Prostituta Do Governo escrita por Leticia, Lari Rezende


Capítulo 49
O concurso


Notas iniciais do capítulo

Não odeiem a Melina, ela tem seus motivos.
Boa leitura :3



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15 anos depois

15 anos se passaram e tudo havia mudado completamente.

Mateus, filho de Lia, estava noivo. Eliana iria se mudar com ele e a noiva para a Argentina, onde o garoto ingressaria como missionário numa tribo indígena. Ana Maria decidira ficar, dizia estar velha de mais para se aventurar pelo mundo.

A loja de roupas crescia bastante. Agora tínhamos três filiais espalhadas por Porto Alegre e diversos funcionários trabalhando a mil nas lojas que milagrosamente vendiam muito bem.

Eu, com os meus 35 anos e uma feia cicatriz no rosto vivia em pé de guerra com Melina.

Agora com 15 anos, ela achava que era dona do próprio nariz e vivia me fazendo perguntas sobre o pai dela e sempre dava um jeito de fazer alguma piada sobre a minha horrível cicatriz.

Cicatriz que ela odiava.

Cicatriz que salvou a vida dela.

Melina era completamente o oposto de mim, tanto na aparência como no comportamento. Alta e com um volumoso cabelo loiro, tinha o rosto pontudo e o nariz fino. Seus olhos verdes eram como esmeraldas e a boca estreita. Tinha a personalidade forte, era extremamente radical em seus atos, pensava de maneira diferente e nada parecia poder domá-la, exceto a música.

Melina tinha um dom extraordinário para a música. Cantava perfeitamente bem qualquer nota e tocava
com muita facilidade qualquer instrumento musical.

Cantar era o sonho dela e eu nunca a impedi de sonhar alto.

Eu na idade dela não tinha muitos sonhos. Na realidade eu nunca tive sonho algum, e ver minha filha sonhar era algo completamente fantástico.

Então aconteceu algo maravilhoso e perfeitamente tenebroso numa noite muito quente.

Estávamos vendo televisão quando um comercial da TV chamou a atenção de Melina. Haveria um grande concurso de calouros em Porto Alegre, o vencedor gravaria um Cd e faria shows pelo Brasil.

A oportunidade de Melina era aquela e nos duas pulamos de alegria quando ela disse que iria cantar e que iria ganhar.

Depois da euforia, ainda naquela noite ela me olhou e fez uma pergunta num tom enojado.

-Mãe – disse ela – será que da para cobrir a cicatriz com maquiagem? – ela não ligou para o meu constrangimento – é que quando eu ganhar, certamente vão te chamar para ir ao palco junto comigo e eu não queria que as câmeras filmassem isso ai.

Naquele momento eu engoli toda a mágoa e toda a dor que eu sentia.

Existem muitos casos no mundo em que filhos sentem vergonhas dos pais. Minha mãe era empregada domestica e meu pai era mecânico e eu nunca tive vergonha das minhas origens simples. Ter vergonha de um pai ou mãe para mim é como um crime, pois olhe, tudo o que eu já vivi, a cicatriz salvara a vida de minha filha que queria que eu a cobrisse com maquiagem para não chamar atenção no dia de sua gloria.

Obviamente Melina não sabia dessa historia. Ela achava que era minha filha e que a cicatriz foi de um acidente de carro que eu sofri uma vez.

Respirei fundo e encarei Melina.

-Sim filha – respondi – eu tenho uma base forte que pode escondê-la.

Ela sorriu e voltou a ver Glee que passava no canal Fox.

Naquela noite, quando minha filha foi dormir sentei na cama e peguei uma agenda grande que eu havia comprado para outras finalidades e voltei ao passado escrevendo linha por linha de tudo o que havia acontecido na minha vida, cada momento marcante, cada momento difícil, cada momento que eu queria
fazer questão de esquecer e lembrei somente para escrever.

Muitos anos haviam se passado, e naquelas paginas da grande agenda, eu estava decidida a escrever os 35 anos da minha vida.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?



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