Perigosa União escrita por Izu Chan


Capítulo 1
Capítulo 1 - Assassina


Notas iniciais do capítulo

Reescrito. Descrições em primeira pessoa estão em itálico. Para os que acompanham a história boa leitura, para os que estão lendo pela primeira vez espero que gostem



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Meu nome é Izayoi. Olhando, você pode ter uma boa impressão: mulher inteligente, doce e extremamente gentil que tenta manter-se e a faculdade com um emprego que mal a mantém. Saiba que está não é a verdade sobre mim. A verdade, eu lamento em confirmar, é que fui treinada para matar qualquer um sem ter piedade e sem deixar nenhum rastro, o que deixa os policiais da querida Nova York intrigados. Devido ao tempo sem solução, o FBI foi chamado, mas não adiantará. Se há uma coisa que aprendi bem durante todos esses anos foi não ser detectada.

E cá estava eu novamente, em mais um trabalho. A vítima? O Juiz Alexander Taft, um velho de 40 anos, olhos cinzentos, aproximadamente minha altura, por volta dos 1,65m, tinha a pele clara ligeiramente enrugada, especialmente nas mãos. Ele usava um smoking, apropriado para a festa: uma comemoração de fim de ano. Faltavam três semanas para o natal, mas comemoravam como se tivessem ganhado a loteria. Bebi mais um pouco de champangne, recolocando a taça no balcão e aleguei precisar ir ao banheiro. A presença daquele homem arrogante, especialmente agora meio bêbado, causava-me repulsa.

O banheiro era pequeno, tinha apenas duas divisões e uma pia de mármore, acima destas um espelho retangular refletia-me. Hoje, estava com uma peruca loira, com os fios caindo em ondas até o meio das costas, as lentes deixavam meus olhos cor de caramelo, usava um vestido tomara-que-caia azul celeste com triângulos irregulares na barra, que chegava aos joelhos, e uma sandália baixa prateada. Retoquei o batom rosa claro, puxei os cabelos para trás e saí. Quanto mais rápido isso terminasse melhor.

-Achei que não viria mais, querida – fala ele levantando a taça de vinho, seu hálito me dava náuseas, alguns de seus acompanhantes riram, mas a maioria não conseguia desprender os olhos de mim mostrando claramente um interesse em comum, mesmo que eles não vissem uns nos outros: cobiça. Eles me desejavam, mas isso não era uma coisa da qual se orgulhar, a maioria estaria morta em alguns dias, um a um.

-Não deixaria você aqui com toda essa concorrência – falo, deixando no ar ao mesmo tempo inocência e desejo. Ele percebeu e sorriu, como um leão ao encontrar a tão desejada presa – Podemos ir? Está ficando meio cheio por aqui – deixo mais uma vez o tom de desejo e olho-o de cima a baixo, mordendo os lábios. Fingir não era mais uma tarefa tão difícil assim.

-Claro, minha querida. Com licença cavalheiros – ele deixa o copo na bandeja que um dos garçons trazia e estende o braço para mim

Aceito com um sorriso e saímos. Taft manda um dos manobristas trazer seu carro meio aos gritos, e quando ele sai, volta-se para mim com aquele sorriso leonino novamente

-Vamos ter uma noite excelente, querida. Garanto que será inesquecível para você.

-Para os dois, senhor Taft.

-Alex, querida. Senhor Taft é apenas para os empregados. – ele passa a ponta dos dedos pelo meu rosto, reprimi a vontade de me afastar – Já não era sem tempo – ele volta a atenção ao manobrista que estacionava o carro frente a entrada

Ele sai do carro, a cabeça baixa e abre a porta ao lado do motorista para que eu entre ao ver Taft acomodado no assento do motorista, mas acabamos por esbarrar e deixo minha bolsa cair. De maneira discreta ele troca a bolsa de mão prateada que eu tinha por outra idêntica enquanto eu entrava no carro e antes de fechar a porta o vi acenar ligeiramente para o chão. Enquanto Taft dirigia, resmungando sobre o quanto alguns empregados eram incompetentes, apertei ligeiramente a bolsa e senti não apenas uma lâmina que devia ter o tamanho de uma faca de cozinha como também um frasco mínimo. Se era para acontecer, que fosse da maneira mais rápida.

Ele estaciona numa garagem da casa em que morava, se é que podia ser chamada assim, pois tinha estrutura e espaço o suficiente para ser uma mansão. Ao descer do carro, guia-me até o interior; era enorme e luxuoso, caro demais até para um juiz manter. Era quase palpável o desejo que ele sentia por meu corpo, mas ele morreria antes que pensasse em tocar-me.

-Posso servir uma taça de vinho a nós? – pergunto com delicadeza, indicando uma garrafa que havia numa das estantes

-É claro. As taças estão na estante, na gaveta acima – percebo um toque de impaciência em sua voz enquanto ele tirava o paletó

Abro as gavetas e tiro duas taças, em seguida abro o vinho, tinha um cheiro forte, mas isso encobriria o leve odor do produto.Abro a bolsa, tiro o frasco e ao abri-lo reconheço imediatamente o pó branco refinado, e despejo-o na garrafa. Sirvo as duas taças, de costas para ele de modo que ele não pode ver o que eu fazia e em seguida volto-me para ele com as duas taças em mão, estendendo uma assim que sento ao seu lado. Ele vira boa parte do líquido num só gole, segurei a taça com cuidado entre os dedos contornando a boca da mesma com a ponta do indicador. Não demoraria a fazer efeito. Assim que ele percebeu que eu não bebera a taça ou provavelmente notou o sorriso que diabolicamente surgira no meu rosto seu rosto deixou transparecer todo seu pavor. Antes que ele pudesse sequer piscar, tirei a taça das suas mãos, sem movimento e deixei as duas sobre o tapete. Ele cai no chão, o efeito da droga começara.

O primeiro sintoma era a perda total de movimentos. O segundo, acontecia um minuto depois, os movimentos eram recuperados bruscamente demais e sem receber a ordem correta do ocorrido o cérebro transforma o simples ato de restabelecer o sangue ao movimento natural em um tortura excruciante; não era possível falar, piscar e até mesmo movimentos leves e necessários como respirar aumentavam a dor. O terceiro e último sintoma ocorria apenas depois de 5 minutos de agonia, após se situar e voltar a controlar os músculos, o cérebro é diretamente afetado; a vítima sofria as piores visões da vida, como um filme de tudo que fez de ruim piorado em 10 vezes, e sem poder gritar ou sequer mover-se, os olhos deixavam transparecer toda a agonia de uma vida e como uma carrasca eu terminava o serviço mandando-o ao seio da morte usando uma lâmina que poderia ferir tanto quanto esses terríveis delírios

Em menos de 10 minutos, não restava nada do outrora juiz Alexander Taft exceto um corpo flácido no chão com o olhar vidrado no teto. Recolho as taças e o vinho, pego a bolsa e a lâmina e paro a porta. Não haveria digitais no sofá, a garrafa seria levada comigo, mas eu não podia deixar de levar algo que podia seriamente me denunciar. Retiro todas as roupas dele e deixo embrulhada dentro dela as taças, a lâmina e o vinho. Tiro de dentro da bolsa um par de luvas sintéticas e coloco-as. Antes de abrir a porta, segurei com força um colar que levava no pescoço, até sentir a parte em contato com minha pele deslizar para baixo. O sinal fora dado

Abro a porta e saio, agora sem preocupações. As câmeras do portão estariam com uma imagem congelada da entrada vazia e da rua deserta até o momento em que eu saísse. Quando saí, vi a uma quadra de distância o carro que me aguardava. Ao entrar vejo o manobrista que havia trocado as bolsas, mexer no computador e obedecendo ao clique, as câmeras voltaram a funcionar normalmente, mostrando o movimento na rua. Ele desconecta o computador de um do programas usados para a invasão do sistema e a tela fica negra; ele olha brevemente para mim e sorri trocando a marcha. O rapaz tinha 23 anos, cabelos negros que caiam até a metade do pescoço, olhos negros que queimavam de uma maneira que lembrava brasas, sua pele era tão clara quanto a minha, um traço do sangue asiático

-Você foi rápida hoje Izayoi

-Não estava a fim de aturar bêbados Takemaru – retiro a peruca loura, deixando meus cabelos negros e lisos caírem livremente pela curvatura das costas, em seguida tiro as lentes de contato e baixo * olhando num espelho meus olhos violetas piscarem algumas vezes

-Tudo limpo – não era uma pergunta, mas mesmo assim acenei confirmando. Se havia outra coisa que eu havia aprendido nesses 7 anos de vida conturbada era que Kyo Takemaru não aceitava erros, e a cada erro a punição era severa demais para que eu pudesse suportar

-Vamos embora logo, esse lugar me dá nojo – não era uma total mentira, queria ficar o mais longe possível dali, mas acima de tudo queria ficar longe do Takemaru. Até agora ele não havia sequer me olhado com clareza e nos últimos anos ele havia adquirido um péssimo hábito de fazer isso antes de resolver o que fazer comigo.

[...]

O prédio do FBI estava praticamente um inferno durante todo o dia por causa da história dos assassinatos. Passou pelos agentes do FBI e entrou no elevador

-Bom dia senhor. Para que andar? - pergunta um homem que estava no elevador

-Vigésimo andar, por favor - responde o homem com a voz meio rouca,mas que não deixava de ser agradável aos ouvidos. Os cabelos longos estavam presos e usava um terno preto com um sobretudo cinza-escuro

Assim que o elevador para, anda elegantemente até a porta dupla que tinha no final do corredor e bate pedindo permissão para entrar. Quando ouve que pode entrar encontra fora o presidente que estava sentado atrás de uma mesa de mogno observando algum documento, a médica-legista e uma dupla de policiais que olhavam intrigados do presidente de departamento para os papéis

-Mandou me chamar senhor Gibbins?

-Sim. Aqui tem algumas fotos dos últimos crimes que aconteceram, quero que dê uma olhada

-Ainda não pegaram o bandido? - pergunta examinando as fotos, todas elas mostravam pessoas mortas, homens em sua maioria, com cortes enormes no peito

-Não, ele é mais rápido que nós e nunca deixa rastros. Sei que disse que não poderia assumir nenhum caso por enquanto, mas você é melhor agente que temos. – revela o presidente do departamento olhando com firmeza para o homem a sua frente – E não quero mais sentir a corda no meu pescoço por causa da imprensa que já está querendo respostas rápidas sobre esses incidentes

-Como foram feitos esses cortes, Srta. Rey? - pergunta se virando para a médica-legista

-São cortes profundos feitos por lâminas e dentro do corpo das vítimas encontramos uma substância química, ainda estamos analisando para saber os reais efeitos nas vítimas

-Interessante - fala mais pra si mesmo do que para os outros e coloca as fotos de volta na pasta de cor parda que tinha sobre a mesa de mogno

-Nenhuma pessoa no local dos crimes, nada de digitais e alguns só possuíam câmeras nas garagens ou no portão de entrada

-E os seguranças?

-Inconscientes ou mortos – responde um dos policiais – Nada foi levado dos locais do crime, presumimos que não seja roubo

-Então essa pessoa mata por diversão? – a doutora Rey não pode evitar que a descrença surgisse em sua voz. Havia estudado medicina e trabalhava no FBI a tempo suficiente para saber que todo crime tinha um motivo por trás, mesmo o mais insano

-Irei precisar de ajuda – revela o agente ao olhar Gibbins – E quero escolher quem me acompanhará

-Todo o departamento vai estar a sua disposição Inutaisho. Sigilo vai ser absolutamente importante nesse caso

-Não se preocupe, fora as pessoas que estão nessa sala e o agente que me acompanhará ninguém mais saberá que estou nessa investigação

-Excelente, agora pode se retirar.E Inutaisho

-Sim senhor

-Quero resultados o mais rápido possível

-Pode contar comigo - fala levantando-se e sai da sala indo para o elevador

Enquanto estava no elevador, pegou o celular e passou uma mensagem rapidamente para o agente que escolheu pedindo que o encontrasse no local onde haviam encontrado o corpo do juiz Taft na noite anterior. Mal chegou ao térreo e acabou por esbarrar em uma mulher de aproximadamente 39 anos, cabelos escuros com alguns fios grisalhos, o rosto em formato de coração parecia afobado

-Sinto muito, eu não... Olá Inutaisho, já voltou? – pergunta ela com um sorriso

-Tenho que vir pegar meu salário Tsubaki, cada centavo conta quando se tem um filho sabe

-Ficou sabendo dos homens mortos a facada?

-Apenas vi nos jornais. Sabe de alguma coisa?

-Só que todos os homens são pessoas de influência forte ou moderada e que a maioria foi vista com uma mulher algumas horas antes de irem para suas casas onde foram encontrados mortos

-Você é realmente bem informada. Perguntei lá em cima, mas ninguém deu nem metade da informação que você acabou de falar

-Está pensando em investigar?

-Ainda não. Quando vierem de joelhos me chamar eu vou pegar o bandido – responde dando um sorriso breve para a mulher

-Queria poder investigar, mas me trancafiaram aqui até mês que vem pela quantidade de papeia que tem na minha sala

-Boa sorte. Assim que eu voltar vou precisar de ajuda com os papéis da minha sala também – ele dá um tapinha amistoso no ombro dela e sai com as mãos no bolso do sobretudo. Ela sabia mais do que os médicos e policiais haviam notado. Ou teve acesso a gravações das câmeras que estavam com os policiais ou estava por perto de alguma das vítimas na hora do crime. Suspira, deixando o pensamento vagar. Tomara que seu amigo tivesse idéias melhores que as dele

[...]

Takemaru estava em casa sentado de maneira confortável no sofá enquanto via na TV o noticiário sobre a morte do juiz Taft. Era um prazer fora do comum ver suas obras na TV em qualquer horário que a ligasse e saber que esses policiais dariam voltas e voltas no mesmo lugar sem jamais descobrir o que aconteceria, mas não era um prazer maior do que aquela mulher. Como para atrapalhar seus devaneios, o telefone toca incomodamente, e atende

-Que é?

-Inutaisho está no caso – responde uma voz feminina

-Ele não vai conseguir provas para nos incriminar mesmo que estivessem debaixo do nariz dele

-Você foi avisado. Tome mais cuidado

-Daqui a duas semanas estarei numa praia do Caribe com 10 bilhões na conta. Sei perfeitamente o que estou fazendo. – ela desliga o telefone bruscamente

Takemaru põe o telefone de volta no suporte e volta à atenção para a figura que havia acabado de sair do quarto. A blusa de mangas longas que ela usava no trabalho cobria os pulsos machucados e as marcas que havia em seu tronco. Não pode evitar um sorriso ao lembrar-se de como ela havia resistido inutilmente contra ele.

-Izayoi

-Sim – pergunta ela baixo enquanto servia-se de um copo de suco

-Tome cuidado com o que faz por enquanto, parece que dobraram o número de agentes no caso. Há um novo alvo para você

-Quem?

-Saberá quando voltar a noite. Terá que fazer isso semana que vem, no sábado. Quando voltar mais tarde dou-lhe mais informações

-Porque não nesse fim de semana? Afinal...

-Não! – ele levanta-se e posta frente a ela que o mirava desafiadora – Vou levar mais tempo para burlar a segurança dessa vez. Tudo tem que sair perfeito dessa vez, será nosso último crime antes de voltar para o Japão. E então... – segura uma mecha dos cabelos negros em volta dos dedos enrolando-a

-Então você deixará a mim e a minha irmã em paz?

-Isso mesmo – ele segura o queixo dela, levantando-o para que ela o olhe nos olhos, e encosta os lábios brevemente aos delas, sentindo como ela se arrepiava e o corpo arqueava querendo afastar-se dele – Você sempre foi meu melhor brinquedo Izayoi, vai ser uma lástima perder você.



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