Rachel P.O.V

Aqui estou eu, novamente andando pelos corredores da escola aonde eu havia passado os últimos quatro anos da minha vida, lugar em que conheci o amor da minha vida e meus melhores amigos, incluindo a loira que foi até meu apartamento em NY me buscar para que eu viesse aqui ver a estreia do espetáculo anual do WMHS, Wicked.

Confesso que fiquei surpresa com a mudança de Grease, que já estava sendo ensaiada quando estive aqui há algumas semanas, para o musical em questão, em especial porque na época em que estive aqui somente eu e Kurt parecíamos nos interessarmos pelo mesmo.

Assim que entramos na escola, vemos Finn e Puck conversando e eu não consigo evitar um suspiro triste ao ver meu ex, enquanto Quinn por outro lado não consegue evitar o sorriso para o pai de sua filha.

— Rach, vamos falar com os meninos? – pediu ela com um sorriso travesso e eu revirei os olhos. É 5ª série agora?

— Eu acho melhor eu ir entrando para guardar lugar... – comecei a desconversar e ela bufou.

— Rachel Barbra Berry, fugir do Finn para sempre vai ser impossível. – repreendeu ela.

— Eu não estou fugindo, eu só não quero fazer isso agora. – admiti e ela revirou os olhos.

— Você é quem sabe o que é melhor pra você... – cedeu ela por fim e eu sorri amarelo.

— Sei, e sei que não deveria ter vindo aqui. – reclamei de novo e ela bufou uma vez mais – Quinn, eu falei que não quero ver o Finn e nem as crianças!

— Crianças? – gemeu ela de desgosto – Sério que você se refere a eles como crianças? Eles não são seus filhos Rachel, lembre-se disso por favor.

— Eu sei, eu sei. – resmunguei tentando encerrar o assunto. Que droga, eu tenho que parar com esse sentimento estranho – Posso entrar agora?

— Pode vai. Guarda um lugar para o Puck também, por favor. – pediu ela enquanto eu me afastava e ela ia em direção aos rapazes.

Quinn P.O.V

Juro que não entendo a Rachel. Ela passou as últimas semanas falando todos os dias sobre Marley e o Ryder (não entendo ao certo porque, levando em conta que ela só os viu uma vez na vida e teve um “feeling” estranho) e o quanto ela sentia falta do Finn. E agora que ela esta aqui, está com medo de encara-los.

Ignorei esses pensamentos quando vi o sorriso torto de meu indefinido (ele odeia quando o chamo assim), me esperando de braços abertos. Sorri, abraçando seu pescoço e lhe dando um selinho.

— Oi gata, não sabia que você havia chegado. – cumprimentou sorrindo.

— Acabei de chegar. Vim mais cedo para passar em Nova York e trazer uma surpresa para o nosso amigo gigante aqui. – brinquei enquanto abraçava Finn, que riu.

— E que surpresa seria essa? – perguntou ele temeroso e eu dei uma piscadela.

— Vai ter que ir ao auditório descobrir. – mandei e ele olhou Puck.

— Vai logo grandão. – brincou e Finn se despediu com um aceno, correndo em direção ao auditório.

— Oi. – eu digo sorrindo assim que ficamos sozinhos.

— Oi. – diz ele de volta, me dando um longo beijo.

— Eu senti sua falta. – resmungo e ele ri.

— Foi você que me mandou para cá boba. – brinca ele – Mas eu também senti saudades, e... Achei seu livro.

Franzo o cenho para ele. Eu não me lembro de ter perdido livro algum...

— Qual livro Noah? – perguntei e ele pegou de uma mochila um exemplar de Crônicas de Nárnia – Puck, meu Crônicas de Nárnia está em New Heaven comigo. Eu estava lendo a última vez que você foi para lá.

— Mas linda, tem seu nome nele olha. – mostrou ele na folha de rosto – Estava com a enfermeira da escola, ela achou. Eu vi no dia que estava na sala dela.

— E o que você estava fazendo lá? – me indignei e ele revirou os olhos.

— Lembra que eu cortei a mão com um alicate? – lembrou ele e eu concordei – Então, foi no dia que eu fui lá. Só que me esqueci de levar nas últimas vezes que fui te ver.

— Cadê essa tal enfermeira...

— Beth.

— Como? – perguntei e ele riu.

— A enfermeira se chama Beth. E ela se parece muito com você. – disse ele me encarando e olhando em volta – Olha ela ali, vindo com o Sam.

Eu me virei e o que vi me deixou estarrecida. A mulher que caminhava em nossa direção tinha os cabelos loiros como os meus, um sorriso idêntico ao de Puck e um rosto delicado. Mas o que me surpreendeu foram seus olhos: eram idênticos aos meus.

Ela parou na porta de uma sala e um rapaz saiu, já com o figurino da peça e ela riu, dando pulinhos e o abraçando. O garoto eu reconheci de uma foto como o irmão de Puck e entendi o que ele dizia quando falava que havia algo em Jake que... Era familiar.

De repente, quando vi os dois ali abraçados conversando com Sam, senti algo estranho e ao mesmo tempo familiar. Algo que eu e Rachel havíamos conversado várias vezes nas últimas semanas, e que eu achei maluquice. Era o mesmo que eu sentia pela menininha de quase três anos que eu havia visto pela manhã me exibir orgulhosa seu primeiro plié.

Beth P.O.V

Enquanto eu sorria toda orgulhosa de Jake por seu primeiro protagonista (culpem minha mãe Shelby e minha tia-irmã Rachel por essa paixão), senti tio Sam enrijecer.

— Quinn, quanto tempo. – ele sorria, mas sua voz era nervosa. Jake gelou em meus braços e senti o pânico passando entre nós dois, enquanto nos viramos e víamos papai e mamãe caminhando em nossa direção de mãos dadas, minha mãe parecendo em pânico.

Ela se afasta do meu pai e vem em minha direção, começando a apertar meu rosto. Er, mãe, isso dói sabia?

—Quinn, que poha é essa? – pergunta papai perplexo.

— Quantos anos você tem? – pergunta minha mãe para mim, ignorando totalmente papai.

— 25. – respondo e ela arregala os olhos. É mamãe, eu sei, é estranho eu ser mais velha que você.

— Noah, ela é a cara da Beth. – quase gritou minha mãe se virando para meu pai e eu vi tio Sam morder a boca, possivelmente querendo rir da cara de minha mãe, que em outra situação seria hilária.

— Quinn, sem surtos de TPM. – pediu papai a abraçando pelos ombros – Er... Jake, essa é a Quinn. Quinn, esse é meio-irmão-torrado-de-sol, Jake.

Meu irmão tremia enquanto ia apertar a mão de nossa mãe, que lhe olhava minuciosamente também.

— Eu tenho que parar de ler romances de ficção, estou ficando maluca. – resmungou minha mãe – Ou de andar com a Rachel, não sei qual está me afetando mais.

— Jake, você está pronto? – perguntou Marley saindo à porta e minha mãe arregalou os olhos de novo. Qual é mãe, você não costumava ser tão perceptiva.

Finn P.O.V

Assim que entrei no auditório, corri meus olhos pelo local, dando de encontro com Rachel na terceira fileira, guardando os lugares de Quinn e Puck. Suspirei, caminhando até ela e tocando seu ombro. Ela virou-se depressa, se levantando.

— Er, oi estrela. – cumprimentei envergonhado.

— Oi Finn. – disse ela com a voz falha e ficamos num silêncio constrangedor – Porque mudaram de musical?

— Foi ideia da Marley na verdade. – admiti e ela arregalou os olhos, parecendo interessada – Ela disse que é seu musical favorito desde criança, aparentemente a mãe gostava também. Estranho porque eu não sabia que Hellena gostava de musicais.

— Finn, você não percebeu nada estranho na Marley, ou no Ryder? – perguntou ela e eu parei para pensar.

— Não, são ótimos garotos. Marley viveu com o pai até os 15 anos, por isso só entrou agora no McKinley. E Ryder é filho de militar. Ele veio para cá com a irmã, Beth, que é a nova enfermeira da escola, tentar se estabelecer em um lugar fixo. – expliquei e ela assentiu, de sobrancelha erguida – Porque?

— Eles me parecem familiares. – admitiu dando de ombros e eu concordei.

— Todo mundo fala isso, que tem algo neles e no Jake que parece familiar. – eu disse e voltamos ao silêncio – Er, eu preciso ir chamar os atores, mas eu fico muito feliz de você estar aqui.

— Quinn me convenceu. – disse ela e eu concordei novamente – Bom, quebre a perna.

— Esse é o momento em que eu normalmente falo que te amo. – sussurrei e os olhos dela se encheram de água – Obrigada Rachel.

E sai caminhando em direção aos corredores.

Puck P.O.V

Quinn estava no meio de algum surto que eu não conseguia entender, mas isso parecia não estar preocupando apenas a mim. Sam estava com uma cara bizarra, Jake e Beth tinham uma cara de medo e assim que Marley saiu da sala, sua expressão se tornou mortificada.

— Er... Quinn, essa é minha namorada, Marley. – sussurrou meu irmão e a garota apertou a mão de Quinn tremendo.

— Gente, tá na hora e... – Ryder veio pelo corredor, parando estático diante de nós.

— E virou almoço de domingo. Só falta Finn e Rachel para Jake e Marley poderem anunciar o noivado. – ouvi Sam sussurrando para si mesmo e arqueei a sobrancelha – Merda, só Rachel.

Vi Finn caminhando em nossa direção parecendo abatido, mas eu não conseguia deixar de me martelar com o que Sam havia dito.

— Finn, tá tudo bem? – Marley correu para o seu lado, tocando seu braço. Ele encarou a menina com o cenho franzido e concordou.

— Sim, sim... Bom, vamos entrar que já vai começar. – anunciou Finn e nós concordamos.

— Quebre a perna. – disse Beth abraçando Jake e eu estranhei, afinal até onde eu sei não existe nada entre eles. Se bem que ela estava o abraçando a pouco também... Ela me viu encarando e se afastou, abraçando Ryder – Quebre a perna irmãozinho.

— Er, valeu irmãzona. – disse Ryder com um sorriso amarelo, coisa que eu vi que Quinn também observava. Beth sumiu pela porta do auditório. Finn parecia meio alheio a tudo e simplesmente deu as costas indo para a cochia.

— Boa sorte Jake. – desejei lhe dando um tapinha no ombro – O mesmo para vocês dois.

— É, quebrem a perna. – concordou Quinn. Os três acenaram com a cabeça saindo e ficou Sam ali, com sua roupa de ninja de palco, encarando a cena com um riso de descrença.

— Er, Sam... O que você quis dizer a pouco com a história de almoço de domingo? – perguntei e ele arregalou os olhos, começando a suar frio.

— Almoço de domingo? Que isso Puck, pirou de vez? – perguntou dando um riso nervoso, que eu e Quinn percebemos – Er, eu preciso ir. Até mais tarde.

— Tem algo errado. – sussurrou minha loira e eu concordei.

— Vamos que a peça já vai começar. – eu disse a pegando pela mão – Mas essa história ainda não acabou.