O Outro Lado Da Lua escrita por Marie Caroline


Capítulo 91
3x20 - A mártir


Notas iniciais do capítulo

Mais outro... Comenteeeem tudinho :)
Beijocas



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Ponto de vista: Jacob

Para o pouco tempo que tivemos, diria que conseguimos nos organizar muito bem. Dividi a matilha em grupos, baseado nas nossas prioridades. Seth, Jared, Carlisle e eu – juntamente com Edward, Quil, e Renesmee (esta última insistiu tanto, que Edward e Bella tiveram de deixar. Até mesmo por que da última vez não adiantou tirar ela da batalha, por que a batalha foi até ela). – ficaríamos cada grupo em um ponto aguardando o sinal de Joham, que ligou a mais ou menos há uma hora dizendo aonde Emily e Ayane haviam escondido Agatha. Eu quis me chutar quando ele contou como elas encobriram o rastro de Agatha com o sangue de outra pessoa, e depois a trouxeram para um lugar tão óbvio: estávamos perto da reserva, mas não tão perto a ponto de que algum dos garotos pudesse ouvi-las.

Os outros estavam basicamente espalhados em pontos estratégicos para garantir que, se Joham desse uma de engraçadinho, pudéssemos facilmente persegui-lo. Já Alice, Bella e Jasper ficariam no ponto onde a primeira vira os Volturi. Não era longe daqui, e era com isso que contávamos; Joham não poderia escapar deles.

Até agora tudo estava tranquilo demais para o meu gosto. As árvores à nossa volta não se mexiam; o tempo estava abafado demais para ventar. Joham insistiu que ficássemos o mais longe que pudéssemos do casebre, por que temia que se Emily nos ouvisse ela poderia enlouquecer e matar Agatha no desespero. Então Joham quis que o deixássemos ter um tempo para convencê-la a desistir. Esperava ansiosamente pelo sinal de Joham – aqueles dispositivos que faziam uma chuva de fogos de artifício – mas até agora nada. Começava a ficar ansioso, andando de um lado por outro em minhas patas.

Calma Jake. – disse Seth. – Ele vai dar o sinal daqui a pouco. Vamos conseguir pegá-la.

E se ele aprontar alguma?

Se ele fizer isso, a baixinha vai poder prever. – argumentou Quil.

Aí, nós acabamos com os três. – acrescentou Jared, sedento por ação.

Acabamos com os dois. – Corrigiu Seth. – Pelo o que vimos a Ayane é inocente.

Humpf. Até que se prove o contrário. – rebateu o outro.

Mas eu não era o único ansioso. Renesmee ficara tão nervosa, que passou para o nosso lado para ficar com Seth. Ela andava de um lado para o outro. Às vezes parando ao lado de Seth e agarrando o pêlo cor de areia dele; eu via que aquilo a acalmava tanto quanto a Seth. E tentei não sentir inveja pelos dois estarem juntos, e Agatha tendo que passar por tudo aquilo sozinha. Só de imaginar a cena, já sentia a fraqueza me dominando e ameaçando derrubar minhas pernas e me deixar prostrado diante da dor.

Então, de repente, ecoou um grito tão alto que, nós de uma distância considerável, conseguimos ouvir claramente. Era Agatha.

Não pensei duas vezes: disparei pela floresta, o coração a mil, meu cérebro trabalhando tão rápido que pensei ter ouvido o crânio partir em alguns pontos. Ouvi os outros gritando coisas em minha cabeça, misturando as imagens aterrorizantes dos pensamentos deles com os meus. Mas uma voz se fez ouvir no meio da confusão que se instalara.

–Jacob, não! – era Seth. – Você ouviu o que Joham disse: não podemos interferir antes do sinal!

DANE-SE O SINAL! – rugi. – Você a ouviu gritar!

Todos corriam atrás de mim agora, pesando os meus argumentos com os do Seth.

–É, eu ouvi! Mas se interferirmos agora, Joham vai matá-la! Você não sabe por que ela gritou!

–Esse é o problema! Eles podem estar a matando agora, e eu sem saber!

Cara, para de correr! – Seth insistia.

Não diminuí a velocidade. Seth se interpôs em meu caminho, de modo que trombamos um no outro e caímos. Ele levantou um segundo depois de mim. Eu já rosnava ameaçadoramente.

O que pensa que está fazendo? – comecei a rodear Seth, dominado momentaneamente pelo instinto natural de lobo.

Seth não hesitou; falou de uma forma confiante e definitiva:

–Impedindo você de fazer uma besteira. Vamos lá, Jake! É só esperar mais alguns minutos.

Era estranho, mas algo me dizia para colocar Seth no lugar dele. Meu instinto estava gritando para o fato de que ele parecia estar exalando uma autoridade antes nunca vista. Os outros se amontoaram à nossa volta; eles esperavam uma ordem, e me irritei por que eles pareciam estar esperando que qualquer um desse uma ordem.

Quase tudo em mim me impulsionava para submeter Seth à minha vontade, fazê-lo me obedecer... Era tentador demais. Mas não. Eu jurei nunca fazer isso com nenhum dos meus irmãos.

Seth acompanhou cuidadosamente todos os meus pensamentos divergentes. Fiquei feliz de saber que ele não duvidou nem por um segundo que eu não iria tirar a vontade dele.

–Então, o que faremos? – perguntou Quil.

Mal ele perguntou isso, quando ouvimos a explosão. Acima dás árvores começava a surgir uma fumaça sufocante, que combinava sinistramente com o tempo fechado e a pressão do ar.

Agora, nenhum de nós tinha dúvida do que fazer. Sem qualquer aviso, começamos a correr em direção de onde viera o grito e de onde também vinha a fumaça.


Ponto de vista: Agatha

–Vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem. – eu dizia sem parar, agachada ao lado de Ayane. Não sabia o que fazer. Será que devia tirar a faca do peito dela? Será que corria e buscava por ajuda? Eu não sabia o que fazer...

Ayane balançava a cabeça freneticamente.

–Não... você tem que sair daqui. – ela disse com a voz fraca. – Acabou para mim. Só... só saia daqui e encontre Jacob.

–Não, nem pensar! – protestei imediatamente. – Carlisle já vai chegar aqui e ele vai curar você rapidinho, você vai ver...

Agora lágrimas escorriam dos olhos dela.

–Eles não podem me encontrar... é melhor assim...

Aquela conversa de morte estava pilhando meu cérebro. A pressão em minhas têmporas estava aumentando. Eu também chorava agora, um ato quase inconsciente. Sentia-me horrivelmente cansada e aturdida além do limite. E por falar em limite, o meu já fora ultrapassado há muito tempo. Havia um garoto morto jogado no canto sem cabeça, havia uma garota em meus braços que preferia morrer a continuar fugindo... E eu não sabia o que fazer.

–Ok, ok... – sequei minhas lágrimas, tentando tomar as rédeas da situação. – Eu vou buscar ajuda. Não podemos mais esperar por eles. – eu me recusava a pensar que algo havia acontecido para Jacob não me buscar imediatamente. – Eu já volto, ok? Não precisa ter medo dos Volturi; a gente dá um jeito.

Tentei me levantar, mas Ayane segurou minhas roupas, a cabeça ainda balançando negativamente. Peguei sua mão com força.

–Você não vai morrer. Eu não vou deixar.

Afirmei-me nas pernas e saí pela porta do casebre caído aos pedaços. O dia estava estranho. As nuvens baixas demais, o ar estagnado e seco. Eu começava a me sentir tonta à medida que corria pela grama baixa. Não sabia exatamente onde estava, mas parecia estranhamente familiar. Minhas roupas estavam grudadas devido ao sangue que secara ali, e isso dificultava a minha movimentação. Quando estava a uma distância considerável da casa, ouvi estalidos crepitarem ao longe.

Virei-me, a respiração entrecortada pela corrida, e vi o brilho das chamas começando a irromper pela porta e janela do casebre.

–NÃO! – gritei de pavor. Imediatamente refiz meu caminho de volta para onde deixei Ayane. A dor em meu ventre piorava e isso, entre tantas coisas, estava me deixando apavorada. Mas enquanto via as chamas cada vez mais altas, não pude pensar nem por um segundo em abandonar Ayane para pedir ajuda; ela salvou minha vida, esteve esse tempo todo evitando que algo terrível acontecesse. Simplesmente não podia deixá-la...

Foi só quando estava a poucos metros do casebre que consegui vê-la. Ayane estava sentada agora, a faca fora de seu peito. As chamas reluzindo em seus olhos, enquanto o fogo seguia caminho pela gasolina derramada. O terror gélido em seu rosto foi dominado pela língua de labaredas chamejantes. Entre fogo e gelo, o fogo sobressaiu. E a consumiu por inteiro, junto com o casebre.

As cores nubladas e difusas dançavam diante de meus olhos, enquanto sentia o corpo perder as poucas forças que restavam e os joelhos cederem. Atingi o chão no exato momento da segunda rodada de explosões.


Ponto de vista: Jacob

Cheguei a uma clareira vasta e imediatamente a vi. Caída no chão, diante das explosões do casebre, que começava a expelir uma fumaça acre e fedorenta. Não me importava o que tivesse acontecido ou quem tivesse morrido nessa explosão. Corri para Agatha, voltando à forma humana sem me importar com a falta de roupas.

Ela estava desmaiada, completamente mole. Peguei-a pelos ombros.

–Agatha, meu amor acorda. – toquei sei rosto, sua pele estava fria. – Acorda, por favor...

Os outros começaram a rodear o local, intrigados com o incêndio. Seth, Carlisle e Renesmee vieram até Agatha, preocupados.

–Carlisle, nós temos que tirar ela daqui. – disse desesperado. – Ela tá muito fria.

Carlisle pegou o pulso de Agatha. Depois de algum tempo, também disse:

–Sim, temos que tirá-la daqui imediatamente.

Edward se aproximou.

–Vou ligar para Emmett para ele trazer o jipe. – então ele dirigiu-se a Renesmee. – Ligue para Alice, precisamos saber quanto tempo temos até os Volturi virem.

Disse aos garotos para irem circular a área para certificar que estava tudo limpo. Os Cullen, tirando Carlisle que continuava acompanhando os batimentos de Agatha, foram examinar o casebre. Fiquei o tempo todo observando o rosto de Agatha, esperando ela acordar... Finalmente a tinha novamente nos braços, mas isso não diminuía a agonia crescente em meu peito. Via no rosto e no corpo dela o reflexo dos horrores que passara. As roupas ensanguentadas, as olheiras profundas abaixo dos olhos, os vários machucados que cobriam desde a sua garganta até os braços, mãos...

Tentei com todo esforço conter os tremores que começavam a sacudir meu corpo. Carlisle percebeu e disse:

–Não há dúvida de que Agatha passou por várias lesões... Mas só posso ter certeza do quanto sua saúde foi prejudicada quando fizer alguns exames nela.

Assenti sem tirar os olhos do rosto dela.

Não me importava Joham. Não me importava Emily. Eles que fossem para o inferno. Eu ficaria aqui e cuidaria dela.

Pensei na atitude de Seth há pouco... a autoridade que pareceu emanar dele repentinamente, a força de vontade para fazer a coisa certa; o garoto sempre foi honesto e justo. Sem dúvida, para ele a eternidade sempre na mesma forma o agradava; Renesmee também viveria para sempre... Ele abraçaria o que eu estava prestes a pedir, tinha certeza.

E eu passaria o resto dos meus dias com Agatha e nosso filho.

Mal formulei esse pensamento quando Agatha mexeu-se em meus braços. Observei, cuidadosamente, ela abrir os olhos. Ela parecia não acreditar no que via. Apertou os olhos e só quando eu peguei a sua mão, ela pareceu acreditar que eu estava mesmo ali. Um suspiro de alívio escapou da sua boca ao mesmo tempo em que se jogava em meus braços. Ouvi-a soluçar enquanto a apertava em meus braços, finalmente conseguindo respirar direito agora que a sentia perto de mim e consciente.


Ponto de vista: Agatha

Minha cabeça não registrava muito bem o que estava acontecendo. Havia vozes falando, um crepitar sombrio ao longe... e havia definitivamente uma presença quente junto a mim. Temi estar sonhando com o toque de Jacob novamente, temi que quando abrisse os olhos, fosse me descobrir novamente no pesadelo que era ser refém de Emily... Então aproveitei mais a sensação do calor, antes que fosse inevitável acordar.

Mas quando finalmente o fiz, pensei ter perdido o juízo de vez... Jacob me encarava preocupadamente, ansioso. E se ele fosse uma alucinação? E se fosse fruto da minha cabeça perturbada e cansada?

Porém, quando Jacob pegou minha mão, senti a genuinidade do toque. Finalmente era mesmo ele! Sem esperar mais, lancei meus braços ao redor do seu pescoço, sentindo a sensação de que saía da profundidade de um oceano; finalmente sentia e ouvia tudo ao meu redor, e principalmente Jacob. Afastei-me um pouco dele, para fitar seus olhos.

–Achei que nunca... – solucei. – que nunca mais iria...

Ele pegou meu rosto nas mãos.

–Eu sei, eu sei... – ele pressionou seus lábios nos meus. – Está tudo bem agora... Eu estou aqui com você.

Ele continuava repetindo isso enquanto me abraçava e me beijava. Só depois de muito tempo – que usamos para certificar que um tinha ao outro seguramente nos braços. – foi que eu percebi quanta gente estava ali. A realidade começou a se abater sobre mim. O incêndio ainda se fazia presente lá adiante no casebre. Com um estremeção, lembrei de tudo o que acontecera naquele mausoléu.

–Jacob... – disse em tom de urgência. – vocês têm que saber que Ayane não estava ao lado de Emily... Ela é inocente, só esteve fugindo dos Volturi todo esse tempo.

Para minha surpresa, Jacob apenas assentiu.

–Sim, sabemos disso. Joham nos contou tudo. – ele escarneceu do nome do vampiro. – Mas onde está ela afinal?

Olhei automaticamente para o casebre em chamas, que faziam meus olhos arderem, mesmo que eles já estivessem vertendo água por conta própria.

–Ela disse que tinha que morrer... – sussurrei.

Jacob me encarou, sem entender. Percebi que os outros prestavam atenção à conversa agora.

–Ela me salvou – continuei com a voz embargada. – Emily ia me esfaquear, e Ayane atravessou na minha frente. Estava tentando chamar ajuda quando ela colocou fogo em tudo... inclusive nela mesma.

Levantei meus olhos e vi que os Cullen pareciam mortificados com as minhas palavras. Eu mesma me sentia paralisada de choque, porém, mesmo assim, sabia que tinha outras coisas urgentes para serem resolvidas. Virei-me para Jacob novamente.

–Joham. – minha voz estava mais firme. – Ele disse que você ia deixá-lo sair daqui ileso, e Emily também.

Jacob balançou a cabeça, um sorriso brincando em seus lábios.

Eu vou deixá-los ir, mas não posso garantir que os velhotes não vão acabar com eles.

Mas eu não confiava nisso; Joham já havia arranjado um meio para escapar das supostas leis dos Volturi...

–Não, Jacob. Não podemos confiar nisso. Joham falou algo sobre... sobre o nosso filho.

Foi o que bastou para manter a atenção dele.

O quê? – Jacob rosnou.

–Ele deu a entender que gostaria de moldar um transfigurador desde a infância... como um dos híbridos dele.

Observei os músculos dos braços de Jacob enrijecer, enquanto ele assimilava minha notícia. A voz de Renesmee veio de algum ponto atrás de mim:

–Papai, Alice não está atendendo. Ninguém está atendendo ao telefone.

Então Edward começou a falar algo muito rápido para eu entender. Olhei para Jacob; ele tinha a expressão concentrada.

–Você tem que deter Joham.

Ele balançou a cabeça, ainda pensando.

–Prometi a mim mesmo que iria cuidar de você agora.

–Você estará cuidando. – argumentei. – Eu vou ficar bem. É sério.

–Agatha, você precisa ir para o hospital. – disse Carlisle.

Jacob ainda estava em dúvida, mas eu sabia que ele iria para acabar de uma vez por todas com Joham e Emily.

–Ok. – ele finalmente disse. – Uma última vez. Definitivo.

Eu não sabia o que ele queria dizer com última vez, porém não discuti.

–Eles fugiram há algum tempo, mas acho que podem alcançá-los. – falei.

Jacob pegou meu rosto com firmeza.

–Eu volto logo, prometo. Vou acabar logo com isso e voltar para você.

Sorri e puxei-o para um beijo firme. Em seguida, Jacob beijou minha barriga.

–Acaba com eles. – eu disse quando Jacob se levantou. Ele sorriu travessamente, e então explodiu em lobo, correndo com velocidade em direção às árvores.

Voltei meu olhar para os outros. Edward e Renesmee estavam com a expressão chocada.

–O que foi? – Carlisle fez a pergunta que estava prestes a sair da minha boca.

–Alice acabou de ligar dizendo que Jane mudou o curso dos seus planos. – disse Edward, a voz mecânica. – Eles não vão atrás de Joham. Virão para questionar a razão de termos abrigado Ayane, a qual eles consideram uma fugitiva.

O ar faltou em meus pulmões. Ayane avisara sobre isso...

Edward confirmou meu temor.

–Eles vieram para nos punir.


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