- Por que vai me deixar? – disse em meio de lágrimas.

        - Não tenho opção. – ouvi uma voz dizendo, não reconheci quem estava falando comigo. Eu estava de costa para a pessoa.

        - Vai se esquecer de tudo o que passamos? – perguntei

        - É necessário. – ela disse e foi se afastando cada vez mais, até desaparecer.

          TOC TOC

         Abri os olhos de uma forma ligeira, assustando-me com a balbúrdia. Olhei para o relógio, ainda com o meu corpo sob a cama. Nove horas. Estava atrasada? Sim. Helen não iria perdoar mais um atraso. Alcei de súbito e enfiei-me debaixo do chuveiro. Meus pensamentos estavam relacionados a ultima noite. O que acontecera era real? Ou eu estava sonhando com aqueles lindos olhos castanhos escuros? Eu só pensava naquele rapaz alto, cabelos lisos, curtos e castanhos. A forma delicada como ele pegava a minha mão e apertava de leve. A sua voz rouca e grossa e o tinha o sorriso mais lindo que já vi. Voltei à realidade. Vesti-me. Fiz um coque frouxo, olhei-me no espelho e desci ao encontro da minha “linda” família.

        - Bom dia pai. – ingenuamente, sentei-me e comecei a comer.

        - Você se atrasou mais uma vez, Rosalie. – disse Helen passando sua geléia finíssima, da Rússia.

        - Fiz de propósito. – mordi um pedaço da maça – Quanto menos eu ver o rosto de vocês, melhor.

        - Estúp... – Helen interrompeu Cindy

        - Também te amo irmãzinha. – sorri ironicamente. Assim que completei a frase, Johnny entrou na sala e entregou a meu pai dois envelopes.

        - O que é isto querido? – Helen sorriu falsamente

        - Não sei. – ele olhou para os dois envelopes – Está escrito apenas, o nome e o endereço de cada uma. – ele se referia a mim e a Cindy.

        - Deixe-me ver. – ele entregou-me o envelope que havia meus dados. Abri e li o que estava escrito no papel

           “Prezada aluna, Rosalie Wilson.

                  Recebeste o bilhete que informa que completaste o ensino médio. Obtemos a novidade que foi aceita em uma das universidades de Londres. Ansiamos que tenhas um futuro excelente e assaz fado no tramite que escolheste.

                                                                                                   Agradecemos por instruir-se no H. L. School, a superintendência.”

        - COMO ASSIM EU FUI ACEITA NA UNIVERSIDADE DE LONDRES?! – conclamei

        - Rosalie, por favor, abaixe o seu tom de voz. – meu pai disse e assim eu fiz, acalmei-me e retirei-me da sala de jantar. Fui ao meu quarto, ainda confusa com o que havia acontecido minutos atrás. 

          O que vou fazer hoje? Mil opções rondavam minha mente. Faltavam seis dias para sair dessa maldita casa. E depois, para onde iria? Londres? Eu nunca havia pensado na possibilidade de ir para Londres. Mas, como iria me sustentar? E eu não escolhi a carreira que quero seguir. Embaralhada em meus pensamentos, resolvi passear. Eu necessitava esquecer tudo o que estava acontecendo. Vesti-me e avisei a Bridget que iria sair.

Cindy’s POV

Depois do surto de Rosalie na mesa da sala de jantar, fui ao meu quarto. Abri o envelope e havia uma carta. Era uma carta de felicitações e blá blá blá... Mas algo me interessou... A senhorita foi aceita na Sophie Davis School of Biomedical Education. Eu fui aceita na universidade de medicina? Isso estava escrito mesmo? Fiquei sem reação. Fui correndo dizer a minha mãe e a Mary. Com certeza, elas iriam ficar muito felizes por mim. Eu sempre sonhei em ser médica. Posso ser a patricinha e metida do colégio, mas algo que eu desejo muito é ser médica. Fui procurá-las e vi Rosalie saindo. Onde será que ela iria? Mary despertou-me dos meus pensamentos.

      - O que está pensando? – Ela pôs-se na minha frente

      - Vem comigo. – puxei-a pelo pulso e fomos atrás de Rosalie.