13 anos depois

A menina alta e esguia, de cabelos muito negros e longos, se balançava nas pontas dos pés, o rosto virado para cima, aproveitando o sol do fim de tarde, enquanto a maré do mar ia e voltava. A melancolia estava estampada no seu rosto, e isso partia meu coração. Ao seu lado, correndo nos pés gordinhos, brincava William.

Jacob e eu estávamos sentados na areia, eu colada em seu corpo para me aquecer.

–Será que não podemos contar a ela mesmo, Jake? – perguntei, tendo plena certeza de que já havia dito isso mil vezes. – Odeio vê-la assim.

O filho de Sam e Emily, Joshua, havia chegado aos treze anos e, infelizmente, havia um vampiro na região: ele se transformara. Então ele estava deixando Sammy de lado, e ela não conseguia compreender isso.

–Sabe como as coisas funcionam. – disse ele com aquela velha autoridade no olhar. – Não podemos revelar o segredo.

Jacob não era muito fã da relação de Sammy e Joshua. Os dois cresceram juntos e, por mais que o laço deles seja muito forte, eu sabia que era ainda inocente. Mas Jacob ainda assim não gostava muito, o ciumento...

–Ela é esperta. – falei. – Quanto tempo acha que vai demorar até ela descobrir sozinha?

Jacob não respondeu, mas sorriu de canto: Samantha era muito astuta para o seu próprio bem.

William agora puxava Sammy pelas roupas; ele chegara aos terríveis três anos. Rimos com as travessuras de nosso caçula.

–Mãe! – gritou Sammy. – Tira ele daqui!

Ela veio até nós, de mau humor, com William ainda em seus calcanhares.

–Quando ele vai crescer? – perguntou ela.

–Acredite: vai sentir saudades quando isso finalmente acontecer. – disse Jacob.

Ela revirou os olhos. No temperamento era Jacob sem tirar nem pôr...

–Vem cá. – chamei-a e dei um beijo em sua testa, enquanto Will pulava em cima de Jacob, gritando como um maluquinho. – A gente vai dar um pulo lá no Sam depois, e você vai poder ver o Josh.

O sorriso dela iluminou seu rosto, seus olhos brilharam.

–Obrigada, mamãe! – ela me abraçou. – Eu vou indo para o carro, então!

Ela saiu correndo.

–Ei! – chamei-a, sem conter a felicidade de vê-la animada. – Leve o seu irmão!

Ela voltou apressada e pegou Will no colo, novamente saindo às pressas. Jacob me olhou, a cabeça balançando.

–Quero ver se vai continuar apoiando a amizade desses dois quando eles forem mais velhos...

–Ah, não seja bobo! – beijei-o longamente.

Fitei seu rosto, já marcado pelas linhas do tempo, e sorri ao ver que a chama do nosso amor jamais havia se extinguido mesmo com o passar dos anos. Nós éramos, agora, a versão melhorada de nós mesmos; o tempo só se provara um aliado ao nosso crescimento. Poderíamos estar à mercê das fragilidades humanas, mas isso curiosamente nos tornava mais fortes, tornava nosso laço mais forte. As letras gravadas no meu pingente não poderiam ser mais verdadeiras:

Amor é imortal.

Fim