Lose My Mind escrita por Nekoclair


Capítulo 2
That turbulent sea, called Lovino Vargas.


Notas iniciais do capítulo

Aqui está o segundo capítulo.
Peço perdão pela demora. ^^
Boa leitura!



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Faz já uma semana que vivo na companhia de Lovino Vargas. Os dias passaram depressa, considerando a quantidade infindável de problemas que tivemos nesse curto período de tempo, como discussões e desentendimentos.

Algo realmente está errado com o Lovi. Em minhas lembranças, ele seguia-me por todo canto, ria vez ou outra quando estávamos a sós, ele era um jovem adorável! Mas... Este Lovi de agora...

– Antônio, sai logo desse banheiro! Eu também quero tomar banho, e hoje se possível! – ele grita, batendo fortemente contra a porta.

O Lovi está tão irritante mais mandão do que eu me lembrava... Não parece o Lovi que eu conhecia...

– Desculpe. Acabei demorando mais do que o costume. – abro a porta, sendo acompanhado por uma quantidade razoável de vapor, tenho apenas uma toalha enrolada em minha cintura e os cabelos molhados grudados contra a testa. O italiano encara-me calado e vira o rosto.

– Sai logo da frente, bastardo. – ele empurra-me levemente e adentra o banheiro, batendo a porta.

Qual é o problema dele? Coço a cabeça, pensativo. Um suspiro cansado escapa-me pela boca e caminho em direção ao meu quarto. Deve haver algo que eu possa fazer para melhorar nossa convivência...

Tem que haver...

~*~

Terminávamos mais um almoço silencioso, exceto pelo som dos talheres batendo contra o prato, no horário de sempre. O italiano logo se levanta e deixa seu prato na pia, junto às panelas, e já se encaminhando cozinha afora.

– Lovi, poderia me dar uma mão hoje? – digo, fazendo-o parar. Eu tinha um sorriso nos lábios, mas ele não era tão verdadeiro quando deveria.

O italiano demora um pouco para responder, apenas permanece imóvel, talvez pensativo ou irritado. Não sei ao certo, pois tudo que eu vejo são as suas costas.

– Certo... – ele responde e dá meia volta, direcionando-se em direção aos pratos sujos. Ele não aparentava nada na face de pele clara. Era como se ele fosse indiferente a tudo. Bem... Talvez ele realmente fosse.

Desde que chegara, as únicas expressões que o italiano mostrava eram essa e uma que mesclava irritação e impaciência. Até agora não consegui perguntar nada ao italiano. Permaneço com todas as minhas dúvidas e não sei ao certo se um dia me livrarei delas.

Levo meu prato também à pia e pego um pano, secando a louça lavada pelo menor. Apesar de nossa proximidade, o silêncio permanece. O ar que nos rodeia não é dos mais confortáveis. Terminamos o serviço na cozinha sem que qualquer palavra fosse trocada entre nós.

– Pronto. – diz o italiano, se afastando em direção ao quarto.

– Lovino, nós precisamos conversar. – digo, simplesmente, num tom de voz sério.

Ele se vira e seus olhos, pela primeira vez, mostravam-se um tanto surpresos. Eu o encaro, em total seriedade. Eu não posso deixar que isso continue. Eu tenho direito a respostas. Eu quero me dar bem com ele novamente.

Encaminho-me ao sofá e ele me segue obedientemente, talvez curioso com o que se passava. Sentamos-nos um ao lado do outro, demorando um pouco para que algo fosse dito.

– Fale logo o que você quer. – resmunga o jovem.

– Err... Bem... Eu queria saber... Queria saber tanta coisa... Por onde começo? – eu digo, desconfortável, coçando a cabeça. Sinto-me nervoso de repente. Seria errado enxê-lo de perguntas? Eu estaria me metendo em seus assuntos particulares?

O jovem suspira alto e se acomoda mais confortavelmente no sofá. Observo cada movimento seu com enorme atenção.

– Olha, desculpa se eu estou agindo um pouco estranho. Eu juro que está tudo certo comigo, é apenas por causa da mudança... Eu não me habituei com esta casa e estou tentando me acostumar. Eu juro que em breve tudo melhorará e ajudarei mais nos serviços domésticos. – ele flexiona os joelhos, obviamente planejando se por de pé.

Agarro-o pelo pulso e o puxo de volta, inconscientemente, fazendo-o me lançar um olhar raivoso.

– Ei! O que pensa que está fazendo bastardo?

– Então o seu problema não é comigo? – digo, em estranha seriedade e preocupação.

– O quê?

– Apenas responda!

Ele encara-me, um tanto desacreditado. Ele balança a cabeça na horizontal.

– Por que o problema haveria de ser você? Se eu não gostasse de você, não teria pedido abrigo logo na sua casa. – ele responde, manualmente. Depois de poucos instantes sua face se coloriu de um leve vermelho.

Abro um sorriso largo e o puxo para perto, abraçando-o.

– Eu também gosto de você, Lovi!

– I-Idiota! Trate de me largar! Eu não gosto de você, você é um poço de chatice e inconveniência!

Dou uma breve risada, a qual apenas constrange ainda mais o italiano.

– Lovi, eu estava preocupado que você me odiasse. – digo, numa voz suave.

– Você se preocupar com tamanha tolice só comprova o fato de você ser um grande idiota...

– Eu tenho um monte de perguntas! Quando chegou da Itália?

– Há umas semanas, na verdade... – ele responde, virando rosto e mexendo os dedos impacientemente.

– Você devia ter me avisado que estava voltando. Eu teria ido te ver no aeroporto. – digo, todo alegre.

– Você... Teria ido? – ele pergunta, lançando-me um furtivo olhar de esguelha.

– Mas é claro! Eu estava louco para ver você e o Feli!

– Ah... Claro... – ele balbucia, baixo.

– Então, como foi na Itália? O que você fez por lá?

– Estudei.

– Além disso.

– Hum... Aprendi a cozinhar algumas coisas.

– Sério?

Ele balança a cabeça, afirmando que sim.

– Isso é muito legal. Então espero que um dia você cozinhe para mim.

– Claro. Sem problemas... – ele diz, aparentemente feliz com o comprimento.

Por poucos instantes, me vi trocando sorrisos com o jovem diante de mim, o que surpreendeu a ambos. O jovem italiano vira o rosto, tomado por um rosado claro.

– Eu queria te ver, Antonio... Eu também senti sua falta. – ele voltara a brincar com os dedos.

Um sorriso bobo escapara-me novamente pelos lábios. O jovem italiano encarava-me, mas não diretamente.

– Espero que a gente se dê melhor a partir de agora. – digo eu.

– Sim.

– Sem aquele silêncio todo...

– Aham.

– E espero que os dias que se seguirem sejam muito felizes para nós dois!

– Pare de falar bobagens, Tonio... – ele diz, contendo uma leve risada.

E nós dois rimos um pouco. Era estranho pensar que, até a pouco, tudo estava tão estranho entre nós, sendo que agora conversávamos tão normalmente. Chega a parecer que os últimos dias sequer existiram, ou se passaram há muito tempo atrás.

– E então, Lovi? Como está a sua família? – pergunto, ainda sorridente.

– Meus pais se separaram... – ele diz, numa voz um tanto indiferente.

– Ah... Sinto muito. E o seu irmão? Ele deve ter ficado muito triste.

– Sim... – ele diz, baixo.

– E como está o seu irmão? Ele está aqui também?

– Sim... – sua voz permanecia num tom fraco.

– Nós podíamos combinar de sair, os três. Seria legal relembrar os velhos tempos.

Estranho o silêncio do jovem. Quando viro meu olhar finalmente a ele, ele tinha os olhos caídos e uma expressão um tanto triste.

– Lovi?

Ele nada respondeu.

– Lovi, o que foi?

Tento alcançá-lo, mas ele puxa bruscamente o pulso ao que sente meu toque. Ele se levanta de imediato e se apressa em direção ao próprio quarto. Levanto-me e corro atrás dele, apenas fazendo-o acelerar ainda mais os passos.

Ele adentra o cômodo e tenta bater a porta, mas fui mais ágil. O italiano tremia.

– Sai do meu quarto! – ele tenta me empurrar, a força, para fora. – Me deixa em paz!

– Lo-Lovi?! O que foi?

Tento tocá-lo, mas ele bate em minha mão fortemente.

– Saia! Eu quero ficar sozinho!

Trinco os dentes e o agarro, envolvendo-o pelos meus braços. Ele ainda tentava se libertar, mas eu não desistiria tão facilmente. O que estava acontecendo? Estava tudo tão bem até agora a pouco!

– Antonio! – ele grita meu nome, e se agita ainda mais em meus braços.

– Eu não vou te soltar. Não vou te deixar sozinho. Eu estou aqui e não vou a lugar nenhum.

Ele para um pouco com a agitação e encosta a cabeça contra meu peito, aparentemente desistindo de se libertar. Apoio meu queixo na sua cabeça, e permanecemos naquele abraço confortável. Senti algo inundar-me o peito: eram as lágrimas do italiano. Tento afastá-lo um pouco, mas ele me envolve por seus braços, negando-se a sair dali.

Um tanto confuso, deixo-o estar.

O que aconteceu?

Por que aconteceu?

Mais dúvidas surgiam em minha mente, mas eu não tinha tempo de formular hipóteses no momento.

– Tonio... Não me deixe... Não me deixe sozinho... – ele balbucia, a voz baixa e ainda um tanto trêmula.

– Eu não vou te deixar. Jamais. – aperto-o com uma pouco mais de força.

Depois de praticamente meia hora, o italiano adormeceu em meus braços. Peguei-o no colo e o deitei na cama. Ele tinha o rosto manchado por lágrimas e feições que beiravam um misto de tranquilidade e aflição.

Fecho a porta e o deixo dormir.

A maré aparentemente ainda demoraria a acalmar-se.


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Notas finais do capítulo

Obrigada aos que tiveram o trabalho de ler até o final.
E antes que eu esqueça (mais uma vez) eu queria dar créditos à BlueBerry, a minha amada imouto que me deu o tema desta fanfic. Te adoro minha linda! ♥
E espero que não tenha ficado muito confuso este capítulo. Tudo será explicado mais adiante.
Continuem acompanhendo, por favor! ^^
E quem puder diexar um review me fará muito feliz. Aceito tudo, inclusive críticas. *o*
Até uma próxima e desculpem pelos capítulos serem curtinhos.
Vou tentar não atrasar muito o próximo. Ok?
BJJS o/