Pov's Annabeth

Fui para casa antes mesmo de terminar o jogo. Após minha breve conversa com Rachel, decidi que Percy não valia à pena. Contudo, eu não estava voltando pra casa com ciúmes, ou mesmo desapontada. Não, não, eu estava com ódio. Ódio por saber que ele pensava que eu era igual aquelas vadias da praia.

Entrei em casa batendo a porta com toda a força que tinha. Eu já não queria saber de mais nada. As tartarugas estavam protegidas na praia, então essa foi a última coisa que se passou pela minha cabeça naquele momento.

–Annie, alguém quer falar com você. - Frederick me chamou. Ele jazia ao lado a porta, rolei os olhos.

Era óbvio que era o Percy.

–Diz pra ele que eu não quero conversar. - Ele se virou para passar o 'recado', em quanto eu o ouvia me chamar.

–Olha meu rapaz, ela não... - Foram as últimas coisas que ouvi meu pai dizer, e então me tranquei dentro do meu quarto.

Me joguei na minha cama, numa que ficava encostada na parede cujo tinha uma janela bem ali. Observei a praia, com certeza uma vizão muito bonita. Isso de fato, eu não tinha como discordar. Em meio à alguns pensamentos, acabei por dormir.

Não sei a quanto tempo eu estava ali, sonhando. Mas de algo eu tenho certeza: Ainda era dia quando eu havia começado o meu 'pequeno' cochilo. Bocejei indo logo em direção a cozinha. Desde manhã que eu não como nada.

Peguei algumas panquecas que estavam em cima do balcão, e enchi um copo com suco de laranja. Peguei tudo e fui pra varanda, onde tinha uma mesinha bem aconchegante para refeições.

–Quanto você acha que ele aguenta? - Matt perguntava para papai. Ambos estavam espremidos na sacada, com binóculos, observando Percy que, surpreendentemente estava deitado em uma das minhas 'camas improvisadas'.

–O que ele está fazendo ai? - Perguntei.

–Não sabemos. - Deu de ombros. - Está ai desde que você foi dormir, há umas quatro, cinco horas atrás.

–Eu aposto que ele fica ali por uma noite inteira se você não for falar com ele. - Frederick brincou.

–E se o amor dele for mais forte? - Matt perguntou. Levantei uma sombrancelha. - E se ele ficar lá pra sempre? E depois de morrer, o cadáver dele continuaria ali, deitado, esperando por ela e... - Resolvi interromper antes que qualquer outra baboseira saisse da boca do meu querido irmão.

–Eu vou lá. - Decidi me levantando. - E você, precisa parar de assistir seriados românticos. - Ouvi sua risada em quanto eu descia à caminho do idiota da praia.

Parei diante dele, que levantou seus olhos para me encarar assim que me viu. Um sorrisinho se abriu diante de seus lábios, me fazendo rolar os olhos.

–Será que dá pra ir em bora, meu irmão tá ficando grilado. - Comecei.

–A praia é pública, eu posso ficar o quanto eu quiser. - Me respondeu. Eu preciso aprender a contar mentalmente para me acalmar.

–Escuta aqui Percy, o que você quer? Já não basta ter começado com suas palhaçadas fingindo ser um cara legal, precisa mesmo ir até o fim?

–Como assim? Do que você está falando, Annie?

–Não me chame mais assim... - Adverti.

–Eu vi você conversando com a Rachel. - Desviou seu olhar do meu e fitou o chão. - Eu não sei o que ela te disse, mas Annabeth eu...

–Cala a boca Percy! Não importa o que a Rachel me disse! É que eu não quero ter um, romancezinho qualquer, numa cidade qualquer, com um garoto qualquer que... - Antes que eu pudesse terminar de completar a frase, Percy segurou meu rosto entre suas mãos e me puxou para um beijo.

Um beijo que eu fiz questão de retribuir.

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–Aonde você estava? - Foi a primeira coisa que eu ouvi de Frederick. Suspirei sorrindo.

–Eu estava lá fora, com o Percy. - Sem ao menos perceber, deixei um sorriso escapar. É, eu não sei o que está havendo comigo ultimamente.

–Annie, esse Percy é mágico? - Matt perguntou-me. Franzi o cenho.

–Não, por que?

–Porque ele fez seu lado ruim desaparecer. - Comecei a rir feito uma idiota. Matt deve ter notado, porque era depois de ele falar alguma besteira que eu naturalmente corria atrás dele.

–Eu sei o que é... - Papai cantarolou. - A sua irmã acabou de ser beijada. - Começou a fazer biquinho e jogar beijos no ar.

–O que? - Sai correndo atrás dos dois, em quanto sorria e via-os sorrindo. Estávamos brincando em família, e isso era algo que eu não conhecia fazia tempo. Sim, sim, nós estávamos agindo feito uma familia de verdade.

Pov's Athena

Eu estava confusa, e com uma imensa vontade de chorar. Saber que meus filhos iriam sofrer no final, me machucava.

A algumas semanas antes do verão começar, Frederick me ligou. Pensei que seria para pedir para que meus filhos passassem o verão contigo, e na verdade foi o que fez. Eu iria dizer que não, eles não podiam, mas depois de saber o real motivo, fiz questão de levá-los.

Meu Ex-maridos estava com câncer. Não tinha mais jeito. Frederick tinha apenas mais alguns meses de vida, e queria aproveitá-los com os filhos. Eu pedi para que ele contasse a Annie e Matt, mas ele mesmo disse que não queria os preocupar.

–Pare de pensar nisso meu bem... - Poseidon murmurou beijando meu pescoço em quanto me estendia uma xícara de café. Sorri fraco.

–Como não pensar? Meus filhos vão me odiar. Especialmente Annabeth... - Sussurei. - Eu tenho tanto medo...

–Eu também estou preocupado. Se por um acaso algum deles encontrarem Percy, ele irá me odiar. - Dei de ombros. - Eu amo os meus filhos, mas as vezes é preciso fazer sacrifícios.

–E que tipo de sacrifício é esse? Eu não quero ser odiada pelos meus filhos, eu os amo, eles são tudo pra mim, Poseidon. Eu só... não quero que a história se repita. - Murmurei mais pra mim mesma, mais creio eu que ele havia escutado. Ele soltou um suspiro pesado.

–Falando assim você me faz parecer culpado.

–Hã... me desculpe, eu não queria que...

–Shh... - Ele pediu colocando seu dedo sobre a minha boca. Logo nós estávamos envoltos em um beijo desesperado e urgente. Porque apesar de tudo, sim eu o amava.

Pov's Annabeth

Acordei com os raios de sol atacando minha face. Maldita janela! Suspirei pesadamente fechando as cortinas. Logo eu já havia tomado banho, feito minha higiene matinal, e já estava na varando com Frederick e Matt.

–O que estão fazendo de bom? - Perguntei em quanto me servia com o café da manhã que papai sempre preparava. Não só aqui, como lá em casa ele costumava fazer.

–Lendo as notícias. - Deu de ombros jogando o jornal em cima da mesa. Comi em silêncio, ouvindo Matt e papai conversarem sobre algo. Creio eu que seja sobre as coisas que eles querem fazer juntos.

Olhei de solsaio e vi quem se aproximava. Ah não! Os Guaxinins novamente. Já vi que vou ter que começar tudo de novo. Rolei os olhos e corri até o ninho de tartarugas.