Somos azuis e somos quentes.

Thalia Grace.

Nico realmente tinha algum problema mental, só pode. Mas tenho que admitir, sua pose de general mandão era engraçada de mais. Parecia um daqueles loucos saído de um filme estadunidense de comédia com aquele megafone e o apito.

Apesar de toda essa palhaçada, ele até que estava fazendo algo certo, nos separar em equipes pra fazer as tarefas, se não fosse assim, não íamos conseguir terminar a tempo nem a pau.

Minha equipe recebeu o nome de "somos azuis e quentes", linda invenção de Poseidon com ajuda do Apolo (sério, como esses seres eram deuses?). Ai eu pergunto, pra que um nome? E continuo, pra que um nome e poque um tão idiota como esse? De acordo com esses dois seres, era melhor ter um, nos faria ser mais fortes e todas as equipes descentes tem um nome. Ta né.

Ai vamos a segunda parte. Grito de guerra. Sim, isso mesmo, se já não bastasse o mico que íamos pagar com essa droga de nome desgraçado. A dupla dinâmica precisou criar um tipo de grito de guerra muito vida louca e estranho. Ele é assim: "Jujubas são azuis, caramelos rosas, somos quentes e não é porque temos o deus do sol".

Agora vamos a uma perguntinha: Concordam comigo que é ridículo e não tem rima nem sentido?

A) Sim.

B) Claro.

C) Com certeza.

D) Sem sombra de duvidas.

E) Todas as alternativas acima.

Letra E né? Sabia.

Enfim, minha equipe (me recuso a chamar pelo nome escroto) era formada por mim, Poseidon e Apolo, obviamente. Mas também por Frank, Clarisse, Will, Michael, Miranda e Grover. E nossa "missão" era decorar o resto do castelo de Hades, colocando enfeites, presépios, papais noel na entrada e etc.

Agora eu pergunto (sim, de novo), pra que isso?

A) Nada.

B) Bosta nenhuma.

C) Absolutamente nada.

D) Nadica de nada.

E) Todas as opções acima.

E novamente a resposta é a E, né? Então, socorro. Como esses deuses gregos gostam de coisas inúteis (para mais informações, procure "como Dionísio virou um deus" no google ").

Suspirei cansada de ficar enrolando aquele festão no corrimão da escada principal, enquanto me perdia nos meus pensamentos. Até que estava ficando legal. Um lado da escada já estava pronto, o enorme festão verde com a ponta branca estava enrolado no corrimão todo, e algumas bolas natalinas vermelhas e douradas estavam penduradas nele. Em casa das estacas que sustentavam o corrimão, tinham um laço na mesma cor.

— Frank — chamei o garoto e ele não respondeu — Frank! —

Olhei ao redor pra ver se achava ele mas nenhum sinal do romano.

— Oh droga, onde ele foi parar? — resmunguei tirando o cabelo do rosto.

Eu precisava de alguém aqui pra me ajudar, não dava pra fazer aquilo sozinha, ou eu segurava o festão ou pegava a droga da fita adesiva. Sim, fita adesiva, Hades reclamou e nos proibiu de usar cola quente ou pregos e coisas assim, já que iria estragar a mobília linda e maravilhosa dele e blá blá bla. Filho de uma Gaia.

Como o que Frank iria fazer era apenas colocar enfeites em todas as portas do segunda andar, ele ficou de me ajudar com a escada, mas a criatura sumiu! Aposto que ele estava se agarrando por ai com a Hazel ou algo parecido.

Revirei os olhos e decidi usar uma tática infalível.

— Socorro! Estou morrendo! Alguém me ajuda! Socorroooooo! — gritei e me apoiei no corrimão, esperando alguma alma legal (e de preferência viva) fosse me ajudar.

E pra minha sorte (ou azar), Percy apareceu poucos segundos depois. Nossa, que rapidinho. Ah, mas ele estava na sala arrumando a árvore, era perto.

— Thalia! Pelos deuses, o que aconteceu? — ele perguntou, subindo as escadas ate a parte aonde eu estava.

— Frank aconteceu. Ou melhor, "desaconteceu". Ele ficou de me ajudar e sumiu. Agora, pega aquela fita adesiva ali e me de um pedaço — respondi.

— Eu não acredito que me chamou aqui pra isso — resmungou, sentando na escada.

— É, chamei. Agora, faz o que eu te pedi ou rala daqui — falei irritada.

Ele pegou a fita, cortou um pedaço e me deu. Prendi logo o festão antes que soltasse e eu tivesse que enrolar tudo de novo. Respirei aliviada e me joguei pra trás, deitando na escada. Serio, eu já estava com a mão doendo de tanto segurar aquele troço.

— Ta, certo. Melhor ficar aqui do que aguentar o Nico. Hoje ele ta de mais — ela falou, por fim.

— Então me passa aquele outro festão ali —

Ele me olhou confuso.

— Outro o que? —

— Festão cabeça de algas. Aquele bagulho verde ali — apontei — que se coloca em árvores e etc —

— Ah, certo — ele pegou e me entregou — não sabia que esse era o nome disso —

— To vendo —

[...]

Depois de um tempo, acabei de enfeitar a escada. O Percy mais me atrapalhou do que ajudou, sério, a criatura quebrou 3 bolas e ainda fez o negócio soltar da droga do corrimão umas 5 vezes. Eu já estava querendo esganar aquele ser, mas usei tudo aquilo que eu estava aprendendo com Ártemis sobre ter paciência, e no final, deu tudo certo. Ainda bem, por que se não, de cabeça de algas, ele iria virar peixe frito de tanto que eu ia lançar raios nele.

Enfim, assim que acabamos, Percy pegou a caixa com enfeites que tinha sobrado e eu a caixa com tesoura, fita adesiva, grampeador e outros materiais desse tipo. Descemos e fomos para a sala, onde Nico gritava com alguém, como sempre. Observei o lugar melhor e.... Di immortales.

— Que raios de árvore é essa? A do cúmulo do mal gosto? — falei de boca aberta com aquilo.

O que deveria ser a nossa árvore de natal estava toda queimada, com o troco e os galhos pretos e cheirando a fumaça, as folhas estavam chamuscadas e algumas soltavam um fumacinha, isso as poucas sobreviventes que ainda estavam penduradas. Já o que deveriam ser bolas, papais noel, laços e essas coisas, eram coisas como...

— Ei, o que meu headfone ta fazendo aqui? — fui até lá e tirei ele do galho.

— Hã... Tivemos um pequeno probleminha — Travis disse.

Connor logo abriu a boca e começou a falar a desgraça que havia acontecido. Leo, sempre se metia no meio e o interrompia, na maioria das vezes, apenas apara repetir que a culpa não era dele.

Quando terminaram, falei a única coisa que consegui:

— Certo. Definitivamente, vocês tem coco de pégaso no celebro. Cagada é pouco perto disso —

Leo mexeu no cabelo impacientemente.

— É, to sabendo —

— Vocês sabem que tem mais três árvores iguais a essa no deposito né? — falei e Nico arregalou os olhos — Assim como os enfeites, tem varias caixas lá —

Nico abriu a boca pra falar algo. Provavelmente que ninguém falou isso pra ele, mas na verdade, tinha sido ele mesmo quem em falou o que tinha no deposito. Mas antes que pudesse dizer, Percy chamou a atenção de todos nós falado:

— Ei, porque a calcinha da Annie ta na árvore — apontou para o topo da árvore desmantelada. Lá tinha uma calcinha rosa com uma estrela azul, presa no lugar que deveria estar a estrela de verdade.

— Precisávamos de algo com estrela e foi a única coisa que achamos — Leo respondeu, dando de ombros.

Nico franziu o ceno e peguntou:

— Pera, como você sabe que é da Annie? —

— Hã... Eu... Er... — Percy tentou falar alguma coisa mas não conseguiu e acabou corando.

Eita, ai tem coisa. Que isso hein, Jackson.

Eu ri e dei uns tapinhas do ombro dele.

— Agora você se complicou hein, priminho —

Nesse momento, Rachel, Bianca e Annabeth saíram da cozinha e apareceram na sala.

— Oi gent... Uê, o que aconteceu com a árvore. E porque a minha calcinha esta nela? — falou e seu rosto começou a ficar vermelho.

Leo conteu uma risadinha, assim como Nico e Connor. Já Travis, bem, esse ai nunca consegue se controlar. Ele gargalhou alto, fazendo minha amiga lançar um olhar mortal pra ele.

— Bom, eu estou indo por meu quarto, preciso me arrumar — falei, sorrindo.

Rachel, Bianca e Silena falaram algo como "estamos indo também" e fomos para o segundo andar, deixando o casal se intender com os meninos.

Antes de ir pro meu quarto, dei uma passadinha no que Frank dividia com Leo e Jason. O romano roncava alto e se assustou quando dei um belo de um tapa nas costas dele. Bem feito, ninguém mandou me deixar sozinha.

[...]

Faltava apenas 2 horas para meia noite e eu já estava pronta e agora, Annie e eu estávamos esperando Rachel e Hazel terminarem de se arrumar.

— Andem! Estamos indo aturar um bando de deuses gregos aloprados, não pro próximo fashion week — gritei revirando os olhos.

— Calma, calma — Rachel gritou do banheiro e saiu — então, o que acharam? —

— Ta ótima — Annie respondeu — Hazel? —

— Só um minuto, to procurando o brinco aqui — ela falou, revirando a mala.

O quarto tinha roupa até no ventilador, sem exagero, ela jogou tudo pra fora da mala pra catar a droga do brinco e não achou.

Levantei da cama da ruiva e puxei minha prima pelo braço.

— Vai sem ele mesmo. Andem, vamos aturar aqueles velhos discutindo —

Annie suspirou.

— Que a sorte esteja a nosso favor —

Qual foi, se já não bastasse o Nico, agora ela também estava falando isso. Amores, isso aqui não é jogos vorazes.

Eu pensava isso, pensava, mas ai nós descemos a escada e... To ferrada.