O Outro Lado Da Lua escrita por Marie Caroline


Capítulo 56
2x09 - Ato Impensado


Notas iniciais do capítulo

Haaaa, eu tenho uma notícia para vcs!
Eu resolvi fazer um terceiro livro para a fic! Eu tive uma ideia esses dias que eu acho que vai servir perfeitamente para encerrar o outro lado da lua. Mas sabe que eu já sinto saudades só de pensar que vai acabar?:(
Beem, enfim, eu adorei escrever este capítulo. Espero que gostem dele tanto quanto eu.
Beijos, adoro vocês :*



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Estávamos na floresta, numa corrida ritmada enquanto a lua lá no céu chegava ao seu ápice. Cantarolava baixinho em minha mente para não deixar a quietude da floresta me dominar. Estávamos aqui – Jacob, Seth, Leah e eu – há quase três horas e tudo estava como antes: silencioso.

–Silencioso até demais. – comentou Seth. – Vocês não acham estranho que eles não tenham feito nenhum movimento?

–Acho que eles estão esperando para nos pegar de guarda baixa. – disse Jacob.

–O que não vai acontecer. – respondeu Leah com um rosnado.

Um farfalhar de folhas ao longe nos chamou a atenção. Parei de correr para ouvir mais atentamente. Jacob foi à frente para seguir o barulho e nós nos movemos com ele em perfeita sincronia.

De repente o forte cheiro de água sanitária me atingiu em cheio.

Elas estão aqui.

Como se um alarme particularmente barulhento tivesse soado; nós corremos com urgência pelas árvores transformando-as em borrões verdes. Reconheci o cheiro das duas que encontramos ontem, mas havia outro que eu não conhecia. Só podia ser Joham. O rastro se dividiu. O delas ia para a esquerda e o cheiro desconhecido pela direita.

–Agatha vem comigo! Leah, Seth sigam o outro! – disse Jacob.

Fomos pela esquerda e o cheiro ficou mais forte. O fogo dentro de mim queimava como nunca e as palavras da vampira que eu enfrentara antes ecoavam em minha cabeça. Ultrapassamos um ponto da floresta que se abria em uma clareira – a mesma clareira onde me transformei pela primeira vez. – e finalmente as encontramos.

A morena sorria com interesse ao nos observar enquanto a loura expressava uma frieza quase calculista. Nosso reconhecimento levou apenas um segundo antes que Jacob avançasse para elas. Segui pelo lado esquerdo enquanto ele ia pelo direito; desse modo elas não tinham escapatória a não ser recuar. E nós éramos com certeza mais velozes.

Mas elas não recuaram. Ao invés disso, avançaram sem demonstrar nenhum medo. Jacob rosnou alto segundos antes de atacar a loura. Ela se desviou com leveza por cima dele e eu pulei para tentar pegá-la ainda no ar. Não consegui e Jacob investira contra ela novamente enquanto a morena me encarava inclinando a cabeça para o lado como se estivesse levemente interessada. Avancei para ela com toda a fúria que possuía e tentei uma mordida direto em seu pescoço. Senti a atenção de Jacob se voltar para mim quando a vampira não recuara e investia com uma força letal.

Agora, Leah irrompia pela clareira e avançava para pegar a loura que dançava desviando dos ataques de Jacob.

Era difícil tentar lutar com uma criatura tão rápida, especialmente eu que não tinha muita experiência, mas ainda assim não entendi quando Jacob deixou Leah cuidar da briga sozinha e me empurrou para longe dos ataques da vampira descontrolada.

–O que...?

–Eu cuido disso! – ele exclamou com rigidez na voz ao mesmo tempo em que dava uma investida contra a vampira. Olhei para o lado há uns dez metros onde sabia que Leah se encontrava, mas ela sumira. Olhei para os lados confusamente quando a avistei correndo pela floresta adentro atrás da vampira que aparentemente desistira da luta. Corri em seu encalço sem pensar duas vezes. Ouvi a preocupação de Jacob, mas não me permiti pensar sobre isso por muito tempo porque no segundo seguinte eu vi os braços daquela sanguessuga imunda ao redor do corpo de Leah. Ela a segurou ameaçadoramente, paralisando-a.

Não! – eu quis gritar, mas apenas saíram ganidos. Vi pela primeira vez alguma emoção no rosto vazio da loura. Era uma expressão raivosa. Quase assassina.

–Se aproxime mais um pouco e ela estará morta. – sua voz era grave e rouca. Não combinava nem um pouco com sua aparência bela. Cravei minhas patas no chão raivosamente. A vampira sorriu e puxou uma seringa do bolso. O que era aquilo?

–O que eu devo fazer? – perguntei a mim mesma.

Foi Jacob quem respondeu.

–Não faça nada! Fique quieta...

Ele ainda estava ocupado com a morena que propositadamente ultrapassava seu caminho toda a vez que ele tentava chegar até a floresta, onde nós estávamos.

Só o que eu conseguia pensar era em como os braços da psicopata se apertavam mais e mais contra o corpo de Leah. E enquanto eu sentia a dor dela, fazia um circulo ao redor das duas, rosnando. A decisão se formulou em minha mente ao mesmo tempo em que meu corpo a colocava em prática.

Parti para cima dela mordendo sua clavícula. Ela berrara de dor e então constatei que havia dado certo; ela soltara Leah. Mas no segundo seguinte suas mãos moveram-se contra mim, esmagando meu ombro direito.

A dor que senti foi imediata e cruciante, derrubando-me no chão. Por um segundo senti uma agulha se emperrando em meu corpo e assumi a forma humana sem dar nenhum comando a mim mesma para fazer isso. Só o que registrei nos minutos seguintes fora a loura correndo mata adentro e Leah me observando e ganindo. A dor me fazia nausear e eu senti braços me erguendo ao ouvir a voz de Jacob que transbordava dor:

–Deixe-a comigo! Vai atrás do Seth! – ele gritou para ela e depois se dirigiu a mim. – Calma, meu amor vai ficar tudo bem. Vamos cuidar de você...

De repente a dor sumira para dar lugar às convulsões. Todo o meu corpo tremia e sacolejava. Minha visão foi obscurecendo até desaparecer por completo. A voz de Jacob era apenas um som indistinto ao longe enquanto meus ossos queimavam e ameaçavam se desconjuntar.

Faz isso parar... Faz isso parar... Eu não sabia se de fato havia dito isso ou era apenas um lamento em minha mente. Só o que eu sabia era que não aguentaria muito mais disso sem sucumbir...

Então, senti Jacob me pegando no colo. Pelo balançar que sentia, presumi que ele estava movendo meu corpo, mas o movimento estava me enjoando. Depois de um minuto – ou foi o que pareceu – consegui abrir os olhos, por mais que eles lutassem para se fechar.

 –Jake... – murmurei. – Desculpe, eu tinha de fazer alguma coisa... Ela iria matá-la... Ela iria...

–Shh. Está tudo bem, não se preocupe. – Jacob tirou minha franja da testa; ela estava molhada de suor. Eu me sentia muito quente, como se estivesse prestes a me transformar. Tombei minha cabeça para baixo e observei as árvores passando por nós. Meu estomago embrulhou e eu dei um tapa no braço de Jacob para ele me soltar. Ele abaixou-se eu vomitei no chão com violência.

Senti meus músculos da garganta se contrair enquanto meu estomago expulsava o pouco de comida que havia ingerido.

–Agatha... – Jacob me segurou com delicadeza.

–Não... – murmurei me largando no chão novamente. Eu tive esperanças em desmaiar de dor, porém isso não aconteceu. Eu iria passar por toda aquela provação completamente acordada.

 –Vem eu preciso te levar até o doutor. Vem... – sua voz era urgente e eu sentia em cada nota a sua preocupação crescendo. Ele me pegou no colo novamente. – Eu vou ter de correr, tá bem? Temos que ser rápidos.

Ele começou a correr. Fechei meus olhos com força desejando mais do que tudo chegar a casa onde provavelmente teria algum remédio para me derrubar.  Em minha mente surgiu a lembrança da loura psicopata pegando a seringa.

–Jacob... Ela injetou algo em mim... – disse fracamente. – Algo que me fez voltar à forma humana contra a minha vontade... O que era?

–Eu não sei... – ele sussurrou em resposta. – Vamos dar um jeito nisso, não se preocupe. Você não vai sentir mais dor, o doutor vai te curar rapidinho. Você vai ver...

Mas eu sentia que ele mesmo não estava muito mais convencido das suas palavras do que eu. Felizmente avistei a casa branca e tentei segurar outra onda de vômito. Senti Jacob me carregando para dentro da casa, porém meus olhos já não viam nada novamente. Ouvi a voz urgente de Carlisle:

–Coloque-a em cima da mesa, vou sedá-la agora.

Uma picada mínima em meu braço me tirou fora do ar aos poucos. Não foi o suficiente para me apagar de imediato, mas pelo menos eu não sentia mais nada. Por fim, depois de um tempo o cansaço me tomou e caí na inconsciência.

Eu não sabia dizer se havia dormido ou desmaiado, mas alguém devia ter me trazido para outro lugar porque eu sentia um colchão macio me sustentando. Não conseguia me mover e nem abrir os olhos. Meu corpo parecia meio dormente. Depois de algum tempo – eu não sabia dizer quanto – comecei a ouvir vozes:

–Carlisle, o que foi que injetaram nela? – perguntou Jacob ferozmente.

–Eu não sei. Nunca havia visto uma droga como aquela. São poucas as coisas que podem afetar um organismo como o de vocês.

–Mas ela vai ficar bem?

Carlisle hesitou diante da pergunta de Jacob. E eu senti um pressentimento ruim com relação a isso. O que havia acontecido comigo?

–É difícil dizer. Como eu disse, nunca tinha visto aquele composto químico. Mas, coletei um pouco do sangue dela e Edward está me ajudando a descobrir os efeitos da droga. Vamos ter que esperar ela acordar para vermos o quanto realmente aquilo afetou ela.

Jacob suspirou cansadamente.

–E quanto a Heydianna e Emily? – perguntou Carlisle – Algum rastro?

–Não. – ele respondeu duramente. – Acho que as perdemos. De qualquer maneira Sam está rastreando elas ainda. Vou me juntar a eles assim que Agatha estiver acordada.

–Pode contar conosco para isso.

Minha mente sonolenta recusava-se a concentrar-se, de modo que cedi à pressão do cansaço e perdi a consciência novamente.

Quando finalmente despertei a sensação de dormência já havia passado, ainda que eu não me sentisse completamente bem. Antes de abrir os olhos, deixei meus outros sentidos registrarem a situação. Tentei ouvir algo ao longe, mas não consegui. Estranho. Respirei fundo, mas só que identifiquei foi o aroma conhecido de Jacob.

Abri os olhos e encontrei-o me fitando, sentado em uma poltrona ao meu lado. Depois observei o quarto em que estava; era bem grande. Com uma grande janela que dava para o jardim da propriedade. Pela luz, percebi que estava quase anoitecendo novamente. Eu estive apagada por quase um dia.

–Ei, você acordou. – ele disse angustiado. – Como está se sentindo?

Olhei para o meu ombro e vi-o enfaixado. Sentia-me meio apertada com aquelas faixas que iam até meu pescoço.  Vi que havia tubos ligados aos meus braços. Aparentemente eu estava no soro.

–É difícil dizer. – disse, por fim. Observei o rosto de Jacob e vi algumas linhas marcadas de preocupação em sua testa. Seus olhos estavam delineados por olheiras fundas.

–Vou chamar Carlisle. Ele precisa ver como você está. – ele não esperou uma resposta e saiu do quarto apressadamente. Depois de alguns segundos, ele voltara com Carlisle em seus calcanhares.

–Olá Agatha. Como se sente? – ele usou seu tom profissional.

–Meio estranha. – admiti enquanto ele pegava uma pequena maleta numa mesinha ao lado da minha cama. Então, ele examinou dentro dos meus olhos com a ajuda de uma lanterninha.

-Sente alguma anormalidade? – ele continuou enquanto eu piscava por conta da luz.

As únicas coisas que eu conseguia registrar em meu corpo era uma fragilidade anormal e a bagunça nos meus sentidos. Meu corpo também parecia ter perdido peso ou sei lá.

–Eu não sei... – tentei novamente ouvir algo no andar de baixo, mas sem sucesso. De repente lembrei que cheiro eu devia ter sentido desde o início e não senti. O cheiro forte e ácido dos vampiros de repente tornara-se doce... Que droga estava acontecendo comigo?

 Do meu lado, Jacob olhava a cena impacientemente.

–E então? O que foi que a droga fez com ela?

Droga? Isso me lembrou da conversa que ouvi mais cedo...

–Peraí... – tentei me levantar e a sala girou um pouco. – Aquela vampira. Ela injetou algo em mim, não é? O que era aquilo?

–Ainda não sabemos ao certo. – respondeu Carlisle hesitantemente.

Lembrei de como me senti quando ela colocou a agulha em mim. Meu corpo pareceu se desintegrar e eu voltei à forma humana imediatamente...

–Aquilo me fez deixar a forma de lobo. Por que isso aconteceu?

Jacob e Carlisle trocaram um longo olhar. Olhei de um para o outro me impacientando.

–O que foi?

Jacob se aproximou de mim e disse:

–Você ainda não se curou.

–Bom – disse lentamente –, os ossos maiores levam mais tempo, certo?

–Não. – respondeu Carlisle. – Você quebrou apenas os ossos do ombro e a clavícula. Isso para um humano levaria semanas para curar, mas já para os lobos... Seria algo simples.

–Mas, então... – eu não entendia. Se esse ferimento era simples para os lobos, então por que eu estava toda enfaixada e recebendo medicação? Olhei para Jacob sem entender. Sua expressão era de agouro e um calafrio percorreu meu corpo quando ele disse:

–A gente acha que o que quer que aquela sanguessuga tenha injetado em você, de alguma forma...

–O quê? – alteei a voz. Ele olhou fixamente em meus olhos e soltou a bomba:

–Você voltou a ser humana.


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