(Green Day – Boulevard Of Broken Dreams)

09h26 AM – Namoros frustrados são uma droga. Não sei por quanto tempo vou aguentar isso. Logan estava estranhamente nervoso e inquieto hoje – não sou a melhor namorada do mundo, mas foi impossível não reparar.

- Está tudo bem, Steiner?! – Perguntei baixinho, enquanto o professor de química explicava alguma coisa sobre moléculas.

- Desde quando você se importa? – Deu de ombros. – Tarde demais...

- O que disse? – Cruzei os braços. – Está falando sério?!

- Nunca falei tão sério em toda a minha vida! – Sorriu, cínico.

[...]

- Pode me explicar o porquê do seu surto de ignorância, hoje de manhã? – Ajeitei a mochila nas costas.

- Estou cansado, Brianna. – Fechou os olhos e suspirou. – É isso! Eu tentei ser o melhor namorado para você, desde o começo, mas aí veio o Josh... – Revirou os olhos. – O meu irmão sempre estragou tudo, não ia ser diferente agora. Mesmo na Alemanha ele consegue mexer com você. – Jogou a mochila no chão. – Ele não está mais aqui! Aceite isso. O Josh está na Alamanha e eu estou aqui! Mas não parece. Você não se importa mais! O meu irmão nunca amou ninguém, por que ele te amaria?! É ridículo, não é? – Limpou uma lágrima. – Eu não a culpo, na verdade. É que eu não estou conseguindo te fazer feliz como antes, ou talvez como o Josh conseguia fazer.

- Quer dizer o quê com isso?! – Perguntei, com a voz embargada.

- Talvez devemos... – Deu uma breve pausa -, devemos terminar por aqui. Não acho certo continuar. Não é a mim que você quer, sabe disso.

- Logan, eu não... – Fui interrompida.

- Shiu. – Colocou o dedo indicador sobre os meus lábios. – Não quer complicar as coisas, quer? Veja como estamos agora. Alguém tinha que acabar com isso e esse alguém foi eu. – Fechou os olhos, deixando algumas lágrimas cairem. – Agora sim, acabou! Você está livre.

Pegou a mochila e jogou nas costas. Sibilou alguma coisa parecida com um “eu ainda te amo, acredite!” e foi embora.

[...]

-  A segunda Guerra Mundial foi um conflito militar global que durou de 1939 a 1945, envolvendo a maioria das nações do mundo. – A voz do professor de História ecoava por toda a sala.

- Ah, qual é?! – Tyler disse baixinho no meu ouvido. – Isso é uma chatisse, concorda?

- Está atrapalhando a aula, Foster. – Disse, ríspida. – Eu quero entender a matéria.

- Entender a matéria?! – Riu alto. – Estava dormindo, não estava?

- Não é da sua conta. – Cruzei os braços. – Fique quieto, obrigado.

- Você é sempre assim?! – Sorriu. – Se for, tem que parar.

Olhei feio para o Tyler e me debrucei sobra a mochila. Quem sabe assim eu conseguisse dormir em paz?!

Pov’s Tyler

Lidar com garotas difíceis, sempre foi um grande desafio para mim. Sim, eu estava diante de um desafio enorme.

• Brianna Hooper: Olhos azuis, cabelo vermelho – bem escuro – e uma personalidade forte. Tem um namorado – bem estranho, para ser sincero. •

- A aula acabou. - Acordei a ruiva, que dormia sobra a mochila. – Devemos ir!

- Devemos ir...? – Me olhou feio. – Não vou à lugar nenhum com você, Foster!

- Ah, vai sim! – Sorri.

[...]

- Absolut?! – Pegou a garrafa da minha mão. – Sabe que isso é ilegal aqui na escola, não sabe?

- É só você ficar quietinha e não dizer nada! – Sorri, cínico. – Quer um pouco?!

- Eu não bebo, obrigado. – Fez uma careta. – Isso tem um cheiro estranho.

- Pois deveria! – Dei mais um gole. – Assim você esqueceria aquele seu namorado estranho.

Brianna pareceu processar as informações e me olhou feio. Foi em direção a porta, mas impedi que ela continuasse.

- Sai da frente! – Gritou. – As coisas não vão ficar legais para você, Foster!

- Tudo bem. – Suspirei. – Ele não é esquisito. Só um pouco, talvez.

A ruiva recuou alguns passos e sentou no canto da sala vazia. Sentei do seu lado.

- Ainda tem metade, se quiser. – Mostrei a garrafa colorida.

Puxou a vodka da minha mão e começou a beber. As vezes, ela fazia umas caretas engraçadas, mas deixei que ela continuasse.

- Acho que está bom. – Percebi a ruiva ficar tonta. – O seu namoradinho não ia gostar!

- Não fale do Logan, seu babaca! – Respirou fundo. – Ele não é meu namorado.

- Então vocês...?! – Sorri.

- Sim. – Deu mais um gole e fez uma careta. – Terminamos!

[...]

- ... E aí ele disse que eu não me importava mais com ele! – Sorriu, sem humor. – O que realmente não é verdade. Mas não faz diferença, estava tudo uma droga mesmo!

Ela estava parecendo um panda, já que sua sombra preta estava toda borrada. Ri com a situação. Não devia ter deixado ela acabar com a metade da vodka.

- Oh, realmente muito triste. – Fingi me importar. – Ele volta.

- Não volta! – Passou a mão nos olhos, borrando ainda mais a maquiagem. – Eu não quero que volte!

Ficamos um tempo em silêncio, enquanto a Brianna sorria para o nada. Tenho que lembrar de que não posso mais dar bebidas para a ruiva, porque além de ficar muito emotiva, ela tem crises existenciais. Eu realmente não quero ser psicólogo de alguém.

Dobrou os joelhos e encostou a cabeça no meu ombro. Não era comum eu ter esse tipo de afeto com as pessoas – e principalmente com a ruiva -, mas deixei. Afaguei seu cabelo com delicadeza, mas hesitei em fazer.

- Tyler? – Me chamou, baixinho.

- Eu estou aqui, pode falar. – Me afastei devagar.

- Quero te pedir uma coisa. – Mordeu os lábios. – Posso?!

Assenti com a cabeça.

- Me beije. – Fechou os olhos, enquanto algumas lágrimas caiam.

- O quê...?! – Perguntei, surpreso.

- Isso mesmo. – Engoliu seco. – Me beije!

Tyler Foster.