Prostituta Do Governo escrita por Leticia, Lari Rezende


Capítulo 37
Filha eu te amo


Notas iniciais do capítulo

Obrigada a todos que favoritam e deixam reviews ♥
Boa leitura :3



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Narração do pai de Jessica


3 anos atrás

Quando abri os olhos naquela manhã me senti um pouco estranho. O cheiro que vinha dos cabelos de Sabrina era delicioso. Acariciei seu ombro lentamente e lhe dei um beijo antes de levantar.

Levantei da cama e fui tomar um banho, troquei de roupas colocando as sujas no cesto dentro do banheiro, escovei os dentes e fui para a cozinha passar um forte café preto como eu fazia de costume.
Atravessei o corredor e a sala e parei em frente ao fogão onde liguei uma boca e coloquei uma chaleira de água para ferver.
Notei um estranho bilhete em cima da mesa e o peguei.
Era uma carta de Jessica que dizia.

“Pai,
Talvez você nunca me perdoe pelo o que estou prestes a fazer, mas saiba que é exatamente isso que eu quero. Meu comportamento não esta te agradando e nem o seu me agrada mais. Por isso decidi que vou caminhar pela vida, seguir a rodovia unicórnio, encontrar o amor. Talvez essas palavras não vão fazer muito sentido agora, mas um dia creio que vai entender tudo o que se passa na minha cabeça. Acabo de conversar com uma prostituta e ela esta indo para um lugar perto de onde a vovó mora e é para lá que eu vou agora. Quero que você seja muito feliz com a sua família perfeita e que vocês nunca sintam a minha falta. Eu te amo pai, saiba sempre disso, eu te amo e sempre te amarei, pois você é o meu herói.
Só peço para não me procurar. Talvez um dia eu volte para resolver esse monte de pendências e explicações que estou deixando para traz.
Talvez...
Um beijo para você meu querido pai, da sua sempre PROSTITUTA DO GOVERNO.”

Joguei o bilhete em cima da mesa e corri para o quarto onde minha filha costumava dormir. Abri a porta subitamente e encontrei a parte de cima do beliche completamente vazia. Voltei ao meu quarto e peguei meu celular que recarregava a bateria em cima da mesa de cabeceira. Desconectei-o da tomada e disquei o numero de minha filha. O celular tocava e tocava e ninguém atendia.
Sabrina acordou com a minha estranha movimentação.
Escutei uma música estranha vinda de um lugar próximo e segui afim de encontrá-la melhor.
O celular de Jessica estava em cima do sofá ao lado de um pedaço de foto amassado. Passei os olhos pela estante da sala e notei o porta retrato com a foto da nossa família sem a parte dela na foto.
–Amor- disse Sabrina vindo atrás de mim – o que esta acontecendo?
Peguei a carta em cima da mesa e mostrei a ela.
–Jessica foi embora – respondi – ela fugiu de casa.
É completamente impossível descrever como foi passar o resto daquele dia sem noticia alguma sobre Jessica. Rodei a cidade atrás de informação, fui à casa de Ricardo e também na de Vinícius perguntando se ambos sabiam de alguma coisa, mas eles pareciam mais perdidos do que eu.
Ninguém tinha visto nem sinal da sombra da minha filha.
Giovane chorou o mês inteiro que se passou e tentar levar a vida como se nada tivesse acontecido era uma coisa completamente impossível.
Eu sonhava com ela com muita frequência e sempre me perguntava o porquê dela ter partido sem ao menos se despedir, sem ao pior explicar o que se passava na cabeça dela.
Eu senti meu coração se partir lentamente.
Estava muito difícil para eu continuar no trabalho, difícil continuar se relacionando com as pessoas ao meu redor e eu sentia que meu casamento estava se desfazendo aos poucos. Eu entrei em um grande nível de depressão indo ate mesmo conversar varias vezes com um psicólogo.
É impossível descrever a dor de um pai que não tem noticias de um filho. Eu daria todo o meu dinheiro para saber ao menos se ela estava se alimentando direito, se estava passando frio à noite e se ainda estava viva.
Depois de meses eu comecei a pensar que minha filha estava realmente morta e isso simplesmente me colocou no fundo do buraco. Sabrina não me abandonou se quer um momento. Ela sempre me ajudava a localizar Jessica tentando descobrir ao máximo alguma pista que nos levasse a ela. Como não conseguiu resultado algum ela decidiu me tirar de uma vez por todas do buraco agendando uma viagem para as praias de Florianópolis, a ideia me animou um pouco, mas não consegui criar forças para curtir um passeio numa ocasião daquela.
Depois de um ano muita coisa aconteceu em nossa família.
Giovane crescia a cada dia mais e eu com medo de errar com ele do mesmo jeito que acreditava ter errado com Jessica passei a superprotegê-lo e amá-lo sem restrições alguma. Silvana começou a namorar Ricardo, o que era irônico, pois ate onde eu sabia, ele já havia sido o namorado de Jessica. Sabrina e eu oficializamos nosso casamento no cartório, passando assim a ser a família batista por completa.
Depois de mais um ano as coisas foram se ajeitando, me tornei sócio na mecânica em que eu trabalhava e passei a ganhar mais de dinheiro. O namoro de Silvana e Ricardo estava cada vez mais serio e eles pensavam seriamente em noivado. Giovane estava no time mirim de futebol na escola e Sabrina me completava.
Por mais que as coisas estivessem bem eu sentia falta de Jessica, pedia a Deus todas as noites para cuidar e proteger a vida dela. Para mim, nada que pudesse acontecer de melhor na minha vida substituiria o amor por ela e a esperança que eu sentia de encontrar Jessica.
Mais um ano se passou e resolvemos finalmente tirar férias e agendamos novamente nossa viagem para Florianópolis. Naquela tarde, as malas já estavam todas prontas e nos estávamos preparados para a nossa viagem quando meu celular tocou.
Assim que atendi escutei uma voz dizer.
–Pai, me ajude – a voz era aflita – estou na nossa antiga casa na fazenda.
A ligação caiu.
Eu não sabia ao certo se aquela era a minha filha, a voz estava um pouco diferente, mas haviam se passado três anos e deduzi automaticamente que ela estaria diferente de alguma forma. Eu não pensei direito naquela hora, quando eu vi já estava dentro do carro a caminho da nossa antiga fazenda.
Durante o trajeto o celular tocou.
Atendi e era Sabrina.

–Amor onde você esta? – perguntou ela aflita – porque saiu de casa sem dar explicação alguma?
Parei de prestar atenção na estrada.
–Recebi uma ligação – respondi – acho que era Jessica!
Sabrina disse do outro lado da linha.
–Não, amor. Volta! – disse ela – acabaram de ligar para o nosso residencial pedindo ajuda e era apenas um trote de mau gosto.
Passei por um buraco no asfalto e deixei meu celular cair no banco ao lado, virei rapidamente para pegar o celular e quando voltei meus olhos para a estrada virei o volante rapidamente para não bater numa grande rocha que havia caído de um deslizamento e que agora tomava todo o caminho. Desviei o carro e cai num barranco. O carro capotou uma vez e depois parou.
Naquele instante eu só sentia o forte cheiro de gasolina, minhas pernas não se moviam e eu estava tonto ao extremo.
Peguei o celular que continuava por incrível que pareça em cima do banco do carona e disquei com muita dificuldade o ultimo numero registrado.
Sabrina atendeu.
–Amor!
–Socorro – respondi antes de perder total consciência dos fatos.
A policia identificou o numero que me ligou e comprovou que não passava de um trote de adolescentes imbecis, eu continuava sem Jessica e sem a viagem a Florianópolis já que quando acordei eu estava em uma cama de hospital.
Os médicos disseram que eu estava vivo por um milagre divino. E eu sentia que minhas forças iam se acabando lentamente.
Minha ultima e única vontade antes de morrer era simples, encontrar Jessica e lhe dizer – Filha eu te amo.


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Notas finais do capítulo

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