Ok, vamos lá.

Apressei o passo, andando rapidamente em direção à ele.

Eu certamente tinha um plano. Agora, se ele não desse certo, seria só no improviso. Como grande parte da minha vida.

Cutuquei seu ombro de leve.

-Rem?

Ele se virou.

-Hã? Ah, oi Hermione. 

Ele sorria amigavelmente, mas, como percebi, seus olhos se desviavam dos meus várias vezes.

-Er.. Tudo bem? - perguntei.

Tive vontade de me dar um soco. Que pergunta rídícula pra se fazer a um cara que está quase entrando em depressão por minha causa.

Ele franziu o cenho, imaginando talvez o porquê de eu ter começado aquela conversa.

-Hãn.. Tudo. E você?

-Tudo. - Respondi. Opa, o plano, quase esqueci! - Er, quer dizer, não estou bem. 

Ele estreitou os olhos.

-O que aconteceu? 

Eu abaixei os olhos para o chão, e tentei expressar tristeza, o que não  era tão difícil assim.

-Rem, eu... Eu queria poder ficar. Eu queria muito.

-Mas não pode, é claro. - Falou, com uma voz glacial. - Agora, se me der licença, eu preciso ir pra aula...

Ele me deus as costas, e continuou andando calmamente, como se nada tivesse acontecido. Que insensível!

Ou será que ele pensava que era eu que estava sendo insensível?

E eu estava triste novamente. Chorando, pra variar.

Só que dessa vez, fiz algo que nunca tinha feito antes. 

Antes que eu pudesse me controlar, corri até ele. Não conseguia pensar em nada, nem pedi às minhas pernas que parassem. Apenas o olhei, até que ele se virou em minha direção novamente.

-Hermione, isso é mesmo neces...

Ele viu que eu estava chorando, mas não foi isso que o interrompeu. 

Eu parei à sua frente e lhe dei um beijo. Não um beijo apaixonado, mas um beijo de amiga. Eu só queria que ele soubesse que eu estava ali, que eu pensava nele, e que não iria esquecê-lo assim que fosse embora.

E então eu o abracei, com todas as minhas forças. Encostei a cabeça no seu peito, e deixei o choro vir. 

Sua surpresa havia passado. Ele retribui o abraço e com uma das mãos fez um carinho calmo em meus cabelos, como se eu fosse uma criança que acabara de perder sua boneca.

Ficamos assim por muitos instantes, no meio do corredor. As pessoas passavam, alheias ao que se acontecia, assim como eu e ele só ligávamos para a presença um do outro. Reparei várias coisas, naquele momento.

Seu casaco remendado diversas vezes tinha cheiro antigo. Enquanto ele me abraçava, seus cabelos batiam de leve na minha cabeça, me fazendo cócegas. Ele era suficientemente magro para que eu juntasse as mãos em suas costas enquanto abraçava-o.

Essas deveriam ser as "pequenas coisas" que ele tinha falado. 

Céus, depois disso seria muito mais dífícil ir embora. 

Ele me afastou gentilmente de seus braços e eu pude olhar em seus olhos castanhos. Eu sempre iria lembra daqueles olhos, também. 

-Só me prometa uma coisa. 

-O-o que? - Perguntei, depois de uma tentativa fracassada de secar as lágrimas com as mãos.

-Prometa que você não vai me esquecer, Hermione. 

-Eu nunca iria. Eu prometo. 

Ele me puxou novamente para seus braços e eu me encolhi. 

Me senti protegida, como nunca havia me sentido antes. Desde que eu não saísse daqueles braços, o mundo podia se desintegrar e eu não iria perceber. Não iria importar. Ele estava lá comigo.

-Bem. Então vai ficar tudo bem. - Ele sussurrou, num tom que me acalmou mais do que qualquer coisa. As lágrimas pararam de cair. 

-Rem, eu te amo. Muito. - Sussurrei de volta. 

Senti seu corpo estremecer em surpresa com o que eu tinha falado. Será que eu nunca havia dito aquilo antes? 

Será que eu deveria ter falado aquilo? 

Quando eu comecei a me arrepender pela minha atitude precipitada, ele respondeu.

-Eu te amo também, Hermione.