Be Alright escrita por Carol Munaro


Capítulo 34
Descobrindo




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/290141/chapter/34

~Justin on~

A Mel falou pra eu passar a noite na casa dela e eu aceitei, claro. Cheguei lá e ela disse que tava com fome. Fomos na cozinha e o padrasto dela viu a gente lá. Ele veio com uma conversa estranha sobre “outro segredo” e eu quis saber do que ele tava falando. A Mel não quis me falar, mas eu insisti.

Ela me contou que ele sabe que eu roubava. Não sei como. Mas a pergunta que eu mais queria saber a resposta, é por que ele não contou pra todo mundo? Por que ele não foi atrás da polícia? Tudo bem, isso seria ao meu favor, mas nenhuma pessoa normal esconderia isso, e do jeito que a Mel odeia ele, to achando que ele tá pedindo pra ela fazer alguma coisa. E não quero nem pensar no que seja.

Fiquei irritado e voltei pra casa no meio da madrugada. Se ela não quer contar, ela não confia em mim. Então vim embora. Mas eu não conseguia dormir. Só ficava pensando no que ele tá conseguindo pra manter segredo sobre isso. Ela disse que não era dinheiro, e pelo jeito que ela falou, eu até acreditando. O que, pra mim, que sei até onde as pessoas são capazes, piora tudo.

Conheço bastante a sociedade e já vi muita coisa pra poder ficar com medo dela dormindo debaixo do mesmo teto que aquele cara. Eu não queria pensar no pior, mas do jeito que estão as coisas e depois que fiquei sabendo disso, tava difícil. Muito dificíl.

A gente iria pra casa da Mari hoje. E eu passei na casa dela mais cedo pra falar com o padrasto dela. Cheguei na hora do almoço e acho que ela devia estar dormindo ainda. Toquei a campainha e a mãe dela me atendeu.

– Justin. Eu achei que a Mel tinha te contado…

– Eu sei. Mas não to aqui pra falar com ela. - Ela me olhou confusa. - Quero falar com o John. - Ela me olhou estranha, mas me deu passagem.

– Amor? - Ele virou pra ela. - O Justin quer falar com você. - Ele levantou e fez sinal pra eu segui-lo. Ele foi pra cozinha.

– Pode começar a falar.

– A Mel me falou que você sabe. - Vi ele ficar confuso, mas logo depois deu um sorriso sínico.

– Ela te contou o que?

– Como “o que”? Que você sabe o que eu fazia, ué. E agora te pergunto, por que não fez nada?

– Não quis.

– Ah, simples assim né. Conheço pessoas que podem ser até piores que você. Só nesses 5 minutos que to aqui já saquei qual o teu tipo de pessoa. E não queira falar pra mim que foi generosidade da sua parte, porque não foi.

– Acredite no que quiser, garoto. Mas eu não quis.

– Não tá fazendo nada contra a Mel, né? Eu realmente espero que não. - Ele não respondeu. - Minha pergunta não foi retórica, se você não percebeu. - Ele riu ironico.

– E você acha que eu faria o que contra ela? - Não respondi. Mas só de pensar, engoli em seco. - Relaxa que não vou tocar na tua namorada não.

– E nem pense em fazer isso que eu arrebento a tua cara. - Ele riu.

– Quem é você, garoto?

– Eu to falando sério. Nem pense em encostar na Mel.

– Justin? - Ouvi a voz dela atrás de mim. Ela tava trocada já.

– Oi amor. - Disse sorrindo e ela ainda olhava confusa pra nós dois. Só Deus sabe o que se passa na cabeça dela agora. John bufou e saiu dali.

– É, você realmente chegou mais cedo.

– Princesa, se ele tiver fazendo qualquer coisa com você, me conta por favor. Eu posso te ajudar.

– O que eu te falei?

– É, mas o jeito dele não foi muito convincente.

– Esquece isso, Justin. Não foi nada. E eu to com fome. Vai almoçar aqui também?

– Não. Já almocei. - Falei um pouco seco.

– Vai ficar falando comigo assim agora?

– Tu muda de assunto do nada. - Ela respirou fundo e não respondeu. - Saudades de quando você me respondia e não escondia nada de mim. Saudades.

– E quem disse que eu to escondendo alguma coisa de você? Você que colocou isso na sua cabeça.

– Ninguém precisa me falar nada. Só olhar pra você e pra cara daquele John que todo mundo percebe.

– Dá pra falar mais baixo?

– Pra que? Pra sua mãe não ficar sabendo? - É, acho que exagerei. E agora, ela tava olhando com raiva pra mim.

Mel não falou nada e saiu da casa DELA, ME deixando lá. Um pouco depois a mãe dela entrou na cozinha.

– Tá tudo bem? - Ela me olhou estranhando tudo. Eu assenti. - E o que a Mel não quer que eu saiba?

– Nada não. - Saí dali o mais rápido possível. Pra ela não me fazer mais uma pergunta e pra não socar a cara do John.

~Mel on~

– Pra que? Pra sua mãe não ficar sabendo? - Eu tinha pedido pra aquele idiota falar mais baixo e foi isso que ele me respondeu. Não falei nada e sai dali. Alias, eu sei que a errada dessa vez sou eu, mas vou falar o que pra ele? “Ah, meu padrasto me beijou a força outro dia. E até já aconteceu o pior. E tenho que ficar calada, se não você vai preso.” Ah que ótimo. Só sei que to com raiva, muita raiva. Não do Justin, claro. Mas do John. E sei que o Justin não vai sossegar enquanto não souber o que aconteceu.

Resolvi ir a pé pra não ficar ouvindo o Justin me pressionando o caminho todo. A casa da Mari não era muito longe, então não teria problema nenhum.

Apertei a campainha e na hora ele parou o carro na calçada.

– Podia ter me esperado. Não precisava sair correndo pra não me contar o que já saquei.

– Você mesmo tá colocando muita merda na sua cabeça. - A Mari abriu a porta e nós entramos.

– Mel, Justin esse é o Miguel. - Ela disse sorrindo e apontando pra um garoto sentado no sofá. Mas finalmente conheci ele hein!

– Oi. - Disse sorrindo e o Justin só sorriu.

– Meninos, não importam de ficar conversando né? - Ela olhou pros dois e eles assentiram. - Vem, preciso falar contigo. - Ela disse me puxando pro andar de cima da casa. Entramos no seu quarto e ela tava corada.

– É tão UAU assim pra você ficar vermelha? - Falei rindo.

– AHH… Para. - Ela disse fazendo bico.

– Fala o que aconteceu. To curiosa desde ontem.

– Ia rolar mais não rolou. - ‘-‘

– Como? - Falei rindo e ela olhou com cara de tédio pra mim e mordeu os lábios um pouco nervosa.

– Po, facilita. Não costumo conversar sobre isso com as pessoas. - Ai eu realmente entendi.

– Ele quis e você não quis ou não… conseguiu?

– É… eu não consegui.

– Ó, relaxa. Isso acontece com todo mundo. Eu e o Justin tentamos umas 5 vezes até “dar certo”.

– To mais relaxada. - Ela falou e eu sorri.

– Mas ele não tá te forçando a nada né?

– Claro que não. Ele tá tranquilo. A neurótica sou eu.

– Acho bom. - Falei e fiz cara de brava.

– Mas e você e o Justin? Vocês tão estranhos. - Suspirei.

– Ele foi mais cedo lá em casa falar com o John. E descobriu sozinho o que tá acontecendo.

– E qual foi a reação dele?

– Você abriu a porta na hora que ele ia falar. Então só vou saber quando eu sair daqui.

– Ahh poxa. Queria que vocês tivessem bem.

– É… vamos descer que os dois devem tá num “cri cri” lá em baixo. - Ela concordou e descemos. Quando chegamos lá, eles tavam dando risada. Uma coisa boa pelo menos. E eu tava com saudade da risada do Justin. Af, to com saudade de tudo dele. De como as coisas eram antes principalmente. Tá horrível assim.

Passamos a tarde comendo besteiras, rindo e vendo filme. Ou tentando. Por que o Justin e o Miguel não paravam de gracinhas. Sendo que A Casa da Colina virou algo tipo Click por causa dos dois.

Fomos embora e parei pra pensar que a tarde toda quase não nos falamos. Imagina na volta que vamos estar sozinhos? Entramos no carro e ele, realmente não falou nada. Só olhou pra mim quando entrou e mais nada.

– Infantilidade da sua parte não falar comigo.

– Ainda to processando a informação que ele encostou em você. - Não respondi. - Você achou que eu nunca iria saber?

– Tive medo de contar. E foi só um beijo. - Falei baixo, a segunda frase principalmente.

– Ah claro, sua normal o namorado de uma pessoa beijar a sua filha.

– Não foi isso que eu quis dizer. E se você tá pensando que to defendendo ele, saiba que eu nunca faria isso. Nem se tivesse louca. E só de pensar no que aconteceu me dá vontade de vomitar.

– Eu preferia ser preso do que aguentar saber que você passou por isso.

– E eu não aguentaria ficar longe de você.

– E se a gente fugisse? - Olhei pra ele e ele tava com um sorriso no rosto.

– Fugir pra onde? Com que dinheiro?

– A gente dá um jeito. Com as economias que tenho e sei que você tem também, a gente aluga um quarto e eu trabalho. Sem problema. Alias, literalmente sem problemas. Vamos tá longe dele.

– É complicado isso Justin. Mas prometo que vou pensar. E se importa se eu falar com o meu pai? Mas não quero que ele saiba o porque disso.

– Tudo bem. - Ele me levou até em casa e quando entrei, só tava o imprestável na sala.

– Sua mãe tá no banho. - Não respondi e fui subir as escadas. - Não contou pro seu namoradinho, ou contou?

– Nem precisei fazer isso.

– Você sabe que qualquer coisa vou na policia e entrego ele. - Não respondi de novo e entrei no meu quarto trancando a porta. Tomei um banho e deitei na cama, adormecendo um pouco depois.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Be Alright" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.