avance mais Chichi”. – ela dizia.

“ Mas quem  é você?” – Chichi perguntou.

“Eu não sei responder quem sou eu na verdade; meu marido e meus filhos diziam que eu era brava, linda e elegante, eles sempre se mostraram abertos a me conhecerem, mas eu nunca o fiz. Achei que deveria passar uma imagem completamente resolvida, que eu deveria ser resolvida, todas as regras claras.

Eu não sei quem sou Chichi, mas sei que a minha alma está presa nesse quadro porque eu desejei de todo o meu coração ficar assim pra sempre. Porque era o que eu conhecia. Conforme o tempo foi passando eu esqueci meu nome, esqueci do que eu gostava, esqueci o que eu era...mas esse quadro me lembra o que eu fui para as pessoas que eu amei...e essas lembranças me atormentam. Porque eles sempre pareciam felizes, mesmo quando eu não era. Não era justo comigo, eu também tinha o direito, mas eu não lutei por isso, pois pra mim, eu era simplesmente a cozinheira e esposa, mas não era a amiga, a conselheira, eu não me sentia ninguém.

Eu achava que as coisas não podiam mudar. Eu era uma esposa dedicada, mas esqueci de lutar pelo meu direito de ser mulher, de ter o meu homem que eu tinha que dividir com todos. Chichi, se você chegar mais perto, por causa da semelhança de nossa história, ficarei tentada a possuir seu corpo, perceba que está ficando cada vez menos nítida. Vá embora daqui, descubra quem você é!”

Chichi não sabia o que dizer e nem o que pensar, embora também não soubesse quem era, ficou clara a necessidade de descobrir, agora era pensar como faria isso. Só tinha uma coisa a fazer. Explorar as possibilidades.

Antes que pudesse pensar como faria isso, ouviu uma voz chamando-a ao longe, não era do seu marido e nem de ninguém conhecido e essa mesma voz a tirou do torpor e a fez sair correndo dali.


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