O Outro Lado Da Lua escrita por Marie Caroline


Capítulo 32
O adeus


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoinhas felizes ;D
A trilha sonora deste capítulo é mucho linda! Não achei um vídeo com a tradução, então vou colocar ela aqui em baixo. O clipe oficial é este http://www.youtube.com/watch?v=899a8WlVpNk
Ah o ponto de vista da música é do Jacob. Enjoy it!
O Que Restou de Mim
Assisto minha vida passar
Na visão do espelho retrovisor
Retratos paralisados no tempo
Vão se tornando mais nítidas
Não quero desperdiçar mais um dia
Preso na sombra dos meus erros
yeah
Ref:Porque eu quero você
E eu sinto você
Espalhando-se debaixo da minha pele
Como a fome
Como uma queimadura
Para achar um lugar que eu nunca estive
Agora estou despedaçado
E estou desaparecendo
Não sou metade do homem que eu pensei que seria
Mas você pode ficar com
O que restou de mim
Ref.
Estou morrendo por dentro
Aos poucos
Sem rumo
Mas perdendo a cabeça
Em círculos que não acabam
Fugindo de mim mesmo até
Que você me dê uma razão pra continuar de pé
Caindo rapidamente
Mal consigo respirar
Dê-me algo em que acreditar
Diga-me que não é tudo da minha cabeça
Leve o que restou desse homem
Torne-me completo novamente
Ref.
Yeah, yeah, yeah
O que restou de mim
Eu estou morrendo por dentro, veja
Estou perdendo a cabeça
Perdendo a cabeça
Estou simplesmente correndo em círculos o tempo todo
Você vai levar o que restou?
De mim
Simplesmente correndo em círculos o tempo todo
Você vai levar o que restou?



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Eu estava no meu quarto. Estava feliz e tranquila como não me sentia há meses.

Eu tinha um dos meus livros favoritos em mão, Amanhecer.

Aquela era uma parte do livro que não era nem um pouco agradável. Jacob, meu personagem favorito em todo o mundo, estava sofrendo muito. Ele descobrira que estava sozinho no plano “odiar o monstrinho que estava matando o amor de sua vida”. É claro que ele ainda não sabia que o monstrinho seria sua alma gêmea.

Ele pegara o carro de Edward e fugira da cena que lhe causara revolta.

Fechei o livro, sentindo-me estranha de repente.

Uma sensação de urgência se apoderava de mim. Eu devia estar em algum lugar, fazendo alguma coisa...

Alguém precisava de minha ajuda... E rápido.


Acordei apavorada.

Suspirei. Fora apenas um sonho.

Um sonho bastante estranho, para falar a verdade. Tentei me lembrar do que exatamente eu lia... Era a parte em que Jacob foge desesperado... Ele até tentava ter um imprinting com uma desconhecida...

Ah! Meu Deus, aquele sonho viraria real em pouco tempo!

Tentei contar quantos dias levava para Renesmee nascer.

No primeiro dia Jacob descobria sobre a gravidez... No segundo... O que acontecia no segundo? Ah, Seth ia até a casa... Tudo bem, isso foi ontem, pensei desesperada. No terceiro dia Edward começava a ouvir o bebê...

Era hoje.

O dia em que eu tentava não pensar finalmente chegara. Qualquer sentimento que Jacob sentia em relação a mim seria destroçado em mil pedaços sem a menor consideração... Era o fim. Finalmente o fim.

Um nó apertou minha garganta dificultando minha respiração. Então era isso: o fim de um sonho impossível, o fim de um amor que chegava a doer de tão forte.

E eu iria embora... Apesar de não querer fazer isso. Mas eu sabia que não poderia ficar aqui para ver os meus sonhos se destroçando.

Levantei-me da cama, incapaz de passar mais um só segundo lamentando-me. Estava claro lá fora. Olhei meu relógio, marcava nove da manhã.

Eu iria embora sim. Mas não sem vê-lo por uma última vez. Jacob era tudo o que eu precisava e tudo o que eu não podia ter. E isso era muito injusto, mas quem disse que seria fácil?

Eu tive muito mais do que qualquer uma teve. Eu deveria ser grata por tudo isso; pela chance de conhecer Jacob. E ele realmente se esforçara, mesmo com o coração sangrando por causa de Bella, ele tentara me fazer feliz. Deixá-lo era a melhor forma de agradecer.

Minha mente dizia que eu deveria deixar Jacob aqui para encontrar sua verdadeira alma gêmea. Mas meu coração dizia que eu deveria ir atrás do que eu queria.

Eu não poderia seguir meu coração. Se o seguisse, estaria sendo egoísta. E eu amava Jacob o suficiente para saber que tudo o que eu queria era vê-lo feliz, mesmo que não fosse comigo. Eu sabia muito bem que não seria capaz de viver bem sem ele, mas era um preço que eu estava disposta a pagar.

Quando cheguei à sala, Sue estava saindo.

–Ah, oi Agatha. – disse ela. – Eu estou indo na casa de Charlie. Ele está preocupado com Bella, então resolvi dar uma força a ele.

Fiquei um tempo fitando-a sem saber o que dizer. Essa era a última vez que a veria, mas não gostava de despedidas. Ela já sabia que eu ia de qualquer jeito, de que adiantaria um adeus?

–Tudo bem. Diga um oi a Charlie. – sorri com algum esforço.

–Ok eu digo. – ela olhou-me preocupada por um instante. – Vai ficar bem sozinha aqui? Eu posso levá-la comigo...

–Não, pode ir. – apressei-me a dizer. – Eu vou ficar bem.

Ela me deu uma última olhada e saiu porta afora.

–Adeus, Sue. – eu sussurrei para o nada.

Antes da sensação estranha do vazio tomar conta de mim, resolvi pensar em como iria encontrar Jacob. Eu teria que me transformar, apesar de não saber como fazer exatamente... Eu sei que os mais novos não têm muito controle, e geralmente se transformam quando se irritam.

Ok, depois eu penso em como fazer isso.

A questão era encontrar Jacob quando ele saísse da mansão. Comecei a andar de um lado para o outro na pequena sala de Sue.

Olhei com tristeza para o local. Eu sentiria muita falta daqui.

Não, Agatha. Melancolia não servirá para nada.

Sem olhar para trás saí da casa dos Clearwater com a plena e devastadora certeza de que jamais retornaria.

•••

Eu não tenho ideia de como fazer isso.

Eu encarava uma árvore, completamente sozinha no meio da floresta perto da fronteira entre lobos e vampiros.

Eu continuava invocando memórias ruins para me deixar com raiva, e continuava sem sucesso algum. Eu tentara de tudo: meus pais se separando, meu irmão indo embora para o exterior ao invés de lidar com tudo aquilo; Bernardo indo embora, Bernardo me ignorando, Bernardo voltando... E aí eu vi Jacob. Só que pensar nele não me deixava de modo algum irritada.

–Ok árvore. – eu disse parecendo uma completa louca. – Me irrite. Anda, faça qualquer coisa! – completo silêncio. – Qual é? – gritei exasperada.

Não. Aquilo não iria funcionar. Sentei-me no chão colocando as mãos na cabeça, quase arrancando meus fios de cabelo.

Eu teria que me virar sem ouvir Leah ou Seth. Mas pelo menos meus ouvidos humanos eram bastante sensíveis, e eu poderia ouvir Jacob se aproximando. Eu ficaria na estrada principal, ele teria que passar por ali alguma hora.

Então foi com uma fachada determinada e confiante que segui para a estrada onde sabia que Jacob estaria. Conhecer o livro como a palma de minha mão sempre fora um trunfo para mim.

Estava sentada entre a encosta da floresta e a estrada, ouvindo atentamente os ruídos da floresta. Quando Jacob saísse da mansão, eu estaria pronta.

Por um longo tempo não havia nada exceto o barulho dos pássaros e alguns animais pequenos. Até o fluxo de carros estava calmo. A quietude ampliava meu nervosismo. Senti meu estomago roncar, eu não havia comido nada essa manhã. Para passar o tempo, comecei a planejar o que faria quando voltasse para casa. Seria difícil, certamente. A ausência de Jacob iria me custar muito. E eu nem queria pensar no quanto sentiria a falta de Seth.

Como seria minha vida ao voltar? Em retrospectiva, minha vida sempre esteve em torno de alguém ou alguma coisa. Bernardo estava comigo desde os meus seis anos. Quando ele foi, deixou um buraco tão grande que tive que preencher com outra coisa. Preenchi com Jacob.

Mas e agora? Não haveria nada para preencher o buraco. Eu nem sequer tenho certeza de quem realmente sou. O que eu poderia ser agora?

Não podia fazer nada, estava de mãos atadas. A sensação de não ter controle sobre seu próprio destino era sufocante. Eu me sentia cansada de tudo, cansada de tentar e falhar todas às vezes. E se ir embora era uma solução permanente – um ponto final – eu teria de fazê-lo.

Fiquei ali por mais ou menos uma hora até ouvir o som de um motor de carro zunindo pela estrada.

Era isso. Jacob estava vindo.

Pulei para a estrada esperando, ele passaria aqui a qualquer momento. Tolamente, me perguntei se minhas novas habilidades como ouvir ao longe e farejar continuariam mesmo depois de eu ir embora.

O carro chique cantou pneu na curva e eu me atirei em sua frente sem parar para pensar. Pude ver o rosto chocado de Jacob quando ele freou bruscamente.

–Jake – arfei. Sua expressão era pior do que eu havia imaginado. Sua dor era tangível e voltou em mim como facas em brasas atingindo-me no peito.

Ele saiu do carro batendo a porta.

–O que você está fazendo aqui? – sua voz estava trêmula.

Encolhi-me com sua agressividade. Minha fachada confiante se desfez em pó.

–Você está bem? – que pergunta idiota. Ele não respondeu. Apenas me fitou com um ar perturbado. – Aonde você vai? – sussurrei. Minha voz havia sumido de choque.

Ele jogou o peso do corpo de um pé para o outro.

–Eu não sei direito.

Desviei o olhar para o carro ostentoso. Levantei uma sobrancelha.

–É do Cullen. – ele disse amargurado. – Talvez eu o jogue contra uma árvore ou coisa assim.

–Jake, você não vai me contar o que aconteceu? – eu perguntei evitando seu olhar. Eu sabia que ele estava sofrendo, mas ele precisava me contar para eu poder ajudá-lo.

–Você quer mesmo saber? – ele não me deixou responder. – Eu tô sozinho. Aquela coisa tá matando ela e o maldito sanguessuga fica todo fascinado agora que... – ele lutou contra as palavras. – Como se fosse a melhor coisa do mundo que o monstrinho possa pensar... Bando de hipócritas... – interrompi-o diminuindo a distância entre nós e abraçando-o.

–Você não está sozinho. – eu disse com a voz mais firme. – Eu tô aqui com você. – afastei-me um pouco para olhar seu rosto. – E por mais que eu não seja... ela. Você sabe que eu me importo com você. Você sabe.

–Eu fui tão idiota com você, e mesmo assim você sempre está por perto. – ele sorriu sombriamente. – Você deveria me dar um chute.

–É eu deveria. – murmurei. Mudei de assunto. – Aonde você ia ir?

Ele me deu um meio sorriso distorcido.

–Eu ia ver você.

–Sério? – não pude deixar de sorrir um pouquinho.

–Sim. A Leah me falou uma coisa sobre o imprinting e eu queria saber o que você achava disso.

–O que ela disse?

Ele deu de ombros.

–Para eu tentar ter um.

–Ela te disse para ter o imprinting? – repeti.

–Sim, ela disse que seria mais fácil esquecer de todo o resto. – ele não olhou para mim quando respondeu.

–É. Com certeza. Bem mais fácil. – disse mal humorada.

–Eu sei. Você preza as suas escolhas. – ele disse cansadamente.

E a ironia era que nesse momento eu estava sem escolha nenhuma, a não ser aquela que iria me destruir.

–É. E eu achei que você também prezasse. – era estranho Jacob querer esquecer seus sentimentos por Bella. Como se ele não se importasse mais...

–E de que adianta continuar insistindo nisso tudo? – ele perguntou tristemente.

Fiquei sem resposta para isso. Talvez Jacob e eu estivéssemos no mesmo barco, afinal de contas.

–E então, já que eu estou com o carro do sanguessuga, quer dar uma volta? – ele perguntou depois de um tempo.

Olhei-o com curiosidade. Esse era o mais próximo de um convite para sair que eu receberia dele

–Você não vai dirigir feito um louco, vai? – lembrei-me da curva perigosa que ele fez há pouco tempo.

–Achei que gostasse de velocidade. – não havia humor em seu rosto.

–Só que eu não tô a fim de ver você voando pela janela. – fiz uma careta. – Só por que você é imortal não precisa extrapolar.

Nós andamos até o carro. Fiquei deslumbrada por um momento ao observá-lo de perto. Ele hesitou com a porta do carro aberta.

–Como sabia que eu estaria aqui? – ele uniu as duas sobrancelhas grossas.

–Eu não sabia. – tentei parecer inocente.

Pra variar ele não acreditou em mim, mas pelo visto não se importava a ponto de começar uma discussão. Entrei no carro e observei todos aqueles painéis. Eu nunca poderia dirigir um carro daqueles.

–Sabe de uma coisa? – Jacob disse fitando meu rosto. – Eu nunca te ensinei a dirigir como eu prometi.

Sorri calidamente.

–Você não precisa cumprir essa.

Ele sorriu também, mas não chegou aos seus olhos. Eu não queria nem imaginar a dor que Jacob estava sentindo. E nem a força que ele estava desprendendo para esconder isso.

Ele ligou o carro e arrancou. Em pouco tempo ele estava chegando a quase 170 km/h.

–Hã... Você não pretende jogar o carro na árvore com a gente dentro, não é? – eu disse um pouco assustada.

Ele não disse nada, apenas diminuiu um pouco. Seu maxilar estava travado. Perguntei-me o que ele pensava. Ficamos um bom tempo em silêncio. Ele parecia perdido em outro mundo. Eu não me atrevia a falar nada. Dirigimos até uma cidade que eu não conhecia, estava bastante movimentada. Ele estacionou perto de um parque cheio de pessoas.

O sol que despontava no céu entrava em contraste com o clima sombrio aqui dentro.

–Jacob – eu disse depois de não aguentar mais o silêncio. – Tem uma coisa que eu preciso te dizer.

Ele olhou para mim parecendo lembrar que eu estava ali.

–Diga.

Hesitei escolhendo as palavras certas.

–Lembra... Lembra quando eu disse a você que iria embora?

–Lembro. – ele respondeu prontamente.

–Então... – eu comecei, olhando para o pára-brisa. – Eu só fiquei daquela vez porque você me pediu. E agora... Agora eu não tenho mais motivos.

–Onde tá querendo chegar com isso? – ele me olhava cauteloso.

Olhei fundo em seus olhos.

–Eu vim para me despedir.

Ele me fitou sem saber o que dizer.

–Você não pode ir. – ele disse depois de uma longa pausa.

–E por que não? – levantei meu queixo.

–Por que... Você acabou de se transformar. Achei que você fosse ficar e fazer parte do bando. – ele me olhou ultrajado.

Ri sem humor algum.

–Eu não acho que isso vá fazer diferença. Esse mundo é bom demais para ter alguma parte dele no meu mundo.

Ele fez uma careta.

–O que isso quer dizer?

–Quer dizer que tudo voltará ao normal quando eu for.

Ele se inclinou para mim.

–Você tem certeza que vai deixar tudo isso aqui? – sua voz era quase um suspiro.

–Tenho. – forcei minha voz a sair convincente.

E era exatamente por isso que eu odiava despedidas. Não servia para nada além de magoar e causar tristeza. São raras as despedidas que envolvem alegrias. Por que quando alguém parte – ou fica – sempre há uma ruptura: um pedaço de nós é arrancado.

E, no entanto, eu ainda me sentia inteira. Pior do que isso, eu me sentia ligada a Jacob. Eu poderia ir embora quando meu coração sequer me deixava dizer um adeus?

Nós dois olhávamos para o pára-brisa sem nada realmente ver.

–Então... – Jacob disse depois de alguns minutos. Sua voz estava mais rouca do que o normal. – Como... Quando? – ele terminou numa pergunta.

–Hoje. – exalei pesadamente.

Ele balançou a cabeça em negativa e depois disse:

–Tem ideia de como vai ir? – ele não parecia interessado muito nisso. Parecia estar apenas preenchendo tempo.

O estranho de tudo é que sempre que pensava em minha despedida, eu tinha certeza da minha dor. E agora, eu via que Jacob também estava sofrendo. E isso fazia tudo ficar pior.

–Eu tenho uma ideia sim. – e por mais que fosse uma ideia pouco provável racionalmente, eu sentia no cerne dos meus ossos que daria certo.

Olhei para fora onde as pessoas riam e se divertiam. Parecia que eles estavam longe demais. Em outro mundo. E logo estariam mesmo.

E aí fitei Jacob que parecia desolado.

–Pode me levar para estrada onde eu te encontrei? – pedi.

–Claro. – ele não me olhou ao ligar o carro.

Dessa vez ele não dirigiu feito um louco, talvez ele quisesse prolongar o momento. Talvez ele estivesse debilitado e lhe faltasse condições de correr. Tanto fazia. O relógio estava tiquetaqueando de qualquer maneira.

–Posso te perguntar uma coisa? – Jacob perguntou quando pegamos a estrada principal.

–Sim.

–Você ainda, sabe, sente algo por mim?

Mexi-me desconfortável no banco.

–Sinto. – meu rosto ficou quente.

–E, isso não muda a sua decisão de ir? – ele disse isso quase como uma acusação. Tive que prestar atenção para entender sua linha de raciocínio.

–Bom, não. – respondi surpresa. – Quer dizer, eu gosto de você e é por isso que eu vou embora.

Ele freou bruscamente. Dei um gritinho agudo apoiando minhas mãos no painel à frente.

–Você enlouqueceu? – gritei.

Ele olhava fixamente para o volante, parecia meio louco.

–Deixa ver se eu entendi. Você tá indo por que gosta de mim?

Era claro que estava. Seria, no mínimo, desconfortável para Jacob me ter por perto quando ele tivesse o imprinting. Eu não queria ser como Leah e acabar amargurada por não ser a “escolhida”.

Olhei pelo retrovisor, apavorada. Não era um local apropriado para parar o carro.

–Antes de responder eu preferia que você saísse daqui. – ele ligou o carro e dirigiu ainda sem olhar para mim. Respondi mais aliviada por sair do meio da estrada. – Bem, é claro que eu gosto de você, mas eu também sei que em breve você vai ter o imprinting. E como eu ficaria nessa situação?

Ele não respondeu até parar o carro. – dessa vez no acostamento.

–E quem disse que eu vou ter o imprinting? Talvez não aconteça comigo. – ele desafiou.

–Eu sei que vai.

–Por que você tem tanta certeza? – ele gritou. – Achei que você não gostasse dessa história do imprinting!

–E não gosto. Mas que diferença faz? Eu não tenho o poder para mudar isso.

–Eu não estou te entendendo. – ele disse exasperado.

–Jacob, preste atenção. – pedi. – Você acha que pode esquecer a Bella de uma maneira saudável? – não o deixei responder. – Não, não pode. O único jeito é o imprinting. Então você me pergunta se estou indo embora porque gosto de você? É. Eu estou. Porque eu prefiro saber que você será feliz a continuar aqui e dificultar mais as coisas!

–Então é assim? – ele se exaltou. – Você vai me fazer sofrer porque quer o meu bem? Isso é meio ridículo, sabia?

Meu rosto se franziu de incredulidade.

–Ridículo? Então tá! Você não entende mesmo! – saí do carro batendo a porta.

As lágrimas já escorriam debilmente por meu rosto enquanto eu corria em meio à estrada.

De repente, eu ouvi passos atrás de mim, e as mãos de Jacob estavam na minha cintura. Ele me virou de frente para ele.

Encarei seu olhar suplicante.

–Por que você sempre sai correndo assim? Será que dava pra ficar e escutar, ao menos uma vez? – seu hálito quente soprou meu rosto.

–Talvez eu não queira escutar. – choraminguei. – Eu não funciono direito perto de você e isso não é justo.

–O que não é justo é você ir embora assim. – ele replicou apertando seu abraço. Sua testa encostou-se à minha. – Fique.

Meu coração deu um salto quando nos beijamos. Puxei Jacob para mais perto querendo memorizar seu rosto, sua boca. Sue beijo era lento, o modo como ele segurava minha nuca sugeria que ele queria me prender ali.

O sol batia sobre nós, tornando tudo quente e vermelho. Agarrei-o mais junto a mim querendo prolongar aquela sensação de felicidade, de intimidade.

Por que quando Jacob estava perto de mim nada mais importava. Éramos apenas duas pessoas que gostavam um do outro. Não havia regras, nem objeções. Não haviam feridas de um amor antigo, nem a aproximação de um novo amor.

Era o presente.

Mas o futuro estava se aproximando, a cada segundo que passava. Era estranho como o tempo havia voado. Como se ele estivesse tramando contra mim.

Separamo-nos aos arquejos. Jacob sorria e dessa vez seus olhos também brilharam. Pelo menos ele me dera esse último presente. Esse sorriso me lembrava do porque eu estava fazendo isso.

Sua felicidade era a minha prioridade número um.

–Você vai ficar bem. – sussurrei. – Vai ficar tudo bem, você vai ver.

–Agatha, por favor...

–Agora é hora de seguir em frente. – eu tinha de fazer isso antes que a coragem escapasse de mim. Antes que eu decidisse que isso tudo era loucura e que eu não deveria deixar minha única chance de felicidade escapar. Tirei seus braços de mim lentamente. Peguei sua mão esquerda e beijei-a. – Você vai me agradecer em breve. – prometi. – Adeus, Jacob.

E então eu saí correndo mais uma vez. Só que dessa vez era definitivo, eu podia sentir isso. Subi a encosta para a floresta em poucos passos. Eu chorava freneticamente. Tentei secar as lágrimas, tentei respirar direito. Só que me faltava alguma coisa, o ar que entrava por meus pulmões era superficial.

Corri e corri muito mais... Meu destino parecia nunca chegar...

Estava quase escurecendo quando encontrei uma massa escura correndo ao meu lado. O lobo cor de chocolate me olhou com os olhos alarmados.

Adeus, Quil. – pensei.

Corri mais rápido e subi numa inclinação com árvores muito juntas para ele me seguir. Logo após havia um pequeno trajeto até o penhasco lá adiante. Corri até a beirada e parei de repente, meus pés fazendo atrito com a terra.

A imensidão azul estava bem abaixo de mim. O vento chicoteando meus cabelos.

Olhei para trás, Quil me seguira até aqui. Tudo aconteceu devagar demais. O lobo rosnou e começou a correr. Olhei para o vazio à frente e para ele algumas vezes, tomando coragem. Quando Quil estava a apenas alguns passos de mim, lancei-me à frente com toda a velocidade que pude.

Quando me atirei no vazio incerto fechei os olhos. Mil lembranças se passaram em minha mente. Mas uma voz permaneceu ecoando...

–Agatha bobinha. – ele zombou. – Será que tudo isso é assim tão impossível?

Impossível. Talvez fosse essa, exatamente essa, a palavra que descrevia minhas últimas semanas. Mas foram nelas em que fui mais feliz do que jamais fora em outras épocas. Então, de certo modo eu sabia muito bem o sacrifício que estava fazendo. O amor tomara uma definição totalmente diferente para mim.

Amar era querer a felicidade do outro acima de tudo. Era saber que mesmo que você ame essa pessoa com todas as suas forças, talvez você não seja o melhor para ela.

Não havia porque ficar decepcionada com esse final. Até porque ainda não era o final. Assim como o vasto oceano que se estendia abaixo de mim e que estava ficando cada vez mais perto, assim estava o meu futuro: cada vez mais perto, mais incerto e assustador.

Viver era como cair de um penhasco, percebi.

Você escolhe cair ou ficar olhando lá de cima para sempre. Você não tem a garantia se vai emergir da água rindo ou se vai afundar para não retornar. Assim sendo, eu não me arrependia de ter vindo para cá e me apaixonado por Jacob, mesmo que não tivesse dado certo. Por que sabia que se eu nunca tivesse vivido isso, minha vida teria sido infinitamente incompleta.

Bati na água com um impacto que fez minhas costas doerem. A água era extremamente fria, não abri meus olhos esperando acontecer.

Acontecer qualquer coisa; fosse o brilho estranho no fundo do buraco, fossem os rostos assustados de meus pais... Alguma coisa iria aparecer.

Mas minhas reservas de oxigênio estavam esvaziando-se. Pontinhos de luz apareceram em minhas pálpebras fortemente apertadas quando meus pulmões arderam ansiando por ar. Traguei a água salgada que queimou minha garganta.

Isso era no mínimo, decepcionante. Eu tinha tanta fé que pular me levaria para casa que sequer considerei o fato de que eu nunca aprendera a nadar. Agora era voltar para casa ou morrer. Sem terceira opção.

Eu estava morrendo e, no entanto, isso não me deixou com medo. Apenas o nada.

O nada inquietante que cercava meus ouvidos tapados.

Eu ainda conseguia sorrir ao imaginar que a essa altura Renesmee já havia nascido. O meu Jacob já estava feliz novamente. Bella estava a caminho da transformação...

O personagem inusitado finalmente saindo do caminho.

Tudo como devia ser.



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Notas finais do capítulo

AHHHHH não tenham um ataque, ok?
Faz tuuuudo parte do plano hahahaha



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