IV. Porque ser invisível é aguentar pessoas chatas.

A semana se passara numa velocidade incrível e... chata. Sim, eu tinha um blog que acabou se tornando bem popular na cidade. O blog ficara famoso em outras escolas e institutos educacionais e a pergunta mais comum que podia se ouvir era quem seria a Lady Invisible.

Só que o que fez minha semana ser tão chata fora James Potter. Sim, o maroto irritante. Ele esta com a mania, a maldita mania, de me pedir pra sair de cindo e cinco minutos. Como eu disse, ego ferido.

Até eu ficaria indignada se pedisse a alguém que ninguém conhece pra sair e não aceitasse. Quer dizer, na cabeça do Potter (e de todos na escola) ele é o perfeito, o capitão do time de futebol, o popular galinha. E na cabeça dele, e de todo mundo, quem seria eu, para recusar um pedido daquele, já que geralmente o Potter não pedia, ele conseguia.

E de repente eu fora intitulada novamente. Além de, secretamente, ser a Lady Invisible, eu era a ‘escolhida de James’. Eu virei o alvo dele, pra tudo. Brincadeiras marotas, piadinhas, pedidos para sair, a pessoa com quem ele mexia toda vez que via. Eu era a escolhida para ter a cabeça cheia de merda dita pelo maldito maroto de olhos avelã.

E de totalmente invisível, eu pulei pra parcialmente invisível. Por que todos sabiam quem eu era, menos quem eu sou. Como assim? Eles sabiam que eu era o alvo dele, sabiam de minha aparência. Mas não sabiam meu nome, não sabiam quem eram meus amigos. Não sabiam absolutamente nada, além da minha nova faminha.

No momento eu estava dentro do carro da Dorcas e estávamos indo em direção ao shopping. Dorcas tinha um carro meio esquisito. Eu não sei a marca nem o modelo, pois não sei nada sobre automóveis.

Bem... Ele era azul.

E tinha bancos amarelos e rosas.

No painel bonequinhos estranhos e meio destorcidos.

O nome dele é Chaulau. Não me pergunte, o nome foi ela que deu. E como devem saber ela não bate muito bem da cabeça.

– Lily, LILY! – berrou em meu ouvido me fazendo pular. A olhei e ela ria. Dei a língua e abri a porta do Chaulau, bati a porta azul berrante e encarei minha melhor amiga que também saia.

– Vamos fazer o que agora? – perguntei apertando o rabo de cavalo de meu cabelo.

– vamos tomar um sorvete, esta muito quente.

Realmente, estava muito quente mesmo. O sol estava apino no céu límpido e azul e estava completamente nauseante. O vento era quente e estava abafado e eu odiava calor, com todas as minhas forças. As pessoas ficam suadas, fedorentas, se cumprimentar com abraço ou até um beijo e ficam grudando... Odeio calor, definitivamente!

Nós entramos no shopping e logo nos dirigimos para a praça de alimentação. Quando chegamos lá, a fila da sorveteria estava gigante, gemi de desgosto.

– Vamos pegar a fila? – perguntou Dorcas, também olhando a fila.

Eu dei uma boa olhada em todas as pessoas e, mais a frente vi Sirius Black, o melhor amigo do Potter, na fila.

Se ele estava aqui, provavelmente o Potter também estaria...

– Vamos embora Dorcas –disse puxando seu braço bruscamente e me virando.

– Aonde vai com tanta pressa? – disse Dorcas enquanto eu a arrastava, literalmente, para o outro lado do shopping. Eu olhei por cima do meu ombro, vendo que o Black ainda não tinha me notado e colidi com uma coisa gelada.

– Com pressa ruivinha? – disse o Potter divertido.

– OLHA O QUE VOCÊ FEZ! – berrei apontando para minha blusa branca cheia de sorvete. Eu berrava com o moreno todo dia, por todo e qualquer motivo.

– É de baunilha – comentou divertido – posso lamber se você quiser.

Corei de raiva e vergonha, todos já nos encaravam.

– Não – disse com a voz mais controlada, mas ainda sim meio exaltada – Saia da minha frente, Potter.

– posse te fazer somente um pedido? – disse ele. Eu neguei com a cabeça. – Vou fazer assim mesmo. Você quer ver eu te beijar?

– Não! – disse o óbvio.

– Então fecha os olhos, aproveita que é mais gostoso – provocou e eu ouvi a risada do Black junto com um murmúrio de ”essa foi péssima”.

Revirei os olhos e me desviei ele seguindo meu caminho.

– Quer sair comigo? – ele disse me seguindo.

– Não. – respondi sem nem olhar na cara dele. Olhei para trás e vi que Dorcas estava numa conversa agradável com o Lupin. Com um suspiro resolvi deixar ela lá.

– Hei, você não pode andar por ai com a blusa cheia de sorvete – disse o idiota.

– só estou assim porque você fez esse favor. Agora para de me seguir que está me irritando.

Quando já estávamos do lado de fora do shopping, Potter se postou a minha frente, colocando a mão em meu ombro e me fazendo parar. Um estranho arrepio percorreu meu corpo ao sentir sua mão quente em contato com minha pele.

E ele fez uma coisa meio que me deixou muito surpresa.

Ele simplesmente tirou a blusa, revelando seu corpo... seu corpo.... Feio!

OK, feio e gordo é a ultima coisa que se pode dizer do corpo de qualquer maroto. Ele era musculoso, tinha cada músculo no lugar certo. Dava até vontade de apertar.

Não acredito que pensei nisso.

Ele estendeu a blusa branca para mim.

– Vista – ele disse simplesmente.

– Não – levantei um sobrancelha. Ele bufou.

– Vista de uma vez Lily. Você não pode ficar com a blusa cheia de sorvete.

Então ele sabe meu nome?

– Quem te permitiu a me chamar de Lily? – perguntei – Pra você é Evans, Potter. Evans.

– OK Evans – disse irônico – Se vista logo.

Eu o olhei emburrada pronta para recusar, mas eu sabia que não podia ficar com a blusa cheia de sorvete e andar por ai. Não que alguém iria me notar, mas sei lá...

Peguei a blusa bruscamente e reentrei no shopping, andando um corredor inteiro até o banheiro feminino, onde retirei minha blusa e coloquei a do Potter. Ela era grande e ia do meio de minhas coxas e era bem larga. Fiquei com uma sensação boa pois a blusa era larga e estava muito calor.

Sai do banheiro com minha blusa em mãos e encarei Dorcas, que me olhava bem maliciosa.

– Para Dorcas – eu sabia exatamente o que ela estava pensando.

Ela deu de ombros com uma risadinha quando Potter apareceu.

Me aproximei dele lentamente.

– Obrigado – murmurei uma coisa que nem aos meus ouvidos ficou correto.

– O que? – Potter e Dorcas perguntaram. Olhei mortalmente para a loira.

– Obrigado – disse mais alto e tive certeza que ele ouviu. Me olhou sorrindo marotamente, se aproximando e eu me desviei, agarrando o braço de Dorcas e a arrastando até Chaulau.