O Outro Lado Da Lua escrita por Marie Caroline


Capítulo 69
2x22 - Ainda não acabou


Notas iniciais do capítulo

Heeeeey fim do livro dois! Mas e aí, o que acham de Ayane?



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Então fora apenas a sensação de sua mão na minha que me ajudara a superar as próximas horas. Nós deixamos o hotel e seguimos para o aeroporto. Jacob me disse que eu já havia perdido o enterro de Leah. Ele tinha voltado para casa enquanto eu estava dormindo, assim como todos os outros também voltaram. Apenas Alice e Jasper ficaram aqui comigo, e agora eles também podiam finalmente retornar para casa.

Jacob praticamente me carregou quando desembarcamos no aeroporto de Port Angeles. Além da perna, as várias pancadas que sofri no corpo me impediam de caminhar direito. Eu estava desatenta e alheia às pessoas que passavam por mim. A única coisa que conseguia prestar atenção era Jacob.

Carlisle viera nos buscar. Ele prestou seus sentimentos por nossa perda. Jacob me colocou no carro e logo estávamos correndo na estrada. Eles começaram a conversar, e eu não prestei muita atenção. Mas uma informação em particular me prendeu:

–Nós decidimos aceitar Ayane.

–O quê? – perguntou Jacob. – Como é que vocês vão saber que ela não vai sair matando pessoas?

–Ela se comprometeu a viver com a nossa dieta. – respondeu Carlisle pacientemente. – Vamos cuidar dela, afinal de contas, ela é só uma menina.

De repente a voz de Jacob tomou aquele timbre especial de autoridade. Poucas vezes eu o ouvia falar assim.

–Sabe o que vamos fazer se ela quebrar as regras, não é?

–Sei, Jacob. – respondeu o outro respeitosamente. – Entendo que é arriscado, mas cada membro da nossa família já esteve um dia na posição de Ayane. Vamos fazer o possível para ajudá-la.

Meus olhos encontraram os de Jasper pelo espelho retrovisor. Percebi que ele não confiava em Ayane. Para mim era difícil julgar alguém que só vira uma vez, e ainda por cima em circunstâncias como aquela. Acho que só o tempo irá dizer quem ela realmente é.

Jacob deve ter dado permissão para Carlisle passar a fronteira, por que ele nos deixou bem em frente à casa de Sue. Eu pessoalmente não entendia qual era a moral desse tratado a essa altura do campeonato. Quantas vezes teríamos que lutar ao lado dos Cullen para provarmos para nós mesmos que fazíamos parte da mesma família?

Eu estava aqui por tão pouco tempo e eles já me ajudaram tantas vezes. Gostava deles. Principalmente de Carlisle, Renesmee e Alice. E até mesmo me aproximei de Jasper no meio das nossas discussões, antes da luta.

Agradeci-os por todos os cuidados, antes da Mercedes de Carlisle partir. Observei a casa sem nenhuma intenção de entrar. Eu não queria ver Sue, e isso era muito egoísta por que ela com certeza estaria precisando de apoio. Mas e se ela não fosse tão compreesiva como Jacob e me apontasse o dedo dizendo que eu era a culpada pela morte da filha?

Olhei para Jacob, oscilando em dúvida. Ele me beijou brevemente e depois pegou minha mão. Conduziu-me até a porta e entramos. Seria muito bom estar em casa novamente, se não fosse às circunstâncias presentes. Desde que chorara por horas no hotel, eu vinha me negando a pensar sobre Leah. Eu não queria lidar com a morte, até por que eu nunca precisara pensar muito neste assunto.

Vovó morrera quando eu tinha nove anos, mas naquela época eu mal entendia o que era a morte. E meus pais falaram tanto que havia chegado a sua hora e que ela estaria descansando... Que eu simplismente aceitei. Mas não havia chegado a hora de Leah. Não era justo...

Sue estava sentada à mesa, na cozinha. Seu rosto parecia haver envelhecido cem anos, havia bolsas abaixo de seus olhos. Ela não notou nossa aproximação, mas Seth, que estava ao seu lado, levantou-se imediatamente para me abraçar. Passei meus braços em sua cintura firmemente. Seth pareceu encolher. Aquele sentimento de proteção, que eu às vezes sentia por ele, tomou-me por completo. Ele era apenas um menino que perdera o pai muito jovem, e agora perdera a irmã...

Quando Seth me soltou, vi que Sue levantara-se da cadeira. Olhei timidamente para ela, mas sua reação me surpreendeu: ela atravessou a cozinha e me pegou para um abraço também.

–Você está bem, querida? – ela perguntou alisando meus cabelos. – Jacob me contou que você sofreu muitos machucados...

Agora ela me olhava como se eu também fosse sua filha. Aquilo me desconcertou um pouco, mas aceitei seu carinho mesmo assim. Eu já não ganhava um abraço de mãe há tanto tempo...

Sue insistiu em me fazer comer. Ela preparou uma sopa, já que estava realmente frio. Eu não havia percebido antes já que estivera tão perto de Jacob o tempo todo. Nós comemos em silêncio. Não um silêncio constrangedor, era mais como se não precisamos de palavras para saber que nos importávamos uns com os outros.

Jacob ficou aqui o tempo todo. Depois de tudo o que acontecera, nós não iríamos nos separar tão cedo. E eu precisava dele aqui. Lá pelo o fim da tarde, estávamos deitados em minha cama quando senti a necessidade de enfrentar o meu medo de aceitar a morte de Leah.

–Jake? – chamei-o baixinho. Eu estava de frente para ele. Seus olhos fechados.

–Sim, querida?

–Eu quero ir até o cemitério. – minha voz oscilou.

Jacob abriu os olhos lentamente.

–Pensei que não fosse querer ir.

–Por que achou isso?

–Achei que você fosse querer manter Leah como ela era.

Refleti um momento.

–Acho que esse é o problema. Eu ainda não aceitei.

***

O clima estava estranho.

O vento frio estaria me cortando se não fosse o braço de Jacob ao redor dos meus ombros. O sol, raro por aqui, brilhava esporadicamente por entre as nuvens. O cemitério era simples. Um gramado vasto rodeado por altas árvores, que agora balançavam ao vento, as pedras brancas resguardavam nomes aqui e ali. Caminhamos entre algumas delas até encontrarmos a que dizia:

Leah Clearwater

Filha e irmã amada.

Protetora guerreira.


Protetora guerreira... Não havia descrição melhor para o que ela fora.

Observei o túmulo por alguns segundos e depois me abaixei para depositar as flores que trouxe. Não senti a aceitação que pensei que sentiria. Ainda não fazia sentido que ela tivesse morrido e eu estivesse aqui, sã e salva. Não era a mim que Emily queria?

Levantei-me e continuei olhando para o túmulo, segurando a mão de Jacob. Uma única lágrima caíra por meu rosto; solitária, comparada a tantas outras que derramara antes. Talvez ela fosse encerrar a fase de choro.

Jacob pegou meu rosto e limpou a lágrima com o polegar. Depois encostou seus lábios em minha testa e pousou as mãos em minha cintura.

–A morte dela não vai ser em vão. Eu vou te manter segura.

Eu sabia do que ele falava. Emily ainda iria querer se vingar, afinal, eu escapara. E agora um pensamento inquietante me surgia. A própria irmã de Emily estava agora a caminho de se tornar membro do clã dos Cullen. O mesmo clã que ajudara a matar sua outra irmã e o mesmo clã que perseguiria seu pai até a morte.

Será que isso não a tornaria mais louca e sanguinária?

Eu não sabia o que pensar sobre isso. Na verdade eu me sentia incapaz de lidar com qualquer coisa agora. A perda que essa guerra trouxe era forte demais, e algo dentro de mim me gritava que mais cedo ou mais tarde, teríamos de enfrentar o desfecho de tudo isso.

Mas hoje poderíamos nos permitir lamentar nossa perda, e mais tarde, tentar seguir em frente. Por que mesmo entre tantas dúvidas e medos, eu tinha uma única certeza: Jacob estaria comigo para o que quer que fosse acontecer no futuro.

Nós lutaríamos pelo nosso final feliz.

Fim do livro dois.


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Notas finais do capítulo

Foi duro decidir se tiraria a Leah da história ou não :/ Eu chorei escrevendo o final por que realmente gosto deste personagem, mas foi preciso fazer isso por que Agatha vai estar mais do que raivosa neste último livro, e ela, assim como Jacob, vai querer vingar a morte de Leah. Espero que vocês não fiquem muito bravas, mas essa é uma das coisas ruins de escrever dramas... :(
Irei postar o livro três em breve, ok? Por enquanto, curtam o trailer: http://www.youtube.com/watch?v=GGvAnlfoy60



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