Mein Teil escrita por Vlk Moura


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Mais um capitulo para vocês, espero que gostem.



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Quadros... Como achar um que eu goste? Sempre admirei "O Grito", mas não o pegaria todos o conhecem... Realmente não sei o que fazer. Sobre a lição de desenhar o que se deseja, eu entreguei a folha em branco, a professora já estava acostumada, sua matéria tinha minha nota mais baixa que era oito e meio, eu apenas fazia as provas, nunca as atividades, acho que ela está duvidando que eu vá fazer essa dos quadros, todos devem estar duvidando, mas eu farei, gosto de buscar coisas e fazer minha propria interpretação. A sala ficou dividida em quatro grupos de cinco, sem me contar e ao aluno novo, eu faria sozinha, ele ainda não tinha amigos.

– Hey, você poderia fazer com a gente. - uma das meninas falou sorrindo para ele, eu os olhei discretamente. - Precisamos de mais uma cabeça para nos ajudar a pensar.

– Por que não a chamam? - ele apontou para mim, voltei a rabiscar o caderno, as meninas fizeram careta. - Prefiro fazer sozinho, não se ofendam, apenas gosto de ter meus pontos de vista e não ter que discutir em grupo.

– Tão legal. - uma das meninas suspirou, revirei meus olhos.

– Mas obrigado pelo convite. - ele sorriu, perfeitamente branco, as meninas coraram, eu soltei um riso que chamou a atenção dele que se virou incomodado.

Ao fim das aulas fui para o local onde sempre era pega pelo motorista, escorei no murinho do jardim, um dos muitos que haviam ali. Olhei par ao relogio uma da tarde, o sol queimava, olhei para o movimento dos alunos, observei um aluno novo, ele era seguido por várias meninas, todos do terceiro ano, logo imaginei a sua turma, ele sorria belamente, seus olhos puxados me fizeram corar, quando o motorista parou precisou dar uma buzinadinha de leve para que eu percebesse que estava ali. Entrei no carro.

– Como foi o dia? - ele perguntou olhando-me pelo retrovisor.

– Normal, nada de diferente. - falei descendo e indo para a casa, olhei o celular, nenhuma ligação.

Passei por todos os cumprimentei, troquei de roupa e desci para almoçar entrei na cozinha e...

– Parabéns! - foi o coro de todos os funcionarios e gritos eletronicos, pude ver um computador ao centro da mesa, a webcam ligada, meus irmãos. - Vejam como ela cresceu. - o mais velho falou. - Está ficando bonita.

– Pare com isso. - eu falei sorrindo para todos, eu estava me sentindo constrangida.

– Ele tem razão. - a mais velha disse, nem os gemeos escaparam da separação. - Você está ótima querida. - eles estavam velhos. Não velhos, mas aparentavam a maturidade.

– Como vai a escola? - o do meio perguntou.

– Como sempre, - falei me sentando e fazendo sinal para que os empregados fizessem o mesmo. - hoje foi o primeiro dia, então não posso tirar muitas conclusões. - sorri. - Número quatro. - sim nos comunicavamos por números, nossos nomes dificilmente eram citados quando se reuniam, tornaria uma confusão, numeros facilitam tudo.

– Diga. - ela sorriu.

– Você tem a ideia de algum quadro bonito ou pelo menos interessante? - todos pareceram surpresos. - Vou fazer uma atividade para a escola, preciso escolher um quadro. - os empregados me olharam, eu corei provocando risos em todos.

– Bom... Eu gosto muito dos quadros de Van Gogh, tente buscar algo sobre ele. - confirmei com um aceno. - Mas está tudo bem? Você está se preparando para fazer lição... - ela soltou um risinho. - Isso não é comum vindo de você.

– Estou sem o que fazer, vou tentar ver como é fazer a lição de casa pelo menos uma vez.

Passamos a tarde conversando, todos, depois me mostraram um bolo com cobertura de chocolate, o primeiro pedaço entreguei à Governanta, ela agradeceu, e pude ver que meus irmãos haviam preparado bolos para eles mesmos. Ao fim ajudei a tirar as coisas da mesa e fui para meu quarto buscar pelos quadros.

Abri a página do meu blog, tinha um novo acesso e um novo comentário.

Love's the funeral of hearts

And an ode for cruelty

When angels cry blood

On flowers of evil in bloom

The funeral of hearts

And a plea for mercy

When love is a gun

Separating me from you

Era de uma música da banda H.I.M. por que tantos trechos de músicas em tão pouco tempo? Normalmente as pessoas só curtiam os textos ou deixavam rostos felizes ou não, aprenderam como eu me demonstrava com pouca coisa, por que, agora, vinha essa música?

Enfim... Vamos buscar por Van Gogh...

A Governanta me acordou, levantei assustada, eu havia dormido enquanto fazia a lição, eu a olhei, ela sorriu, eu estava em minha cama.

– Tudo bem com a senhorita? - ela me perguntou. Confirmei. - Suas coisas te aguardam no banheiro. - Sorri e me levantei.

A água caia em meus ombros queimando, em minha cabeça, lavei o cabelo, resolvi deixá-lo solto. Coloquei a roupa, uma meia calça xadrez azul, a saia vermelha, o tênis surrado, a camiseta meio fechada meio aberta par afora da saia, o blazer colocado de qualquer jeito. Eu parecia uma rebelde.

Desci as escadas e me sentei para tomar café, cumprimentei os funcionarios como sempre. a Governanta se aproximou e como de costume arrumou minha camisa e o blazer, assim como o laço em meu pescoço, sorri em agradecimento antes de ir para a sala.

O menino novo havia chegado antes de mim e havia sentado ao meu lado mais uma vez, taquei a mochila em minha mesa e abaixei a cabeça, eu tinha dormido tanto que não conseguia ficar assim.

– Vai fazer sobre qual quadro? - continuei na mesma posição ouvindo o que falavam. - Ei! - um empurrão em minha mesa que me fez levantar com cara de sono. - Vai fazer sobre qual quadro? - forcei a visão, era o aluno novo.

– Não sei. - abaixei a cabeça, mais um empurrão, soltei um gemido.

– Gostaria de ideias, você poderia me dar algumas.

– Achei alguns sites, ontem, que devem te ajudar, depois te passo... se eu me lembrar. - falei com a cabeça baixa a voz saindo bem baixa.

– Obrigado.

Ele pareceu se sentar, virei a cabeça na sua direção. Ele sorriu para mim, para alguém que estava tão indiferente com a minha existencia, agora ele estava bem alegrinho, virei para a parede.

A aula começou, as meninas estavam proximas do aluno novo, perguntavam se ele faria parte de algum clube, ele disse que não, pois queria primeiro se adaptar ao novo ambiente.

No intervalo continuei na sala, abri um livro e comecei a lê-lo, bateram na porta, olhei, alguns alunos que preferiram continuar na sala também olharam, era o aluno novo do terceiro ano.

– Estava procurando o menino loirinho, sabem? - todos confirmaram. - Vocês o viram por ai?

– Ele deve estar no refeitorio com as meninas. - um dos meninos respondeu. - Agora ele é o novo brinquedinho delas.

– Não por muito tempo - eu o ouvi sussurrar. - Ok, obrigado.

Aula de química, sentei-me corretamente, abri meu caderno e comecei a anotar o que o professor falava, percebi que o aluno novo me observava e também que ele havia voltado de forma estranha do intervalo, que agora as meninas o evitavam e faziam cochichos sobre ele, ainda não aprendi seu nome.

Era o dia do trabalho de artes, eu havia imprimido uma replica do quadro de Van Gogh, e preparado um slide, igual a professora sempre pede. Arrumei minhas coisas a aula de artes ocuparia as duas últimas aulas. A professora entrou e simpatica cumprimentou a todos e pediu para que preparassemos nossos materiais.

– Certo, alguém quer começar? - ela esperou ninguém quis. - Certo, certo... Vou escolher. - ela me olhou desanimada. - Haru...

Comentarios surgiram, o aluno novo me olhou, fui até a frente da sala, todos dizendo que eu anunciaria que não iria apresentar.

– Aqui está o slide. - falei entregando um pen drive para a professora. Ela pareceu se assustar. - Vou apresentar, algum problema? - ela ficou séria, tossiu e foi par ao computador, arrumou tudo, deixei um com aluno a réplica e pedi para que fosse passando ao mesmo tempo que apareceu a mesma no slide. - Bom... é o quadro Doze Girassóis numa Jarra de Van Gogh, eu achei um quadro bonito e com cores fortes, o que nos leva a suposições sobre a visão do artista, alguns dizem que ele só enxerga em amarelo, outros que ele era daltonico e algumas cores pareciam o amarelo, mas de qualquer forma é um belo quadro.

"Eu o escolhi pela felicidade que ele passa para nós, pelo menos para mim, e ainda um pouco de tristeza, eu vejo como se um dos doze estivesse morrendo e todos os outros o ignorando, eu diria que o quadro é uma representação de uma sociedade, não 'uma', mas a nossa. Vemos pessoas morrer e não fazemos nada, apenas como os girassóis somos movidos por um Sol, que se resumiria em nosso governo."

Eu acabei respirei fundo, a professora estava assustada com a apresentação, ela se virou par aa turma, todos estavam assustados com a apresentação, peguei minhas coisas e me sentei.

– Nossa! Ahn... Muito bom Haru... - ela se arrumou. - Próximo que quiser se apresentar.

Um grupo se levantou, um grupo misto, todos começaram a falar e eu prestei atenção, várias vezes peguei a professora me observando.

Ao fim de todas as apresentações a professora foi para a frente.

– Certo, agora que todos apresentaram... - algumas meninas riram.

– Nem todos se apresentaram, - ela as olhou. - falta o senhor enganador, digo, Isaac.

– Oh! Acabei me esquecendo, - ela falou sem jeito. - vai vir?

– Não se preocupe, pode continuar o que dizia, não irei apresentar. - eu o olhei, esse era seu nome, um nome Judeu. Eu imaginava algo diferente, não sei, mas algo mais forte, porém o nome parecia combinar com o seu atual estado.

Ela continuou.

Quando anunciou o fim da aula vários alunos sairam correndo. Eu apenas coloquei a mochila no ombro.

Quando passava pelo meu corredor de carteiras vi algo em minha direção desviei e aquilo caiu sobre a mesa de Isaac. Ele olhou para os meninos que jogaram.

– Isso deve te ajudar. - falaram.

– Uma esmola, para ele? Tem certeza? Vai acostumá-lo mal. - outras meninas riram, agora apenas eu e ele estavamos na sala.

Virei em sua direção, ele xingava os outros em voz alta, mas não havia me percebido ali. Quando levantou o rosto corou rapidamente, pegou a bolinha que haviam feito.

– Posso saber o que é? - perguntei me aproximando. Ele amassou ainda mais. Coloquei minha mão sobre a sua e a abri, ele virou o rosto, pude ver seus olhos sujos de lágrimas. A bolinha de papel era dinheiro, dava duzentos reais ao todo, eu o olhei, me assustei o ver aquilo. - Por quê?

– Por que, o quê? - ele perguntou grosso.

– Eles jogaram isso para você...

– Deveria saber, todo o colégio já sabe.

– Desculpe, não sou todo o colégio. - ele limpou as lágrimas.

– Para de brincar comigo, como todos os outros fazem, okay? Não preciso de você, nem do seu dinheiro e muito menos da sua pena.

– Como terei pena de alguém se eu nem sei em que situações ela se encontra? - eu ri. - Patético. - dei-lhe as costas. - Se precisar conversar estou a disposição, porém se for para ser mal-educado continue ai, aguentando tudo sozinho.

Saí da sala e fui para casa. No dia seguinte, ele não falou comigo e eu nem quis olhá-lo.

Algumas semanas foram assim e com trechos de música chegando aos comentarios do meu blog. Cada vez músicas mais estranhas, com significados piores.

Adicionei mais um texto, eu juntei as peças do que estava acontecendo no colégio e consegui montar algo mais, sofrimento e dor, tudo ao mesmo tempo. Assim que o postei mais um trecho:

The world was on fire

No one could save me but you

It's strange what desire

Will make foolish people do

I never dreamed that I'd meet somebody like you

O que era isso? Alguma brincadeira, apenas comentarios soltos?

Fui para o colégio, quando entrei na sala encontrei alguns meninos em volta de Isaac.

– E então, vai fazer o que te pedimos ou prefere que te peguemos na saida?

– Vamos, faça logo, não irá doer.

– Não farei isso. Ele é mais forte do que eu se eu fizer... - eu esbarrei em um dos meninos de proposito.

– Opa! Bom-dia rapazes. - eles me olharam assustados. - Algum problema?

– Ne... Nenhum. - eles foram para seus lugares.

Sentei no meu.

As aulas começaram. Ao sinal de inicio do intervalo, vi os meninos fazendo sinal para o aluno novo os seguir, eu fui atrás, sequer perceberam que eu os seguia. Juntaram-se com mais três meninas, também da minha sala.

Passei a observá-los de longe, empurravam o novato para o menino do terceiro ano, o asiatico que havia ido procurá-lo na sala. Os meninos e meninas observavam de longe, o novato parecia ter medo do asiatico.

– Algum problema novato? - o asiatico perguntou, achei estranha a pergunta uma vez que ele também era novato por ali.

– Eu... Eu... - ele virou o rosto e fechou os olhos, não parecia ser tão fraco quando chegou no colégio.

– Você o quê? Está precisando de dinheiro? Se for é só falar que todos aqui podemos te ajudar.

– E você acha mesmo que ele pediria algo para vocês? - falei rindo enquanto me aproximava.

– Quem é você?

– Não interessa quem eu sou, apenas acho infantil as atitudes que vocês estão tendo, querem arrumar encrenca par ao novato, por quê? - eu me virei para os meninos da sala, quem me respondeu foi uma das meninas.

– Ele é pobre. - ela fez uma careta, arqueei uma sobrancelha e olhei o novato. - Ele suja a nossa escola, está aqui como bolsista...

– E daí? - o novato me olhou. - E daí que ele é pobre, e daí que é bolsista? Pelo que vi ele ainda é melhor do que todos vocês que estão se preocupando com a aparência, não é?

– Por que você está defendendo-o?

– É uma rebaixada defendendo outro. - uma das meninas falou gargalhando.

– Olha, agora vocês sabem conversar comigo, que interessante existe um cérebro dentro do crânio de vocês. - olhei o novato. - Você está bem? - ele confirmou. - Ótimo, vamos sair daqui.

Ele começou a me seguir.

– Não pensa que se livrou. Na saída você será nosso. - um dos meninos gritou.

Ameaças começaram a correr por toda a sala, todas direcionadas a mim e ao novato.

Quando as aulas acabaram guardei minhas coisas e sentei-me na mesa aguardando-o terminar de se arrumar. Ele saiu na frente e eu apenas o segui.

Passavamos pelo patio quando algo se aproximou dele e o acertou na cabeça. Olhei em volta e vi os meninos que haviam provocado o novato anteriormente. Eles se aproximaram. Pararam em volta dele, alguns começaram a dar socos, outro chute, eu ia me aproximar quando alguém me segurou, olhei e vi o motorista, ele me carregou par ao carro, mesmo com meus esperneios, trancou a porta sendo possivel apenas abri-las por fora e travou os vidros.

– Por que você fez isso? - era a primeira vez que eu ficava brava com ele.

– Porque meu trabalho é te proteger e não te assistir em brigas.

– Devia ter deixado eu ajudá-lo...

– Recebemos uma ligação do colégio dizendo que estava arrumando encrencas por lá, cheguei mais cedo para buscá-la, para evitar que algo acontecesse.

– Você não pode fazer isso, eu deveria ajudá-lo, assim irão achar que eu fugi de todos.

– É melhor assim... por mais que eu saiba que isso não irá te segurar.- ele grunhiu.

Chegamos em casa fui direto para o quarto, mais um trecho de música.

Again the burden of losing, rests upon my shoulders

And its weight seems unbearable

Your tomb is where your heart is, I should have told her

But within me hid a secret so terrible

Estava começando a faltar criatividade no senhor mistério (foi assim que passei a chamar a pessoa que me mandava essas mensagens). Mais um texto foi publicado no blog, os acessos aumentavam e me deixavam um pouco mais alegre. Mas quando me deitei e olhei a perfeição do teto do meu quarto me perguntei por que não me deixaram lá? Eu precisava de um pouco de ação, sei que o trabalho deles é me proteger, porém eu tenho que proteger aqueles que não podem fazer isso sozinhos. Tenho que ajudar Isaac de alguma forma.

Assim que cheguei no colégio corri para a sala, quando entrei encontrei Isaac, ele tinha roxos pelo rosto e pelos braços, seu pescoço estava tomado por uma mancha vermelha, alguns curativos cobriam seu rosto, alguns sujos com sangue.

– Meu Deus! - foi o que saiu da minha boca ao vê-lo. Ele virou o rosto. - Isaac, o que fizeram com você? - quando me aproximei dele, ele desviou.

– Onde você estava? - uma voz atrás de mim perguntou, virei e encontrei um dos meninos. - A senhorita demorou para chegar, é a sua vez de receber a sua lição.

– O quê? - Isaac se levantou e o fitou. - Vocês serão tão covardes de fazer isso com ela?

– Ordens são ordens. - eu ri. - Qual a graça. - Vocês seguem ordens, que inuteis.

– Haru, pare de rir. - o novato falou. - Isso é sério, eles irão fazer com você o que fizeram comigo.

– Será? - eu fitei o menino. - Vocês sabem que minha familia tem os melhores assassinos, que se tocarem em um fio de cabelo meu cabeças rolarão sem que vocês percebam, sabem disso, não é? - o menino engoliu seco. - Ótimo, então pensa bem antes de me ameaçar.

O menino se afastou e foi para o seu lugar, eu me voltei par ao novato que me olhava com medo nos olhos.

– Não se preocupe, prometo que a partir de hoje não deixarei que toquem em você.


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