Silver Moon - Me Chame Cantando (tritão) escrita por Oribu san


Capítulo 5
Capítulo 4 - Meu maior troféu. (Parte 2)


Notas iniciais do capítulo

finalmente depois de séculos estou postando a segunda parte.
na verdade eu já a havia escrito, mas me senti falando sozinho, contando a história para as paredes. DEDICO este capítulo a senhorita tatahpotter que me encorajou a termina-lo.



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– Ele vai se afogar!

Sua verdadeira forma começou se revelar pelos fios negros da cabeça ficando mais curtos, deixando assim cair o prendedor, que parecia ter sido ignorado. O veneno foi descendo garganta abaixo. Retornava o colete. Aquele de sua fantasia, os alertando que o ar em seu pulmão acabaria antes que chegasse a superfície. Aquela Silver Moon havia sido construída para manter olhos curiosos longe, sendo assim localizada no mais profundo do mar.

finalmente chegou abaixo da cintura, sua pernas abrigadas em um jeans, se dignaram a aparecer. Aísha revirou a bolsa com pressa quase abrindo um buraco em seu interior. Apanhou a goma de um estranho verde a colocando na boca de Lenny. Titã teve de lhe tapar a boca com a mão, o segurando firme contra seu corpo com o outro braço, por que ele se debatia sentindo a dor do veneno correr pelo sangue. Tristan quase se arrependeu de não ter nascido um pouco mais ao sul. As sereias de lá podiam fazer um humano respirar debaixo d’agua, apenas por estar tocando em uma delas.

Uma energia sinistra pôde ser sentida fluir na água, vinda do ao redor de Risal. Nesse mundo das criaturas, palavras tem poder, promessas são dividas e o que é dito deve ser levado a serio. Ao contrario de nós o que elas dizem pode ser acreditado. No momento em que ele disse que Lenny era seu amigo, fazia valer o que Aísha havia lhe dito antes: “uma vez dentro do coração de Risal, ninguém mais poderá encostar em você sem dar de cara com ele”.

Os olhos tinham agora apenas uma fina linha negra entre o vermelho. Era o inicio da transformação na sua forma furiosa. As orelhas agulharam pontiagudas, as unhas e dentes cresceram afiadas, tornando desnecessárias as Malaquias. Por ultimo um grande par de asas de morcego se abriu em suas costas, completando a transformação que nem ele mesmo podia controlar. Lançou-se em disparada mar adentro. Estava descido a encontrar Ula.

– Marcel vá atrás dele! – Aísha insistia. Não dava pra dizer ao certo o que ele faria, estava sendo guiado por instinto.

– O quê? Eu por quê? Se ele não matar ela, Ele me mata. Você que é a fêmea dele.

– Eu vou. – Titã entregou o garoto a ele indo, sendo impedido por ela que parou em sua frente.

– Você não vai a lugar nenhum. No momento, confio mais no instinto assassino de Risal do que no seu.

Ela era esperta e os conhecia bem. Por mais calma que Titã estivesse tentando fingir, ela sabia que ele estava lutando para não mudar também. Podia ver isso nas suas íris azuis que tremiam.

– Confie em mim.

Ele tentou afasta-la com cuidado, mas as mãos estavam tremulas e quentes. Mesmo assim se foi, pedindo que eles levassem doente ao médico da cidade. Não era exatamente um medico como os nossos, mas algo bem parecido. Sendo as curas mais puxadas para a magia do que para a ciência.

– Vamos Marcel.

O chão do consultório vinha perolado, reluzindo as paredes de cristal branco. Todo ele seco. Naquela área eram socorridos os humanos vitimas de naufrágios ou acidentes no mar, por esse motivo não havia água. Lenny foi colocado em uma bolha de contenção para impedir que a toxina se espalhasse mais rápido.

– Peçonha de kracatô com certeza. – Alegava o curandeiro olhando as veias de perto. – Isso é raro hoje em dia.

– O quê... A peçonha?

– Não... O seu amigo. Pelo tempo de exposição e a demora em trazê-lo... É um verdadeiro milagre que ainda esteja vivo. – Arrumava os óculos feitos de cristal marinho sobre o nariz. – posso até dizer que é por causa da mestiçagem de sague, mas não é só isso. Este humano é... Como posso dizer..?

– Especial!?

– Não é bem a palavra que estava procurando, mas pode-se usar ela se quiser. O certo... É que ele está lutando, com todas as suas forças.

O medico tinha razão. Era a segunda vez em um dia, que o anjo da morte estava tentando lhe tomar a vida, mas Lenny não estava nem um pouco afim de ceder.

Risal planava, voando na água seguido por seu amigo que tentava não perdê-lo de vista, enquanto ele ia rápido a uma longa distância. A porta de madeira no esconderijo de Ula não pode conte sua fúria, sendo estilhaçada tão fácil quanto se de vidro fosse. Entrou ali escorraçando seu nome, destruindo com descontrole os objetos na mansão naufragada. As garras se afiavam nas paredes na falta de alguém para estraçalhar.

– Ulabiel!!!

– O que quer fera?

Ela surgia das sombras muito confiante, até perceber que estava na forma vingativa. Tentando fugir foi apanhada pelo pescoço. Ele bateu suas costas na parede de madeira ainda a segurando firme no mesmo lugar.

– Onde está?

– O quê? Onde está o quê?

– A cura. Você nunca faz nada sem um plano B, uma garantia. Você deve ter uma cura. Eu a quero. – Ele apertou mais.

– Risal pare. – Tristan chegara quando ele já estava perdendo a consciência entre o que era certo e errado. – Larga ela cara. Não vale a pena.

Por esse motivo que Risal parece tão frio. Seu maior medo é de que seu lado furioso seja maior do que as coisas boas em seu coração, as lembranças, os poucos amigos, ✫Aísha✫. Por isso também que apenas a voz de um deles o podia fazer tomar controle sobre aquela forma. Ele deu uma baixada de cabeça, virando a de leve pra trás. Afrouxou um pouco a mão. Só para em seguida apertar de novo, dessa vez chegando bem perto do rosto rangendo os dentes.

– Só vou dizer mais uma vez, e bem de-va-gar-zinho. Então preste atenção bruxa. Onde... Está... A... Cura?

A cara de pavor que ela exibia antes dava mais uma vez lugar a sua maliciosa cara habitual.

– O que é isso Risal. Titã está aqui, você não vai mais, me fazer nada. Ele não permitiria.

Ele cerrou o punho socando por varia vezes a parede ao lado da cabeça dela. Estava certa. Se ele quisesse ter feito algo, teria de ter sido antes. Então a largou.

Agora refugiada em uma redoma de magia lilás. Ula gargalhava de sua complacência, o que para ela não passava de fraqueza.

– Vocês são tão previsíveis. Você por exemplo. Eu te conheço tão bem Titã. Tive certeza de que ia te atingir se derrubasse aquela peça. Soube assim que pus meus olhos nele e você não pode evitar a escondê-lo atrás de si.

A maldade daquele ser continuava, reespertando assim a fera que morava em Risal. Tentou arranca-la dali Cravando furiosamente suas garras em golpes cortes na barreira que permanecia intacta, guardando sua dona em segurança, que continuava a gargalhar da ineficiência de seus golpes.

– Desista. Nunca vai conseguir sequer arranhar essa defesa, não perca seu tempo. Aliais... Tempo é uma coisa que vocês não têm, não é? – Debochava por estar segura. – A essa altura aquela coisinha já deve estar morrend...

Sua voz foi cortada pelo braço de Titã, que atravessou a barreira a apertando novamente pelo pescoço.

– Onde... Está?

Enquanto isso com Aísha e Marcel. O outro parecia piorar.

– Aísha vem ver! Acho que ele parou de sentir dor.

– O quê?

– Vê? Parou de se mexer.

– Essa não. Agora não. Lenny acorde. – Ela lhe dava pequenos tapinhas no rosto. Tomando um susto quando ele segurou sua mão, balançando um “não” com a cabeça de olhos fechados. – Por favor, bonitinho não faça isso de novo.

– Encontramos! – As cores, azul e preto adentravam a sala.

– Depressa Titã. não dá mais.

– Who... Que invasão é essa? – O que cuidava da saúde os barrou.

– Aqui doutor. O cure.

Entregou a ele um frasco contendo um líquido vermelho. Quando apertou Ula, ela se surpreendeu. Nunca poderia esperar por aquilo. Não sabia mais o que esperar dele, por isso o medo. Seria ele capaz de fazer qualquer coisa? Desistiu apontando pra um crânio escondido entre os livros. Finalmente revelando onde se encontrava o antidoto.

– Ah. Qual dos dois é namorado?

– Eu! Eh... Quase... Quer dizer...

– Aqui. – O “médico” devolveu a cura a Tristan. – Bom... Parece que um quase-quer dizer-namorado, é o mais próximo que nós temos, então vai isso mesmo. Tome você à cura.

– Mas senhor... É Lenny quem está doente.

– Não discuta. O profissional aqui sou eu.

Titã obedeceu rápido temendo pela vida do adolescente dentro da bolha.

– Agora o beije.

– O quê?

– Bem... Concordo que o método mais ortodoxo seria que ele bebesse, mas como não há tempo... Ande rapaz, beije logo. Você o ama ou não?

O doutor já estava apelando, pegando pesado daquele jeito. Tristan subiu sobre o que estava deitado, segurou o outro com as duas mãos, controlando a ansiedade. Se soubesse que o primeiro beijo entre ele e Lenny seria assim, com ele inconsciente, o teria feito aquela noite, em que ele apenas dormia.

Com uma das mãos o segurava as costas, e com outra a nuca.

– Não era bem assim que eu imaginava, mas lá vamos nós não é? – Sorria sussurrando pra ele como se o pudesse ouvir.

Ao encostar seus lábios cor de rosa aos do garoto imóvel, sentiu-se corar. Ele um homem tão forte, ficando vermelho assim só por tocar a boca do menor, tornava a cena ainda mais bela.

Prosseguiu. Agora invadindo com a língua a boca abaixo da sua. O Veneno parou de circular, agora retrocedendo começando a voltar lentamente em direção ao ponto de partida.

– Continue garoto. Está dando certo.

Não era preciso mandar. Pelo entusiasmo de Tristan, não conseguiria parar nem que o dissessem pra fazer o contrario.

As marcas continuaram a voltar, deixando voltar consigo a normalidade do corpo. Juntaram-se todas na boca dele de onde Titã puxou pra a sua com a língua, expelindo em seguida uma perola negra. A bolinha rolou pelo chão até se desenrolar, revelando um bicho semelhante a um girino, que avançou sobre Aísha.

Antes que ele alcança-se o seu objetivo, Risal atirou o tridente de Tristan, esmagando o inseto contra a parede em que a arma ficou cravada.

– Minha parede!

– O que queria que eu fizesse? Deixasse aquela coisa pegar ela também?

Lenny finalmente começava a acordar. Foi só abrir os olhos e pôde dar de cara com Tristan se jogando sobre ele num abraço.

– Você acordou!

A bolha estourou, derrubando ambos os garotos no chão.

– Também quero.

Marcel atirou-se sobre eles sucedido por Aísha. Apenas Risal parecia não estar afim de participar do amontoado de amigos no chão.

– Titã como você..? Vocês não..?

– Não. Nós não matamos Ula, se é isso que você quer saber. Vamos dizer que ela fala demais, só isso.

– Humn... Que bom que você está bem. Mas será que podiam sair do meu chão!? Tenho mais pacientes para atender.

– Desculpe doutor. – Tristan se levantou bobo que nem criança ainda segurando Lenny que não sabia o que dizer ao maior. Preso em seus braços daquele jeito, tal qual um bichinho de pelúcia.

De volta a Tsukimarine, já era noite e a festa agitava com sua luminosidade e brilho, emprestada pelas enguias e luxius. Havia um grande palco na praça central que se encontrava cheia. Estava na hora da entrega dos troféus, pelos tentáculos do apresentador de festa.

– Agora o momento pelo qual todos Estevam esperando. É... Vamos conhecer os campeões deste ano. Os vencedores das sete provas. E aqui estão eles. – Olhava a lista. – Kima. Na prova da caça. Suba aqui Kima.

– Oi gente. – O povo aplaudia gritando seu nome. Kima era deficiente. Havia nascido com uma orelha a menos, o que não lhe diminuía nem a beleza, nem a habilidade de guerreira. – Obrigada. – Agradeceu indo de encontro a seus pais os abraçando.

– Muito bem. O próximo é... Lenny na prova da corrida. Venha cá garoto. Venha buscar seu prêmio...

“É verdade”. Só parando agora pra pensar, ele havia vencido Golias, e sucessivamente a prova. Nadou timidamente até lá. Nunca havia tido tantos olhos voltados pra si ao mesmo tempo. Pelo menos não daquele jeito.

– E então... Você não é daqui, não é? – Tentava prolongar o show, já que o publico parecia interessado no forasteiro que tornara a disputa ainda mais interessante.

– Não.

– Humn... Isso quer dizer que você foi convidado, não é? – Ele piscava pra o povo barulhento, que fazia a algazarra. Lenny se sentiu como se fosse o único que não entendera a piada. – Então você vai oferecer sua vitória a essa criatura ou...

– Não, não. Eu vou entregar esse troféu... – Fez sinal chamando alguém para o palco lhe entregando a peça de ouro. – A Marcel. O verdadeiro campeão dessa coisa.

– Isso que é espirito esportivo minha gente.

Gritava o polvo, para o povo enquanto desciam juntando-se a multidão.

– Brigado.

– Quê isso, ele nunca foi meu mesmo.

– O próximo, é o grande, o invicto, o azul, TIIIITÃ...

Ele não parecia se importar muito com aquilo tudo. Pra Tristan se ganhasse ou perdesse tanto fazia, o que queria era lutar, se desafiar a ser o melhor. Talvez por isso fosse tão bom no que se dispunha a fazer. “Se vou fazer algo, que seja o meu melhor”.

– Oi... Eu também queria... Queria não, Vou... Dedicar minha vitória a alguém. – A declaração agitava as centenas ali presentes, enquanto ele carregava o troféu entre eles, entregando-o a seu convidado. – Tome. É seu.

– Não. Não precisa. Se isso é porque eu entreguei o meu a...

– NOOOSA!!! Então foi o Titã quem convidou o novo campeão! Quem diria senhoras e senhores, temos um casal de campeões se formando aqui hoje. São um belo casal ou não são?!

– Não. Não é isso. Vocês não estão entendendo... – Lenny tentava se explicar a multidão que comemorava. Não queria prejudicar Titã com algo que não era verdade. – Nós somos só amig...

Sua explicação foi interrompida de repente por Tristan, que lhe tapou a boca com um beijo. Afastou-se daquele beijo roubado o empurrando. Tristan tentou toca-lo no rosto, mas ele se desviou tremulo.

– Desculpe... Mas eu não...

Tentou tocar nele de novo, e mais uma vez foi rejeitado. O outro estava em silêncio, parecia nervoso, e assustado. E de repente Tristan percebeu que já tinha visto aquela expressão antes. Era exatamente a mesma cara que ele exibira no dia em que fugiu pelo bosque. Tentou chegar a ele mais uma vez. Quanto mais tentava, mais desesperado o outro ficava, desta vez afastando-se mais do que um pouco. Batia em retirada.

Tristan ficara desesperado por dentro, mas por algum motivo estranho seu corpo não respondia a seus comandos de “Sigam ele o mais rápido possível”. Tinha medo de que se o deixasse fugir de novo, dessa vez ele não voltasse. Quando conseguiu sair do lugar, foi barrado pelos amigos, deixando apenas Aísha passar, indo atrás dele.

– Não adianta nada você ir atrás dele agora. – Até mesmo Marcel, parecia entender isso.

– Le... Sai daí fofinho, por favor.

Aísha o encontrara escondido dentro uma pequena gruta, da qual ele se recusava a sair e ela se limitava a falar com ele da entrada não maior do que uma janela, o deixando ficar escondido no escuro da caverna.

– E... E... Eu... Eu...

– Você não pode, não é?

Balançou a cabeça no escuro afirmando, mas ela não pode ver. Sua gagueira havia piorado, piorado muito, então ela tentava terminar suas frases lhe poupando o esforço.

– Acho que deve ter um milhão de perguntas, não é?

Ele repetiu seu gesto invisível.

– Mas se você não falar, não tem como eu te responder.

– Você não tem que responder nada Aísha. – A voz de Tristan o arrepiava até mesmo ali dentro. – Se tem alguém, que deve alguma explicação aqui. Sou eu.

Ela saiu à borda da abertura, o deixando em seu lugar. Foi juntar-se as outros dois que apareciam agora, cada um com um galo na cabeça. “Provavelmente não conseguiram conte-lo”. Ele abrandara a voz deixando-a o mais calma e suave que pudesse. Permanecendo em silêncio por alguns instantes, organizando em sua mente as milhares de palavras que queria dizer. E de todas as que podiam sair; só elas...

– Eu te amo.

Um novo arrepio, mais forte o subiu pela espinha. Estava mesmo ouvindo isso? Nunca o tinha ouvido antes.

– Não importa qual seja a pergunta. É essa a resposta. Eu... Eu só... Sinto muito por não ter te dito antes. – Sua fala era mansa, porem quase rachava a entrada de pedra com a força que suas mãos empregavam sobre ela. – Mas... Você me assusta.

Isso, ele já ouvira antes, na escola, nas ruas e até mesmo em casa, fosse pelo estranho modo de agir, ou pelos grandes olhos cor de caramelo, que muitas pessoas não sabiam se temiam ou adoravam pela mística beleza contida ali.

–... Me assusta pensar que talvez se eu desse um passo em falso você não quisesse ficar ao meu lado. Por isso não dei nenhum.

– Tristan. – Fornecia a si mesmo “Você está mesmo dizendo isso?”.

– Por isso... Bom... Por isso eu joguei sujo. – Dessa vez a rocha não aguentou a seu aperto e cedeu. – Eu me fiz passar por seu amigo. E tentei te conquistar. Mas quanto mais eu tentava, mais encantado eu ficava.

Ele riu um pouco da ironia. Logo a sua espécie, que era conhecida por encantar a todos com seu canto e beleza, ficar encantado por uma criatura humana? Inúmeras piadas poderiam ser feitas com aquilo. De tal forma que não resistiu a fazê-la.

– Há. Acho que fui fisgado não é? Literalmente Lenny, você me fisgou na primeira vez em que agente se viu.

– Do... Do que está falando? Eu te vi aquela noite. No lago.

– Não. Essa não foi a primeira vez que agente se viu. Nem foi a primeira vez que você foi gentil comigo, não lembra? Sabe a cicatriz que você tem na mão esquerda? Foi um...

– Acidente com faca. – Os dois disseram ao mesmo tempo. – Isso. Se lembra agora?

Um flash correu sua mente. Uma memoria muito antiga de sua infância, algo que já havia esquecido e nem lembrava mais.

– Papai. – Um garotinho pardo corria pelo convés do barco de pesca. – Olha papai, é uma fada.

– Não filho... É apenas uma borboleta. – O mais velho afagava sua cabeça, parecendo preocupado com alguma coisa. – Lenny. Sua mãe... Ela...

– Sim papai, o que tem a mamãe?

– Nada. Não é nada... Sabe a canção que ela sempre canta? Você poderia canta-la pra mim?

Ele assentiu que sim. E então começou a cantar alegremente na voz infantil andando pela popa, o deixando trabalhar. Ouviu um gemido vindo da parte de trás do barco. Daí inclinando-se, olhando pra baixo, pôde ver. O outro menino de uns seis anos. Ele estava completamente enroscado no emaranhado das redes de pesca, arrastadas no lado de fora do barco.

– Me ajude... – Uma voz fraca suplicava – Por favor.

– Papai. Tem uma sereia presa aqui! – Gritava sem sair do lugar, tentando puxar a rede a bordo.

– Sim Lenny, claro que têm. Ajude ela... Dá sorte.

 O Levi mais jovem respondeu sem levar muito a serio, nem parando de trabalhar, carregando os caixotes de um lado para o outro. O pequeno correu, agarrou a faca no bolso de traís dele, e voltou para pendurar-se na rede com a faca na boca.

– Não se preocupa dona sereia, eu vou te tirar daí.

– Aí você cortou a mão. – Tristan ria do lado de fora da gruta, achando doce a lembrança.

– Eu não me lembrava disso.

– Pois eu nunca esqueci. Guardei comigo, o nome, o voz, e o encanto. Passei a nadar no seu lago esperando o dia em que você voltasse. Tentei ficar mais forte, mais corajoso, mas não consegui nem me de... Declarar. – Agora ele gaguejava insistindo. – por favor, por favor... Saia do buraco em que eu te enfiei. Pelo menos pra acabar de vez com tudo isso... Se quiser. – Estendeu sua mão gruta adentro, se surpreendendo quando ela foi pega.

– Aísha! Eu sei que você está ai. – Ela apareceu entregando a Tristan uma nova caixinha. Essa de cor violeta, e depois voltou a se esconder junto aos outros curiosos. – Eu tinha planejado te dar isso hoje de qualquer jeito.

Titã ficou em sua forma humana, ajoelhando-se em baixo d’agua. Baixou a cabeça e ergueu a ele a caixa aberta. Repousando ali havia um novo par de perolas ligadas por uma tira vermelha. Elas eram lindas, meio transparentes deixando se ver em uma delas um sol dourado, e na outra uma lua de mesma cor.

– São suas se quiser.

Sob os cabelos azuis, Os olhos continuaram baixos esperando uma reposta. Lenny persistia no silencio. Os mesmos olhos se fecharam com força, mordendo os lábios ao perceber. O humano não pegara sua joia. Mais do que isso, ele lhe dera as costas.

– Titã.

– O... O quê?

– Você pode prendê-las pra mim? Só fica bom quando você faz.

A cabeça se ergueu em choque, iluminando o rosto pálido com um sorriso. Pegou o enfeite e as prendeu nos cabelos escuros a sua frente.

– Lenny... Quer dizer que... – Foi tomado de surpresa por um novo beijo que Lenny o roubou.

Esse fora diferente dos outros dois. O gosto do beijo correspondido era melhor. Tinha um sabor doce no qual ele se deliciava, o envolvendo nos braços, apertando.

– Seu beijo é melhor do que balas. – Voltara a sua forma boba. – É como se... Se a cor do mel estivesse nos seus olhos e o sabor na sua boca.

Passou os dedos sobre o rosto, colocando uma mecha atrás da orelha de “seu” humano, o deixando envergonhado.

– Não diga esse tipo de coisas.

– Por quê?

– Meu pai!

– Seu pai?

– Ai meu deus, meu pai. Esqueci completamente de voltar.



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Notas finais do capítulo

('.../') OIII o proximo é o final, acredito ter ficado bom!
(◕.◕) Aqui é Oribu-san agradecendo "Arigatou gozaimasu"
(,,)(,,) ATÉ lá...



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