Faz uma semana que Tate sumiu. E, apesar de saber que tudo é culpa minha, eu não me arrependo de tê-lo mandado embora. A unica coisa com que não me conformo é que, mesmo lá no fundo, ainda sinto falta dele. Sua voz, seu rosto, seu cabelo, seu cheiro... Tudo que o envolve me faz falta. 

E eu sei que esse sentimento é errado. Não posso sentir sua falta, não posso amá-lo. Mas eu faço, e faço bem. 

Virada de costas para porta, eu sinto um arrepio percorrer toda minha espinha. Não estou mais sozinha no quarto onde eu costumava dormir, onde costumava viver. 

De repente, ele aparece e eu não preciso me virar para ver. Tate repousa a mão sobre meu ombro, acariciando minha pele de leve. "Você não precisa ter medo. Não de mim." E por mais que todas as fibras do meu corpo queiram acreditar, eu sei que não posso. 

Ele é louco, insano e doente. 

— Tenho sentido sua falta, Vi - sussurra no meu ouvido. 

— O que você está fazendo aqui, Tate? 

— Achei que você já estaria pronta para me ver depois desse tempo - ele chega mais perto e beija meu pescoço - E eu estava realmente morrendo de saudades.

Após falar, joga seu corpo sobre a cama e ri do trocadilho doentio. Como ele pode ver graça em uma coisa como essa? 

— Bem, você estava enganado. 

— Estava mesmo? - eu abro a boca para falar, mas algo no tom da sua voz me impede. 

Seus olhos dão a impressão de estarem em chamas. Como um predador feroz, ele me fita da cabeça aos pés, analisa cada centímetro do meu corpo. 

— Sabe qual é o seu problema, Vi? - agora não está mais deitado. Levantou-se e andou até ficar tão perto de mim que eu podia sentir seu hálito roçando nas minhas bochechas - Você sente medo demais.

— Eu estou morta, Tate. Eu não sinto nada - rebato, empinando um pouco o rosto. 

— Eu estou morto há muito mais tempo e isso nunca me impediu de amar você - ele coloca as mãos na minha cintura - Ainda não impede - a testa encostada na minha, nossos narizes unidos e nossas respirações se misturando - E se você quiser, não vai te impedir também. 

Dizendo isso, Tate me beija. E quando ele faz isso, me esqueço de qualquer partícula de ódio que posso ter sentido um dia. 

Mas mesmo sentindo minha alma incendiar, não posso deixar que faça isso de novo. Não posso deixar que mexa comigo. Luto contra meu próprio corpo, elevando as mãos, colocando-as em seu peito e o empurrando para longe de mim, dos meus lábios. 

— Você não deveria ter feito isso. 

— Você não deveria ter gostado. 

A provocação em sua voz, a forma como mexe os lábios, o sorriso irônico no canto da boca... Me sinto tentada a encostar minha boca na dele mais uma vez, e outra e outra até que nós não possamos mais nos separar. Mas sei que não posso. Ignoro, ou tento ignorar, os pensamentos que me levam até ele, até seu corpo. 

— Saia daqui, Tate. 

— Não. 

— Não me obrigue a fazer a mesma coisa outra vez.

— Não, Violet. Você não entende - sua voz muda de provocativa para desesperada. Isso não vai acabar bem - Eu tentei, realmente tentei, por você. Mas eu não consigo. Eu não posso continuar sem você. 

— Infelizmente, você não tem escolha - eu não posso ceder agora. Por mais que toda minha alma grite para lhe abraçar e dizer que tudo está bem, não posso simplesmente ignorar tudo o que ele já fez. 

— Violet, os erros que eu cometi... Eu... 

Sei que se continuar ouvindo, vou acabar me entregando. Então tenho que acabar com isso. Agora.

— Tate, eu não estou interessada nas suas desculpas, ou em saber que você sente minha falta. Você fez isso a si mesmo. Não há nada o que eu possa fazer - viro de costas e espero calmamente até não ouvir mais sua respiração atrás de mim. 

Quando viro novamente, ele já se foi. Parte de mim deseja que Tate ainda estivesse aqui. A outra deseja que nunca tivesse o conhecido.