Um Feliz,Feliz Natal!!!

Nem sei por onde deveria começar...Talvez me apresentar?Me descrever?Ser um maldito estraga prazeres e contar o final desta história antes do próprio escritor escreve-lo...É realmente ñ sei por onde começar...

Eram quase seis horas,o martelar infernal do relógio não me deixava raciocinar.

- Maldição!

Estava quase na hora,eu ali,parado.Em uma escada,esperando meu príncipe,.

Que não andava em um cavalo branco,mas que ainda sim reluzia tornando minha visão num caleidoscópio.

Com um olhar que faria qualquer pessoa mergulhar em êxtase,um olhar forte e ainda assim gentil,daqueles que você só vê em filmes.Tão encantador (suspirei)*

O príncipe passou.

E foi como cena de filme,ele parecia movimentar-se em câmera lenta e a suave brisa tentando o deter,fazendo com que seus cabelos negros esvoaçassem,sentia que não podia respirar enquanto ele passava por mim,e não o fiz.

Ele finalmente passou,majestosamente,reluzindo.

E agora que voltará a respirar seu perfume invadia vagarosamente minhas narinas.O príncipe se afastava a passo firme,minha cena de filme teve seu fim e tudo que enxergava eram suas costas.

Um tanto deprimente ver aquele que se ama se afastando sem sequer saber de sua existência,deprimente observá-lo a distância todas as vezes,muitas das vezes escondido pois temia ser descoberto (o que acho improvável,pois acredito que nem mesmo saiba que existo)é deprimente e um tanto patético perseguir e aos cantos suspirar por alguém que nem mesmo te nota,mas quem sabe,talvez seja culpa minha por ser um covarde,inseguro,minha culpa por ser uma pessoa com as mesmas inseguranças que qualquer outra também possui,mas ainda me questiono do porquê de ter nascido e crescido tão "normal",sonhando em ser reluzente como o príncipe que apenas me atrevia a observar,sonhando em ser quem nunca seria,era apenas uma abóbora que a fada madrinha nunca deixaria ir ao baile,era apenas eu e só isso.E isso era patético.

Okey eu sei que parece uma novela mexicana,mas é o que tem para hoje.É eu sei,também não gosto de histórias melosas.

Mas essa é a minha,minha história melosa.

Agora que já me depreciei um tanto *devo sofrer de baixa autoestima*

continuemos~~

Olhei para o relógio e suspirei,estava novamente atrasado,mais um dia,mais do meu salário descontado.Corri.Tomei uma bronca e quase fui despedido.

Valia mesmo eu continuar a observa-lo,continuar a me atrasar.Não,claro que valia,mas não era muito exagero da minha parte.Segui-lo,e deixar tudo além de lado?

- Ahhhhhhhhhhhhhh como eu sou idiota...Pensando bobagens,deveria apenas fazer meu trabalho.

~~Poucos dias depois~~

Era minha ultima aula,se me apressasse talvez poderia dar uma olhadinha em Alan (*príncipe*) o sinal soou e eu sai a correr como um maratonista,fui ao mesmo lugar que sempre ia para espreitá-lo ~~a escada~~

Lá estava novamente,espreitando meu príncipe Alan (nem tão meu,mas ainda um príncipe).

Minha respiração por um momento falhou.

Com a boca semi-aberta estava pasmo,havia uma garota.Já era de se esperar,mas realmente torcia para que não houvesse nenhuma.Ele sorria gentilmente a ela,acho que eu senti uma pontada de ciúme.

Eu realmente era e ainda sou um idiota,claro que ele teria uma namorada,como não,ainda mais sendo ele,ainda assim,mesmo sabendo que era o esperado, ainda doía terrivelmente...Assim como uma farpa no dedo,doendo,te fazendo até mesmo chorar,senti uma farpa sendo cravada em meu peito,mais precisamente no meu coração.

Talvez estivesse na hora de parar,parar de persegui-lo,de sonhar acordado,suspirar pelos cantos,me atrasar,seja mais o que quer eu tenha esquecido de mencionar,estava na hora de parar.Já estava fazendo um esforço sobre-humano para não chorar,é,homens também choram,e tenho todo o direito de chorar quando meu coração está estraçalhado sem nem ao menos ter sido amado.

Dei passos dolorosos,me afastando cada vez mais até não poder mais enxergar Alan ou a garota para quem perdi sem ao menos lutar,minhas pernas ficaram paralisadas por um curto instante depois deram uns poucos passos fraquejantes.Um passo,depois outro e mais outro e quando percebi estava correndo não podia vê-los mesmo assim minhas pernas continuavam a mover-se...Devo ter parado em algum lugar um tempo depois.

Não me lembro especificamente do dia em que meu coração foi sepultado.Não me lembro do dia em que "morri".

Depois deste dia fazia de tudo para me livrar do meu amor platônico,me livrar dos sentimentos inúteis que carregava inutilmente,criaria a coragem necessária para arrancar a parte em meu peito que ainda o amava independentemente de seu sexo,ou de ele saber ou não sobre meus sentimentos,arrancaria o pedaço que me fazia tão inseguro,arrancaria todo e qualquer vestígio que restasse em meu peito do amor inútil que eu senti por ele algum dia.Claro,não o culpo assim como não culpo a garota,culpo apenas a mim e minha maldita covardia,era apenas um desgraçado que sentia medo de dizer o que sentia,falar,fazer qualquer coisa que fosse contra princípios éticos,apenas um maldito covarde que deixou que seu "amor" fosse soprado pelo vento,e assim como um castelo de cartas,ruísse.

Eu já nem sabia se deveria ou não ir a faculdade,pois de certa forma eu não cheguei nem mesmo a ser rejeitado,mas por outro lado doeria ver o príncipe com a princesa,o reino que não seria tão perfeito,as ninfas e os duendes que seriam apenas...Nem sei mais que tipo de bobagem estou escrevendo.

~~~~

Em poucos dias entrariamos em recesso por causa do Natal e Ano Novo...Eu não sabia mais o que deveria fazer,me confessar ou engolir os sentimentos.

A indecisão de me confessar e ser rejeitado de vez martelava em minha mente,eu sabia que seria dispensado mas não queria que isso acontecesse.

Estava conversando com Lien meu melhor amigo,ele já sabia sobre Alan..Estavamos a beber.

- Lien,me entenda eu não posso chegar lá e simplesmente dizer "oi eu sou um cara,gosto de você".

- Claro que pode,você é um cara,e daí?Não é homem o suficiente para encarar ele cara a cara e dizer o que sente?Você é mesmo um homem?

- Claro que eu sou um homem!

-Ter um pênis não significa que você é necessariamente um homem!

- Então que diabos eu deveria fazer?Isso esta me fazendo enlouquecer.

- Vá até seu "príncipe" e diga tudo a ele.

- como se fosse fácil chegar nele com a cara e a coragem e simplesmente derramar tudo que eu sinto,acho que nem mesmo bêbado eu teria coragem de fazer tal coisa...

- Quer saber de uma coisa?!Cansei,continue com essa merda de "ain falo com ele ou não,ain isso vai me deixar louca" você gosta de alguém que tem o mesmo sexo que você,por acaso acha que a sociedade aceitaria isso facilmente?!

Pior,você nem mesmo é forte o suficiente para encarar uma sociedade preconceituosa,você gosta dele,mas nem mesmo tem a coragem de dizer,fica se corroendo pelos cantos...Eu nunca pensei que meu amigo fosse tão covarde com ele mesmo.Faça como bem entender,sua decisão só fará mal a você mesmo.

Lien saiu cuspindo fogo,eu entendia-o,eu era mesmo um covarde,mas tinha finalmente tomado minha decisão...Eu ia no "tudo ou nada".

Eu tinha tomado minha decisão,só precisava da coragem necessária para dizer tudo a ele.

Haviam se passado dois dias e nada,hoje seria minha ultima chance antes do Natal.Hoje seria o dia de ser correspondido (o que acho um tanto impossível) ou ser chutado...Eu finalmente falaria a Alan.

Só precisava encontra-lo.resolvi esperar na escada,de onde sempre o observei...apenas observei.

Sentei num dos degraus da escada e esperei que ele passasse,passaram-se quase uma hora e ele ainda não havia aparecido,estava quase desistindo de dizer a ele,quando comecei a me levantar ergui o olhar e o avistei vindo em minha direção,reluzente como sempre.Alan aproximava-se cada vez mais,minha mente foi ficando em branco estava quase esquecendo o porquê de estar ali,respirei fundo,criei coragem (um pouqinuinho só)e disse:

- Posso tomar um pouco do seu tempo?

Alan nada disse,então resolvi falar...meu coração batia acelerado,minha visão estava um pouco turva,mas isso não importava,era a hora do tudo ou nada.

Minhas mãos tremiam,coloquei-as nos bolsos.Não queria que ele percebesse o quão nervoso estava.

Depois de respirar fundo por fim falei:

- Príncipe.Digo Alan.Gosto de você.

Ele olhou-me por um tempo e por fim falou:

- Isso é nojento.

Por algum motivo já sabia que seria dispensado e esse era exatamente meu maior medo.

Alan continuou a falar:

- É nojento,eu não quero isso,repulsivo,nem em meu pior pesadelo eu poderia amar outro homem...É doentio...

Parou.Como se repentinamente sentisse pena de mim*

- Me desculpe.(Suspirou*).Eu não posso aceitar algo assim,já há uma pessoa de quem gosto... *tipo de desculpinha mais meia boca*

- De certa maneira eu já esperava algo assim,(tentei sorrir*),tudo bem,eram apenas sentimentos tolos e inúteis,de nenhuma maneira quero que sinta repulsa,pena ou mesmo qualquer outro tipo de sentimento que lhe faça/cause algum mal,ainda mais por minha causa...Eu sei que de nenhuma maneira tenho chances de ser correspondido,e nem esperava ser...Só queria dizer que gosto de você...Então,é isso...Obrigada por me escutar,e me desculpe.

Virei-me,e dolorosamente caminhei esperando ali não desmoronar...

– Ei..(Alan chamou)..Espero que tenha...Um Feliz Natal.

– ...Você também...

Derramei uma única lágrima,esta acabou se perdendo no buraco que se fez em meu peito..

Com toda certeza seria um "FELIZ,FELIZ NATAL"...

~~Fim~~