O Outro Lado Da Lua escrita por Marie Caroline


Capítulo 86
3x15 - Passeio conturbado


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado ao Dia dos Namorados que está chegando. - eu estou sozinha e vocês u.u? Quero saber nos comentários quem está em um relacionamento sério, enrolado, casada, viúva, solteira sim sozinha nunca kkk e tals ok? ME CONTEM TUDO.
—-
Olha só quem postou o capítulo mais cedo!!! huahuauahua
Para variar um pouco o drama dos capítulos anteriores trouxe para vocês um cheio de ação e um pouco de comédia (não é a toa que ficou compridinho kkk) Então espero que gostem, viu. Queria agradecer como sempre os reviews anteriores. Muito obrigada mesmo meninas, vocês me fazem muito feliz *__*
Então, é isso. Comentem, digam o que acharam etc e tal... Beijinhos para todas :*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/295164/chapter/86

Não prestei muita atenção na estrada enquanto voltava para casa. Acelerei o carro para sentir o vento no rosto, achando que isso me acalmaria. Mas quando me lembrei de que não estava sozinha no carro, desacelerei imediatamente.

–Desculpa, bebê. – murmurei. – Prometo ser mais responsável. Isso é meio que novidade para mim.

Eu devia começar a pensar em nomes para ele ou ela – apesar de eu ter o pressentimento de que fosse um menino –, mas eu sentia que devia escolher nomes com Jacob. Já não bastava eu ter visto e ouvido nosso filho pela primeira vez sem ele?

Eu já estava mais do que raivosa comigo mesma e com o mundo quando cheguei à minha casa. Eu fora até o cemitério conversar com Leah esperando me sentir melhor; e ao contrário, só arranjei mais perguntas para me atormentar. Então, já que não tinha nada melhor para fazer e eu estava sozinha como sempre, peguei meu pacote de biscoitos favoritos e me sentei em frente à TV. Mas só o que estava passando eram filmes de romance. É claro. Hoje era Dia dos Namorados.

Que idiota eu era! Além de terminar com Jacob uma semana antes dessa data, eu ainda me esqueço do estúpido dia! Levei a mão ao meu colar e constatei que era uma péssima namorada. Tirei-o e o depositei em meu colo.

–Você não merece usar isso, Agatha. – disse a mim mesma.

Mal terminei de falar quando ouvi uma batida na porta. Assustei-me por um momento, mas aí conclui que se Emily estivesse mesmo aqui ela não perderia tempo batendo na porta. Levantei-me em um pulo e sem querer deixei meu colar cair no chão. Agachei-me para procurar, mas Seth gritou do lado de fora:

–Agatha, abre aí!

Fui até a porta e a abri. Observei de relance que Renesmee estava junto com ele. Voltei a me agachar perto do sofá.

–Ah, desculpa a demora gente. Meu colar caiu aqui e eu não consigo achar.

–Quer ajuda para procurar? – disse uma voz infantil atrás de mim.

Levantei-me para encarar Ayane, incrédula.

–Que droga é essa?

Renesmee gemeu enquanto Seth coçava a cabeça de um modo que sugeria que ele preferia estar em qualquer lugar menos ali. Ayane me olhou com os olhos amarelados astutos.

–Me desculpa mesmo, Agatha. – Renesmee se adiantou. – Se eu soubesse que ia dar nisso eu nunca teria pedido nada a mamãe e papai.

Eu não entendia nada do que ela falava. Meu cérebro ainda estava tentando ajustar a imagem de Ayane parada no meio da minha sala de estar como se fosse a coisa mais natural do mundo.

–Seth. – eu disse tentando respirar direito. – O Tratado passou a não ter importância nenhuma desde que eu saí da matilha?

–Ei não desconte em mim. – ele se defendeu. – Jacob deixou.

Respirei fundo uma vez e soltei o ar todo de uma vez só. Minha voz saiu estrangulada:

–Como é?

–Deu permissão para eu passar. – confirmou Ayane como se tivesse recebido a melhor notícia do mundo. – Mas eu soube que vocês dois terminaram. Que chato!  – então ela fez uma cara falsamente preocupada. – Caramba, espero que não tenha sido por causa da brincadeirinha que eu fiz no casamento. Foi só uma piada, pelo amor de Deus!

Eu a encarei tremendo de raiva. Um tremor normal, não daqueles que costumava me transformar em um lobo. A essa altura eu estava longe disso. Contei até dez e respirei fundo para não me descontrolar. Ayane me olhou com uma curiosidade quase genuína.

–Sem ataques de raiva dessa vez? Você está bem?

–Ei, para com isso. – interveio Seth. – Você disse que iria se comportar e se desculpar.

Ela suspirou e revirou os olhos.

–Ah, tem razão. – então ela se dirigiu a mim. – Me desculpe por beijar Jacob. É sério, eu pensei que todos iriam rir, mas aparentemente as pessoas esqueceram o que é humor...

Renesmee revirou os olhos.

–Esse foi o pedido de desculpas mais falso que eu já ouvi. – ela balançou a cabeça. – Desculpa, Agatha. A culpa foi minha. É que hoje é Dia dos Namorados e eu queria sair com Seth como um casal normal de adolescentes. Mas papai começou a dar mil motivos para nós não fazermos isso. Ele disse que era por causa de Joham, mas eu tenho certeza de que ele só não queria que ficássemos sozinhos.

–Tá, mas o que vocês queriam fazer? – perguntei ainda sem entender o que isso tinha a ver com Ayane invadindo minha casa.

Seth deu de ombros.

–Só ir ao cinema.

–Mas é claro, isso é impossível no nosso mundo. – disse Renesmee com mau humor.

–Eu não sei do que você está reclamando tanto, Renesmee. – disse Ayane. – No fim eles deixaram vocês irem, não deixaram?

–É, mas estamos presos com você! – ela retrucou.

–Espere aí. Como assim? – perguntei. – E que história é essa do Jacob ter deixado essa aí passar a fronteira?

Renesmee respondeu:

–Papai achou que seria mais seguro se Jacob nos levasse.

–Falando de mim?

 Virei a cabeça rapidamente. Jacob estava parado na porta olhando a cena com a expressão soturna. Eu consegui enxergar alguns traços de dor em seu rosto e isso tirou qualquer outra preocupação da minha mente.

–Jacob... – eu me aproximei dele ignorando os outros. – Como você está?

Ele fechou a cara para mim. Não o culpei; foi uma pergunta idiota mesmo.

–Não fique brava com eles. Fui eu que a deixei passar pela fronteira.

–Eu não fiquei brava. – respondi ainda olhando sua expressão atentamente.

Ayane riu com sarcasmo. Eu fechei os olhos e trinquei o maxilar. Por que Ayane estava tão disposta a me infernizar?

Quando abri os olhos novamente, Jacob estava fitando algum ponto no chão com a testa franzida.

–Que foi? – perguntei.

Ele se virou para mim, de repente furioso.

–Aquele é o seu colar?

Não compreendi de início. As narinas dele inflaram.

–Ali largado no chão.

–O quê? Ah! Não, peraí. Eu só deixei...

Ele interrompeu dando as costas.

–Não, deixa pra lá. Já entendi.

Eu ainda estava atônita quando ele passou pela porta. Levei alguns segundos para decidir se apanhava meu colar ou ia atrás dele. Por fim, decidi que devia ir até aquele que podia correr de mim.

–Jacob! – gritei. Ele estava indo na direção da floresta. – Espera! Foi um acidente.

Ele se virou com o rosto vermelho.

–Um acidente como terminar comigo? Deixa pra lá, Agatha. Eu já entendi o que eu significo para você.

Eu sufoquei.

–Não, eu só deixei cair por acidente! Ia começar a procurar, mas Ayane começou a me provocar.

Ele balançou a cabeça, sem acreditar em mim. Dei alguns passos em sua direção até estar a centímetros do seu rosto.

–É verdade! – disse agora com raiva. – Pelo amor de Deus, aquele é o anel da sua mãe. Eu nunca o jogaria fora!

A respiração dele se normalizou um pouco.

–Então... você não... não estava me dando o ultimato quando pediu um tempo?

–O quê? Não! Eu pedi um tempo por que precisava... eu precisava... – eu me enrosquei com as palavras.

Ele fitou com os olhos apertados.

–Você nem sabe o que tá fazendo, não é?

Eu começava a achar isso também.

–Eu... Me desculpa. – supliquei aflita. – Por isso tudo. Eu queria poder dizer que você pode me odiar se quiser, mas eu sou egoísta demais... Não poderia aguentar se você odiasse.

Ele me dirigiu um olhar angustiado.

–Sabe que eu nunca odiaria você. Me desculpa também... Eu reagi exageradamente. – ele suspirou. – Foi uma droga de dia...

Eu me balancei nos pés sem saber o que dizer. Nunca pensei que teria um clima tão estranho com Jacob.

–Então... Você achou alguma coisa na ronda hoje? – perguntei baixinho.

Ele pareceu um pouco decepcionado.

–Não. As coisas estão estranhas. Sem mais mortes nem nada do tipo... Os garotos estão ficando entediados. Foi por isso que concordei em levar Renesmee e Seth ao cinema.

–É. Que história é essa? Eu não entendi nada. Renesmee disse que você concordou em levá-los, mas estão que presos com Ayane...

–Carlisle acha que todo mundo tem que parar de deixar Ayane de lado. – ele pareceu constrangido por um momento. – Você sabe. Depois do que houve no casamento, ela se tornou a ovelha negra.

Ele falava como se nem sequer ligasse para o fato dela o ter beijado.

–Aí eu disse que ela poderia vir, mas aí... sabia que ficaria brava, então pedi que eles viessem na frente para saber se estava ok pra você.

A preocupação dele me tirou o chão. E mesmo estando aqui em frente a ele, senti uma saudade imensa de Jacob. Segurei-me para não tocar seu rosto.

–Então... você não está bravo com ela?

Ele apertou os olhos.

–Não. Por mais que eu tenha querido arrancar a cabeça dela na hora, eu não seria tão cruel a ponto de deixar a garota segurando vela para todo mundo na mansão, ainda mais no dia de hoje. – ele riu, zombeteiro. – Você tem ideia de como Emmett e Rosalie iam passar o dia e a noite? Nem ao meu pior inimigo eu desejaria que ouvisse aquilo...

Eu ri, concordando. Ele me observou por um momento, e quando falou, já não parecia mais tão distante.

–Senti falta do seu sorriso.

Meu coração apertou. Jacob continuou, a distancia reaparecendo, sem me deixar falar nada.

–De qualquer maneira ela não é o meu pior problema no momento, então achei que não faria diferença. – sua voz ficou baixa. – Então, você vem?

Eu não sabia se poderia ignorar Ayane tão facilmente como Jacob; mas por outro lado, eu não queria ficar sozinha, e era óbvio que Jacob não iria se eu não fosse – como se eu fosse deixar Jacob com Ayane em uma sala escura. – e aí Renesmee e Seth teriam que ficar em casa em pleno Dia dos Namorados...

Suspirei, desistindo.

–Claro, por que não?

Ele assentiu, sua expressão tornando-se hesitante.

–Agatha... eu vou ser sincero com você. Eu sei que tem alguma coisa que você está me escondendo. E eu te conheço muito bem para saber que pedir um tempo foi só um jeito que você encontrou para não contar nada.

Prendi a respiração. Jacob deu um meio sorriso inesperado.

–Mas já que hoje é um dia especial, nós poderíamos colocar uma pausa nisso tudo e aproveitar a noite, não é? Só, só vamos esquecer todo o resto e ser somente Jacob e Agatha. O que você acha?

Meu sorriso ficava cada vez maior à medida que ouvia as palavras de Jacob. Ele estava pedindo penas uma noite. Apesar de eu estar agindo feito uma louca, ele ainda queria ficar comigo. Ele sempre estava lá por mim... Não precisei de muito tempo para decidir.

–Eu acho que essa é uma ideia maravilhosa. – disse olhando em seus olhos.

Então Jacob me deu o melhor presente que eu poderia esperar: seu imenso e caloroso sorriso.

–Sério? – ele perguntou pegando minhas mãos nas suas. Todo o meu corpo agradeceu pelo seu toque.

–Sério. – confirmei.

Nós voltamos para casa de mãos dadas. Renesmee e Seth sorriram; Ayane, porém, franziu o cenho e ficou anormalmente quieta.

–Tá legal – disse Jacob. – Se quisermos pegar uma sessão antes do anoitecer, temos que ir agora.

Renesmee animou-se.

–Então, nós vamos?

–Vamos, sim. – disse. – Só preciso trocar de roupa, ok?

Fui até meu quarto quase dando pulos de alegria. Eu tinha uma noite. Uma noite sem problemas, sem segredos e nem nada para atrapalhar – bem, exceto Ayane, mas eu iria seguir o exemplo de Jacob e deixar ela de lado. Ele tinha razão; ela não era o nosso maior problema.

Catei em meu armário algo que não desse bandeira da minha gravidez. Mas estava ficando difícil arranjar roupas que não aumentasse o volume em meu ventre. Por fim, escolhi uma blusa vermelha linda que Sue me dera de natal. Estava terminando de vesti-la quando Renesmee bateu à porta.

–Agatha, tô entrando.

–Não, peraí... – disse, me apressando em terminar de me vestir; o que só me atrapalhou. Então quando Renesmee entrou, ela me viu com uma manga vestida e a outra enrolada pateticamente no pescoço.

Ela arregalou os olhos e arquejou audivelmente.

–Meu Deus! Agatha, você está...!

Corri até ela e tapei sua boca com as duas mãos, apavorada. Se eles ouvissem lá na sala eu estaria perdida. Renesmee se debateu, os olhos faiscando de curiosidade. Seria engraçado se a situação não fosse tão grave. Eu não pretendia que ela soubesse.

–Shh. Fica quieta. – eu sussurrei.

Ela assentiu e eu liberei sua boca.

–O que é isso? – ela sussurrou de volta.

Ergui um dedo pedindo que ela esperasse. Desenrolei a blusa e a coloquei direito. Renesmee tinha os olhos fixos em meu ventre como se não acreditasse em seus olhos. Eu fui até a escrivaninha e peguei um bloco de papel e uma caneta. Escrevi apressadamente.

Sim, eu estou grávida. Desculpe não ter dito nada antes, mas eu esperava poder guardar segredo até resolver algumas coisas. As únicas pessoas que sabem é a sua mãe, Carlisle e, é claro, seu pai.

Mostrei o papel para ela, que leu tudo expressando indignação. Então ela começou a escrever e depois estendeu para eu ler.

Ah! E eles nem me falaram nada! Agatha, por que não me contou? Eu poderia ter ajudado... Mas espere um pouco. Por que terminou com Jacob, então? Ele não sabe?  Você pretende contar a ele, por isso voltaram? Caramba, Agatha, isso é muito sério! Ele precisa saber. Ele é o pai!

Era incrível como ela conseguia tagarelar mesmo escrevendo. Suspirei e comecei a escrever.

Eu sei que tenho que contar. E nós não voltamos, tecnicamente. Mas Jacob já está sobrecarregado demais. Como eu posso jogar mais essa responsabilidade sobre ele? Estou tentando guardar isso até pelo menos Emily e Joham serem aniquilados. Aí nós iremos poder pensar com clareza, entende?

Renesmee pareceu mais compreensiva quando terminou de ler.

–Eu tenho que terminar de me arrumar, tá? – eu disse.

Ela assentiu, mas quando estava à porta, ela virou-se e disse:

–Olha... Eu não acho que usar essa blusa seja uma boa ideia.

Eu franzi a testa, sem entender. Ela continuou.

–Sabe, ela está meio fora de moda. E eventualmente todos vão perceber.

Sorri, compreendendo a metáfora dela.

–Bem – disse. –, ninguém vai perceber se eu usar uma jaqueta.

Ela insistiu.

–Não sei... Não vai dar certo. Não é mais fácil desistir e comprar logo outra nova? Vai ser bem mais fácil...

Gargalhei. Só Renesmee mesmo...

–Não. Você sabe como eu odeio fazer compras. Mas prometo que resolvo esse meu... problema de moda assim que Sue voltar de Nova Orleans.

Ela perdeu o embalo da brincadeira.

–Sério? Ela vai voltar depois de amanhã.

Meu sorriso também desapareceu.

–Então acho melhor eu começar a me preparar, não é?

Era um tanto estranho sair em um encontro duplo comigo e Jacob, Seth e Renesmee, com Ayane no meio contribuindo com comentários mordazes e sarcásticos o tempo todo. Mas eu tentei de verdade não me incomodar com ela. Exceto quando estávamos entrando no carro e ela abriu a porta da frente para sentar ao lado de Jacob.

–Tá fazendo o quê? – perguntei.

–Ah, me desculpe, você se incomoda? – ela disse na maior cara de pau.

Dei um sorriso cínico.

–Você sabe que está do lado errado da fronteira, não sabe? O que significa que eu posso muito bem arrancar sua cabeça fora.

Ela revirou os olhos.

–Essa sua ameaça está ficando meio passada.

Ignorei-a entrei no carro. Jacob reprimia um sorriso.

–Tá legal, eu sei – eu disse revirando os olhos e sorrindo também. – Não é nosso maior problema.

Para não corrermos nenhum risco, decidimos ir até Tacoma, onde não houve nenhuma morte nem nada do tipo. Era estranho. Até que estávamos nos divertindo, com Seth contando a reação de Edward quando eles disseram que queriam ter um encontro sozinhos.

–Cara, eu achei que ele ia ter um colapso ou coisa parecida. – Seth disse mal contendo as gargalhadas.

–Não foi nada engraçado – disse Renesmee, apesar de também estar rindo. – tio Emmett quase me fez ter um infarte com aquelas insinuações.

Jacob estacionou atrás do cinema. Nós saímos do carro, ainda rindo. O sol já estava quase se pondo. Precisávamos atravessar um beco entre os dois prédios. A brisa gelada tocou meu rosto e eu encostei meu corpo junto ao de Jacob. Ele sorriu e entrelaçou nossos dedos. Seu rosto estava a centímetros do meu quando de repente ele estacou.

Seth, Renesmee e Ayane fizeram o mesmo e começaram o olhar para os lados, os olhos alarmados.

–O que foi? – perguntei.

Jacob apertou minha mão.

–Vampiro.

Um arrepio percorreu minha espinha.

–Emily? – minha voz quebrou.

Jacob balançou a cabeça, os olhos negros queimando.

–Desconhecido. – ele me puxou para trás. – Vamos sair daqui.

Os outros nos seguiram.

–Talvez seja um nômade. – arriscou Renesmee.

–Nômade ou não temos que matá-lo. – disse Seth.

–Primeiro temos que deixá-las em segurança. – respondeu o outro.

Antes que pudéssemos terminar de atravessar o beco de volta para o estacionamento, uma sombra passou pelas paredes de tijolo, e então alguém ultrapassou nosso caminho.

Jacob rosnou e retesou o corpo, me colocando para trás com o braço. O estranho moreno de olhos vermelhos nos observou com um quê de curiosidade.

–Corre, vai! – rosnou Jacob.

–Jacob...

Eu não queria deixá-lo, mas Seth me puxou para trás e postou-se ao lado de Jacob; os dois tremendo. Renesmee gritou e tentou ir até Seth, mas Ayane puxou ela e a mim pelo braço e nos conduziu para o lado oposto de onde a briga começava. Apenas ouvi o estalo dos dois se transformando e os rosnados que começaram a ecoar pelas paredes.

Talvez fosse fácil, pensei com uma esperança meio quebradiça, dois contra um...

Mas então, novamente, nossa passagem foi bloqueada; dessa vez por dois sanguessugas. Meu coração perdeu uma batida.

Estávamos encurralados.

O vampiro musculoso da esquerda investiu para cima de Ayane, que desviou, agarrou-o pelo pescoço e deu uma joelhada em seu rosto. Quase que ao mesmo tempo, o outro veio para cima de mim. Nem tive tempo para gritar; Renesmee me puxou para o lado, e Jacob já havia pulado por cima de mim e agarrado o vampiro pelo pescoço. Atrás de nós, Seth disputava com o primeiro sanguessuga, que tentava de todo o jeito vir ajudar os outros. Ayane também desviava dos golpes letais de seu oponente.

Enquanto isso Renesmee parecia estar em um conflito: se ajudava os outros ou continuava ao meu lado. Eu me encostei à parede, apavorada. Todo o meu corpo tremia. Nunca sentira tanto medo na vida. Nem quando Emily tentara acabar comigo ano passado. Os rosnados e o barulho de coisas metálicas se chocando me fizeram espremer o corpo contra a parede e tapar os ouvidos. Só o que pensava era: não posso morrer, não posso morrer... não agora, não agora....

Como estava de olhos fechados não entendi por que Renesmee gritou. Abri os olhos e me levantei rapidamente. Para ela gritar assim só podia ser algo com Seth. E eu não poderia aguentar vê-lo mais uma vez em perigo...

O vampiro moreno segurava Seth pelo flanco, que se debatia e rosnava furiosamente. Jacob tentou desvencilhar-se de seu oponente para ajudar Seth, mas o vampiro continuava a puxá-lo para a briga. Renesmee correu até o namorado. O terceiro que lutava com Ayane, a empurrou para o lado e tentou me atacar. Eu gritei e voltei a fechar os olhos e me abaixei, comprimindo a barriga com as mãos. EU NÃO POSSO MORRER...!

Então todo o som horrível da luta cessou. Forcei minhas pálpebras a se abrirem. Os três vampiros estavam agora no chão, apertando as têmporas com as mãos e grunhindo. As expressões de dor, como se estivessem sendo torturados.

Levantei-me, desconcertada.

–O que...?

Ayane franzia a testa, concentrada. Os olhos cor de âmbar faiscando como se pudessem mesmo pegar fogo. Uma mão dela estava estendida em direção aos vampiros caídos no chão. Eu nunca a vira usando seu dom – já ouvira falar que era poderoso, mas nunca presenciara. – ano passado vi Jacob caído por causa disso, mas não imaginei que o processo era tão horrível. Poderia me sentir assombrada, entretanto, eu fiquei com medo. Parecia que ondas de calor irradiavam dela.

Por fim, os três finalmente cederam à dor. Ayane nem sequer parecia cansada depois de tudo o que fizera. Seus olhos voltaram ao normal, mas pensei ainda ter visto algumas fagulhas. Jacob chegou ao meu lado e encostou a cabeça em meu ombro, os olhos redondos angustiados.

–Eu estou bem. – consegui dizer.    

Renesmee e Seth se aproximaram.

–Você os matou? – perguntou Renesmee.

–Não. – respondeu ela, a expressão mais sinistra perpassando seu rosto. – Só estão sem forças. – ela olhou para Jacob. – Temos que queimá-los.

Jacob assentiu e olhou em direção às arvores da floresta que cercava o quarteirão.

–Vamos antes que alguém nos veja. – disse Renesmee com a voz trêmula.

Enquanto Seth e Ayane cuidavam dos corpos na floresta, Jacob guardou a mim e a Renesmee. Quando a fumaça negra e fedorenta começou a surgir, Seth voltou sozinho. Alguns minutos mais tarde Ayane retornou com algumas sacolas de uma loja.

–Aqui. – ela disse. – Algumas roupas para vocês.

Nós três voltamos para o estacionamento. Dois minutos depois os dois voltaram. Jacob veio direto até mim e pegou meu rosto em suas mãos.

–Você está bem?

Eu ainda tremia e constantemente olhava para os lados.

–Agatha – ele me chamou. – Ei, olha pra mim. Vai ficar tudo bem. Nós vamos para casa agora, tá? Fica calma.

Ele me abraçou.

–Deus, você está congelando.

Nós entramos no carro. Jacob arrancou e pegou minha mão.

–Que droga foi aquela? – perguntou Seth, raivoso. – Joham está formando um novo exército ou o quê?

–Não sei. – respondeu Jacob. – Seja o que for estavam nos seguindo e esperando por uma oportunidade para nos atacar.

–Meu Deus, meus pais vão ficar furiosos. – disse Renesmee. – Edward já ligou dez vezes.

–Eu explico tudo. – disse Seth tentando acalmá-la.

Quando chegamos, todos os Cullen já estavam na frente da mansão, as expressões aflitas e algumas raivosas. Edward e Bella puxaram Renesmee para um abraço assim que ela saiu do carro. Eles queriam saber de todos os detalhes do ocorrido, mas Jacob estava ansioso para me levar para casa. Então Seth se ofereceu para explicar e dali ele iria para a ronda – Seth iria cobrir Jacob, que ficaria comigo.

Mas antes de ir, eu saí do carro e chamei Ayane, que já estava subindo as escadas da varanda. Ela virou-se para trás, surpresa.

–Posso falar com você? – perguntei.

Ela veio até mim. Jacob postou-se ao meu lado, as sobrancelhas erguidas.

–Olha, Ayane. – falei. – Eu sei que nós temos nossas diferenças, e eu não quero bancar a hipócrita dizendo que esqueci tudo, mas... Eu quero agradecer por hoje. Você nos salvou. Obrigada.

Tudo bem, ela poderia não ser o alvo da minha boa educação com frequência, mas Ayane também não precisava me olhar como se eu fosse uma alienígena.

Quando ela falou. Sua voz saiu baixa e constrangida.

–Tudo bem. Sem problemas.

Então, algo inédito aconteceu. Eu sorri para Ayane. Um sorriso verdadeiro, sem sarcasmo.

O céu poderia cair sobre nós neste exato momento e ninguém acharia estranho.   


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

~le eu fiz a malvada parecer boazinha kkkk